97 - Buddy Guy - Living Proof
Ainda vou ouvir novamente, mas a primeira audição do último disco de Buddy Guy (Living Proof, lançado em 2010), um dos maiores guitarristas de blues da história, é decepcionante.

Buddy tem uma história imensa e foi idolatrado por Jimi Hendrix, Eric Clapton, John Mayall, além de ter gravado discos como Muddy Waters, Memphis Slim, Magic Sam, Otis Rush, Junior Wells, etc... Ou seja, falar de sua importância e competência é chover no molhado.

Tecnicamente está tudo lá. Mas, não se engane: o disco é de blues sim, mas blues de branco. E qual é a diferença? Primeiro, o volume: o som está gordo, bonito, explodindo nos alto falantes. Mas aí entram aqueles solos longos, cheios de distorções e com uma altura que ficaria bem em um disco de Steve Ray Vaughan. Tudo soa limpo, perfeito e, em vários momentos, frio.

Buddy sempre foi um extraordinário guitarrista, mas o álbum soa como aquele que é feito pensado para ganhar um Grammy - e ganhou - e render alguns trocados a mais pra quem já está com 74 anos e passou muitos anos no ostracismo.

Nada contra assegurar os últimos anos de vida com dignidade - oxalá eu possa fazer isso! - mas alguns arranjos são tão poucos sutis, alguns solos tão bem desenhados e recortados que me lembram alguns discos de blues feitos nos anos 80 e que me deixava com o cabelo em pé, especialmente um de estúdio de B. B King acompanhando de uma drum machine (no caso, King of the Blues: 1989).

Sei que os neófitos e moderninhos vão achá-lo do cacete. Sei que vão derramar lágrimas no dueto com o próprio B.B. em "Stay Around A Little Longer". Sei que vão também elogiar a presença de Carlos Santana em "Where the Blues Begin".

É uma baita sacanagem falar mal do disco, mas tive que tirá-lo e colocar rapidamente um de seus antigos. Meus tímpanos doíam, os arranjos não desciam nem com uma cerveja gelada. Os arranjos saídos do arsenal de teclados de Reese Wynans, por exemplo, são óbvios demais.

A produção do baterista e co-autor em várias faixas, Tom Hambridge, é competente, mas tem a mão pesada em muitos momentos. É um blues duro muitas vezes, de pouco suingue, boogie e sutilezas, marcas de Buddy. Vai vender bem e ele merece cada centavo que puder arrecadar e vou até tentar uma nova audição.

Que Buddy Guy me desculpe, ainda que nem saiba da minha inexpressiva existência.

Faixas

01. "74 Years Young" Tom Hambridge, Gary Nicholson
02. "Thank Me Someday" Buddy Guy, Hambridge
03. "On the Road" Richard Fleming, Hambridge
04. "Stay Around a Little Longer" (feat. B.B. King) Hambridge, Nicholson
05. "Key Don't Fit" Hambridge, Nicholson
06. "Living Proof" Hambridge
07. "Where the Blues Begins" (feat. Carlos Santana) Hambridge, Nicholson
08. "Too Soon" Fleming, Guy, Hambridge
09. "Everybody's Got to Go" Fleming, Guy, Hambridge
10. "Let the Door Knob Hit Ya" Guy, Hambridge
11. "Guess What" Fleming, Hambridge
12. "Skanky" Guy, Hambridge

Músicos e técnicos envolvidos

Buddy Guy - Guitars, Vocals [6]
David Grissom - Guitar
Tommy Macdonald - Bass
Michael Rhodes - Bass
Tom Hambridge - Drums, Percussion, Tambourine, Vocals (Background)
Marty Sammon - Piano
B.B. King - Guitar, Vocals on Track 4 "Stay Around a While"
Carlos Santana - Conga, Guitar on Track 7 "Where the Blues Begins"
Reese Wynans - Clavinet, Fender Rhodes, Hammond B3, Piano, Wurlitzer
Jack Hale - Trombone
Wayne Jackson - Trumpet
Tom McGinley - Tenor Saxophone
The Memphis Horns - Horns
Bekka Bramlett - Background Vocals
Wendy Moten - Background Vocals
Vance Powell - Engineer
Ducky Carlisle - Mix Engineer
John Netti - Engineer
Jim Reitzel - Engineer
Rob Root - Engineer
Colin Linden - Engineer
Michael St. Leon - Engineer
Nick Autry - Asst. Engineer, Production Asst.
Mike Rooney - Asst. Engineer
Joel Margolis - Asst. Engineer
Gilbert Garza - Guitar Tech
Ray Kennedy - Mastering