Tony Iommi, Ozzy
Osbourne, Geeze Butler e Bill Ward. Essa é a formação
clássica do Black Sabbath, um dos grupos que mais trocou
de integrantes em quase 40 anos de vida. Mas nenhuma formação
chegou perto da original e nenhum álbum chamou mais a atenção
que Paranoid, segundo disco do grupo e que catapultou o grupo
ao mega-estrelato. Se o Led Zeppelin flertava com um blues pesado,
o Sabbath ia por um lado mais escuro, escorado nos riffs lentos
e pesados de Tony Iommi. Em Paranoid, o grupo se fixou entre os
maiores da década de 70 e começava a criar uma fama
recheada de sucesso, drogas, sexo e muitos shows.
A
história do Black Sabbath começa em 1968, quando
o guitarrista Frank Anthony Iommi e o baterista William Thomas
Ward deixam o grupo Mythology e formam uma nova banda como dois
integrantes do Rare Breed; o vocalista John Michael Osborne e
o baixista Terence Michael Butler.
Juntos com outro guitarrista,
Jimmy Phillips e o saxofonista Alan "Aker" Clarke formam
o The Polka Tulk Blues Company, que teve o nome encurtado para
Polka Tulk.
Como o nome sugere, era
um grupo que estava mais ligado ao blues. Quando Phillips e Clarke
saem, o grupo moda de nome: Earth.
O Earth era influenciado
por Cream, Blue Cheer, Jimi Hendrix e faz uma série de
shows na Inglaterra e Alemanha, principalmente em Hamburgo. O
grupo sofre pequena crise quando Iommi deixa a banda para ingressar
no grupo Jethro Tull, em outubro de 1968. Porém, Tony não
se acerta e logo volta ao grupo, em janeiro de 1969.
Durante apresentações
na Inglaterra descobrem que havia outra banda de mesmo nome e
resolvem adotar o nome Black Sabbath, inspirado em um filme de
terror estrelado por Boris Karloff.
Assim, Ozzy (John Michael)
Osborne, Tony (Frank Anthony) Iommi, Geeze (Terence Michael) Butler
e Bill (William Thomas) Ward formam um das mais clássicas
bandas da história: Black Sabbath.
Tendo Jim Simpson como
empresário, fecham contrato com o selo especializado em
grupos progressivos, Vertigo. Apesar de terem recebido pouquíssimo
dinheiro, o grupo estava sedento para gravarem as primeiras músicas
e em incríveis três dias e por módicas 600
libras é gravado o primeiro disco, que levava apenas o
nome do grupo, Black Sabbath.
Gravado
em janeiro de 1970 e lançado no dia 13 de fevereiro, o
álbum foi produzido por Roger Bain, o disco havia sido
precedido, em dezembro do ano anterior, pelo primeiro compacto
do grupo, Evil Woman, que fez sucesso algum.
Apesar da inexperiência,
do pouco tempo para se gravar - boa parte do disco foi gravado
"ao vivo" no estúdio.
Segundo Iommi, a banda
levou dois dias gravando e apenas um mixando, um verdadeiro milagre.
Os vocais de Ozzy, inclusive, foram gravados ao vivo.
Apesar de ter ainda momentos
em que lembrava o antigo Earth, com Ozzy empunhando uma gaita
de boca, percebe-se a força da banda, especialmente nos
riffs lentos e pesados do canhoto Iommi, que tinha um som próprio,
ao perder a ponta de dois dedos da mão direita em um acidente
que teve em uma fábrica de aço, aos 17 anos.
