Sheffield é
uma cidade essencialmente industrial e que rendeu ao mundo várias
bandas que influenciaram a new wave, com seus sons gelados vindos
de sintetizadores primários e baterias eletrônicas
rudimentares. Dois grupos deixaram marcas profundas no cenário
britânico e mundial: Human League e Cabaret Voltaire. O
primeiro teve em seu LP Dare!, um sucesso monstruoso, puxado pelo
hit "Dont You Want Me". Já com o Cabaret a história
foi outra: desde 1973 o grupo já dava os primeiros passos
na eletrônica, inspirado em Roxy Music e na crescente onda
de grupos alemães como Can e Faust. Considerado um dos
pilares do som industrial e com uma postura totalmente anárquica
em relação às bandas da época, o Cabaret
tirou seu nome de um clube fundado em Zurique na década
de 10 e que foi o berço do movimento dadaísta. Sua
música cinzenta é culpa da própria imagem
da cidade natal, um caos de chuvas, granizo e fumaça das
fábricas. O som é quase modal, introspectivo e que
aborda temas cotidianos dos seres humanos. Richard Kirk, um dos
líderes do grupo, definiu o Cabaret com uma frase um tanto
pretensiosa ao dizer que faziam uma música fantástica,
mas não apenas fantástica. Ficou curioso? Vamos
aos fatos então, meus amigos, vamos aos fatos...
Em
1916 um suíço chamado Hugo Ball – poeta, novelista
e filósofo -, resolveu fundar ao lado de Emmy Hennings
– cantora que declamava poesia e sua amante – um clube
em Zurique com a idéia de produzir uma nova linguagem e,
ao mesmo tempo, ajudar as pessoas a esquecerem os horrores promovidos
pela Primeira Guerra Mundial, que havia começado em 1914
e seguiria até 1918. Nascia assim o Cabaret Voltaire. Era
o nascimento do movimento dadaísta.
O Dada nasceu com a idéia
de jovens franceses e alemães que estavam em Zurique, e
que fugiam da convocação para a Primeira Guerra
Mundial, aproveitando-se que a Suíça já era
um país conhecido por sua neutralidade. O movimento nasceu
como um movimento literário que mostrasse as mazelas e
o absurdo que se encontrava a Europa.
A palavra “Dada”
foi descoberta por Ball e Tzara Tristan num dicionário
de alemão-francês e que significa nada mais do que
“cavalo-de-pau”. Usando a palavra como uma metáfora
da guerra (as duas, não opinião deles, não
faziam sentido algum), criaram uma arte que negava a própria
arte e que defendia o absurdo, a incoerência e o caos.
O movimento durou até
1921 e era uma forma encontrada de protestar contra a violenta
e sangrenta guerra que se desencadeou no continente europeu na
década de 10.
Se
o movimento cultural durou pouco, deixou muitos seguidores espalhados
pelo planeta. E passados mais de 50 anos, foi a inspiração
para que três jovens começassem a montar uma banda
que iria marcar a cena musical nos anos 70, 80 e 90, justamente
com o nome do clube: Cabaret Voltaire.
Em 1973, Richard H. Kirk,
Stephen Mallinder e Chris Watson resolveram formar um grupo, na
triste, poluída e fria cidade de Sheffield. Apesar de Richard
usar uma guitarra e Mallinder um baixo, eles não tinham
necessariamente vontade de formar um grupo de rock tradicional.
Os três eram aficionados
de bandas alemãs como Can, Faust e Kraftwerk e queriam
casar essa vertente musical com a poesia dadaísta dos anos
10 e 20.
A idéia era produzir
uma “música cinza” – cinza como a cor
da cidade de Sheffield, um lugar lúgubre, pesado, depressivo,
com chuvas de granizo e com pouca diversão para os jovens.
Uma música que mostrasse
a decadência do capitalismo, da vida industrial, do automatismo
humano, do medo, da falta de esperança e da solidão.
Uma receita tão pesada só poderia render algo igualmente
tenso. E durante os primeiros anos, o grupo levou muito tempo
para conseguir a receita ideal.
