Os norte-americanos são frescos.
Várias vezes na história da música eles mexeram
em discos, capas e seqüências das músicas de
um álbum por não gostarem ou ficaram insatisfeitos.
Com os Beatles foi assim, com o Stones também e com o Clash
também. Um dos mais importantes discos de estréia
do rock, The Clash, teve uma edição norte-americana
bastante modificada e com algumas faixas extras que tinham sido
editadas em compacto, e outras limadas por serem consideradas
cruas demais. Como todo fanático, acabei tendo que comprar
as duas edições. Eu prefiro a inglesa, original
e que abre com "Janie Jones". O disco americano abre
com "Clash City Rockers". Se você quiser fazer
uma compilação dos dois, basta pegar as músicas
de cada lançamento, que colocarei no final da matéria.
Mas se quiser e estiver com vontade de ter os bichinhos em sua
estante, originais, como o fetichista aqui, basta importá-los.
Estão disponíveis e nem são tão caros.
Colecionador você sabe como é: não basta ter
as músicas, tem que ter o objeto...
Eles
foram a banda inglesa mais importante e influente depois dos Beatles.
Se você está achando algum exagero nessa afirmação,
não se assuste. O Clash foi exatamente isso. Uma banda
que apesar da pouquíssima duração com a formação
original, deixou uma obra maravilhosa, consistente e atual até
hoje. Mais do que a raiva das letras e no palco de Joe Strummer,
a guitarra e os arranjos de Mick Jones e a fantástica cozinha
de Paul Simonon (baixo) e Topper Headon (bateria), foram o maior
ícone do movimento punk. Maior do que os Sex Pistols, desmantelados
quando Lydon resolveu pular fora. Maior do que o Jam, a grande
banda mod da virada dos 70 para 80, de Paul Weller. E maior do
que qualquer outra. Excelentes músicos, arranjadores, donos
de uma energia ao vivo de fazer corar qualquer banda que se considere
com “atitude”, já tinham um volta programada
para 2003 com alguns shows, abortada com a morte de Joe. Uma pena,
era a minha chance de matar a sanha de vê-los ao vivo. Seu
disco de estréia é um dos álbuns mais acachapantes
e um marco do “novo som”, tão importante para
1977 quanto Never Mind The Bollocks dos Pistols,
Low e "Heroes", ambos
de Bowie e anos-luz à frente de In The City,
do Jam. Um disco clássico de uma banda clássica
do que, talvez, tenha sido o grande movimento do rock,- que foi
salvo das chatas bandas de hard e progressivo - e uma tábua
de salvação para a volta do simples, do excitante
e do contemporâneo. Já que comecei a história
no meio três anos atrás falando de London
Calling deixe-me voltar ao marco zero da coisa toda e
contar como a lenda foi formada. Talvez fique um pouco longa,
talvez um pouco chata, mas talvez até fique bacana. Não
se assuste com o tamanho do bichinho: apague a luz do seu quarto,
ligue um cd (qualquer um tá valendo) e faça de conta
que essa ladainha toda é sua prova de amanhã, com
uma vantagem: não tem nota final e não há
hipótese de ser reprovado. Ah, se todas as matérias
fossem assim...
Eles
sempre foram três e mais um baterista. Os três respondem
pelo nome de Joe Strummer, Mick Jones e Paul Simonon. O baterista
variou entre o soberbo Nicky “Topper” Headon e o correto
Terry Chimes. O núcleo do grupo começou com Mick
e Paul, amigos de uma escola de arte, amantes de bandas como Faces,
Roxy Music e New York Dolls e como todos jovens queria ser estrelas
de rock. Acabaram topando com o jovem Tony James e um certo Glen
Matlock, que já fazia parte de um grupelho que daria o
que falar: Sex Pistols.
