394 - Black Sabbath - Sabbath Bloody Sabbath e Sabotage

Após outra turnê exaustiva promovendo Vol. 4, o Sabbath retornou à Los Angeles para gravar um novo LP. O grupo, porém, vivia o auge em termos de drogas, mulheres e diversão e levou um tempo enorme para gravar. Apesar disso, o resultado foi espantoso e há quem o considere o melhor disco do quarteto: Sabbath Bloddy Sabbath. Em grande forma ainda, o grupo lançaria, em 1975, outro excepcional disco, Sabotage.


O sucesso de Vol. 4 fez a banda retornar à Los Angeles para novas horas de estúdio. O resultado, porém, não seria fácil.

Primeiro, o grupo descobre que o estúdio que normalmente usavam no Record Plant Studios, havia sido substituído por um "gigante sintetizador". Assim, a banda se mudou para uma casa alugada em Bel Air.

O grupo, porém, estava completamente incapaz de escrever algo. Exaustos pela vida na estrada e abusando de todo tipo de substâncias ilegais, o quarteto simplesmente não conseguia produzir nada.

E quem mais sentia a pressão era Tony Iommi, porque, na incapicidade de produzirem, os demais olhavam para ele, esperando que ele desse uma direção. O guitarrista se lembra bem daqueles dias: "nada acontecia e todos olhavam para mim, suplicantes, mas eu não conseguia pensar em nada.

Após um período pouco frutífero, voltam para a Inglaterra e alugam o castelo Clearwell. O lugar possuía uma atmosfera sombria, mas os músicos começaram a produzir, especialmente Iommi que escreveu o riff de "Sabbath Bloody Sabbath".

Além do quarteto, a banda teve uma ajuda do tecladista do Yes, Rick Wakeman, nas faixas "Sabbra Cadabra" e "Who Are You?".

O novo disco trazia arranjos mais complexos, com sintetizadores, cordas e arranjos mais sofisticados.

O disco levou meses para ser completado - em comparação com o primeiro álbum da banda, Black Sabbath, feito em apenas três dias - e, finalmente, no dia 1º de dezembro é editado Sabbath Bloody Sabbath.

Inicialmente a produção levava o nome de Patrick Meehan, empresário da banda e que lançou-o pelo seu selo, World Wide Artists, mas logo os créditos voltaram para a banda. Iommi diz que o produtor assinou a produção por causa de seu imenso ego, sem consultar o grupo.

O álbum trazia as seguintes faixas:

Lado 1

1. "Sabbath Bloody Sabbath" 5:45
2. "A National Acrobat" 6:16
3. "Fluff" 4:11
4. "Sabbra Cadabra" 5:59

Lado 2

1. "Killing Yourself to Live" 5:41
2. "Who Are You?" 4:11
3. "Looking for Today" 5:06
4. "Spiral Architect" 5:29

Musicalmente, o novo álbum era muito mais complexo e mostrava uma grande evolução musical.

A faixa-título tornou-se um dos clássicos eternos do Sabbath nos shows, apesar de ter sido um single de pouco sucesso.

A capa causou polêmica devido ao formato do "S" imitando o estilo da letra do período nazista.

Feita por Drew Struzan, o artista desenha um homem, aparentemente tendo um pesadelo, enquanto é atacado por demônios com formas humanas.

Na cabeceira da cama está desenhada uma caveira com os números 666 (o número da Besta) logo abaixo.

E o disco mostrava que o Sabbath pretendia disputar com os grupos progressivos em termos de arranjos. "Who Are You?", por exemplo, trazia Moogs, instrumento típico de grupos progs.

O momento mais "doce" da nova fase seria "Fluff", onde Iommi se destaca no teclado.

Uma das faixas mais interessantes é "Killing Yourself to Live" , escrita pelo baixista Geeze Butler enquanto estava no hospital se tratando por causa das bebidas.

O disco, também trazia momentos de grande intensidade, como a clássica ""Sabbra Cadabra".

Sabbath Bloody Sabbath se tornou um sucesso, ficando em quarto lugar, na Inglaterra e, em 11º, nos EUA, onde conseguiu cinco discos de platina consecutivos.

E, pela primeira recebeu elogios favoráveis em revistas que o sempre criticavam, como a Rolling Stone, que considerou o disco nada menos que um sucesso.

Enquanto o single Sabbath Bloody Sabbath era editado, a banda já caía novamente na estrada.

Ironicamente, a canção foi pouco tocada na década de 70 pela banda, talvez, por falar dos problemas que tiveram com o antigo empresário e a sensação de traição que sentiam.

A nova excursão mundial começa em janeiro de 1974, sendo o ápice no California Jam Festival, onde dividiriam o palco com Emerson, Lake & Palmer, Deep Purple, Earth, Wind & Fire, Seals & Crofts e Eagles, frente a mais de 200 mil espectadores.

O Sabbath não queria se apresentar por não se sentirem em boa forma, mas foram obrigados devido a multa que teriam que pagar de US$ 100 mil, caso se negassem.

Algumas partes da apresentação foram mostradas ao vivo pelo canal ABC, dando ótima visibilidade à banda.

No mesmo ano, o grupo resolveu trocar de empresário, assinando com Don Arden, o que gerou uma enorme briga com os antigos empresários, que processaram o grupo.

Ozzy acabou sendo intimado judicialmente, em pleno palco, em um caso que levou dois anos para ser resolvido.

A exaustiva turnê e as brigas judiciais deixaram o quarteto fora dos estúdios durante o ano de 1974.

