152 - The Clash - London Calling e Sandinista!

London Calling e Sandinista! são os dois discos que mudaram a vida do Clash por completo. Primeiro, pelos formatos: um disco duplo, seguido de um triplo, é algo a ser percebido. Segundo, pelos estilos: o grupo abandonou as canções punks, com vocais cuspidos em troca de uma obra mais abrangente, flertando com o jazz, o rockabilly e o soul e até o dub! Por isso, o Clash que saiu desses sulcos não era mais o mesmo de "White Riot", o que causou, mais do que nunca, a acusação de "traidores do movimento". Como se eles se importassem com isso...


Eu sei que já falei de London Calling anos atrás. Mas como aquela coluna não me agrada até hoje, resolvi colocá-la junto a Sandinista! por terem um excelente fio-condutor, sem ter que reescrever naquele mesmo espaço. Essa deve ficar um pouco extensa, mas quem me conhece, sabe que isso é um defeito e que não há nada o que se possa fazer. Vamos lá então?

"Está na hora de evoluirmos. Não faz mais sentindo em escrevermos músicas que ninguém entende os vocais. Nós somos um grupo de rock e não apenas um grupo punk. Temos condições de evoluirmos e tocarmos outros estilos."

Essa frase ocupava a cabeça dos quatro integrantes do The Clash, especialmente a de Joe Strummer. Ao voltarem para a Inglaterra, um sentimento de felicidade tomava conta da banda e eles se viram metidos em um filme que estava sendo conduzido por Jack Hazan e David Hockney, um semi-documentário estrelado pelo Clash e Ray Gange, velho amigo de Joe e que acabou sendo excluído pelas constantes dores de cabeça que provocava, além da bebedeira. Assim, nascia o filme Rudi Can't Fail.

primeira capa do EP The Cost Of Livingsegunda capa do EP The Cost Of Living

Em 1979 o grupo entra em estúdio novamente e em maio lançam um novo EP, The Cost Of Living. Apesar de tentarem fugir do estigma de "grupo político", o Clash lançou o disco no mesmo mês das eleições gerais na Inglaterra e em duas versões: a primeira contendo a canção "Capitol Radio" e uma entrevista e a segunda, mais caprichada, e com músicas extras: "I Fought The Law", "Groovy Time", "Gates of The West" e a própria "Capitol Radio".

"I Fought The Law" foi bem executada nas rádios e o EP, mesmo não entrando nas paradas, teve boa recepção.

E a banda teve a notícia que Give 'Em Enough Rope havia tido uma boa vendagem na América e que, por causa disso, o primeiro disco da banda seria editado naquele país com algumas modificações.

The Clash era maciçamente importado e esse sucesso acabou convencendo a CBS a editar uma versão americana. O lançamento acabou tendo um desempenho razoável, mas isso não preocupou o Clash. O que preocupava a banda era o novo disco, o terceiro, que historicamente é sempre o mais complicado da carreira de um artista.

Mas o Clash não atravessava um período de crise, ou de falta de inspiração, muito pelo contrário. Joe e Mick compunham febrilmente e a banda decidiu deixar para trás o seu passado punk. Para esse novo projeto, convidaram o produtor Guy Stevens, que havia produzido o grupo Mott the Hoople.

A parceria entre Stevens e o Clash foi tão boa que de repente a banda se viu com várias canções novas e uma constatação: apenas um disco duplo conseguiria mostrar todas as faces do novo som.

uma das várias capas de Rude Boy em VHSO grande problema é que os fãs do grupo sempre foram reconhecidamente pobres e dificilmente poderiam comprar um disco duplo. A saída encontrada pela CBS, porém, acabou resolvendo o dilema: os dois discos seriam colocados em uma capa simples, o que diminuiria o custo e, conseqüentemente, o preço.

Em um mês o disco estava gravado e o grupo acabou voltando para os Estados Unidos para outra série de shows e para consolidar a fama da banda no novo mercado.

Com novos empresários - Peter Jenner e Andrew King, que haviam trabalhado com o Pink Floyd nos anos sessenta - o Clash vivia um bom momento empresarial, longe das confusões do ex-associado Bernie Rhodes.