A primeira tentativa em
formar um grupo começou ainda em 1975, com Mick Jones e
Tony James montando o London SS, uma banda que fazia covers de
Stones, New York Dolls e Mott The Hoople. Brian James acabou sendo
incorporado e testaram infinitos bateristas, entre eles Terry
e Topper. Brian ficou pouco tempo, pois com Rat Scabies resolverou
montar uma nova banda, The Damned. Sem baterista e com Brian debandando,
Mick e Tony resolveram se separar. Tony acabou formando, primeiro,
o Chelsea, e depois o Generation X, com o jovem Billy Idol. Mick
encontrou Paul Simonon e resolveu tentar outra vez. Ambos tinham
muitas semelhanças: eram garotos de Brixton e com pais
separados. Paul aceitou já que estava desesperado por uma
chance na vida: “Minha vida era um merda. Eu precisava cuidar
do meu pai, fazer seu café e jantar e ficar na escola.
Odiava aquilo tudo!” Mesmo odiando estudar, conseguiu uma
bola na escola de arte Byan Shaw, e lá foi convencido por
Mick a montarem uma banda de rock.
“O primeiro show
de rock que me lembro de ter assistido foi dos Sex Pistols. Antes,
eu só ouvia ska e reggae. Quando fizemos o nosso primeiro
ensaio, Mick pediu para que eu cantasse, mas eu não sabia
como fazer, já que ele queria algo no estilo New York Dolls.
Mick tinha um cabelo comprido e minhas tentativas como vocalista
não duraram mais do que dois dias.” Paul conta que
sua intenção inicial era ser guitarrista: “meu
sonho era tocar guitarra, e não baixo. Mas como eu não
conseguia aprender os acordes de guitarra, resolvi procurar alguém
que me ensinasse a tocar baixo e ser o melhor baixista do mundo.”
Nessa época, os
dois tiveram bandas com os seguintes nomes: The Weak Heartdrops,
The Phones, The Mirrors, The Outsiders e The Psychotic Negatives.
Com os ensaios rolando, resolveram procurar alguns agentes para
descolarem apresentações e acabaram encontrando
Bernie Rhodes, então assistente de Malcom McLaren e que
já havia conhecido Mick nos tempos de London SS.
“Antes de resolvermos
por Bernie, tivemos um sem-número de pessoas trabalhando
conosco eu peguei raiva de muitos, pois várias bandas jovens
eram desmontadas ou tinham integrantes despedidos por intrigas
deles (os agentes). Bernie parecia diferente e começamos
a conversar”. Bernie lembra que não se animou no
início: “Paul não sabia tocar nada na primeira
vez que o conheci, e pensei que eles não teriam a menor
chance de ficarem juntos. Mas mesmo assim, dedicava-se nos ensaios
e resolvi esperar para ver o que podia acontecer.”
O que aconteceu foi a chegada
de Joe Strummer. Joe fazia parte dos The 101’ers, um grupo
de pub-rock, de origem rhythm and blues, estilo que tinha como
expoente o Dr. Feelgood. Seu começo na música foi
curioso. Ele morava no País de Gales, após deixar
Londres, com uma namorada e tinha um kit de bateria, conseguido
em uma troca por uma máquina fotográfica. Porém,
não tinha a menor intenção de virar um baterista.
Fez um acordo que arranjaria alguém para segurar nas baquetas,
em troca de ser o cantor principal, acordo aceito. A banda se
chamava então Flaming Youth e Joe sugeriu que mudassem
o nome para The Vultures. Após seis apresentações
ao vivo, percebeu que o grupo não iria longe e voltou correndo
para Londres, entrando no 101’ers. O grupo conseguiu uma
boa fama local, tendo gravado um compacto, “Keys To Your
Heart”, pelo selo Chiswick. Apesar da relativa fama, Strummer
queria mais, muito mais e acabou cruzando com Mick e Paul de onde
buscava seu seguro desemprego. Paul e Mick já haviam visto
Joe em cena e ficaram interessados em conhecê-lo.
Mick
conta que chegou para Joe e disse que não gostava de sua
banda, mas havia gostado dele. Joe, por outro lado, confessa que
quando encontrou os dois viu que eles eram as pessoas que tanto
esperava para formar uma banda”. O que Joe insinuava é
que estava cheio de tocar aquele estilo e queria fazer algo parecido
com os Sex Pistols, que haviam aberto um show dos 101’ers.
