London
Calling e Sandinista! são os dois discos que mudaram a
vida do Clash por completo. Primeiro, pelos formatos: um disco
duplo, seguido de um triplo, é algo a ser percebido. Segundo,
pelos estilos: o grupo abandonou as canções punks,
com vocais cuspidos em troca de uma obra mais abrangente, flertando
com o jazz, o rockabilly e o soul e até o dub! Por isso,
o Clash que saiu desses sulcos não era mais o mesmo de
"White Riot", o que causou, mais do que nunca, a acusação
de "traidores do movimento". Como se eles se importassem
com isso...
Eu
sei que já falei de London Calling anos
atrás. Mas como aquela coluna não me agrada até
hoje, resolvi colocá-la junto a Sandinista!
por terem um excelente fio-condutor, sem ter que reescrever naquele
mesmo espaço. Essa deve ficar um pouco extensa, mas quem
me conhece, sabe que isso é um defeito e que não
há nada o que se possa fazer. Vamos lá então?
"Está
na hora de evoluirmos. Não faz mais sentindo em escrevermos
músicas que ninguém entende os vocais. Nós
somos um grupo de rock e não apenas um grupo punk. Temos
condições de evoluirmos e tocarmos outros estilos."
Essa frase ocupava a cabeça
dos quatro integrantes do The Clash, especialmente a de Joe Strummer.
Ao voltarem para a Inglaterra, um sentimento de felicidade tomava
conta da banda e eles se viram metidos em um filme que estava
sendo conduzido por Jack Hazan e David Hockney, um semi-documentário
estrelado pelo Clash e Ray Gange, velho amigo de Joe e que acabou
sendo excluído pelas constantes dores de cabeça
que provocava, além da bebedeira. Assim, nascia o filme
Rudi Can't Fail.
Em 1979 o grupo entra em
estúdio novamente e em maio lançam um novo EP, The
Cost Of Living. Apesar de tentarem fugir do estigma de
"grupo político", o Clash lançou o disco
no mesmo mês das eleições gerais na Inglaterra
e em duas versões: a primeira contendo a canção
"Capitol Radio" e uma entrevista e a segunda, mais caprichada,
e com músicas extras: "I Fought The Law", "Groovy
Time", "Gates of The West" e a própria "Capitol
Radio".
"I
Fought The Law" foi bem executada nas rádios e o EP,
mesmo não entrando nas paradas, teve boa recepção.
E a banda teve a notícia
que Give 'Em Enough Rope havia tido uma boa vendagem
na América e que, por causa disso, o primeiro disco da
banda seria editado naquele país com algumas modificações.
The Clash
era maciçamente importado e esse sucesso acabou convencendo
a CBS a editar uma versão americana. O lançamento
acabou tendo um desempenho razoável, mas isso não
preocupou o Clash. O que preocupava a banda era o novo disco,
o terceiro, que historicamente é sempre o mais complicado
da carreira de um artista.
Mas o Clash não
atravessava um período de crise, ou de falta de inspiração,
muito pelo contrário. Joe
e Mick compunham febrilmente e a banda decidiu deixar para trás
o seu passado punk. Para esse novo projeto, convidaram o produtor
Guy Stevens, que havia produzido o grupo Mott the Hoople.
A parceria entre Stevens
e o Clash foi tão boa que de repente a banda se viu com
várias canções novas e uma constatação:
apenas um disco duplo conseguiria mostrar todas as faces do novo
som.
O
grande problema é que os fãs do grupo sempre foram
reconhecidamente pobres e dificilmente poderiam comprar um disco
duplo. A saída encontrada pela CBS, porém, acabou
resolvendo o dilema: os dois discos seriam colocados em uma capa
simples, o que diminuiria o custo e, conseqüentemente, o
preço.
Em um mês o disco
estava gravado e o grupo acabou voltando para os Estados Unidos
para outra série de shows e para consolidar a fama da banda
no novo mercado.
Com novos empresários
- Peter Jenner e Andrew King, que haviam trabalhado com o Pink
Floyd nos anos sessenta - o Clash vivia um bom momento empresarial,
longe das confusões do ex-associado Bernie Rhodes.
Uma das primeiras e maiores
preocupações dos dois empresários, era impedir
que o filme Rude Can't Fail - rebatizado como
Rude Boy - fosse lançado. A idéia
era tentar acabar - como se fosse possível - com a imagem
de "banda política", que havia feito a fama do
quarteto.