Outro fator para o atraso de um novo lançamento aconteceu porque o grupo estava deixando o selo Vertigo e assinou com a poderosa Warner.

Depois de um ano parado, entram no Morgan Studios, em Willesden, na Inglaterra para gravarem um novo LP. A primeira providência era fazer um disco diferente do anterior, radicalmente mais pesado.

Segundo Tony Iommi, "nós poderíamos continuar o som anterior e investido mais na parte técnica, usar arranjos orquestrais e tudo mais, mas não queríamos isso. Decidimos que queríamos um disco de rock, pois Sabbath Bloody Sabbath não foi exatamente um."

No entanto, era Ozzy quem sofria uma pressão maior do que os outros.

Primeiro, por ser o vocalista, a voz. Segundo porque ele estava cheio de ser o showman, mas ter que ficar na lateral do palco, enquanto Tony tomava o centro do palco, justamente o elemento mais quieto, ao vivo, e que quase não se movimentava.

As brigas entre Ozzy e Tony, além das drogas mostravam que a vida do vocalista no grupo estava com os dias contados.

O Sabbath era o grande nome do heavy metal e um dos poucos grupos que ainda levantava a bandeira do estilo. O Deep Purple, por exemplo, perdera muitos fãs ao embarcar em um estilo mais funk.

Mas o grupo queria fazer um disco bem pesado e fez, talvez, o mais feroz de todos, a ponto da Rolling Stone dizer que era o melhor LP desde Paranoid, senão o maior de todos.

Após três meses de gravações, ao lado do produtor Mike Butcher é editado Sabotage, no dia 28 de julho de 1975.

O lançamento demorou meses para acontecer por conta do perfeccionismo de Iommi na produção, que gerou mais brigas com Ozzy. O resultado, no entanto, foi excelente.

O álbum abre com a pesada "Hole in the Sky", mostrando que o volume estava todo lá. O disco continua com a curta instrumental "Don't Start (Too Late)", antes de cair em outra faixa pesada, "Symptom of the Universe".

O LP trazia as seguintes músicas:

Lado 1

1. "Hole in the Sky" 3:59
2. "Don't Start (Too Late)" 0:49
3. "Symptom of the Universe" 6:29
4. "Megalomania" 9:46

Lado 2

1. "The Thrill of It All" 5:51
2. "Supertzar" 3:44
3. "Am I Going Insane (Radio)" 4:16
4. "The Writ" 8:09

Curiosa é o título da quarta faixa, "Megalomania", que mais parecia uma crítica ao ego de cada um dos membros. Impressiona ainda os cantos gregorianos em "Supertzar". A próxima seria o single Am I Going Insane (Radio), antes de fechar com a longa "The Writ".

O disco teve ótimas críticas, mas as vendas não foram tão boas quanto as de Sabbath Bloody Sabbath. O álbum não ficou entre os 20 mais dos Estados Unidos e marca um período de grandes brigas, especialmente depois que Ozzy machucou as costas em um acidente de moto, encurtando a turnê, que era aberta pelo Kiss. Ainda assim, as vendas somaram mais de 2 milhões de cópias na América.

Após Sabotage, o Black Sabbath começava um período difícil, sendo que a maioria dos fãs o considera a última grande obra do grupo com Ozzy, ainda que o vocalista tenha gravado mais dois discos de estúdios, marcado por imensa confusão.

Mas isso é papo para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Discos

Black Sabbath (1970)
Paranoid (1970)
Master of Reality (1971)
Black Sabbath Vol. 4 (1972)
Sabbath Bloody Sabbath (1973)
Sabotage (1975)
We Sold Our Soul For Rock 'N' Roll (1975)
Technical Ecstasy (1976)
Never Say Die! (1978)
Heaven & Hell (1980)
Mob Rules (1981)
Live Evil (1982)
Born Again (1983)
Seventh Star (1986)
The Eternal Idol (1987)
Headless Cross (1989)
Tyr (1990)
Dehumanizer (1992)
Cross Purposes (1994)
Cross Purposes Live (1995)
Forbidden (1995)
The Sabath Stones (1996)
Reunion (1998)
Past Live (2002)
Symptom of the Universe: The Original Black Sabbath (1970-1978) (2002)
Black Box: The Complete Original Black Sabbath (1970-1978) (2004)
Greatest Hits (1970-1978) (2006)
The Dio Years (2007)
The Dio Years UK Tour Edition (2007)
Live at Hammersmith Odeon (2007)

Singles

Evil Woman (1969)
Black Sabbath (1969)
N.I.B. (1969)
The Wizard (1970)
Paranoid (1970)
Iron Man (1971)
War Pigs (1971)
Fairies Wear Boots (1971)
Sweet Leaf (1971)
Children of the Grave (1971)
After Forever (1972)
Snowblind (1972)
Tomorrow's Dream (1972)
Supernaut (1973)
Changes (1973)
Sabbath Bloody Sabbath (1973)
Sabbra Cadabra (1974)
Am I Going Insane? (1975)
Hole in the Sky (1975)
Symptom of the Universe (1975)
Rock 'n' Roll Doctor (1976)
Dirty Women (1976)
Never Say Die! (1978)
A Hard Road (1978)
Neon Knights (1980)
Die Young (1980)
The Mob Rules (1981)
Turn Up the Night (1982)
Voodoo (1982)
Trashed (1983)
No Stranger to Love (1986)
Headless Cross (1989)
Devil and Daughter (1989)
Feels Good to Me (1990)
TV Crimes (1992)
Pshycho Man (1998)
Selling My Soul (1999)
The Devil Cried (2007)

 




 


 

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