Joe adorou aquela música raivosa, aquela postura agressiva
e resolveu montar uma banda similar. E no dia 1º de abril
de 1976, nascia o Clash. Os primeiros meses de ensaio foram realizados
em Camden Town, junto com uma banda chamada Flowers of Romance,
que tinha em seu line-up um verdadeiro quem-é-quem
de integrantes de grupos punks: Sid Vicious (ele mesmo!) era o
vocalista, Keith Levene (que depois faria parte das primeiras
apresentações do Clash, e mais tarde do PiL) era
o guitarrista e Palm Olive e Viv Albertine (depois formariam o
grupo The Slits) tomavam conta do baxio e da bateria. Muita energia,
vibração, mas com os bolsos vazios, já que
nenhum clube local queriam contratar grupos punks. Ainda assim,
conseguiram realizar sua primeira apresentação,
em Sheffield, em Junho do mesmo ano. Ainda assim, nada acontecia
e os integrantes tiveram que voltar a usar o seguro desemprego
para não morrerem literalmente de fome, enquanto Bernie
e McLaren tentavam achar uma cena e espaços que quisessem
bancar as duas bandas. Tanta dedicação e tanta persistência
começaram a fazer efeito: influenciados pelo estilo de
ser e musical dos Pistols e Clash e suas apresentações
curtas e secas, várias bandas começaram a copiar
o estilo em Londres e propiciaram a criação de uma
nova cena.
Buzzcocks,
Subway Sect, Siouxsie and The Banshees, Damned, Stranglers, Nosebleeds,
X Ray Spex, Art Attack, Chelsea, Drones, Alternative TV, XTC,
Slaughter and The Dogs, Vibrators, Squeeze, Magazine, Lurkers
e até o Police começaram a seguir a mesma direção.
Mesmo sem um tostão furado e um local decente para se apresentarem,
o Clash virou referência. Nascem os fanzines, sendo o mais
famoso o Sniffin’ Glue (Cheirando Cola),
editado por Mark P e que viraria a Bíblia do movimento
punk. Mas como divulgar esses novos grupos, já que as grandes
gravadora recusavam-se a gravar os grupos, por considerá-los
horríveis e um “suicídio comercial”?
A saída foi o nascimento de selos independentes. A Stiff
e a Chiswick foram as primeiras e logo surgiram também
Pogo, Rabid, Beggars Banquet, Zama, Raw, Step Forward, entre outros.
Mas, para desespero dos punks, as duas mais importantes bandas
do movimento acabaram conseguindo contratos com as grandes: os
Pistols, que haviam passado pela EMI e A&M, fecharam com a
Virgin (que era um braço da Waner dos EUA) e o Clash, com
a CBS, recebendo inclusive 100 mil libras esterlinas. Por ocasião
do acordo da banda com o selo, a Sniffin’ Glue protestou
dizendo: “O movimento punk morreu no dia em que o Clash
assina com a CBS”. Apesar da quantia expressiva, o dinheiro
não durou muito tempo, já que estavam completamente
endividados e tiveram que comprar novos equipamentos. Além
disso, a tour do ano anterior com os Pistols, a já lendária
“Anarchy” tinha sido um verdadeiro fiasco, pois foram
proibidos de tocarem em vários pontos do Reino Unido. Joe
lembra bem do que foram os shows desse período. “Eu
odiei aquela excursão, foi uma merda. Tudo girava em torno
dos Pistols, já que era a vez deles e nós apenas
a banda de abertura. Ficávamos trancados nos hotéis
com eles sem fazer nada. Quando voltamos para Londres na véspera
do Natal, não tinha dinheiro nenhum, e com sorte, conseguia
duas refeições diárias. Não tinha
uma casa para morar e ficava andando pelas ruas tremendo de frio,
me sentindo um lixo. Aprendi que não há nada de
romântico ou coisa assim quando você cai na estrada.
É apenas show, quando se conseguia, pouco dinheiro, viagem
entendiantes, tudo muito deprimente.”
