332 - The Byrds - Mr. Tambourine Man

Se você procura a melhor banda norte-americana de rock, já a achou. Os Byrds são daqueles grupos que ninguém pode deixar de ouvir e quem ouviu jamais deixou de virar fã. Graças às guitarras semi-acústicas, os vocais dobrados e a beleza das melodias, o grupo de Roger McGuinn foi escola de várias e várias gerações. Dono de uma história cheia de sucessos, brigas e acidentes, começaram a fazer história com o disco Mr. Tambourine Man. A banda que começou como a resposta americana aos Beatles, mostrava que era muito mais do que isso: tinha personalidade, carisma e talento para vôos mais altos. E como voaram esses pássaros!


A história dos Byrds começa em 1964 quando o jovem James Joseph McGuinn III, mais conhecido como Jim McGuinn, um jovem de 22 anos, nascido nodia 13 de julho de 1942, em Chicago, tentava a sorte na música.

Jim em 1967Como todo garoto, sua paixão veio através de Elvis Presley e a canção "Heartbreak Hotel". Ao ouvi-la implorou para que os pais lhe dessem um violão.

Aos 10 anos aprendeu a tocar banjo na Old Town School of Folk Music e começou a tocar em clubes locais.

Jim - ele só se tornaria Roger, em 1967, após se juntar ao movimento Subud - já tinha alguma experiência com a música desde 1962, tendo tocado com os Limeliters, The Chad Mitchell e Judy Collins e tocava desde os 15 anos em clubes folks, antes de começar a trabalhar como músico e compositor para o famoso cantor Bobby Darin, que o contratou, pagando US$ 35 dólares por semana para que escrevesse novas canções.

Darin e McGuinn ficaram muito amigos e Bobby acabou dando uma Gibson de 12 cordas para Jim após destruí-la, por acidente.

Após a parceria com Darin, Jim se mudou para Los Angeles, onde conheceu uma banda no qual se apaixonou: os Beatles.

Antes que alguém me xingue, é claro que os Beatles não moravam na Califórnia, mas foi ali que ele ouviu pela primeira o LP A Hard Day's Night. Ao ouvir o disco, McGuinn se apaixonou pelo som das guitarras Rickenbacker, abandonando definitivamente a Gibson.

Mas, se George Harrison apresentou o instrumento, foi Jim (ou Roger) quem a deu fama.

"Sem a invenção da Rickenbacker elétrica de 12 cordas, o som dos Byrds não existiria", diria Jim, anos depois.

Já em Los Angeles, Jim tocava no clube Troubadour, sonhando em fazer um grupo que pudesse misturar as melodias dos Beatles com as letras dos Beatles.

O sonho começou a nascer quando um outro garoto, de nome Gene Clark, que gostou do que ouviu Jim tocar e sugeriu escreverem algumas canções juntos.

Clark havia nascido em Tipton, Missouri, no dia 17 de novembro de 1944 e integrado as bandas The Sharks e New Christy Minstrels e igualmente era apaixonado por Elvis, além dos Everly Brothers.

Logo, os dois começaram um duo e se apresentavam em locais, como o The Folk Den, local onde tocaram antes de um outro guitarrista de nome David Crosby e que tocava no Les Baxter's Balladeers.

David Van Cortlandt Crosby era o mais velho dos três, natural de Los Angeles, onde nasceu em 14 de agosto de 1941 e, embora não tenha contribuído com nenhuma canção para o primeiro LP, se tornaria um dos maiores compositores daquela safra.

Os três acabaram ficando amigos e fundaram um trio de nome The Jet Set (Jim e David eram apaixonados por aviões) e gravaram "The Only Girl I Adore".

Resultado aprovado, saíram à procura de novos músicos, contratando Mike Clarke (Michael James Dick, natural de Spokane, e nascido no dia 3 de junho de 1946), para tocar bateria, apesar da pouca experiência do mesmo com os instrumento.

Gene Clark e Michael Clarke não eram parentes, e Michael veio através de Crosby. O grupo acabou fechando a formação com a chegada de Chris Hillman (Christopher Hillman, nascido em 4 de dezembro de 1944, em Los Angeles), que assumiria o baixo.

Assim, os futuros Byrds traziam a seguinte formação:

Jim McGuinn: Guitarras, banjo, vocais.
Gene Clark: Guitarras, percussão, pandeiro, gaita, vocais.
David Crosby: Guitarras, vocais.
Chris Hillman: Baixo, bandolin, vocais.
Michael Clarke: Bateria, percussão.