Uma das primeiras e maiores preocupações dos dois empresários, era impedir que o filme Rude Can't Fail - rebatizado como Rude Boy - fosse lançado. A idéia era tentar acabar - como se fosse possível - com a imagem de "banda política", que havia feito a fama do quarteto.

Aparentemente seria uma tarefa fácil, já que o Clash não havia assinado contrato algum com os diretores, mas Rhodes, que empresariava a banda à época, havia aceitado e já gasto o dinheiro do filme, o que acabou impossibilitando o veto à película, que foi lançada em março de 1980, no teatro Prince Charles, em Londres.

The Clash Take the Fifth foi o nome da turnê que varreu a América e fez da banda um sucesso.

Os shows tiveram lotações esgotadas e os integrantes viveram dias felizes, particularmente Mick Jones, que pode rever sua mãe, que vivia agora em Minneapolis e foi ver seu filho tocar.

A banda foi convidada a participar de um festival chamado MUSE (Musicians United for Safe Energy), realizado no Madison Square Garden, em Nova York, e posteriormente lançado em um disco triplo chamado No Nuke, mas recusou, utilizando a idéia dos novos empresários de não soarem mais como um grupo de causas políticas.

capa do compacto London CallingNa volta à Inglaterra, alguns acontecimentos agitariam a vida do grupo. O primeiro, era a notícia que Rude Boy estava já sendo editado. E havia também - e muito mais importante - a iminência do lançamento de London Calling.

Mas antes do disco sair, eles se trancaram em um estúdio com Mickey Gallagher e escreveram novas canções, sendo a melhor delas, Armigideon Time, que queriam colocar no novo trabalho. Mas ela foi deixada para ser o lado B do novo compacto, London Calling.

O single saiu no dia 7 de dezembro, exatamente uma semana antes do disco de mesmo nome. E os dois fizeram um tremendo sucesso, batendo entre os 10 mais na Inglaterra. O disco surpreendia por vários aspectos.

capa do disco London CallingA fotografia da capa mostra o baixista Paul Simonon usando seu baixo como se fosse um machado e foi tirada por Pennie Smith durante um show, em Nova York.

Simonon conta que tomou tal atitude por se sentir frustrado com o público, que ficou sentado durante quase toda a apresentação, enquanto, normalmente, na Inglaterra, os fãs pulavam o tempo inteiro.

Pennie contou que não gostou da escolha da foto, pois achava que ela estava fora de foco e apagada. "Só quando vi a concepção de todo o trabalho é que percebi como a foto era perfeita." Mas mais do que a fotografia, o Clash inovava no som - rockabillys poderosos como "Brand New Cadillac", jazz em "Jimmy Jazz" e mostrando que continuavam mais contundentes nas letras do que antes.

O lado mais "político" que tanto horror causava aos novos empresários estava escancarado em faixas com "Spanish Bombs" - inspirada na Guerra Civil Espanhola -, "Working for the Clapdown", "Wrong 'Em Boyo" e na faixa-título.

O grupo homenageava também o ex-ator norte americano Montgomery Clift, ícone da rebeldia na década de 50 e que morreu ainda jovem, na canção "The Right Profile".

E, talvez, a maior surpresa tenha sido "The Guns of Brixton" escrita e cantada por Paul Simonon. Paul conta que queria participar mais das canções e ouviu um conselho que poderia levantar algum dinheiro extra dentro da banda como compositor. "Foi quando tive a idéia de escrever eu mesmo uma canção e cantá-la, o que seria inédito para mim."

