As
gravações do novo disco começaram em meio
a vários shows e com os Byrds ainda utilizando várias
composições de outros autores, especialmente Bob
Dylan.
Mas, aos poucos, a banda ia encontrando
sua própria identidade.
Quando o grupo entrou em estúdio
com o produtor Terry Melcher, os Byrds se sentiam obrigados
a ter um novo número 1 na parada, como acontecera com
"Mr. Tambourine Man". A pressão ainda não
era tão grande, mas começava a tomar conta de
todos.
A América dos anos 60 era um país
envolvido em uma guerra estúpida, com movimentos sociais
pedindo mais direitos, lutando contra o racismo e contra o governo.
Nesse contexto, nasce o segundo compacto
do grupo que alcançou o topo da parada: Turn!
Turn! Turn!.
Pete Seeger havia adaptado a letra do Livro Eclesiastes, da
Bíblia, e compôs uma bela melodia, tornando-a um
hino.
A canção havia sido gravada
para o terceiro LP da cantora Judy Collins, chamado Judy
Collins 3 e lançado em 1963, com participação
de Jim McGuinn tocando guitarra.
Jim conta que quando a gravou sentiu
que ela poderia se tornar um grande single: "tem uma ótima
letra, uma ótima melodia e poderia fazer muito sucesso."
Os versos eram particularmente fortes
e renderam o primeiro lugar nas paradas, após ser lançada
no dia 1º de outubro de 1965:
Vire, vire, vire...
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para nascer, um momento
para morrer
Um tempo para plantar, um momento para colher
Um momento para matar, um momento para curar
Um momento para rir, um momento para prantear
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para edificar, um momento
para desmoronar
Um momento para dançar, um momento para se condoer
Um momento para livrar-se de pedras, um momento para reunir
pedras
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um momento para amor, um momento
para ódio
Um momento de guerra, um momento de paz
Um momento em que você deve abraçar, um momento
para abster-se de abraçar
Para tudo (vire, vire, vire)
Há uma época (vire, vire, vire)
E um momento para cada propósito, sob o céu
Um
momento para ganhar, um momento para perder
Um momento para rasgar, um momento para costurar
Um momento para amar, um momento para odiar
Um momento para paz, eu juro que não é tarde demais
A canção foi o grande momento
de um LP tão bom quanto o primeiro, embora com vendagens
mais modestas.
Enquanto o anterior ficara na sexta posição,
Turn! Turn! Turn! conseguiu apenas a 17ª
posição, decepcionando a Columbia e a banda. Mas
o álbum contribuiu muito para o fortalecimento do gênero
"folk rock" que nascia e dava a completa identidade
ao grupo com o peculiaríssimo som das guitarras e os
vocais dobrados.
O disco trazia as seguintes faixas:
Lado 1
1. "Turn! Turn! Turn! (To Everything
There is a Season)" (Book of Ecclesiastes/Pete Seeger)
– 3:49
2. "It Won't Be Wrong" (Jim McGuinn, Harvey Gerst)
– 1:58
3. "Set You Free This Time" (Gene Clark) – 2:49
4. "Lay Down Your Weary Tune" (Bob Dylan) –
3:30
5. "He Was a Friend of Mine" (traditional, new words
and arrangement Jim McGuinn) – 2:30
Lado 2
1. "The World Turns All Around Her"
(Gene Clark) – 2:13
2. "Satisfied Mind" (Red Hayes, Jack Rhodes) –
2:26
3. "If You're Gone" (Gene Clark) – 2:45
4. "The Times They Are a-Changin'" (Bob Dylan) –
2:18
5. "Wait and See" (Jim McGuinn, David Crosby) –
2:19
6. "Oh! Susannah" (Stephen Foster) – 3:03
Ao
ser editado em CD, em 1996, trazia as seguintes faixas bônus:
12. "The Day Walk (Never Before)"
(Gene Clark) – 3:00
13. "She Don't Care About Time" [Single Version] (Gene
Clark) – 2:29
14. "The Times They Are A-Changin’" [First Version]
(Bob Dylan) – 1:54
15. "It's All Over Now, Baby Blue" [Version 1] (Bob
Dylan) – 3:03
16. "She Don't Care About Time" [Version 1] (Gene
Clark) – 2:35
17. "The World Turns All Around Her" [Alternate Mix]
(Gene Clark) – 2:12
18. "Stranger in a Strange Land" [Instrumental] (David
Crosby) – 3:04
Um segundo compacto - "Set
You Free This Time" / "It Won't Be Wrong" -
não obteve tanto sucesso. "It Won't Be Wrong"
era uma antiga canção de Jim chamada "Don't
Be Long", e que teve alguns arranjos na letra.
O disco trazia a primeira parceria entre
McGuinn e Crosby, "Wait and See". Era a primeira vez
que David recebia crédito em uma canção
dos Byrds.
Quem
continuava a compor bem para o grupo era Gene Clark, especialmente
as músicas mais doces, como é o caso de "Set
You Free This Time".
Segundo Gene, "compus após
chegar no meu quarto de hotel de um encontro com Paul McCartney,
em Londres, e comecei a dedilhar meu violão acústico
e em duas horas a compus. Depois disso, dormi por 12 horas,
sem parar."
Outro belo momento do romântico
Clark foi "The World Turns All Around Her". E é
claro que não poderiam deixar Bob Dylan fora da jogada.
Assim, regravaram "Lay Down Weary Tune" e "The
Times They Are A-Changin'".
"Bob me disse que adorou a versão
que fizemos de 'Lay Down...', pois achou que havíamos
encontrado o ponto certo para ela", se lembra McGuinn de
um encontro no apartamento de Dylan, em Nova York."
Uma
das mais curiosas músicas é a que fecha o disco,
"Oh! Susannah", composta no Século XIX por
Stephen Foster e a transformou em uma canção cheia
de humor e delicadeza, tornando-se um grande clássico
dos Byrds.
Com o sucesso do compacto Turn!
Turn! Turn!, a banda se apresentou em vários
programas de televisão e se tornaram uma das sensações
adolescentes da época.
Os momentos doces e alegres estavam com
os dias contados. Aos poucos, os integrantes se tornavam mais
autorais, as brigas mais intensas, as drogas ganhavam mais espaço.
Mas isso é papo para outro dia.
Um abraço e até a próxima coluna.
Discografia