Se você
procura a melhor banda norte-americana de rock, já a achou.
Os Byrds são daqueles grupos que ninguém pode deixar
de ouvir e quem ouviu jamais deixou de virar fã. Graças
às guitarras semi-acústicas, os vocais dobrados
e a beleza das melodias, o grupo de Roger McGuinn foi escola de
várias e várias gerações. Dono de
uma história cheia de sucessos, brigas e acidentes, começaram
a fazer história com o disco Mr. Tambourine Man. A banda
que começou como a resposta americana aos Beatles, mostrava
que era muito mais do que isso: tinha personalidade, carisma e
talento para vôos mais altos. E como voaram esses pássaros!
A história dos Byrds
começa em 1964 quando o jovem James Joseph McGuinn III,
mais conhecido como Jim McGuinn, um jovem de 22 anos, nascido
nodia 13 de julho de 1942, em Chicago, tentava a sorte na música.
Como
todo garoto, sua paixão veio através de Elvis Presley
e a canção "Heartbreak Hotel". Ao ouvi-la
implorou para que os pais lhe dessem um violão.
Aos 10 anos aprendeu a
tocar banjo na Old Town School of Folk Music e começou
a tocar em clubes locais.
Jim - ele só se
tornaria Roger, em 1967, após se juntar ao movimento Subud
- já tinha alguma experiência com a música
desde 1962, tendo tocado com os Limeliters, The Chad Mitchell
e Judy Collins e tocava desde os 15 anos em clubes folks, antes
de começar a trabalhar como músico e compositor
para o famoso cantor Bobby Darin, que o contratou, pagando US$
35 dólares por semana para que escrevesse novas canções.
Darin e McGuinn ficaram
muito amigos e Bobby acabou dando uma Gibson de 12 cordas para
Jim após destruí-la, por acidente.
Após a parceria
com Darin, Jim se mudou para Los Angeles, onde conheceu uma banda
no qual se apaixonou: os Beatles.
Antes que alguém
me xingue, é claro que os Beatles não moravam na
Califórnia, mas foi ali que ele ouviu pela primeira o LP
A Hard Day's Night. Ao ouvir o disco, McGuinn
se apaixonou pelo som das guitarras Rickenbacker, abandonando
definitivamente a Gibson.
Mas,
se George Harrison apresentou o instrumento, foi Jim (ou Roger)
quem a deu fama.
"Sem a invenção
da Rickenbacker elétrica de 12 cordas, o som dos Byrds
não existiria", diria Jim, anos depois.
Já em Los Angeles,
Jim tocava no clube Troubadour, sonhando em fazer um grupo que
pudesse misturar as melodias dos Beatles com as letras dos Beatles.
O sonho começou
a nascer quando um outro garoto, de nome Gene Clark, que gostou
do que ouviu Jim tocar e sugeriu escreverem algumas canções
juntos.
Clark havia nascido em
Tipton, Missouri, no dia 17 de novembro de 1944 e integrado as
bandas The Sharks e New Christy Minstrels e igualmente era apaixonado
por Elvis, além dos Everly Brothers.
Logo, os dois começaram
um duo e se apresentavam em locais, como o The Folk Den, local
onde tocaram antes de um outro guitarrista de nome David Crosby
e que tocava no Les Baxter's Balladeers.
David Van Cortlandt Crosby
era o mais velho dos três, natural de Los Angeles, onde
nasceu em 14 de agosto de 1941 e, embora não tenha contribuído
com nenhuma canção para o primeiro LP, se tornaria
um dos maiores compositores daquela safra.
Os
três acabaram ficando amigos e fundaram um trio de nome
The Jet Set (Jim e David eram apaixonados por aviões) e
gravaram "The Only Girl I Adore".
Resultado aprovado, saíram
à procura de novos músicos, contratando Mike Clarke
(Michael James Dick, natural de Spokane, e nascido no dia 3 de
junho de 1946), para tocar bateria, apesar da pouca experiência
do mesmo com os instrumento.
Gene Clark e Michael Clarke
não eram parentes, e Michael veio através de Crosby.
O grupo acabou fechando a formação
com a chegada de Chris Hillman (Christopher Hillman, nascido em
4 de dezembro de 1944, em Los Angeles), que assumiria o baixo.
Assim, os futuros Byrds
traziam a seguinte formação:
Jim McGuinn: Guitarras,
banjo, vocais.
Gene Clark: Guitarras, percussão, pandeiro, gaita, vocais.
David Crosby: Guitarras, vocais.
Chris Hillman: Baixo, bandolin, vocais.