Com
o dinheiro no bolso, o grupo entrou em estúdio para começar
as gravações do primeiro LP. A gravadora queria
que alguns medalhões produzissem o disco, mas a banda bateu
o pé e forçou a contratação de Mickey
Foote para a função, que era apenas engenheiro de
som da banda. O problema é que Foote jamais havia pisado
em um estúdio com tamanha responsabilidade. O disco foi
gravado em três finais de semanas consecutivos, em Londres.
O resultado desagradou a CBS norte-americana pela má qualidade
do som, abafado, sem muito volume e peso. A solução
foi tentar remixá-lo várias vezes sem conseguir
um resultado superior. Assim mesmo, The Clash
vendeu 100 mil cópias apenas no Reino Unido, chegando ao
número 12 das paradas de LPs. Mesmo alcançando sucesso
em seu país de origem, o álbum só foi lançado
na América em 1979, quando o grupo fez uma excursão
pelo país e a matriz ianque resolveu mexer em todo álbum
colocando músicas que só haviam sido lançadas
em single e com a ordem das faixas totalmente mudadas. O disco,
descaracterizado, tinha canções com Topper Headon
na bateria, sendo que no LP original apenas Terry Chimes havia
participado. A solução da gravadora irritou a banda,
mas a crítica norte-americana rasgou elogios e considerou
“o melhor disco de estréia de uma banda de rock e
o melhor já produzido na América”. Uma das
razões para tanto sucesso foi a entrada Topper no lugar
de Terry Chimes, que não queria mais seguir com o grupo.
A gota d’água foi uma garrafa de vinho atirado em
sua direção durante uma apresentação.
Topper era um baterista de técnica superior e muito mais
apurado, e as canções que entraram no lançamento
norte-americano foram gravadas depois que o lançamento
inglês já estava disponível e com uma qualidade
sonora diferenciada.
Topper
conta como entrou para o grupo: “Eu conheci Mick um ano
e meio atrás, quando toquei uma semana com o London SS,
que tinha ainda Tony James e Brian James. Nunca mais o tinha visto
até encontrá-lo em um show maravilhoso dos Kinks
no Raimbow. Começamos a bater um papo e ele me contou do
grupo e o que estavam fazendo. Fiquei com muita vontade de tocar
com eles e quando apareceu a audição para entrar
no Clash fui e acabei sendo chamado. Fiquei feliz porque eles
eram a melhor banda do mundo.”
A canção
escolhida para ser o primeiro single na Europa foi "White
Riot", considerado pelo próprio Joe Strummer sua melhor
letra contra a política do governo conservador britânico.
A letra diz:
White Riot
(Strummer/Jones)
White riot - I wanna riot
White riot - a riot of my own
White riot - I wanna riot
White riot - a riot of my own
Black people gotta lot a problems
But they don't mind throwing a brick
White people go to school
Where they teach you how to be thick
An' everybody's doing
Just what they're told to
An' nobody wants
To go to jail!
All the power's in the hands
Of people rich enough to buy it
While we walk the street
Too chicken to even try it
Everybody's doing
Just what they're told to
Nobody wants
To go to jail!
Are you taking over
or are you taking orders?
Are you going backwards
Or are you going forwards?
Todas as canções
eram curtas, não ultrapassando os três minutos, com
exceção de uma versão de “Police and
Thieves”, clássico de Junior Marvin e Lee Perry.
Strummer lembra o motivo de incluírem a canção
no disco: “Por todo lugar que se fosse em Londres, era impossível
não ouvir Police and Thieves. Era uma espécie de
hino de toda Londres, mas que as rádios mais comerciais
não executavam. O reggae e o ska eram as músicas
mais ouvidas no guetos, pelos pobres, pelo imigrantes e eram a
trilha sonora contra a violência policial quando eles invadiam
a periferia para atacar as pessoas na ruas. Por tudo isso e pelo
que representava resolvemos fazer nossa versão, próxima
à canção original. É lógico
que não ficou tão boa quanto a que ouvíamos
pelas ruas, mas conseguimos manter o espírito”.
Abaixo, a letra de “Police
and Thieves”, que Strummer considera o melhor solo de guitarra
de Mick Jones do disco.
Police And Thieves
(Junior Murvin/Lee Perry)
Police and thieves
in the streets
Oh yeah!