Por dois anos, o trio ensaiou,
ensaiou, ensaiou até conseguirem uma apresentação
no dia 13 de maio de 1975, na própria cidade.
Chris
relembra bem do dia: “uma organização chamada
Ciência para as Pessoas tinha uma discoteca na Universidade,
onde promoviam eventos todas as semanas e estavam procurando algum
artista para uma apresentação ao vivo. Eu estava
trabalhando com um dos organizadores. Quando soube que eu tinha
um grupo perguntou se poderíamos tocar rock e eu disse
que sim, claro” Nós fizemos um cartaz dizendo que
misturávamos rock com música eletrônica. Bem,
é difícil explicar o que fazíamos, mas só
posso dizer que quando subimos ao palco, com fitas cheias de loops
gravados, e Richard subiu como uma jaqueta de borracha tocando
uma clarineta, o público invadiu o palco e partiu para
cima de nós. Algumas pessoas da platéia eram nossas
amigas e vieram nos assistir, mas a maioria do público
ficou furioso com nosso som e se não tivéssemos
alguns conhecidos lá para nos ajudarem, teríamos
morrido.”
Mallinder acabou sofrendo
uma fratura nas costas e os organizadores ainda tentaram agredir
os três, alegando que haviam destruído a reputação
da organização e que a universidade não os
deixaria promover outros eventos no local. Resumindo: uma estréia
um pouco tensa e não tão bem sucedida do Cabaret.
Mas
eles não desistiram e quando o movimento punk apareceu,
o grupo se sentiu feliz. A atitude de chocar e confrontar as pessoas
era algo em voga e o trio começou a tocar algumas vezes
por mês, sendo chamados de “Sex Pistols de Sheffield”.
No final de 1976 gravaram
uma fita caseira intitulada Cabaret Voltaire 1974-1976,
que teve apenas 25 cópias que foram distribuídas
a amigos e para gravadoras independentes, cópias rejeitadas
quase que imediatamente.
A lista da música
era: “The Dada Man” – “Ooraseal”
– “A Sunday Night in Biot” – “In
Quest of the Unusual” – “Do the Snake”
– “Fade Crisis” – “Doubled Delivery”
– “Venusian Animals” – “The Outer
Limits” – “She Loved You.”
O Cabaret Voltaire já
tinha um pequeno número de fãs e uma imagem totalmente
consolidada quando conseguiram um contrato com a independente
Rough Trade.
Em
1978 gravaram um EP cinicamente chamado Extended Play,
contendo a canção “Do The Mussolini”.
Em 28 de outubro de 1978
são convidados para abrirem quatro shows no recém
fundado clube Factory, em Manchester.
O cartaz do show ficou
a cargo de Peter Saville, um dos poucos que havia falado bem da
banda ao enviarem a fita. O show também teria as presenças
do Joy Division e do Durutti Column e o grupo acabou entrando
na coletânea The Factory Sampler, com as
músicas “Baader-Meinhof” e “Sex In Secret”.
Richard conta que eles
tinham gostado da Factory e queriam tentar a sorte no novo selo,
mas como a Rough Trade já tinha uma organização
boa e havia prometido um LP só deles, o grupo optou em
não mudar de casa.
Após
gravarem um single chamado "Nag Nag Nag",
em abril de 1979, sai meses depois Mix Up, pela
gravadora. Produzindo inteiramente pelo trio, o Cabaret Voltaire
surpreende com uma sonoridade gélida e com um uso de eletrônica
que não estava a serviço de música dançante.
O disco trazia nove faixas:
Lado A
01. "Kirlian Photograph"
– 5:52
02. "No Escape" (Sky Saxon) – 3:40
03. "Fourth Shot" – 4:03
04. "Heaven and Hell" – 5:57
05. "Eyeless Sight" [live] – 3:15
Lado B
01. "Photophobia"
(Cabaret Voltaire, Victor) – 5:56
02. "On Every Other Street" – 4:02
03. "Expect Nothing" – 6:10
04. "Capsules" – 4:07
Após
um disco curioso ao vivo gravado no Y.M.C.A., em Londres, onde
meses antes o Joy Division deu um show antológico, e que
foi registrado em 1980; é lançado, meses depois,
a primeira grande obra-prima do grupo, The Voice of America.