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado 1

01. "London Calling" 3:19
02. "Brand New Cadillac" 2:09
03. "Jimmy Jazz" 3:51
04. "Hateful" 3:22
05. "Rudie Can't Fail" 3:26

Lado 2

01. "Spanish Bombs" 3:18
02. "The Right Profile" 4:00
03. "Lost in the Supermarket" 3:47
04. "Clampdown" 3:50
05. "The Guns of Brixton" 3:07

Lado 3

01. "Wrong 'Em Boyo" 3:10
02. "Death or Glory" 3:55
03. "Koka Kola" 1:45
04. "The Card Cheat" 3:51

Lado 4

01. "Lover's Rock" 4:01
02. "Four Horsemen" 3:00
03. "I'm Not Down" 3:00
04. "Revolution Rock" 5:37
05. "Train in Vain" 3:11

No Natal de 1979, o grupo anunciou uma nova excursão, a The Sixteen Tons Tour e o grupo foi uma das estrelas do concerto para os famintos de Kampuchea, na última semana do ano, ao lado de Paul McCartney, Queen e Elvis Costello. Um disco duplo do festival foi lançado em 1981 e o grupo cedeu a canção "Armigideon Time".

No entanto, a primeira canção a fazer sucesso nas paradas norte-americanas não constava, curiosamente, nos créditos do disco. "Train In Vain" era a última canção de London Calling, mas por algum erro foi omitida da contra-capa, fato que não impediu a mesma de entrar entre as 30 mais nos Estados Unidos. Anos depois, em uma briga com Paul Weller, do The Jam, Weller diria que o Clash só havia feito sucesso na América ao tentarem fazer uma "cópia de quinta categoria de soul music".

Joe, Mick e Paul conversam com Pete Townshend após o showO grupo estreou uma nova turnê, tendo Ian Dury and the Blockheads como acompanhantes e um convidado mais do que especial em um show em Brighton: nada menos do que Pete Townshend, líder do The Who, que era um grande fã da militância de Strummer e companhia e que tocou em várias canções.

Era o encontro de duas gerações do rock inglês e o reconhecimento público que o Clash tanto precisava. Ou como lembrou Joe: "quando Pete afirmou que gostava muito das novas bandas, em especial o Clash, nos deu a prova de que éramos mais do que uma simples gangue de punks. Não apenas para nós, mas para todos nossos críticos."

Mas a turnê também teve alguns problemas. Topper Headon acabou se machucando e algumas datas precisaram ser remarcadas. Além disso, o baterista e Joe foram molestados pela polícia, que os acusavam de porte de drogas, no hotel Southsea. Enquanto isso, Rude Boy havia sido escolhido para representar a Inglaterra no festival de cinema de Berlim, mas a película enfrentava sérios problemas com a censura, por obscenidade.

Alheios à tudo isso, a banda cai na estrada novamente, desta vez nos Estados Unidos, e Paul Simonon recebe um convite para aparecer em um filme de Lou Adler, All Washed Up, que seria rodado em Vancouver, no Canadá.

As apresentações nos Estados Unidos foram espetaculares e o grupo até virou capa da conservadora revista de música Rolling Stone. Mas a banda enfrentaria novos problemas na Europa.

Em Hamburgo, na Alemanha, durante uma apresentação, fãs mais radicais começaram a vaiar e exigir as canções antigas e xingavam o grupo. Irritado, Joe arremessou sua guitarra contra um deles e foi preso.

Strummer só foi solto após provar que não estava bêbado. Esse foi apenas um dos inúmeros problemas do grupo. Durante a turnê americana, Joe e Mick começaram a discutir, porque o segundo exigia que "White Riot", fizesse parte do repertório da banda, enquanto Joe se negava a cantar a música. Strummer ganhou a briga, mas as rixas internas só aumentavam.

Sobre a confusão em Hamburgo, Joe comentou: "eu quase matei aquele jovem e percebi que deve ter outra maneira de combater a violência que não seja com mais violência. Se estamos sendo empurrados para situações limites em que posso matar alguém da platéia ou ficar brigando com gente dentro da banda, preciso saber realmente o que estamos fazendo. De qualquer maneira, acredito que não estamos produzindo nada de útil, apenas um monte de nada."

capa do compacto Bank RobberE o grupo começou a encontrar projetos paralelos. Enquanto Joe prometia construir seu próprio estúdio e gravar suas músicas, Paul continuava entretido na produção do filme no Canadá e Mick dava uma força em um disco de sua namorada, Ellen Foley.