Com canções
tocadas nos shows, o disco teve duas edições completamente
distintas, a britânica e a norte-americana. As canções
dos dois álbuns eram:
Edição
UK
Lado 1
1. Black Sabbath – 6:16
2. The Wizard – 4:24
3. Behind the Wall of Sleep – 3:38
4. N.I.B. – 6:06
Lado 2
1. Evil Woman (Don't Play Your Game With
Me) (Dave Wagner, Dick Weigand, Larry Weigand – Crow) –
3:25
2. Sleeping Village – 3:46
3. Warning (Aynsley Dunbar, John Moorshead, Alex Dmochowski, Victor
Hickling) – 10:32
Edição USA
Lado 1
1. Black Sabbath – 6:20
2. The Wizard – 4:22
3. Wasp/Behind the Wall of Sleep/Bassically/N.I.B. – 9:44
Lado 2
1. Wicked World – 4:30
2. A Bit of Finger/Sleeping Village/Warning – 14:32
Há, no entanto, duas versões
distintas em CD. A primeira é a que consta no Brasil com
as faixas:
1. Black Sabbath – 6:21
2. The Wizard – 4:24
3. Behind the Wall of Sleep – 3:37
4. N.I.B. – 6:07
5. Evil Woman (Crow) – 3:25
6. Sleeping Village – 3:46
7. Warning (Aynsley Dunbar et. al.) – 10:32
8. Wicked World – 4:43
E outra que saiu na caixa Black
Box The Complete Original Black Sabbath (1970–1978):
1. Black Sabbath – 6:19
2. The Wizard – 4:23
3. Wasp/Behind the Wall of Sleep/Bassically/N.I.B. – 9:44
4. Wicked World – 4:47
5. A Bit of Finger/Sleeping Village/Warning (Warning written by
Aynsley Dunbar et. al.) – 14:16
6. Evil Woman (Crow) – 3:23
Apesar
do nariz torcido da crítica, o disco fez enorme sucesso
chegando oa oitavo lugar na parada britânica.
A obra começa com
"Black Sabbath", com batulhos de chuva, sinos e um solo
lento e pesado de Iommi, além dos vocais assustadores de
Ozzy. Não havia paralelo para tal coisa naquela época.
A edição
norte-americana sai em maio de 1970, chegando ao 23º posto,
um excelente resultado, apesar de ser extremamente malhado pela
crítica e vendas acima de 1 milhão de cópias.
O disco trazia letras falando de satanismo "N.I.B. seria
uma história contada pelo próprio Lúcifer
- e a capa traz uma figura vestida de preto.
O sucesso na América
faz com que a banda entre rapidamente em estúdio para lançar
um novo LP. E o resultado seria impressionante.
Quando
entraram em junho de 1970 nos estúdios Regent Sound e Island,
novamente com Roger Bain, a banda tinha pouco material produzido
e deixaram "Paranoid", para o último minuto.
Bill Ward conta que Iommi
começou a tocar o riff e ele escreveu uma letra em cima,
rapidamente.
O disco, aliás,
teve várias mudanças em seu percurso. Primeiro,
o nome seria War Pigs, música que abre
o disco e uma clara referência à Guerra do Vietnã.
Não custa lembrar
que a banda objetivava o mercado norte-americano. Com mais tempo
para gravar, o Sabbath começou a desenvolver o som clássico
do grupo e as letras traziam referências às drogas,
sexo, problemas mentais e críticas à guerra.
Mas
enquanto era produzido, a gravadora editou o compacto Paranoid,
que chegou ao quarto lugar na parada no Reino Unido, dando um
enorme susto no grupo, que até apareceu no programa
Top of the Pops.
Além disso, a Warner
- gravadora da banda nos EUA - não queria um título
referente ao Vietnã, que ainda ardia na consciência
da população local.
Título mudado, havia
um outro problema: não teria como mudarem a capa a tempo
e acabou saindo a foto de um homem com uma espada e um escudo
pulando de trás de uma árvore e que pouco tem a
ver com o título. A edição inglesa tinha
ainda, no encarte, uma foto da banda, com Toni, Bill e Geeze de
um lado e Ozzy, do outro.
Pela primeira vez, o Sabbath
podia mostrar toda sua personalidade e, apesar de muitos escreverem
sobre satanismo e temas negros nas resenhas, o Sabbth abordava
outros temas. Assim, a própria "Paranoid", fala
de problemas mentais, "Electric Funeral" aborda o dia
seguinte de uma guerra nuclear. "Hand of Doom" era uma
canção contra o uso da heroína, apesar da
banda estar começando a pegar pesado nas drogas.
