Um grupo que
se intitula apenas de "a banda" chama a atenção
de cara. Com um nome simples e, ao mesmo tempo pretensioso - afinal
se chamar de "o grupo" pode soar por demais arrogante
- o The Band é um quinteto em que quatro de seus integrantes
são originários do Canadá e que marcaram
o mundo da música na década de 60 e 70. Seu primeiro
disco, Music from Big Pink, chamou a atenção por
vários motivos: em um ano - 1968 - em que os jovens usavam
cada vez mais roupas psicodélicas e colocavam a guitarra
em primeiro plano, esses cinco homens se vestiam com roupas do
início do Século XX e apostavam em arranjos tão
sofisticados e delicados que pareciam uma ofensa. Mas o Band já
era muito calejado. Juntos desde 1961, quando eram conhecidos
como The Hawks, o grupo já tinha uma longa estrada como
grupo de apoio de um verdadeiro mito - Bob Dylan. Junto dele,
viveram alguns dos mais belos momentos da história e gravaram
discos antológicos. Dylan não participa de Music
from Big Pink - ao menos oficialmente - mas deixou sua marca em
algumas parcerias nas composições e na bela capa.
De quebra, esse disco é considerado - atenção,
fãs de listas!!! - uma das 10 mais belas estréias
do rock. Uma coisa muito, muito fina. E se você ficou curioso
ou achando que sou muito pretensioso, bem... espere até
ouvir The Band. Afinal, eles são A BANDA, certo? O resto
que corra atrás...
Muito
antes desses cinco cavalheiros tão modernamente vestidos
mostrarem toda sua classe e capacidade em sua lendária
carreira, é preciso voltar ao passado de Robbie Robertson,
Rick Danko, Richard Manuel, Garth Hudson e Levon Helm, quando
em 1958 nasceu The Hawks.
O The Hawks era, na verdade,
uma banda de apoio para o cantor Ronnie Hawkins. Hawkins era um
cantor de rockabilly, que começava a ficar famoso, mas
ainda não tinha alcançado um grande sucesso. Em
1958, Ronnie contratou um jovem talento chamado Levon Helm, nascido
em 26 de maio de 1940, em Marvell, Arkansas. Apesar da pouca idade
- 18 anos - Levon já tinha passado por algumas bandas locais
e tocava guitarra, baixo acústico e bateria. E foi como
baterista que entrou para a banda de Hawkins.
Mas Ronnie estava insatisfeito
com sua carreira. Ele percebeu que se ficasse no sul dos Estados
Unidos seria apenas mais um a cantar rockabilly. Foi então
que o guitarrista dos Hawks, Jimmy Ray "Luke" Paulman
entrou em contato com Conway Twitty, que fazia vários shows
bem mais ao norte, precisamente no Canadá. Twitty tinha
um homem forte lá, Coronel Harold Kudlets, que conseguia
apresentações por todo país e até
em algumas cidades do norte dos Estados Unidos, como Detroit e
Buffalo. E Ronnie Hawkins and the Hawks viram que lá poderia
tornar-se algo grande. E mudaram para Toronto, onde realmente
eram considerados a grande sensação com seu rockabilly
energético.
Em
1959, Ronnie Hawkins lança seu primeiro disco que levava
apenas seu nome e foi gravado em abril de 1959. Com 12 músicas,
o disco marcou a estréia de Levon Helm na banda. Além
dos dois, Jimmy "Left" Evans tocou baixo; Jeannie Grennie
fez backing vocals; Willard "Pop" Jones tocou piano
e Jimmy Ray "Luke" Paulman, tocou todas as guitarras.
O produtor foi Joe Reisman.
Com um disco lançado,
aos poucos, o Hawks foi sofrendo mudanças em sua formação.