Scaring the nation with their guns and ammunition
Police and thieves in the street
Oh yeah!
Fighting the nation with their guns and ammunition
From Genesis to Revelation
The next generation will be hear me
From Genesis to Revelation
The next generation will be hear me
And all the crowd comes in day by day
No one stop it in anyway
And all the peacemaker turn war officer
Hear what I say
Vocal ad lib
Police, police, police and thieves oh yeah
Police, police, police and thieves oh yeah
From Genesis oh yeah
Police, police, police and thieves oh yeah
Scaring, fighting the nation
Shooting, shooting their guns and ammunition
Police, police, police and thieves oh yeah
Police, police, police and thieves oh yeah
Here come, here come, here come
The station is bombed
Get out get out get out you people
If you don't wanna get blown up
Na capa do disco uma curiosidade:
apesar de Terry Chimes ser o baterista de todas as músicas,
apenas Joe, Paul e Mick aparecem na capa, com Paul (com uma bandeira
britânica de ponta cabeça em seu casaco) e Mick à
frente e Joe ao fundo.
Nas entrevistas, os três
mostravam todo o desprezo pelas instituições especialmente
a polícia e o governo conservador. Algumas frases cuspidas
pelos próprios integrantes:
“Em alguns shows
eu cheguei a ver mais policiais do que garotos. Eles chegavam
aos montes, empunhavam seus cacetetes, colocavam seus capacetes
e ficavam cutucando o público, loucos para que reagissem
e pudessem finalmente atacá-los com a desculpa de que eram
um bando de desordeiros. A polícia é que era desordeira!”
(Joe Strummer)
“Nossas letras não
são políticas, o Clash não é uma banda
política, apenas temos atitudes e protestamos contra aquilo
que não gostamos. Mas discordo que fazemos hinos políticos.”
(Joe Strummer)
“Quando era garoto
em Brixton a polícia vivia agredindo os pobres e nos chamavam
de escórias, favelados e vagabundos só porque estávamos
sem emprego. Alguns meses atrás voltei lá e vi um
policial batendo num garoto magrinho. Peguei uma lata de lixo
e joguei em cima dele, e depois o golpeei com a tampa até
desmaiar. Chegou a hora da escória revidar anos e anos
de humilhação.” (Paul Simonon).
Com
o sucesso, o grupo começou a ser chamado de traidor e alguns
fãs antigos hostilizavam a banda por terem ganho dinheiro
de um grande selo: “Nossos fãs mudaram muito. No
início, me procuravam para discutir idéias e tinham
coisas interessantes para dizerem, mas hoje só ficam me
empurrando, me atacando, perguntando porque nós mudamos
e que nos vendemos. Isso é ridículo, somos o mesmo
grupo de sempre, com as mesma ideologia. Só porque assinamos
com uma grande gravadora deixamos de ser quem somos?”, lembra
Mick Jones.
Com a entrada de Topper
na formação, o Clash conseguiu a estabilidade que
necessitava e começou a primeira grande turnê pela
Europa conquistando um séquito de adoradores cada vez maior
e aumentando a lenda. Strummer chegou a dizer que Topper era o
melhor músico deles, já que sabia tocar reggae,
blues, funk, soul, jazz, etc...
Para participarem da turnê
convidaram os nova-iorquinos Richard Hell and The Voidoids e a
banda francesa The Lous, formada só por garotas. Tocaram
em vários países, sendo na Suécia um dos
mais violentos e confusos. A apresentação, que deveria
durar 50 minutos teve apenas 34 por causa do tumulto dos fãs
que destruíram o local. Em Maio de 1977 foram a atração
principal de um envento punk no Rainbow, em que participavam ainda
The Jam, Buzzcocks, The Prefects e Subway Sect. Mais uma vez um
grande quebra-quebra e 200 poltronas arrancadas e jogadas para
cima e com Strummer incitado o público para chegar mais
perto do palco. Os donos do teatro acabaram responsabilizando
os integrantes pela desordem e exigiram que custeassem as reformas.