Em julho de 1980, o grupo acaba com o silêncio de lançamentos do primeiro semestre e lança um novo compacto: Bank Robber / Rockers Galore...UK Tour.

O disco foi produzido por Mickey Dread, um protegido da banda que cantou a faixa do lado B do compacto. O sucesso da canção, uma letra nitidamente anarquista, colocou o compacto no 12º lugar das paradas e mostrou o prestígio do grupo.

capa do compacto The Call UpEm novembro é lançado um novo compacto que dava algumas mostras do novo som: The Call Up / Stop The World.

Mais do que nunca, o Clash se mostrava essencialmente político e pedia o fim do National Service - o alistamento obrigatório - dando inclusive o endereço da organização norte-americana Immobilise Against the Draft, embora o alistamento neste país não fosse mais obrigatório há um bom tempo. "Stop the World" fazia parte da campanha do desarmamento nuclear.

Simonon lembra dos problemas que o Clash enfrentava para conseguir gravar suas canções: "era um verdadeiro pesadelo. Aquele bando de engravatados idiotas chegavam no estúdio e queriam opinar, como se entendessem algo. Teve um que disse que 'The Call Up' parecia David Bowie tocado de trás para frente. Olhamos um para o outro e perguntamos o que diabos ele queria dizer com aquilo."

capa do disco Black Market Clash

Joe era outro que sofria com essas interferências: "em uma ocasião joguei a guitarra no colo de um deles e disse 'componha você mesmo uma canção e ficarei na sua sala, com ar-condicionado e fumando um charuto, seu idiota. Cinco minutos depois, o cara veio pedir desculpas e não voltou mais a nos incomodar. Mas sempre aparecia um outro. Era enervante."

Dias depois é lançado no mercado norte-americano uma compilação de nove canções que não haviam sido editadas na América: Black Market Clash.

Apenas um disco oportunista, para faturar e completar a coleção dos fãs na América, enquanto o novo disco ainda não era lançado.

Surpreendentemente, Black Market Clash teve um ótimo desempenho nas paradas norte-americanas (para um disco do Clash...) vendendo lá quase o mesmo número que London Calling e entrando entre os 100 mais. Em 1993, esse disco recebeu o nome de Super Black Market Clash e saiu em uma edição melhorada, com 21 canções, cobrindo toda a carreira do grupo.

capa do disco Sandinista!E em 12 de dezembro, a grande surpresa: um disco triplo e com um nome que apoiava o exército que lutava pela liberdade na Nicarágua, com 36 canções lotadas de reggae, dub e experimentalismos variados: Sandinista!

O disco tinha milhões de motivos para dar errado. Apoiava um exército anti-americano, cheio de canções tambem anti-comerciais e que passavam longe do passado punk, o que certamente iria irritar os fãs mais radicais da banda.

Mas o pior foi a exigência do grupo em vender o disco ao preço de um álbum simples, o que deixou a CBS enfurecida. A solução encontrada pela gravadora para aceitar tal pedido foi que o grupo precisaria vender, no mínimo, 200 mil cópias na Inglaterra, para começarem a receber royalties pelo trabalho, acordo aceito pela banda.

Além da própria dificuldade em comercializar o disco, quatro dias antes de seu lançamento, no dia 8 de dezembro, John Lennon foi assassinado em Nova York, o que deflagrou uma nova febre sobre a obra solo do cantor e dos próprios Beatles, colocando o disco do Clash na berlinda para os consumidores.

O disco recebeu as críticas mais diversas, sendo aclamado e criticado pela sua pretensão. O conceituado crítico Nick Kent, do New Musical Express, irritado com o que ouviu, comparou o Clash ao Jethro Tull.

Strummer conta como surgiu a idéia de dar o nome ao disco: "eu estava cantando 'Washington Bullets' e ainda não tinha escrito a palavra 'Sandinista'. Eu escrevi um verso sobre a Nicarágua e gritei a palavra. Quando fomos gravar os vocais, disse a Mick que o nome do disco seria Sandinista e comecei a pensar no tema. Eu só ouvia falar disso quando um amigo meu de San Francisco me enviou revistas e livros sobre o tema que eu desconhecia.