Após Helm, outro futuro membro do The Band a entrar no
grupo foi o guitarrista Robbie Robertson. Nascido no dia 5 de
julho de 1943, em Toronto, Robbie era ainda menor de idade - 17
anos -, quando começou a tocar com Ronnie. E assim como
Levon, Robbie já havia tido sua experiência no meio
musical, integrando bandas como Robbie and the Robots, Thumper
and the Trambones e Little Ceasar and the Consuls. Inicialmente
assumiu o baixo e foi apadrinhado pelo então guitarrista
Fred Carter Jr.
Em 1960, Ronnie Hawkins
lança outro disco, Mr. Dynamo. Levon Helm
começa a ganhar destaque escrevendo quatro canções
- sendo uma delas sozinho: "Hay Ride", "Baby Jean"
e "Southern Love" - essas três em parceria como
Roonie e com e Magill. Sua composição própria
era "You Cheated (You Lied)", que chegou ao 12º
lugar na parada dos Estados Unidos.
Nesse disco já aparece
pela primeira vez Robbie Robertson como compositor. Robbie dividiu
com Magill e Hawkins a autoria de "Hey Boba Lou" e "Someone
Like You", embora não conste nos créditos como
músico, pois ainda não havia sido nomeado um membro
oficial dos Hawks. Nesse disco o baixo ainda era de Jimmy "Lefty"
Evans, e Ronnie havia adicionado Fred Carter Jr. como segundo
guitarrista.
No
final de 1960, entra o terceiro futuro membro do The Band, Rick
Danko. Nascido em 28 de dezembro de 1943, em Simcoe, Rick tocava
em grupos locais desde os 12 anos e havia ficando maluco com a
energia do grupo após assistir uma apresentação.
Rapidamente assumiria a guitarra-rítimica e depois o baixo.
Em 1961 é a vez
de Richard Manuel entrar no grupo. Nascido em 3 de abril de 1943,
em Stratford, Manuel também havia tocado em uma banda local
em sua cidade, os barulhentos Rockin' Revols. Richard era um vocalista
de origem, mas se descrevia como um "pianista rítmico",
capaz de nada muito complicado, mas bom o suficiente para arranjar
um espaço nos Hawks.
E, finalmente, entrou o
último membro que faltava do The Band. E o mais velho de
todos. Garth Hudson era um músico de grande habilidade
e que entrou para o grupo com 24 anos (nasceu em 2 de agosto de
1937, em London, Canadá. Apesar de ser um grande pianista,
Hudson era também hábil com instrumentos de sopros,
como o sax tenor e exercia o papel de líder no grupo Paul
London and the Kapers e haviam gravado alguns compactos em 45
rotações em Detroit, pelo selo Checkmate. Quando
Levon Helm tratou rapidamente de pedir sua contratação
pela sua versatilidade: "ninguém tocava piano e instrumentos
de sopros como Garth. Quando Ronnie finalmente o trouxe para junto
de nós, começamos, de fato, a somar como um grupo
profissional."
Mas a única maneira
de manter Garth na banda era o contratando e pagando por isso,
já que sua família não aprovava que Garth
vivesse com uma banda de rock and roll. A saída foi contratá-lo
como professor de música para seu grupo e membro dos Hawks.
Ronnie já atravessava
um período de baixa em sua carreira, apelando de todas
as maneiras para conseguir algum sucesso. De 1959 a 1963 lançou
alguns álbuns e compactos, sempre com Helm na bateria,
até todos eles serem demitidos por Ronnie em 1964.
No mesmo ano, eles começam
a tocar com o nome de Levon Helm Sextets e conseguiram mais dinheiro
do que haviam tido com Ronnie. Além dos cinco integrantes
do Band, constavam o cantor Bruce Bruno e o saxofonista Jerry
Penfound. Em seguida eram Levon and the Hawks e estavam tocando
pelo Missouri, Arkansas, Oklahoma e Texas, nas fraternidades locais,
festas de escolas, além de vários shows pelo Canadá.