Voice of America
focalizava o controle do estado sobre os cidadãos, a tensão
Leste-Oeste, e a ditadura dos governos conservadores no mundo,
especialmente na Inglaterra. Richard explica que os discos do
Cabaret funcionam como um diário, onde as idéias
são analisadas, comentadas e pensadas como um ensaio. “A
nossa idéia não é confundir e sim clarear
pensamentos. E acho que podemos ajudar as pessoas com nossa música.”
Sobre o título Kirk,
explica que a América é, para ele, o símbolo
de como se usa a violência e a manipulação
para conseguir resultados duvidosos.
Faixas do disco:
Lado A
01. "The Voice of
America / Damage Is Done" - 6:16
02. "Partially Submerged" - 3:45
03. "Kneel to the Boss" - 3:52
04. "Premonition" - 5:03
05. "This Is Entertainment" - 5:51
Lado
B
01. "If the Shadows
Could March (1974)" - 0:55
02. "Stay Out of It" - 2:38
03. "Obsession" - 5:06
04. "News From Nowhere" - 2:21
05. "Messages Received" - 3:16
Para Stephen, o método
do trabalho é simples e se baseia em experimentos com sons
e idéias escritas.
“Alguns nos acham
pretensiosos e perguntam se nos influenciamos por compositores
como Stockhausen e Philip Glass. Sim, nós os utilizamos
em algumas partes, mas não de uma maneira acadêmica,
porque nós gostamos de música, entende? Coisas como
James Brown, os grupos da Motown, o espírito original do
rock. Por isso, podemos ser taxados de um pouco ambiciosos, mas
não somos tanto como alguns falam.”
E, se Voice of
America foi um álbum surpreendente, sem dúvida
Red Mecca é a obra máxima dessa
primeira fase da banda, que logo após o lançamento
perdeu Chris Watson, às vésperas de uma turnê
mundial, para trabalhar na televisão, fazendo trilhas sonoras.
Red
Mecca é o disco mais maduro do grupo e aquele
no qual a banda melhor se expressa, usando para isso a canção
“A Touch of Evil”, composta por Henry Mancini para
um filme do cineasta Orson Welles de mesmo nome, abrindo e encerrando
o trabalho.
Mas não é
apenas isso, já que nas sete faixas restantes, o Cabaret
Voltaire mostra um trabalho de excelente qualidade técnica
e inovador no uso de sintetizadores e
loops.
Faixas do disco:
Lado A
01. "A Touch of Evil" - 3:11
02. "Sly Doubt" - 4:59
03. "Landslide" - 2:08
04. "A Thousand Ways" - 10:35
Lado
B
01. "Red Mask" - 6:54
02. "Split Second Feeling" - 3:47
03. "Black Mask" - 3:19
04. "Spread the Virus" - 3:40
05. "A Touch of Evil (Reprise)" - 1:32
Richard e Stephen começaram a fazer
trabalhos cada vez mais densos, profundos, assustadores, voltando-se
mais aos sons densos, industriais do que os grupos que usavam
sintetizadores com uma finalidade de produzir música pop.
Eu não gosto de
rótulos que dão para nossa música. Eu não
sei o que significa ‘industrial’. Será que
é por vivermos em um cidade com essas características
ou por usarmos instrumentos manufaturados? Human League não
seria também industrial? Essas definições
são inventadas para facilitar a vida dos críticos.
Eu penso que a música deveria ser dividida apenas em duas
categorias; a boa e a ruim. Acho que temos mérito em nossos
trabalhos e sinto uma ligação com outros grupos
‘industriais’, mas não apenas como eles. Rotular
é algo extremamente limitante e árido. Se usamos
os sintetizadores é apenas porque são instrumentos
práticos, mas também podemos e usamos baixos e guitarras
em nossas apresentações.”