Michael Clarke: Bateria, percussão.
Os ensaios aconteciam no
estúdio World Pacific, em Los Angeles. Como The Beefeaters
lançaram o compacto Please Let Me Love You
/ Don't Be Long, pela Elektra Records, que não
fez sucesso.
A banda continuava a aprumar
os instrumentos e viram a sorte mudar quando uma fita demo foi
entregue à Benny Shapiro, um promotor de renome da Broadway.
Shapiro ficou surpreso com a reação de sua filha
adolescente e mostrou-a para Miles Davis, que aprovou. Miles acabou
telefonando para a Columbia Records, recomendando os jovens. E
com um padrinho desses não havia erro.
A essa altura eles já
eram The Byrds e estavam trabalhando com o produtor Terry Melcher,
quando Jim recebeu um acetato de Bob Dylan, com uma canção
que ele não iria usar, em novembro de 1964. Jim gostou
do que ouviu e resolveu trabalhar nela, cortando algumas partes
da letra para que ela se adequasse ao formato pop.
Em janeiro, os Byrds resolvem
gravá-la e, em abril, era lançado o primeiro grande
compacto do grupo, Mr. Tambourine Man.
O
sucesso foi tão avassalador a ponto de conseguirem algo
impensável naqueles dias: desbancarem os Beatles nas paradas.
Pois o compacto - que tinha "I Knew I'd Want You" no
lado B - ficou em primeiro lugar, na América e na Inglaterra.
No dia 14 de junho editam
o segundo compacto All I Really Want To Do / I'll Feel
a Whole Lot Better e uma semana depois lançam
o LP de estréia, que ficou em sexto lugar nos EUA e em
sétimo no Reino Unido: Mr. Tambourine Man.
Mr. Tambourine
Man mostrava todo o estilo que faria dos Byrds um clássico:
melodias delicadas saindo das Rickenbacker, arranjos vocais e
suaves e Jim cantando como se fosse um "cruzamento"
entre Bob Dylan e Beatles.
O LP contava com as seguintes
músicas:
Lado A
1. "Mr. Tambourine
Man" (Bob Dylan) –2:29
2. "I'll Feel a Whole Lot Better" (Gene Clark) –2:32
3. "Spanish Harlem Incident" (Bob Dylan) –1:57
4. "You Won't Have to Cry" (Gene Clark/Jim McGuinn)
–2:08
5. "Here Without You" (Gene Clark) –2:36
6. "The Bells of Rhymney" (Idris Davies/Pete Seeger)
–3:30
Lado
B
1.
"All I Really Want to Do" (Bob Dylan) –2:04
2 . "I Knew I'd Want You" (Gene Clark) –2:14
3 . "It's No Use" (Gene Clark/Jim McGuinn) –2:23
4 . "Don't Doubt Yourself, Babe" (Jackie DeShannon)
–2:54
5 . "Chimes of Freedom" (Bob Dylan) –3:51
6 . "We'll Meet Again" (Ross Parker/ Hughie Charles)
–2:07
Gene Clark mostrava-se
o mais inspirador compositor do conjunto, sendo creditado em cinco
composições.
O sucesso fez com que a
banda começasse uma excursão mundial e dezenas de
entrevistas. O grupo atraía os fãs pelo apuro melódico
e pela beleza das letras.
Ao ser editado em CD trazia
algumas faixas extras:
13. "She Has a Way"
(Gene Clark) – 2:25
14. "I'll Feel a Whole Lot Better" [Alternate Version]
(Gene Clark) – 2:28
15. "It's No Use" [Alternate Version] (Gene Clark, Jim
McGuinn) – 2:24
16. "You Won't Have to Cry" [Alternate Version] (Gene
Clark, Jim McGuinn) – 2:07
17. "All I Really Want to Do" [Single Version] (Bob
Dylan) – 2:02
18. "You and Me" [Instrumental] (David Crosby, Gene
Clark, Jim McGuinn) – 2:11
Alguns
críticos notaram que a banda havia usado quatro canções
de Dylan no disco e perguntavam-se se eles teriam sucesso com
suas próprias composições.
Na contra-capa havia um
longo texto a foto do publicitário da Columbia e amigo
do grupo, Billy James, em uma carta aberta, ao lado de uma foto
do grupo tocando com Bob Dylan no clube Ciro's. A foto foi tirada
por Jim Dickson.
O LP, no entanto, nascera
clássico. E os Byrds eram a primeira banda da América
a fazer frente com os Beatles. E com eles nascia o rótulo
"folk rock", além de elogios da crítica,
aprovando a mistura de folk com a batida pop.