Nesse
período gravaram o compacto; "Leave Me Alone"
e "uh-Uh-Uh" para o selo Ware, de Nova York, em 1964,
com o nome de Canadian Squires. Em 1965 gravaram "The Stones
I Throw" e "He Don't Love You (And He'll Break Your
Heart)", para a Atco, em 1965 e os lançaram como Levon
and the Hawks. Nesses discos, tanto Bruce como Jerry já
estavam fora do grupo.
As quatro canções
marcavam algumas inovações: todas eram escritas
por Robbie Robertson, que começava a mostrar um grande
talento como compositor e o som estava se aproximando da música
negra. Robbie conta que estava muito influenciado pelos Staple
Singers: "quando escrevi "The Stones I Throw' eu estava
tremendamente influenciado pelos Staples Singers. Eu considero
Pops Staples um dos melhores cantores que já existiram.
Ele parece um trem quando canta e tem uma qualidade única,
de poder sussurrar, que me deixava maluco. Era uma canção
fora do nosso contexto quando a gravamos e só fazia sentindo
quando eu falava no grupo que havia me inspirado."
Em
1965, no entanto, o grupo recebeu um convite que iria mudar radicalmente
sua vida: através de uma secretária de Toronto chamada
Mary Martin, que trabalhava para o empresário Albert Grossman,
eles foram sugeridos para acompanhar Bob Dylan em sua entrada
no rock elétrico, quando esse deixou suas composições
mais folks e abraçou a guitarra elétrica. Mas Dylan
não chamou todos os membros do Hawks para tocar com ele,
de início. Primeiro, convidou Robbie Robertson para dois
shows: um em Forest Hills, em Nova York e depois em Los Angeles,
no Hollywood Bowl. Robbie confessa que não gostou nem um
pouco do som que o baterista de Dylan tirava e sugeriu o nome
de Levon. Dylan aceitou a sugestão e junto com o pianista
Al Kooper e o baixista Harvey Brooks fizeram as duas primeiras
apresentações de Dylan em formato elétrico
depois da famosa e lendária vaia que tomou no Newport Folk
Festival, quando tocou acompanhado de Al Kooper e do The Butterfield
Blues Band.
Dylan gostou tanto de Robbie
e de Levon que os convidou para integrar sua banda que faria vários
shows pela América e pela Europa. Os dois argumentaram
que isso seria impossível sem os demais integrantes do
Hawks. A saída foi realizar alguns ensaios em setembro
de 1965, em Toronto e, em seguida, saírem pelo mundo.
Os
Hawks acabaram se mudando para Nova York, residência de
Bob Dylan e tiveram um começo difícil, já
que Dylan era sistematicamente vaiado por seus antigos fãs,
que o acusavam de ter se vendido e abandonado o purismo folk para
fazer sucesso. E as vaias eram tão intensas, que Levon
Helm, após alguns shows, não suportou mais a tensão
e desistiu. "Levon dizia que não queria mais aquilo,
que não conseguia mais sentir prazer. Eu disse que ainda
descobriríamos nosso som próprio, mas que isso levará
algums tempo, e que, enquanto isso, iríamos tocando e ganhando
dinheiro", disse Robbie, que não convenceu, no entanto,
seu colega a voltar ao grupo.
Após
a excursão, Dylan resolveu se refugiar na cidade de Woodstock
para começar a trabalhar em um documentário da viagem
à Europa e que se chamaria Eat The Document
e que depois receberia o nome de Don't Look Back.
Rick Danko e Richard Manuel começaram a viajar regularmente
à cidade para auxiliar no documentário. E durante
essas viagens, Danko achou uma casa estranha, que ficava em um
lugar silencioso. A casa era conhecida como Big Pink e acabaria
sendo o lar do grupo e, até de Dylan, por um bom tempo.