O disco abria com uma das melhores - ou a melhor, em minha humilde opinião - canções do grupo, "The Magnificent Seven", um belo traço da vida madorrenta de uma Inglaterra morta e racista. O disco trazia ainda momentos contudentes como "Somebody Got Murdered" e uma releitura sensacional de "Police On My Back", de Eddy Grant, mostrando ainda mais o racismo que assolava a Europa.

O disco trazia as seguintes faixas em seus 3 LPs:

Lado 1

1. "The Magnificent Seven" 5:28
2. "Hitsville UK" 4:20
3. "Junco Partner" 4:53
4. "Ivan Meets G.I. Joe" 3:05
5. "The Leader" 1:41
6. "Something About England" 3:42

Lado 2

1. "Rebel Waltz" 3:25
2. "Look Here" 2:44
3. "The Crooked Beat" 5:29
4. "Somebody Got Murdered" 3:34
5. "One More Time" 3:32
6. "One More Dub" 3:34

Lado 3

1. "Lightning Strikes (Not Once But Twice)" 4:51
2. "Up in Heaven (Not Only Here)" 4:31
3. "Corner Soul" 2:43
4. "Let's Go Crazy" 4:25
5. "If Music Could Talk" 4:36
6. "The Sound of Sinners" 4:00

Lado 4

1. "Police on My Back" 3:15
2. "Midnight Log" 2:11
3. "The Equaliser" 5:47
4. "The Call Up" 5:25
5. "Washington Bullets" 3:51
6. "Broadway" 5:45

Lado 5

1. "Lose This Skin" 5:07
2. "Charlie Don't Surf" 4:55
3. "Mensforth Hill" Joe Strummer 3:42
4. "Junkie Slip" 2:48
5. "Kingston Advice" 2:36
6. "The Street Parade" 3:26

Lado 6

1. "Version City" 4:23
2. "Living in Fame" 4:36
3. "Silicone on Sapphire" 4:32
4. "Version Pardner"5:22
5. "Career Opportunities" 2:30
6. "Shepherd's Delight" 3:25

capa do compacto Hitsville U.K.Mas o que mais chocou foi a escolha do primeiro single. Nada mais do que uma música cantada por Mick Jones e sua namorada Ellen Foley e que parodiava o estilo Motown: "Hitsville U.K.", lançado em janeiro de 1981.

A canção parecia ser uma afronta aos antigos fãs do Clash. Metais, vocais femininos e nada da famosa fúria da banda.

O disco demorou muito tempo a ser digerido até pelo seu tamanho e disparidade de estilos e por isso as primeiras resenhas foram tão pouco favoráveis ao grupo. Aos poucos, ao longo do ano, no entanto, Sandinista! começou a ser melhor entendido e iniciou um crescimento nas vendagens.

O grupo mostrava um interesse na nova música negra da América, como o rap e o hip-hop, mas se negavam a admitirem que haviam abandonado suas raízes. Joe ficou particularmente ofendido quando acusavam a banda desesperada para promover o disco.

"Nós temos que vender 200 mil cópias para recebermos algo e tenho orgulho de nossa postura. Não estamos mandando nossos fãs saírem e comprarem várias cópias, embora eu precise pagar várias pessoas que trabalham conosco e tenha contas para acertar toda semana."

Sandinista! é essencialmente um disco cheio de ritmos, batidas, sejam elas punk, funk, latinos, negros ou caribenhos.

E mais do que nunca brilhou o baterista Topper Headon. Joe, aliás, nunca escondeu sua admiração por Headon: "é quase um milagre termos alguém como ele na banda. Topper é capaz de segurar qualquer ritmo e sempre está disposto a explorar novas áreas e ritmos."

capa do compacto he Magnificent Seven

Enquanto Sandinista! era analisado, foi lançado um disco do 101'ers, antiga banda de Joe.

Em abril é lançado o segundo compacto, The Magnificent Seven.