Os ensaios aconteciam no estúdio World Pacific, em Los Angeles. Como The Beefeaters lançaram o compacto Please Let Me Love You / Don't Be Long, pela Elektra Records, que não fez sucesso.

edição brasileira do compactocapa do EP Mr. Tambourine Man

A banda continuava a aprumar os instrumentos e viram a sorte mudar quando uma fita demo foi entregue à Benny Shapiro, um promotor de renome da Broadway. Shapiro ficou surpreso com a reação de sua filha adolescente e mostrou-a para Miles Davis, que aprovou. Miles acabou telefonando para a Columbia Records, recomendando os jovens. E com um padrinho desses não havia erro.

A essa altura eles já eram The Byrds e estavam trabalhando com o produtor Terry Melcher, quando Jim recebeu um acetato de Bob Dylan, com uma canção que ele não iria usar, em novembro de 1964. Jim gostou do que ouviu e resolveu trabalhar nela, cortando algumas partes da letra para que ela se adequasse ao formato pop.

Em janeiro, os Byrds resolvem gravá-la e, em abril, era lançado o primeiro grande compacto do grupo, Mr. Tambourine Man.

O sucesso foi tão avassalador a ponto de conseguirem algo impensável naqueles dias: desbancarem os Beatles nas paradas. Pois o compacto - que tinha "I Knew I'd Want You" no lado B - ficou em primeiro lugar, na América e na Inglaterra.

No dia 14 de junho editam o segundo compacto All I Really Want To Do / I'll Feel a Whole Lot Better e uma semana depois lançam o LP de estréia, que ficou em sexto lugar nos EUA e em sétimo no Reino Unido: Mr. Tambourine Man.

Mr. Tambourine Man mostrava todo o estilo que faria dos Byrds um clássico: melodias delicadas saindo das Rickenbacker, arranjos vocais e suaves e Jim cantando como se fosse um "cruzamento" entre Bob Dylan e Beatles.

O LP contava com as seguintes músicas:

Lado A

1. "Mr. Tambourine Man" (Bob Dylan) –2:29
2. "I'll Feel a Whole Lot Better" (Gene Clark) –2:32
3. "Spanish Harlem Incident" (Bob Dylan) –1:57
4. "You Won't Have to Cry" (Gene Clark/Jim McGuinn) –2:08
5. "Here Without You" (Gene Clark) –2:36
6. "The Bells of Rhymney" (Idris Davies/Pete Seeger) –3:30

Lado B

1. "All I Really Want to Do" (Bob Dylan) –2:04
2 . "I Knew I'd Want You" (Gene Clark) –2:14
3 . "It's No Use" (Gene Clark/Jim McGuinn) –2:23
4 . "Don't Doubt Yourself, Babe" (Jackie DeShannon) –2:54
5 . "Chimes of Freedom" (Bob Dylan) –3:51
6 . "We'll Meet Again" (Ross Parker/ Hughie Charles) –2:07

Gene Clark mostrava-se o mais inspirador compositor do conjunto, sendo creditado em cinco composições.

O sucesso fez com que a banda começasse uma excursão mundial e dezenas de entrevistas. O grupo atraía os fãs pelo apuro melódico e pela beleza das letras.

Ao ser editado em CD trazia algumas faixas extras:

13. "She Has a Way" (Gene Clark) – 2:25
14. "I'll Feel a Whole Lot Better" [Alternate Version] (Gene Clark) – 2:28
15. "It's No Use" [Alternate Version] (Gene Clark, Jim McGuinn) – 2:24
16. "You Won't Have to Cry" [Alternate Version] (Gene Clark, Jim McGuinn) – 2:07
17. "All I Really Want to Do" [Single Version] (Bob Dylan) – 2:02
18. "You and Me" [Instrumental] (David Crosby, Gene Clark, Jim McGuinn) – 2:11

Alguns críticos notaram que a banda havia usado quatro canções de Dylan no disco e perguntavam-se se eles teriam sucesso com suas próprias composições.

Na contra-capa havia um longo texto a foto do publicitário da Columbia e amigo do grupo, Billy James, em uma carta aberta, ao lado de uma foto do grupo tocando com Bob Dylan no clube Ciro's. A foto foi tirada por Jim Dickson.

O LP, no entanto, nascera clássico. E os Byrds eram a primeira banda da América a fazer frente com os Beatles. E com eles nascia o rótulo "folk rock", além de elogios da crítica, aprovando a mistura de folk com a batida pop.