Para Jim, os dois lados
do Atlântico tinha algo em comum: "eles surgiram com
um novo estilo, uma nova apresentação da música.
Nós enviamos algo para eles, que nos devolveram um pouco
diferente, já que são pessoas diferentes de nós.
E agora pegamos essa coisa nova que nos deram e estamos devolvendo
com algo a mais. Há uma música internacional surgindo,
com todos os ingredientes misturados: música latina, blue,
jazz, música gospel."
E
a fama crescia sem que eles conseguissem dar conta do recado.
Mas, apesar da fama, o grupo não tinha ficado rico.
"Eu estava um dia andando a pé,
pela Sunset Strip e vi um carro passando tocando 'Mr. Tambourine
Man'. Foi quando pensei, pela primeira vez, que havia algo errado.
Eu não tinha dinheiro, não tinha carro, morava
num apartamento barato, mas tinha um sucesso nas rádios
e fazia shows sem parar."
O grupo também começava
a ter os primeiros problemas internos, principalmente com David
Crosby, o brigão da turma, que colecionava garotas e
confusão e que desejava ter mais espaço como compositor.
E, enquanto excursionavam começavam
a montar um repertório para um novo LP, que sairia ainda
em 1965. O novo disco ainda teria muito mais covers do que canções
próprias, embora aumentassem o número de composições
próprias gradativamente.
Mas isso é papo para outro dia.
Um abraço e até a próxima coluna.
Discografia
Discos
Mr. Tambourine Man (1965)
Mr. Tambourine Man (EP, 1965)
Turn! Turn! Turn! (1965)
Fifth Dimension (1966)
Younger Than Yesterday (1967)
The Byrds Greatest Hits (1967)
The Notorious Byrd Brothers (1968)
Sweetheart of the Rodeo (1968)
Dr. Byrds & Mr. Hyde (1969)
Ballad of Easy Rider (1969)
(Untitled) (1970)
Byrdmaniax (1971)
Farther Along (1971)
The Best of The Byrds: Greatest Hits, Volume II (1972)
Byrds (1973)
The Byrds Play Dylan (1980)
The Original Singles: 1965–1967, Volume 1 (1980)
The Original Singles: 1967–1969, Volume 2 (1982)
The Byrds (box com 4 CDs, 1990)
The Very Best of The Byrds (1997)
Super Hits (1998)
Live at the Fillmore - February 1969 (2000)
The Preflyte Sessions (2001)
The Essential Byrds (2003)
There Is a Season (2006)
Live at Royal Albert Hall 1971 (2008)
compactos
"Mr. Tambourine Man"
/ "I Knew I'd Want You" (1965)
"All I Really Want To Do" / "I'll Feel a Whole
Lot Better" (1965)
"Turn! Turn! Turn!" / "She Don't Care About Time"
(1965)
"Set You Free This Time" / "It Won't Be Wrong"
(1966)
"Eight Miles High" / "Why" (1966)
"5D (Fifth Dimension)" / Captain Soul (1966)
"Mr. Spaceman" / "What's Happening?!?!" (1966)
"So You Want to Be a Rock 'n' Roll Star" / "Everybody's
Been Burn" (1967)
"My Back Pages" / "Renaissance Fair" (1967)
"Have You Seen Her Face" / "Don't Make Waves"
(1967)
"Lady Friend" / "Old John Robertson" (1967)
"Goin' Back" / "Change Is Now" (1967)
"You Ain't Goin' Nowhere" / "Artificial Energy"
(1968)
"I Am A Pilgrim" / "Pretty Boy Floyd" (1968)
"Bad Night at the Whiskey" / "Drug Store Truck
Drivin' Man" (1969)
"Lay Lady Lay" / "Old Blue" 132 (1969)
"Wasn't Born To Follow" / "Child of the Universe"
(1969)
"Ballad of Easy Rider" / "Oil in My Lamp"
(1969)
"Jesus Is Just Alright" / "It's All Over Now, Baby
Blue" (1969)
"Chestnut Mare" / "Just a Season" (1970)
"I Trust (Everything Is Gonna Work Out Alright)" / "(Is
This) My Destiny" (1971)
"Glory, Glory" / "Citizen Kane" (1971)
"America's Great National Pastime" / "Farther Along"
(1971)
"Things Will Be Better" / "For Free" (1973)
"Full Circle" / "Long Live the King" (1973)
"Cowgirl in the Sand" / "Long Live the King"
(1973)
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