Cantinhos acolhedores: críticas sobre hospedarias

Cantinhos acolhedores: críticas sobre hospedarias

O gosto de viajar existe em muitos de nós e diariamente inúmeros viajantes cruzam as estradas do Reino de Portugal buscando objetivos diversos.

Claro que nem todos viajam por gosto, alguns viajam por trabalho e outros para estudar e conseguir acesso a conhecimentos que não teriam no seu condado, ou cidade. Há quem viaje por motivos políticos, ou militares, ou porque deseja reencontrar entes queridos que se encontrem distantes de si.

O gosto de viajar em geral é associado aos aventureiros, que buscam experiências novas e excitantes, mas pode ser encontrado também por aqueles que desejam um lugar tranquilo e idílico que possa lhe trazer sossego e paz de espírito. O vento chama, os pés se aprumam, a bagagem é posta e adiante está a estrada desafiadora e incerta, talvez cheia de alegrias, talvez cheia de perigos.

Mais do que o destino dos nossos viajantes, me interessa nesse artigo, falar sobre a viagem, e em especial, os locais onde os viajantes repõem suas forças para prosseguir sempre mais além.

Pode parecer romântico e bucólico dormir sob a luz das estrelas, mas a verdade é que dormir ao relento não é uma experiência agradável. Sofrer com costas doloridas por causa do chão duro, ser mordido por insetos e perturbado pelo frio da noite pode estragar não só o sono, mas todo o prazer de uma bela viagem. Nessas horas o sonho do viajante é encontrar uma pousada acolhedora e limpa, com cama macia, comida quentinha e bom atendimento. Infelizmente, pela minha vivência nas estradas, posso dizer que esses lugares são bem raros de se achar nas cidades portuguesas. São poucas as que se preocupam em ter um local para acolher os viajantes que precisem pernoitar. Há tavernas na maioria delas, mas não há muitas hospedarias. E a situação piora quando nem na taverna há comida. Daí o jeito é montar acampamento à beira da cidade e caçar alguma lebre incauta. É recomendado sempre levar rações de viagem, pois nunca sabemos o que vamos encontrar.
Estão se tornando comuns as chamadas cidades fantasmas, em que não se encontra viva alma nas ruas. Nessas cidades é claro, nem vale a pena pernoitar, mas se a necessidade apertar, montamos um acampamento ali mesmo, entre os montes de feno e a solidão do silêncio. Essas cidades parecem perfeitas para uma noite em torno da fogueira, contando histórias de assombração. Mas sempre há o perigo de não estarmos realmente sozinhos. Então, o melhor é não se arriscar e estar sempre em grupo e ter alguém de vigia.

Mesmo cidades bem habitadas e com intensa atividade comercial, padecem da ausência de hospedagem adequada aos viajantes.
Em Santarém, por exemplo, há três tavernas, mas não há nenhuma hospedaria. Os militares que lá pernoitam, podem é claro, solicitar hospedagem na Base Militar do ERP, mas os outros viajantes terão que contar com a sorte e a bondade de estranhos.

Em Alcobaça, que também não possui pousadas, eu não tive essa sorte de ser acolhida por estranhos, e realmente precisei acampar no limiar da cidade. Felizmente Jah me premiou com um pôr do sol belíssimo, e uma noite agradável e tranquila, admirando uma paisagem de beleza impar.

Espero sensibilizar os prefeitos para esse problema que os viajantes enfrentam, e prometo que em um próximo artigo falarei das boas posadas e hospedarias que encontrei em meu caminho. Pois sim, elas existem, e merecem ser citadas.

Essa foi a primeira crônica da série “Cantinhos acolhedores”, em que pretendo contar detalhadamente as experiências boas e ruins que vivenciei em hospedarias de Portugal.

Beatrix Algrave Nunes para a KAP Portugal

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