Ciro
Pessoa é uma figura egressa dos anos 80. Fez parte dos
Titãs, logo no início, e depois formou o Cabine
C, que lançou um disco pelo selo RPM, de propriedade do
grupo de Paulo Ricardo e que virou, literalmente, uma briga judicial.
É também
um cara inteligente, escorregadio e que gosta de fazer brincadeiras.
Depois de muitos anos tentando encontrar uma gravadora, conseguiu
assinar com a Voiceprint, meio que por acaso. Em suas próprias
palavras: “quando o trabalho estava quase pronto, fui à
internet, em sites de rock e comuniquei quem eu era, o que já
tinha feito e estava à procura de um selo para lançar
o meu primeiro cd solo. Um cara chamado César Dunchen me
respondeu que tinha o Fabio Golfetti, da Voiceprint, e desde então
estou ganhando um rio de dinheiro, além de usufruir da
amizade dele”, conta com grande humor.
O humor vem da dificuldade
em ganhar rios de dinheiro no paupérrimo mercado brasileiro
de rock. Com um título sugestivo e com a palavra “Help”
grafada de forma acentuada, que, segundo Ciro é uma referência
à chuva (“sempre achei a chuva assombrosa e bela
como a canção 'Help' dos Beatles”), foi todo
gravado e produzido em Dezembro de 2000, com seu amigo Apollo
9, que conhece há mais de 12 anos. Apollo tocou guitarra
no extinto CPSP e foi produtor de Otto.
O disco mistura rock básico
com guitarras pesadas e distorcidas e toques de eletrônica.
Também pudera: as influências são as mais
variadas: Ramones, Primal Scream, Hendrix, Mutantes, Stones, fase
Brian Jones.
O disco abre com “Papapa”
e, em seguida, cai em uma parceria com Branco Mello, “Dona
Nenê”. A faixa tem uma letra hilária e história
curiosa, que Ciro conta: “Dona Nenê é uma composição
que fazia parte de um projeto paralelo (de absoluta quarta dimensão)
dos Titãs. Chamava-se 'Os Jetsons' e era o Branco, no baixo,
eu na guitarra, e o Charles Gavin, na bateria. Este projeto foi
ao ar há dois anos atrás, sob a forma de primeira
ópera rock infantil do Cone Sul, 'Eu e Meu Guarda-Chuva',
um projeto multimídia lançado pela editora Globo,
com livro, cd e peça de teatro. E há um roteiro
cinematográfico na agulha.”
A história fala
de Dona Nenê, que vai com sua amiga, Madame Gaspar, ao supermercado.
Enquanto uma compra em pedra e a outra, em pó, Dona Nenê
desaparece. A letra, claramente brincalhona, trata-se de compra
de sabão, mas, quando inquirido se hoje não poderia
fazer uma alusão à cocaína e ao crack, confessa
que hoje poderia realmente ter essa conotação.
Talvez a mais bela letra
seja a de “Até os anos 70”, que mostra uma
grande influência do falecido Júlio Barroso, ex-líder
da Gang 90. Ciro explica que Júlio foi um grande poeta,
ativista, amigo e por quem tem grande devoção, mas
a canção seria um tributo a Serge Gainsbourg, músico
francês que viveu de 1928 a 1991. Outra homenagem a um ídolo
está em “Boliche Sideral,” segundo Pessoa “uma
vã tentativa de soar como Lou Reed.
Apesar de ser bom guitarrista,
Ciro ficou apenas com os vocais, deixando Apollo 9 com as seis
cordas e teclados, Kokinho com o baixo e Flavinho com a bateria.
Helena e Beto Villares participam dos vocais em “Até
os Anos 70”.
Em um show realizado em
2003, tocou duas músicas do saudoso Cabine C, “Pânicos
e Solidão” e “Anos”. Apesar de não
saber ainda exatamente quem é seu público atual
(“tinha muitos formadores de opinião na platéia”),
Ciro continuará insistindo no bom humor como uma arma importante
(“vivemos num mundo tão sem graça que o Casseta
e Planeta tornou-se o programa de maior audiência da tv
brasileira”).
Para quem quiser contratar
Ciro para algum show, basta ligar para (11) 3735 1940 e falar
com Susana. Caso queira trocar figurinhas (ou email, em tempos
digitais) com o próprio, escreva para ciropessoa@.ig.com.br.
Canções
Papapa
Dona Nenê
Dúvidas e sonhos
Days.e
Boliche Sideral
Miss Belly Dance
Tudo que me faz sentir você
Até os anos 70
Só prá me enlouquecer
No meio da chuva eu grito help
A Deus
Músicos
Apolllo 9: guitarras e teclados
Kokinho: baixo
Flavinho: bateria
Helena: voz em “Até os Anos 70”
Beto Villares: voz em “Até os Anos 70”
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