Aparentemente
seria uma tarefa fácil, já que o Clash não
havia assinado contrato algum com os diretores, mas Rhodes, que
empresariava a banda à época, havia aceitado e já
gasto o dinheiro do filme, o que acabou impossibilitando o veto
à película, que foi lançada em março
de 1980, no teatro Prince Charles, em Londres.
The Clash Take the
Fifth foi o nome da turnê que varreu a América
e fez da banda um sucesso.
Os shows tiveram lotações
esgotadas e os integrantes viveram dias felizes, particularmente
Mick Jones, que pode rever sua mãe, que vivia agora em
Minneapolis e foi ver seu filho tocar.
A banda foi convidada a
participar de um festival chamado MUSE (Musicians United for Safe
Energy), realizado no Madison Square Garden, em Nova York, e posteriormente
lançado em um disco triplo chamado No Nuke,
mas recusou, utilizando a idéia dos novos empresários
de não soarem mais como um grupo de causas políticas.
Na
volta à Inglaterra, alguns acontecimentos agitariam a vida
do grupo. O primeiro, era a notícia que Rude Boy
estava já sendo editado. E havia também - e muito
mais importante - a iminência do lançamento de London
Calling.
Mas antes do disco sair,
eles se trancaram em um estúdio com Mickey Gallagher e
escreveram novas canções, sendo a melhor delas,
Armigideon Time, que queriam colocar no novo
trabalho. Mas ela foi deixada para ser o lado B do novo compacto,
London Calling.
O single saiu no dia 7
de dezembro, exatamente uma semana antes do disco de mesmo nome.
E os dois fizeram um tremendo sucesso, batendo entre os 10 mais
na Inglaterra. O disco surpreendia por vários aspectos.
A
fotografia da capa mostra o baixista Paul Simonon usando seu baixo
como se fosse um machado e foi tirada por Pennie Smith durante
um show, em Nova York.
Simonon conta que tomou
tal atitude por se sentir frustrado com o público, que
ficou sentado durante quase toda a apresentação,
enquanto, normalmente, na Inglaterra, os fãs pulavam o
tempo inteiro.
Pennie contou que não
gostou da escolha da foto, pois achava que ela estava fora de
foco e apagada. "Só quando vi a concepção
de todo o trabalho é que percebi como a foto era perfeita."
Mas mais do que a fotografia, o Clash inovava no som - rockabillys
poderosos como "Brand New Cadillac", jazz em "Jimmy
Jazz" e mostrando que continuavam mais contundentes nas letras
do que antes.
O
lado mais "político" que tanto horror causava
aos novos empresários estava escancarado em faixas com
"Spanish Bombs" - inspirada na Guerra Civil Espanhola
-, "Working for the Clapdown", "Wrong 'Em Boyo"
e na faixa-título.
O grupo homenageava também
o ex-ator norte americano Montgomery Clift, ícone da rebeldia
na década de 50 e que morreu ainda jovem, na canção
"The Right Profile".
E, talvez, a maior surpresa
tenha sido "The Guns of Brixton" escrita e cantada por
Paul Simonon. Paul conta que queria participar mais das canções
e ouviu um conselho que poderia levantar algum dinheiro extra
dentro da banda como compositor. "Foi quando tive a idéia
de escrever eu mesmo uma canção e cantá-la,
o que seria inédito para mim."
O disco trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
01. "London Calling" 3:19
02. "Brand New Cadillac" 2:09
03. "Jimmy Jazz" 3:51
04. "Hateful" 3:22
05. "Rudie Can't Fail" 3:26
Lado 2
01. "Spanish Bombs" 3:18
02. "The Right Profile" 4:00
03. "Lost in the Supermarket" 3:47
04. "Clampdown" 3:50
05. "The Guns of Brixton" 3:07
Lado 3
01. "Wrong 'Em Boyo" 3:10
02. "Death or Glory" 3:55
03. "Koka Kola" 1:45
04. "The Card Cheat" 3:51
Lado 4
01. "Lover's Rock" 4:01
02. "Four Horsemen" 3:00
03. "I'm Not Down" 3:00
04. "Revolution Rock" 5:37
05. "Train in Vain" 3:11
No Natal de 1979, o grupo anunciou uma nova excursão,
a The Sixteen Tons Tour e o grupo foi uma das estrelas
do concerto para os famintos de Kampuchea, na última semana
do ano, ao lado de Paul McCartney, Queen e Elvis Costello. Um
disco duplo do festival foi lançado em 1981 e o grupo cedeu
a canção "Armigideon Time".
