Essa
banda é uma das maiores representantes do neo-psicodelismo
inglês. Mas de novos ou imberbes, nada possuem. O Bevis
Frond nasceu há quase 20 anos, na Inglaterra, junto com
Ozric Tentacles, Sundial, Porcupine Tree e tinha como proposta
renovar o amor pelo acid-rock dos anos 60, especialmente Jimi
Hendrix. Liderados pelo gente boa e talentosíssimo vocalista
e guitarrista Nick Saloman, o Bevis é uma máquina
de trabalho bem azeitada, com uma discografia monstruosa.
Pergunta:
- Como nasceu o grupo?
Nick Saloman: - Bem, eu toquei com Adrian Shaw
por 15 anos. Nos encontramos através de um amigo chamado
Rod Goodway, que tocava com Ade em vários grupos na década
de 70 (Rustic Hinge, Magic Muscle). No momento em que chamamos
Jules Fenton, o roubamos da banda de minha filha para ser o nosso
baterista! E Paul Simmonds, veio do Alchemysts.
Pergunta: - Eu
gostaria que você falasse sobre seus fãs. Eles são
predominantemente formados por jovens ou pessoas mais velhas?
Nick Saloman: - Eu não sei o que você
quer dizer por jovens, mas acho que temos mais adultos, mas somos
gratos por termos fãs!
Pergunta: - Seus
discos estão sendo relançados pela Rubric, na América.
Em sua opinião, o Bevis Frond é mais famoso hoje
do que quando vocês lançaram esses discos no início
de carreira?
Nick Saloman: - A Rubric quer lançar
todos os discos do Bevis Frond na seqüência, mas sei
que eles estão passando por uma reformulação
interna e você sabe como é isso. Pessoas diferentes
que não estão em contato conosco ou com nossa obra,
podem fazer coisas diferentes, mas acho que eles farão
pelo que já pagaram, ao menos é o que eu espero.
Eles ainda não me disseram nada.
Pergunta: - Você
tem planos de lançar outra coletâneas de outtakes
como A Gathering of Fronds?
Nick Saloman: - No momento, não.
Pergunta: - E a
série de fitas cassetes The Vaultscan Tapes. Pretendem
relançar? (Carlos possui os cinco títulos....)
Nick Saloman: - Não. Há muita
coisa inédita, eu não sei o que fazer com elas!
Pergunta: - Vocês
são apaixonados pelo formato vinil e sempre lançaram
seus discos assim, mas os últimos acabaram dispensando
esse formato. O que aconteceu, você desistiu deles ou restringiu
à edições limitadas?
Nick Saloman: - O que aconteceu é que
não consigo mais bancar essas edições. É
uma vergonha. Se eu fosse rico lançaria tudo em vinil mas
como não sou, preciso ser razoável.
Pergunta: - Você
fez um trabalho com Country Joe, o lendário músico
dos anos 60. Me conte essa experiência e se há chances
de acontecer novos projetos...
Nick Saloman: - Eu amo Country Joe desde os 14
anos. Eu o vi em Londres, nos anos 60 e tenho todos seus discos.
E tudo isso melhorou quando ficamos amigos. Fizemos vários
shows juntos, um sonho que se tornou realidade. No ano passado,
o Fish (grupo que acompanhava Country Joe e não o ex-cantor
do Marillion) tocou com sua formação original (exceto
Barry Melton, que não fala mais com o grupo) em Londres
e eu participei de duas canções. Foi fantástico!
Não há novos projetos agendados, por enquanto, mas
ele virá para Londres em breve e espero encontrá-lo.
Pergunta: - E sobre
Anton Barbeau. Além do grande disco que fizeram, há
algum plano conjunto?
Nick Saloman: - Ele veio hoje à minha
casa! Nós o encontramos quando ele abriu para o Bevis em
Sacramento e achamos que ele era um grande músico. Ele
gostou de nós, nós dele e tudo funcionou muito bem.
Pergunta: - Quais
seria seus cinco artistas favoritos?
Nick Saloman: - HHmmm: cinco artistas?: Beatles,
Hendrix, Patto, David Ackles e Byrds.