Richard Manuel, Rick Danko e Garth Hudson mudaram-se imediatamente,
enquanto Robbie mudou-se para a vizinhança. O local era
como a realização de um sonho: ampla, longe da mídia
e do público, com muito espaço para ensaios.
Ali Dylan e os quatro músicos
remanescentes do Hawks trabalhavam febrilmente, compondo, ensaiando
e gravando no porão da casa em um gravador de dois canais.
Anos depois, essas gravações, de 1967, sairiam em
forma de um antológico disco duplo, em 1975: The
Basement Tapes.
A convivência com
Dylan faria a banda melhorar em vários aspectos, principalmente
nas letras. Robbie conta que no começo não dava
muita importância para o aspecto poético de suas
canções. "Mas eu tinhas minhas influências
- rock and roll, country e blues e era tremendamente influenciado
por cantores como Curtis Mayfield e tocava as músicas deles
para Bob e dizia 'ouça a voz, o clima, é isso que
devemos fazer'. Todo aquele período foi extremamente rico
para nós. Ficávamos horas e horas falando de nossas
influências."
Aos poucos, o som do grupo
ia mudando, deixando o rock mais cru dos tempos com Ronnie Hawkins
e tornando-se mais elaborado.
"Enquanto
eu toquei com Ronnie e com Dylan, eu tocava guitarra de maneira
bem alta, raivosa e quando comecei com Ronnie não havia
ninguém que soasse assim. Havia apenas Roy Buchanan e eu.
Eu era um soldado da guitarra. Quando eu comecei a tocar guitarra
era como uma vingança, tocava com raiva. Eu treinava diariamente,
cada vez mais e mais e ninguém nesse mundo treinou mais
do que eu treinei naqueles dias. Eu era jovem e com a atitude
correta. Minha guitarra soava como uma ejaculação
precoce. Aos 20 e poucos anos eu tocava com Dylan centenas de
vezes os mesmos solos e queria morrer por causa disso. Por isso,
quando resolvemos encontrar nosso som, eu queria algo completamente
novo. Então pensei que quando começássemos
o nosso disco, não iria fazer nenhum solo de guitarra no
disco inteiro. Irei tocar apenas riffs. Também queria encontrar
um som único para a bateria, um som especial para o piano.
Eu não queria vocais gritados, queria vozes sensíveis
em que você pudesse ouvir a respiração e elas
entrando. E esse tipo de vocalização demora a ser
encontrando. Eu ouvia nos discos da época uma voz anulando
a outra e queria que cada uma entrasse devagar, que provocasse
uma reação como os Staples Singers. Mas, por causa
do fato de sermos todos homens, isso teria um efeito diferente.
Todas essas idéias vinham à minha mente."
E para montar todo esse
quebra-cabeça, onde ninguém dentro do grupo era
mais importante do que o outro, faltava um componente essencial:
Levon Helm.
O grupo - já rebatizado
como The Band - já tinha algumas sessões em estúdios
agendadas através de Albert Grossman e Danko ligou para
Levon chamando-o para integrar novamente o Band. "Disse a
ele que havia algumas centenas de milhares de dólares nos
esperando e perguntei se ele não queria compartilhar todo
esse dinheiro conosco. Disse que estaria no próximo vôo",
lembra Danko.
Mas antes de Levon voltar
ao The Band, o grupo tinha marcado uma sessão a fim de
gravarem duas canções, que foram produzidas por
Grossman. As sessões foram um fracasso e Robbie concluiu
que eles não soavam nada com aquilo que ele imaginava.
Com o grupo insatifeito
com a produção de Grossman, resolveram procurar
um outro produtor e foram atrás de John Simon. Simon lembra
que a primeira vez que viu (e ouviu) o The Band estava ocupado
trabalhando com Peter Yarrow (do trio folk Peter, Paul & Mary)
fazendo uma trilha sonora de um filme chamado You Are
What You Eat, na casa de Howard Alk. "Começamos
a ouvir um som das ruas e quando abrimos a janela vi quatro caras
vestidos com aquelas roupas totalmente estranhas, com instrumentos
malucos cantando parabéns, pois era aniversário
de Howard." Após alguns encontros, já com Levon,
resolveram trabalhar.