E
na verdade, o grupo tocava realmente com guitarras e baixos ao
vivo, embora suas apresentações não fossem
tão freqüentes. O Cabaret sempre manteve uma postura
de preferir trabalhar em estúdio do que ao vivo, e muitas
vezes tocam apenas por diversão ou para conseguir dinheiro.
“Acho que mantivemos
uma postura meio anarquista em relação à
indústria musical. Nós não ganhamos muito
dinheiro com os discos, mas fizemos alguns acordos com a gravadora
que nos permite sobreviver sem interferência dela. Desde
o começo, estipulamos uma quantia fixa que usaríamos
para nossas despesas básicas e que gastaríamos o
dinheiro dos royalties em equipamento e pesquisa. Temos
ajuda de algumas pessoas em termos financeiros, na hora de assinarmos
um contrato e conseguimos levar uma vida simples, porém
sem turbulências. Nós ganhamos muito menos que esses
grupos de sucesso, mas em compensação não
assumimos as dívidas que muitos deles possuem e carregam
por toda vida. Nossa liberdade nos permite viver com simplicidade,
porém com segurança”, conta Stephen.
E essa liberdade permitiu
ao grupo lançar discos que exploravam trilhas sonoras para
o cinema, como foi o caso do LP Johnny YesNo,
lançado em 1983, mas que havia sido feito em 1981, ainda
com Chris.
Mas
foi um ano antes, em 1982, que lançaram uma seqüência
de discos que consolidaram definitivamente a fama do grupo e mostraram
porque o Cabaret pouco tocava ao vivo: porque eles ficavam trancados
em estúdio produzindo toneladas de música: 2x45,
Yashar e Hai! Live In Japan
(sim, um ao vivo) provavam que o grupo continuava em ebulição.
Vale citar que no disco
ao vivo, já contavam com um terceiro membro, que não
seria fixo, mas apareceria em vários trabalhos: Alan Fish.
Em 1983 deixam a Rough
Trade e mudam para a Some Bizarre. Lançaram outro excelente
disco, The Crackdown. E Richard e Stephen começariam
a construir sólidas carreiras como artistas solos, dando
vazão a uma música que não se encaixava dentro
do grupo ou apenas como uma forma de explorar idéias que
interessassem apenas a eles mesmos.
Essa rotina não impediu que continuassem juntos e que durante
esse percurso tivessem discos lançados pelos mais diversos
selos e em diversos projetos.
Após
excelentes trabalhos, como Micro-Phonies, de
1984, decidem que era hora de terem um esquema de produção
e distribuição mais adequado ao nome que possuíam,
e em 1987, atraem uma grande curiosidade ao assinarem com a gigante
EMI, e lançam Code, o primeiro disco a
sair no Brasil. O som já está mais polido, mais
leve e não chegou tanto a entusiasmar os antigos fãs
como os primeiros trabalhos.
Faixas de Micro-Phonies:
Lado A
01. "Do Right"
– 6:43
02. "The Operative" – 3:13
03. "Digital Rasta" – 5:39
04. "Spies in the Wires" – 3:19
05. "Theme from Earthshaker" – 2:48
Lado B
01. "James Brown"
– 4:58
02. "Slammer" – 5:38
03. "Blue Heat" – 4:02
04. "Sensoria" – 3:58
Mas
se a mudança desagradou alguns fãs, também
desagradou banda e gravadora. O Cabaret simplesmente não
conseguia atender às exigências da gravadora, que
esperava um retorno financeiro maior. “Algumas pessoas querem
fazer de nós um Duran Duran, o que é patético”,
reclamou Richard.
Faixas de Code:
Lado A
01. "Don't Argue"
– 4:26
02. "Sex, Money, Freaks" – 4:57
03. "Thank You America" – 5:22
04. "Here To Go" – 5:09
05. "Trouble (Won't Stop)" – 5:07
06. "White Car" – 2:44
Lado B
01 "No One Here"
– 5:00
02. "Life Slips By" – 3:26
03. "Code" – 4:07
04. "Hey Hey" - 3:58 (not included on US pressings)
05. "Here To Go (Little Dub)" - 4:10 (not included on
US pressings)
Assim,
em 1990 após alguns discos pouco inspirados, mudaram para
outra independente, a Mute.