Pergunta: - E seus
cinco discos favoritos?
Nick Saloman: - 5 compactos: The Flies; "I’m
Not Your Stepping Stone", Pretty Things; "Talking About
The Good Times", Beach Boys: "God Only Knows",
Beatles: "Strawberry Fields", Electric Prunes: "I
Had Too Much To Dream". Meus cinco discos são Jimi
Hendrix: Are You Experienced?, Patto: Hold
Your Fire, Savage Resurrection: Savage Resurrection,
Mad River: Mad River, HPLovecraft: II.
Pergunta: - Qual
sua opinião sobre a atual cena roqueira?
Nick Saloman: - Bem, eu não quero parecer
com o meu pai, que achava horrível tudo que eu gostava.
Mas, de fato, não gosto de muita coisa. Fico feliz que
alguns guitarristas sejam bons, mas ainda acho bem melhor o que
eu ouvia antes. Franz Ferdinand? Que é isso, eles são
uma nulidade. O Libertines soa como o Clash em uma noite ruim.
Os Strokes são como o Velvets com um quê a mais de
Joy Divsion. Você vê alguma ligação?
Eles são influenciados por grupos que eram extremamente
fáceis de copiar, ou, em outras palavras, que não
tocavam muito bem. Mas, ao menos, esses grupos tinham boas canções.
Mas, veja você, eu tenho 52 anos, e isso quer dizer que
eu não preciso entendê-los, preciso?
Pergunta: - Por
que você montou seu próprio selo? Poderia dizer um
pouco como você trabalha com isto?
Nick Saloman: - Eu comecei o selo porque queria
lançar minhas músicas e imaginei que a maneira mais
fácil seria eu mesmo fazendo isso. Eu não gosto
de ter um selo, porque dá muito trabalho e não dá
muito dinheiro. Mas eu mantenho pessoas talentosas que não
conseguem uma gravadora e sinto que eu tenho a obrigação
de ajudá-los. Eu nunca quis ser um dono de gravadora, mas
é um privilégio ouvir e lançar grandes discos.
O que eu espero disso? Nada! Eu aprendi, ao longo dos anos, que
nunca devemos esperar nada. Eu espero que as pessoas gostem do
que eu faço e espero que os artistas com os quais trabalho
estejam igualmente felizes, mas para ser honesto isso nem sempre
acontece. Fiz grandes amigos ao longos dos anos, mas encontrei
outros que eram grandes cretinos.
Pergunta: - O que
você conhece de música brasileira, além de
bossa nova? Alguma vez recebeu algum convite para tocar aqui?
Nick Saloman: - Eu tenho um disco dos Mutantes
(Jardim Elétrico, vinil original!), que
sei que não é o melhor deles. Ainda assim, o achei
bom. Não conheço muita coisa. Nunca alguém
de seu continente nos convidou.
Pergunta: - Há
alguma chance de fazer um acordo com algum selo do Brasil? É
muito difícil encontrar seus discos...
Nick Saloman: - Nunca fui procurado por ninguém
da América do Sul.
Pergunta: - E o
mp3, você é contra ou a favor?
Nick Saloman: - Eu não tenho interesse
por mp3, continuando gostando de vinis. Acho que me prejudicou
ligeiramente, porque as pessoas preferem baixar minhas música
ao invés de comprar o disco. Mas não há nada
o que eu possa fazer...
Pergunta: - Como
anda o fanzine Ptolomaic Terrascope?
Nick Saloman: - Bem, eu não tenho muito
mais a ver com eles. Eu ainda ajudo Phil McMullen a distribui-lo
por toda Londres, porque ele mora muito longe da cidade.
Pergunta: - E como
vai a loja de Bill Forsyth, a Minus Zero?
Nick Saloman: - Eu conheço Bill muito
bem. Ele tem uma loja maravilhosa. Eu o vi pela última
vez no Natal, mas brevemente o reencontrarei, tenho certeza.
Pergunta: - Deixe
uma mensagem para seus fãs, Nick...
Nick Saloman: - Agradeço o interesse
em meu trabalho. Espero ser possível um dia tocar para
vocês. Saudações!
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