Assim,
no dia 10 de janeiro de 1968, todos foram para Nova York para
os estúdios da A&R e gravaram algumas músicas:
"Tears of Rage", "Chest Fever", "We Can
Talk", "This Wheel's On Fire" e "The Weight".
Simon disse que o estúdio
tinha uma acústica maravilhosa e que gravaram em quatro
canais: dois deles para gravações dos instrumentos
"ao vivo" - incluindo vocais - outro canal para os metais
e o quarto para voz e percussão.
Robbie estava particularmente
interessado em encontrar um som para a bateria e, entre outras
coisas, sugeriu colocar um pedal de wah-wah na pele da bateria
para dar um som poderoso, como de um trovão. A idéia
acabou gerando o que tanto Robbie desejava - um som único,
particular e que seria uma das marcas do The Band.
Enquanto
gravavam, Grossman resolveu arranjar um melhor contrato para os
rapazes e sugeriu que eles se mudassem para a Capitol Records
e voassem para Los Angeles. Grossman afirmou que em Los Angeles
eles teriam um estúdio melhor, de oito canais e que o clima
de Los Angeles, em janeiro, era mais ameno do que de Nova York.
Após aceitarem o argumento, pegaram as cinco canções
gravadas em Nova York nos estúdios da A&M e voaram
para a Califórnia.
As sessões correram
da melhor maneira possível e o Band conseguia finalmente
encontrar o som que tanto sonhavam. E o grupo resolveu inovar
desde o início. Foi idéia de Robbie abrir o disco
com a lenta e triste "Tears of Rage", composta por Richard
Manuel e Bob Dylan e cantada pelo primeiro. Nunca um grupo de
rock havia colocado uma música lenta na abertura do disco.
A idéia de Robbie era fazer o grupo soar de maneira tão
original desde a primeira faixa. A segunda canção
seria "To Kingdon Come", uma das raríssimas vezes
em que o guitarrista assumiu os vocais.
"Eu estava influenciado
ao mesmo tempo por Luís Buñuel (diretor de filmes
espanhol), Akira Kurosawa (diretor japonês) e por John Ford.
Eu estava sedento por cultura pois não ia à escola
desde meus 16 anos e comecei a ler e ver esses tipos de filmes.
Acabei me aprofundando dentro dos mitos europeus, nórdicos,
etc.."
Mas,
entre tantas canções, uma delas se destacou e virou
um marco na vida do grupo: "The Weight". Inspirada no
diretor espanhol, Robbie conta um pouco sobre como a escreveu:
"Buñuel escreveu muito sobre a impossibilidade da
santidade, sobre pessoas tentando serem boas. A canção
veio daí. Pessoas como ele podem fazer um filme falando
dessas conotações religiosas, mas sem passar uma
imagem religiosa. Nos filmes dele, há muitas pessoas tentando
ser boas e descobrindo que é impossível ser bom."
"'The Weight' começa
com alguém dizendo 'você pode me fazer um favor e
dizer alô a uma pessoa? Oh, você está indo
para Nazaré, a terra da fábrica das guitarras Martin?
Então me faça esse favor quando estiver lá'
e o cara vai e uma coisa acaba levando a outra coisa até
que ele percebe que não sabe mais o que está acontecendo
e que precisa dar um oi para alguém que ele não
conhece. Isso é bem Buñuel. Quando eu escrevi a
canção quis criar algo como um mito da América.
A Nazareth que pensei, era a cidade da Pennsylvania e não
Nazareth de onde veio Jesus Cristo. Eu nem sei porque deram esse
nome à cidade, mas tentei criar uma história em
torno disto."