O grupo chegou a ter discos
da Mute distribuídos por outra companhia gigante, a Virgin,
com a qual também assinaram, até encerrarem as atividades
como banda, em 1994. Richard e Stephen preferiram seguir suas
vidas separadamente, fazendo seus discos e projetos, e ocasionalmente,
se reunindo para algum show ou lançamento de discos do
grupo.
“Depois de 20 anos
juntos, achamos que o Cabaret já tinha dado sua contribuição
e que acabaríamos repetindo antigas fórmulas e isso
seria ruim. Eu gosto de imaginar que ajudamos muito a cena local
de Sheffield, assim como muitas bandas do mundo foram influenciadas
por nós. Não há nenhum sentimento de raiva
de lado a lado, apenas um esgotamento de idéias.”,
afirmou Richard.
O catálogo do grupo
é imenso e boa parte dele se encontra disponível
em CD, sendo que muitos estão recebendo novas edições
remasterizadas e com valiosas informações e por
isso merece ser adquirido, ou ao menos, ouvido.
Se você quiser saber
mais sobre o Cabaret visite o site do grupo, http://www.brainwashed.com/cv
e poderá saber mais sobre a história da banda, toda
a discografia os projetos de cada um dos membros e colaborações.
Deixo vocês com a
discografia completa da banda. Um abraço e até a
próxima coluna.
Discografia
Extended Play (EP, 1978)
“Nag Nag Nag” (1979)
Mix-Up (1979)
Live at the YMCA 27.10.79 (1980)
Silent Command (1980)
The Voice of America (1980)
Three Mantras (1980)
Live at the Lyceum (1981)
Red Mecca (1981)
Seconds Too Late (1981)
Eddie's Out/Walls of Jericho (1981)
Three Crepuscule Tracks (EP, 1981)
Fool's Game (1982)
Gut Level (Live Liverpool Warehouse) (flexi-disc, 1982)
2x45 (1982)
Yashar (1982)
Hai! Live In Japan (1982)
Johnny YesNo: The Original Soundtrack from the Motion Picture
(1983)
Crackdown/Just Fascination (1983)
The Crackdown (1983)
The Dream Ticket (1983)
Micro-Phonies (1984)
James Brown (1984)
Sensoria (1984)
Drinking Gasoline (1985)
Kino/Big Funk (compacto, 1985)
The Arm of the Lord (1985)
I Want You (compacto, 1985)
The Drain Train (1986)
Don't Argue (1987)
Don't Argue (compacto, 1987)
Here to Go (1987)
Here to Go (Live Drum Jacknife Remix by Adrian Sherwood) (EP,
1987)
Code (1987)
Golden Moments of Cabaret Voltaire (1987)
Eight Crepuscule Tracks (1988)
Hypnotised (1989)
Hypnotised (A Guy Called Gerald's Mix) (EP, 1989)
Keep On (1990)
Keep On (Sweet Exorcist Mix) (EP, 1990)
Groovy, Laidback and Nasty (1990)
Easy Life (1990)
Easy Life (Vocal/Strange/Very Strange) (EP, 1990)
Listen Up With Cabaret Voltaire (1990)
The Living Legends (Mute, 1990) CD
“Nag Nag Nag” (1990)
What Is Real (1991)
Body and Soul (1991)
Percussion Force (EP, 1991)
Colours (EP, 1991)
The Drain Train + Pressure Company Live (1991)
Plasticity (1992)
I Want You/Kino (1992)
1974-1976 (2002)
Technology: Western Re-Works 1992 (1992)
International Language (1993)
Back in the Front of Your Mind (1993)
The Conversation (CD duplo, 1994)
Just Fascination (2001)
Live at Hacienda ‘83/ ’86; 11.08.83/19.02.86 (2002)
“Nag Nag Nag” (remixes, 2002)
Yashar (2002)
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