No dia 21 de Maio, em um show no St Albans Civic Hall foram parados
pela polícia e revistados. Os policiais não encontraram
nada com os integrantes, mas acabaram achando alguns travesseiros
e outras bugigangas do Holiday Inn que alguns integrantes do staff
roubaram um dia antes. Acabaram discutindo e Joe e Topper acabaram
multados em 20 libras. Na semana seguinte, Joe foi preso quando
escrevia o nome do grupo em muro perto dos estúdios da
Camden Town. Acabou respondendo processo no dia 3 de junho, o
mesmo em que tocariam em Morphet. Acabou multado em mais 5 libras.
Uma dos maiores tumultos acabou acontecendo em Liége, na
Bélgica, no festival de Bilzen. Irritados coma cerca de
dez polegadas construída pelos organizadores que separavam
o público do palco, a multidão começou a
cavar buraco perto dos pontos de sustentação, enquanto
Damned e Elvis Costello se apresentavam. Ao mesmo tempo, a multidão
era empurrada contra os arames do local e a esmagar os presentes.
Joe Strummer empunhou o microfone, tentando organizar a confusão
e acabou se atracando com um segurança, piorando mais ainda
a situação e quase sendo preso. Em setembro, Lee
Perry ofereceu-se para produzir o grupo após ouvir, e aprovar
a versão de “Police and Thieves” que fizeram.
A parceria gerou mais um single, “Complete Control”,
uma canção que descrevia os problemas que sofreram
com a gravadora. O grupo entrou em 1978 com Mick Jones e Joe Strummer
viajando para a Jamaica, uma sugestão de Bernie Rhodes.
A idéia de Bernie era que os dois incorporassem mais elementos
da cultura local e produzissem novas canções para
um segundo disco.
“Depois da excursão,
eu e Mick queríamos viajar um pouco. Pensamos em ir para
Paris, mas desistimos, porque, você sabe, lá está
cheio de garotas e não conseguiríamos trabalhar
em novas composições. Sugeri a Jamaica, mas Bernie
não achou boa idéia. Porém, uma semana depois
chegou com passagens para lá. Chegamos lá e ficamos
perdidos e sem saber por onde caminhar. Tínhamos que ficar
circulando de táxi porque nos falaram que os brancos costumavam
ser esfaqueados pelas ruas e não tínhamos dinheiro
suficiente para ficar mantendo esse hábito.”
Em fevereiro, Strummer
foi hospitalizado por hepatite após um fã cuspir
dentro de sua boca durante uma apresentação. Acabou
onze dias de molho. Em abril participaram e foram a grande estrela
do grande acontecimento do primeiro semestre em Londres, o concerto
anti-nazista realizado no dia 30, organizado pela RAR
(Rock Against Racism). Depois disso, correram para os
estúdios para começarem a gravação
do que resultaria em Give 'Em Enough Rope, que
fica para uma outra vez.
Fiquem com as faixas das
edições inglesas, norte-americana e a discografia
da banda. Até mais!
The Clash (versão
inglesa)
1 - Janie Jones
2 - Remote Control
3 - I’m So Bored With the U.S.A
4 - White Riot
5 - Hate & War
6 - What’s My Name
7 - Deny
8 - London’s Burning
9 - Career Oportunities
10 - Cheat
11 - Protex Blue
12 - Police & Thieves
13 - 48 Hours
14 - Garageland
The Clash (versão
ianque)
1 - Clash City Rockers
2 - I’m So Bored With the U.S.A
3 - Remote Control
4 - Complete Control
5 - White Riot
6 - (White Man) In Hammersmith Palais
7 - London’s Burning
8 - I Fought The Law
9 - Janie Jones
10 - Career Oportunities
11 - What’s My Name
12 - Hate & War
13 - Police & Thieves
14 - Jail Guitar Doors
15 - Garageland
Discografia
The Clash (1977)
Give 'Em Enough Rope (1978)
London Calling (1979)
Sandinista! (1980)
Black Market Clash (1980)
Combat Rock (1982)
Cut The Crap (1985)
The Story of The Clash Vol. 1 (1988)
The Singles Collection (1991)
Clash On Broadway (1991)
From Here To Eternity (1999)
The Singles (2000)
The Essential Clash (2003)
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