Levon Helm disse que a
canção possui alguns do personagens favoritos de
todo o grupo: Luke é Jimmy Ray Paulman, dos Hawks; Young
Anna Lee é Anna Lee Williams do Turkey Scratch e Crazy
Chester é um cara que vinha de Fayetteville todos os sábados
vestindo um daqueles cintos em que você coloca espingardas
na cintura."
Para fechar o disco, escolheram
uma composição até então inédita
de Bob Dylan, "I Shall Be Released", com um belo tratamento
vocal de Manuel, Danko e Helm.
Quando
foi lançado em 1968, Music from Big Pink
não alcançou o sucesso esperado. Primeiro, porque
o nome do grupo confundia as pessoas. Depois porque eles teimavam
em usar nas fotos do álbum roupas soturnas e conservadoras
demais para o padrão da época. Para constratar,
a capa do disco era um desenho feito por Bob Dylan. As fotos,
que acabaram sendo uma marca registrada, foram tiradas pelo desconhecido
fotógrafo Elliott Landy, que foi escolhido da maneira mais
inusitada possível: "eu perguntei quem era o pior
fotógrafo de toda Nova York porque queria essa pessoa para
nos retratar. Ninguém soube me dar um nome, mas me disseram
que havia esse tal de Elliot que trabalhava para uma revista furreca
chamada RAT, disparada a pior de todas. Acabamos chamando-o
e ele fez um trabalho incrível", afirmou Robbie.
Para
aumentar o estranhamento, na contra-capa do disco aparece a famosa
casa rosa. O disco teve uma carreira modesta nas paradas de sucesso,
alcançando apenas a 30ª posição nas
paradas e isso porque George Harrison e Eric Clapton se derramarram
em elogios ao trabalho. Clapton disse que era seu disco favorito
e um dos mais importantes de todos os tempos. Ainda assim, "The
Weight" foi apenas o número 63 nas paradas na América
e 21 no Reino Unido.
Em agosto de 2000, o disco
foi relançado em uma versão remasterizada, com nove
faixas a mais incluindo outtakes da primeira gravação
com Grossman, como é o caso de "Ferdinand The Imposter",
que foi incluída mais pelo valor histórico do que
musical.
Ironicamente, "The Weight" faria mais sucesso nas vozes
de Jackie DeShannon e na de Aretha Franklin (incluindo uma canja
de Duane Allman na guitarra), ambas gravadas em 1969 e inferior
à original. Isso, contudo, serviu para popularizar ainda
mais o disco, tido como um dos grandes lançamentos da história
do rock e peça obrigatória para quem quer conhecer
a história da música.
Veja quem o que cada um
dos membros tocou em cada faixa:
1. Tears Of Rage
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Rick Danko: Back Vocal & Bass
Robbie Robertson: Electric Guitar
Garth Hudson: Lowrey Organ & Soprano Sax
Levon Helm: Drums & Tamburine
John Simon: Tenor Sax
2. To Kingdome
Come
Robbie Robertson: Lead Vocal & Electric Guitar
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Rick Danko: Bass
Levon Helm: Drums
Garth Hudson: Lowrey Organ
3. In A Station
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Rick Danko: Back Vocal & Bass
Robbie Robertson: Electric Guitar & Acoustic Guitar
Garth Hudson: Clavinette & Electric Piano
Levon Helm: Drums
4. Caledonia Mission
Rick Danko: Lead Vocal & Bass
Richard Manuel: Back Vocal
Robbie Robertson: Electric Guitar & Acoustic Guitar
Garth Hudson: Lowrey Organ
Levon Helm: Drums
John Simon: Piano
5. The Weight
Levon Helm: Lead Vocal & Drums
Rick Danko: Lead Vocal & Bass
Richard Manuel: Back Vocal & Hammond Organ (cut)
Robbie Robertson: Acoustic Guitar
Garth Hudson: Piano
6. We Can Talk