Para Jim, os dois lados do Atlântico tinha algo em comum: "eles surgiram com um novo estilo, uma nova apresentação da música. Nós enviamos algo para eles, que nos devolveram um pouco diferente, já que são pessoas diferentes de nós. E agora pegamos essa coisa nova que nos deram e estamos devolvendo com algo a mais. Há uma música internacional surgindo, com todos os ingredientes misturados: música latina, blue, jazz, música gospel."

Jim e David CrosbyE a fama crescia sem que eles conseguissem dar conta do recado. Mas, apesar da fama, o grupo não tinha ficado rico.

"Eu estava um dia andando a pé, pela Sunset Strip e vi um carro passando tocando 'Mr. Tambourine Man'. Foi quando pensei, pela primeira vez, que havia algo errado. Eu não tinha dinheiro, não tinha carro, morava num apartamento barato, mas tinha um sucesso nas rádios e fazia shows sem parar."

O grupo também começava a ter os primeiros problemas internos, principalmente com David Crosby, o brigão da turma, que colecionava garotas e confusão e que desejava ter mais espaço como compositor.

E, enquanto excursionavam começavam a montar um repertório para um novo LP, que sairia ainda em 1965. O novo disco ainda teria muito mais covers do que canções próprias, embora aumentassem o número de composições próprias gradativamente.

Mas isso é papo para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Discos

Mr. Tambourine Man (1965)
Mr. Tambourine Man (EP, 1965)
Turn! Turn! Turn! (1965)
Fifth Dimension (1966)
Younger Than Yesterday (1967)
The Byrds Greatest Hits (1967)
The Notorious Byrd Brothers (1968)
Sweetheart of the Rodeo (1968)
Dr. Byrds & Mr. Hyde (1969)
Ballad of Easy Rider (1969)
(Untitled) (1970)
Byrdmaniax (1971)
Farther Along (1971)
The Best of The Byrds: Greatest Hits, Volume II (1972)
Byrds (1973)
The Byrds Play Dylan (1980)
The Original Singles: 1965–1967, Volume 1 (1980)
The Original Singles: 1967–1969, Volume 2 (1982)
The Byrds (box com 4 CDs, 1990)
The Very Best of The Byrds (1997)
Super Hits (1998)
Live at the Fillmore - February 1969 (2000)
The Preflyte Sessions (2001)
The Essential Byrds (2003)
There Is a Season (2006)
Live at Royal Albert Hall 1971 (2008)

compactos

"Mr. Tambourine Man" / "I Knew I'd Want You" (1965)
"All I Really Want To Do" / "I'll Feel a Whole Lot Better" (1965)
"Turn! Turn! Turn!" / "She Don't Care About Time" (1965)
"Set You Free This Time" / "It Won't Be Wrong" (1966)
"Eight Miles High" / "Why" (1966)
"5D (Fifth Dimension)" / Captain Soul (1966)
"Mr. Spaceman" / "What's Happening?!?!" (1966)
"So You Want to Be a Rock 'n' Roll Star" / "Everybody's Been Burn" (1967)
"My Back Pages" / "Renaissance Fair" (1967)
"Have You Seen Her Face" / "Don't Make Waves" (1967)
"Lady Friend" / "Old John Robertson" (1967)
"Goin' Back" / "Change Is Now" (1967)
"You Ain't Goin' Nowhere" / "Artificial Energy" (1968)
"I Am A Pilgrim" / "Pretty Boy Floyd" (1968)
"Bad Night at the Whiskey" / "Drug Store Truck Drivin' Man" (1969)
"Lay Lady Lay" / "Old Blue" 132 (1969)
"Wasn't Born To Follow" / "Child of the Universe" (1969)
"Ballad of Easy Rider" / "Oil in My Lamp" (1969)
"Jesus Is Just Alright" / "It's All Over Now, Baby Blue" (1969)
"Chestnut Mare" / "Just a Season" (1970)
"I Trust (Everything Is Gonna Work Out Alright)" / "(Is This) My Destiny" (1971)
"Glory, Glory" / "Citizen Kane" (1971)
"America's Great National Pastime" / "Farther Along" (1971)
"Things Will Be Better" / "For Free" (1973)
"Full Circle" / "Long Live the King" (1973)
"Cowgirl in the Sand" / "Long Live the King" (1973)


 

 

Colunas