Na última
coluna do ano de 2005 falarei de uma banda de carreira efêmera,
totalmente desconhecida, mas que ganhou uma certa notoriedade
no meio musical. O Squirrel Bait era formado por cinco garotos
com idade média de 16 anos, que fazia um hardcore e punk,
influenciados por Black Flag e Hüsker Dü (Grant Hart
era grande fã dos meninos) e que deixou o mundo após
dois belos discos.
O
texto será curto (ou não dará tempo de entrar
ainda neste 31 de dezembro), assim como era o som desses garotos
enfurecidos. Um som que vale muito ser caçado e saiba que
seus dois discos podem ser facilmente importados. Bem, como eu
comecei pelo parágrafo final, deixe-me voltar e começar
da maneira correta... Ah, e sendo assim, um abraço e até
a próxima coluna!
Em 1983, David Grubbs,
de Louisville, deixou seu grupo new wave, o Happy Cadavers (grande
nome!) e resolveu montar um novo grupo, pois queria tocar algo
mais visceral... Ele contava com 13 anos e convidou Clark Johnson
(baixo) e Peter Searcy para os vocais. Logo apareceram Brian McMahon
(guitarrista como David) e Ben Daughtrey (bateria). Nascia assim,
o Squirrel Bait, banda que tinha o Black Flag e o Hüsker
Dü como modelos.
O
grupo, no entanto, sabia que ficar em Louisville seria uma barca
furada: "apesar de ser a maior cidade do estado de Kentucky,
Louisville não é cosmopolita", disse Grubbs.
Outro problema é que as bandas locais que tocavam punk-rock
(No Fun, The Endtables....) já não existiam mais.
Irritados com a falta de estrutura local, as bandas começaram
a sair da cidade para tocar, e quase todos iam para Chicago, que
ficava a menos de 500 km de distância e que oferecia uma
boa condição para as bandas novatas.
Assim, em 1985, conseguiram
o sonho de abrir alguns shows pela América para ninguém
menos que o Hüsker e para o Big Black, de Steve Albini, que
se tornaria amigo e fã dos garotos.
Grubbs
e Albini começaram a trocar correspondência nessa
época e os dois grupos se ajudaram muito. Grubbs explica
o fato: "o Squirrel teve que criar seu próprio som,
porque nenhuma banda jamais tocava em Louisville e não
tínhamos a quem copiar. Por isso não soávamos
como mais ninguém. E essa ausência de artistas obrigou
os grupos locais a criarem uma identidade. O resultado disso foi
que acabamos afetando algumas bandas de Chicago, quando lá
tocamos."
Albini concorda com isso:
"de fato, eles não soavam como mais ninguém,
assim como o Blastro ou o Slint, outras geniais bandas daquela
cidade."
O
grupo começou então a negociar um contrato com um
importante selo da Califórnia. Muitos especulam que seria
a SST, lar do Dü, versão essa jamais confirmada. O
certo é que o contrato não aconteceu, e que, ainda
assim, lançaram em 1985, um EP com oito músicas,
pelo selo nova-iorquino Homestead apenas com o nome da banda.
Em apenas 17 minutos, o
grupo apresenta oito temas que mais parecem uma cachoeira furiosa.
O mais impressionante é que os cinco integrantes tinham
idade média de 15 anos e faziam algo bastante sólido.
O lançamento chamou a atenção no underground
e Grant Hart afirmou, eufórico, que era o melhor disco
de 400 dólares que já tinha ouvido. O valor, era
o custo (também jamais confirmado) total da gravação.
O destaque era o jovem
cantor Searcy, que foi considerado o melhor vocalista americano
desde Paul Westerberg, dos Replacements. A banda teve ainda uma
grande ajuda de outros músicos, casos de Bob Mould (o guitarrista
do Hüsker chegou a afirmar que o Bait era melhor que seu
trio) e de Evan Dando, do Lemonheads. Ironicamente, o baterista
Daughtrey tocaria na banda de Evan anos depois.
A
banda começou a excursionar, ainda que eles tivessem que
conciliar seu tempo com o estudo. Em 1986, o grupo lança
o compacto Kid Dynamite e, em seguida, o primeiro
e único LP de sua carreira, Skag Heaven.
Skag mostrava um som mais
amadurecido, mas causou alguma gritaria entre os fãs mais
radicais, que os acusaram de "amaciar" o som.
O grupo já vivia
uma tensão interna, pois Searcy e Ben Daughtrey queriam
enxertar elementos mais pop no som, o que não era aceito
pelos demais.
Dessa
maneira, em 1987, o grupo começa a brigar seriamente, separando-se
no ano seguinte.
Quando o compacto Motorola
Cloudburst foi lançado, a banda não existia
mais.
Após o final, Grubbs
e Seacey tiveram vários projetos musicais e continuam até
hoje na ativa.
O Squirrel Bait só
voltaria a ser notícia quando o EP e o LP saíram
em CDs, em 1997, pela Drag City. Primeiro, foram lançados
em um formato 2 em 1, e depois separados. E nada mais se falou
deles desde então.
FIM
Discografia
Squirrel Bait (EP, 1985)
Kid Dynamite (compacto) (1986)
Skag Heaven (1986)
Motorola Cloudburst (compacto) (1989)
|