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Levon Helm: Lead Vocal & Drums
Rick Danko: Back Vocal & Bass
Robbie Robertson: Electric Guitar
Garth Hudson: Lowrey Organ
7. Long Black Veil
Rick Danko: Lead Vocal & Bass
Richard Manuel: Back Vocal & Electric Piano
Levon Helm: Back Vocal & Drums
Robbie Robertson: Acoustic Guitar
Garth Hudson: Lowrey Organ
8. Chest Fever
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Robbie Robertson: Electric Guitar
Rick Danko: Bass & Violin
Levon Helm: Drums
Garth Hudson: Lowrey Organ & Tenor Sax
John Simon: Bariton Sax
9. Lonesome Suzie
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Robbie Robertson: Electric Guitar
Rick Danko: Bass
Levon Helm: Drums
Garth Hudson: Lowrey Organ & Soprano Sax
10. This Wheel's
On Fire
Rick Danko: Lead Vocal & Bass
Richard Manuel: Back Vocal & Piano
Robbie Robertson: Electric Guitar
Garth Hudson: Clavinette (with Fuzz) & Lowrey Organ
Levon Helm: Drums
11. I Shall Be
Released
Richard Manuel: Lead Vocal & Piano
Levon Helm: Back Vocal & Drums
Rick Danko: Back Vocal & Bass
Robbie Robertson: Acoustic Guitar
Garth Hudson: Lowrey Organ
The Band acabou se tornando
uma instituição da música norte-americana
e em 1986 os fãs ficaram devastados com a notícia
do suicídio de Richard Manuel, que no dia 4 de março
se enforcou em um quarto de motel em Winter Park, na Flórida,
em uma excursão que marcava a volta da formação
original. O Band seguiu tocando até os anos 90, sem Manuel
e Robertson e com vários músicos convidados.
Fiquem com a letra de "The
Weight" e a discografia do grupo. Um abraço e até
a próxima coluna.
The Weight
I pulled into Nazareth,
was feelin' about half past dead;
I just need some place where I can lay my head.
"Hey, mister, can
you tell me where a man might find a bed?"
He just grinned and shook my hand, and "No!", was all
he said.
(Chorus:)
Take a load off Fanny, take a load for free;
Take a load off Fanny, And (and) (and) you can put the load right
on me.
I picked up my bag, I went
lookin' for a place to hide;
When I saw Carmen and the Devil walkin' side by side.
I said, "Hey, Carmen, come on, let's go downtown."
She said, "I gotta go, but m'friend can stick around."
(Chorus)
Go down, Miss Moses, there's
nothin' you can say
It's just ol' Luke, and Luke's waitin' on the Judgement Day.
"Well, Luke, my friend, what about young Anna Lee?"
He said, "Do me a favor, son, woncha stay an' keep Anna Lee
company?"
(Chorus)
Crazy Chester followed
me, and he caught me in the fog.
He said, "I will fix your rack, if you'll take Jack, my dog."
I said, "Wait a minute, Chester, you know I'm a peaceful
man."
He said, "That's okay, boy, won't you feed him when you can."
(Chorus)
Catch a cannon ball now,
t'take me down the line
My bag is sinkin' low and I do believe it's time.
To get back to Miss Fanny, you know she's the only one.
Who sent me here with her regards for everyone.
(Chorus)
Discografia
Music from Big Pink (1968)
The Band (1969)
Stage Fright (1970)
Cahoots (1971)
Rock of Ages (1972)
In Concert (1973)
Moondog Matinee (1973)
Planet Waves* (1974)
Before the Flood* (1974)
The Basement Tapes* (1975)
Northern Lights - Southern Cross (1975)
Islands (1977)
The Last Waltz (1978)
The Night They Drove Old Dixie Down (1990)
Jericho (1993)
Live at Watkins Glen (1994)
High on the Hog (1996)
Jubilation (1998)
* discos gravados com Bob
Dylan
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