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
1. War Pigs/Luke's Wall – 7:57
2. Paranoid – 2:52
3. Planet Caravan – 4:32
4. Iron Man – 5:58
Lado
2
1. Electric Funeral – 4:52
2. Hand of Doom – 7:07
3. Rat Salad – 2:31
4. Jack the Stripper/Fairies Wear Boots – 6:15
O disco foi lançado
em 18 de setembro, no Reino Unido e o disco teve a edição
norte-americana em janeiro do ano seguinte, não antes de
ser importado maciçamente.
Com isso, a banda fez sua
primeira viagem à América; na verdade, havia uma
primeira agendada tão logo saiu o primeiro disco, mas o
terrível escândalo do assassinato da atriz Sharon
Tate por membros da Charlie Manson Family, fez a banda
recuar, já que o grupo era associado a temas negros e ao
"satanismo".
A primeira tour pelo país
foi excelente e motivou o lançamento de um novo compacto,
Iron Man. Apesar de ser um dos grandes clássicos
do grupo, fracassou na parada, não ficando nem entre as
100 mais.
Apesar
de ser malhado pela crítica (novamente), Paranoid
chegou ao topo da parada britânica e em 12º na América,
com vendagens superiores a 4 milhões de cópias.
Para muitos, o disco é
o primeiro disco de hevy metal, não apenas pelos temas,
mas também pelo som.
Com Paranoid,
o Sabbath deixava o passado de banda de blues bem distante e começava
uma das mais famosas e impressionantes lendas no meio do rock,
regadas com muitos decibéis, groupies, drogas,
brigas homéricas, horas intermináveis em palcos
e em estúdios e egos inflados, tornando-se um dos maiores
nomes do rock.
Deixo vocês com a
discografia do grupo. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Discos
Black Sabbath (1970)
Paranoid (1970)
Master of Reality (1971)
Black Sabbath Vol. 4 (1972)
Sabbath Bloody Sabbath (1973)
Sabotage (1975)
We Sold Our Soul For Rock 'N' Roll (1975)
Technical Ecstasy (1976)
Never Say Die! (1978)
Heaven & Hell (1980)
Mob Rules (1981)
Live Evil (1982)
Born Again (1983)
Seventh Star (1986)
The Eternal Idol (1987)
Headless Cross (1989)
Tyr (1990)
Dehumanizer (1992)
Cross Purposes (1994)
Cross Purposes Live (1995)
Forbidden (1995)
The Sabath Stones (1996)
Reunion (1998)
Past Live (2002)
Symptom of the Universe: The Original Black Sabbath (1970-1978)
(2002)
Black Box: The Complete Original Black Sabbath (1970-1978) (2004)
Greatest Hits (1970-1978) (2006)
The Dio Years (2007)
The Dio Years UK Tour Edition (2007)
Live at Hammersmith Odeon (2007)
Singles
Evil Woman (1969)
Black Sabbath (1969)
N.I.B. (1969)
The Wizard (1970)
Paranoid (1970)
Iron Man (1971)
War Pigs (1971)
Fairies Wear Boots (1971)
Sweet Leaf (1971)
Children of the Grave (1971)
After Forever (1972)
Snowblind (1972)
Tomorrow's Dream (1972)
Supernaut (1973)
Changes (1973)
Sabbath Bloody Sabbath (1973)
Sabbra Cadabra (1974)
Am I Going Insane? (1975)
Hole in the Sky (1975)
Symptom of the Universe (1975)
Rock 'n' Roll Doctor (1976)
Dirty Women (1976)
Never Say Die! (1978)
A Hard Road (1978)
Neon Knights (1980)
Die Young (1980)
The Mob Rules (1981)
Turn Up the Night (1982)
Voodoo (1982)
Trashed (1983)
No Stranger to Love (1986)
Headless Cross (1989)
Devil and Daughter (1989)
Feels Good to Me (1990)
TV Crimes (1992)
Pshycho Man (1998)
Selling My Soul (1999)
The Devil Cried (2007)
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