Sandinista! trazia algumas canções extremamente interessantes e que só são melhor entendidas e apreciadas ouvindo atentamente: "Charlie Don't Surf" faz uma bela citação ao filme Apocalypse Now na cena em que o fanfarrão tenente-coronel Bill Kilgore, vivido por Robert Duvall, quer surfar no meio da guerra e vive gritando "Charlie Don't Surf!", uma referência aos vietnamitas (os charlies) que não sabem surfar.

Antes dela aparece "Lose This Skin", uma canção quase irlandesa com seu violino e cantada e escrita por Tymon Dogg. Isso sem falar na força de "Police On My Back" e na gozação que fizeram com dois de seus clássicos, "The Guns of Brixton" e "Career Opportunities", cantada por uma criança na faixa "Broadway".

O disco conta com uma grande gama de convidados e a produção foi toda assinada pela banda. E o grupo demoraria muito tempo para receber algum royaltie do disco, o que aumentou um pouco mais a tensão interna.

A vida do grupo continuaria conturbada, com shows lotados, brigas internas e a tentativa de Mick Jones em ajudar sua namorada em um malfadado disco solo.

Jones, aliás, começaria a ter brigas cada vez mais longas e desgastantes com Strummer e a parceria dos dois caminhava para uma ruptura dolorida. Mas tudo isso é tema para outro dia.

Fiquem com a letra de "The Magnificent Seven" e a discografia da banda. Um abraço e até a próxima coluna.

The Magnificent Seven

Ring! Ring! It's seven a.m.!
Move y'self to go again
Cold water in the face
Brings you back to this awful place
Knuckle merchants and you bankers, too
Must get up - an' learn those rules
Weatherman and the crazy chief
One says sun and one says sleet
A.m. the f.m. the p.m. too
Churning out that boogaloo
Gets you up and gets you out
But how long can you keep it up?
Gimme honda gimme sony
So cheap and real phony
Honk kong dollars and indian cents
English pounds and eskimo pence

You lot! What? Don't stop! Give it all you got!

Working for a rise, better my station
Take my baby to sophistication
She's seen the ads, she thinks it's nice
Better work hard - i seen the price
Never mind that it's time for the bus
We got to work - and you're one of us
Clocks go slow in the place of work
Minutes drag and the hours jerk

"when can i tell'em wot i do? In a second maaan...oright chuck!"

Wave bub-bub-bub bye to the boss
It's our profit - it's his loss
But anyway lunch bells ring
Take one hour and do your thang!
Cheeseboiger!

What do we have for entertainment?
Cops kickin' gypsies on the pavement
Now the news - snap to attention!
The lunar landing of the dentist convention
Italian mobster shoots a lobster
Seafood restaurant gets out of hand
Wanna car in the fridge
Or a fridge in the car?
Like cowboys do - in t.v. land

You lot! What? Don't stop! Huh?

So get back to work an' sweat some more
The sun will sink an' we'll get out the door
It's no ggod for man to work in cages
Hits the town, he drinks his wages
You're frettin' you're sweatin'
But did you notice you ain't gettin'?!
Don't you ever stop long enough to start
To get your car outta that gear?
Karlo Marx and Fredrich Engels
Came to the check-out at the 7-11
Marx was skint, but he had sense
Engels lent him the necessary pence

What have we got? Yeh-o! Magnificence!!

Luther King and Mahatma Gandhi
Went to the park to check on the game
But they was murdered by the other team
Who went on to win, 50 - nil
You can be true, you can be false
But you'll be given the same reward
Socrates and milhous nixon
Both went the same way - thru the kitchen
Plato the greek or rin-tin-tin?
Who's more famous to the billion millions?

News flash!

Vacuum cleaner sucks up budgie
Ooh bub-bye! Magnificence!!

Discografia

The Clash (1977)
Give 'Em Enough Rope (1978)
London Calling (1979)
Sandinista! (1980)
Black Market Clash (1980)
Combat Rock (1982)
Cut The Crap (1985)
The Story of The Clash Vol. 1 (1988)
The Singles Collection (1991)
Clash On Broadway (1991)
From Here To Eternity (1999)
The Singles (2000)
The Essential Clash (2003)

 

 

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