No entanto, a primeira canção a
fazer sucesso nas paradas norte-americanas não constava,
curiosamente, nos créditos do disco. "Train In Vain"
era a última canção de London Calling,
mas por algum erro foi omitida da contra-capa, fato que não
impediu a mesma de entrar entre as 30 mais nos Estados Unidos.
Anos depois, em uma briga com Paul Weller, do The Jam, Weller
diria que o Clash só havia feito sucesso na América
ao tentarem fazer uma "cópia de quinta categoria de
soul music".
O
grupo estreou uma nova turnê, tendo Ian Dury and the Blockheads
como acompanhantes e um convidado mais do que especial em um show
em Brighton: nada menos do que Pete Townshend, líder do
The Who, que era um grande fã da militância de Strummer
e companhia e que tocou em várias canções.
Era o encontro de duas gerações
do rock inglês e o reconhecimento público que o Clash
tanto precisava. Ou como lembrou Joe: "quando Pete afirmou
que gostava muito das novas bandas, em especial o Clash, nos deu
a prova de que éramos mais do que uma simples gangue de
punks. Não apenas para nós, mas para todos nossos
críticos."
Mas a turnê também teve alguns problemas.
Topper Headon acabou se machucando e algumas datas precisaram
ser remarcadas. Além disso, o baterista e Joe foram molestados
pela polícia, que os acusavam de porte de drogas, no hotel
Southsea. Enquanto isso, Rude Boy havia sido
escolhido para representar a Inglaterra no festival de cinema
de Berlim, mas a película enfrentava sérios problemas
com a censura, por obscenidade.
Alheios à tudo isso, a banda cai na estrada
novamente, desta vez nos Estados Unidos, e Paul Simonon recebe
um convite para aparecer em um filme de Lou Adler, All
Washed Up, que seria rodado em Vancouver, no Canadá.
As apresentações nos Estados Unidos
foram espetaculares e o grupo até virou capa da conservadora
revista de música Rolling Stone. Mas a banda enfrentaria
novos problemas na Europa.
Em Hamburgo, na Alemanha, durante uma apresentação,
fãs mais radicais começaram a vaiar e exigir as
canções antigas e xingavam o grupo. Irritado, Joe
arremessou sua guitarra contra um deles e foi preso.
Strummer só foi solto após provar
que não estava bêbado. Esse foi apenas um dos inúmeros
problemas do grupo. Durante a turnê americana, Joe e Mick
começaram a discutir, porque o segundo exigia que "White
Riot", fizesse parte do repertório da banda, enquanto
Joe se negava a cantar a música. Strummer ganhou a briga,
mas as rixas internas só aumentavam.
Sobre a confusão em Hamburgo, Joe comentou:
"eu quase matei aquele jovem e percebi que deve ter outra
maneira de combater a violência que não seja com
mais violência. Se estamos sendo empurrados para situações
limites em que posso matar alguém da platéia ou
ficar brigando com gente dentro da banda, preciso saber realmente
o que estamos fazendo. De qualquer maneira, acredito que não
estamos produzindo nada de útil, apenas um monte de nada."
E
o grupo começou a encontrar projetos paralelos. Enquanto
Joe prometia construir seu próprio estúdio e gravar
suas músicas, Paul continuava entretido na produção
do filme no Canadá e Mick dava uma força em um disco
de sua namorada, Ellen Foley.
Em julho de 1980, o grupo acaba com o silêncio
de lançamentos do primeiro semestre e lança um novo
compacto: Bank Robber / Rockers Galore...UK Tour.
O disco foi produzido por Mickey Dread, um protegido
da banda que cantou a faixa do lado B do compacto. O sucesso da
canção, uma letra nitidamente anarquista, colocou
o compacto no 12º lugar das paradas e mostrou o prestígio
do grupo.
Em
novembro é lançado um novo compacto que dava algumas
mostras do novo som: The Call Up / Stop The World.
Mais do que nunca, o Clash se mostrava essencialmente
político e pedia o fim do National Service - o alistamento
obrigatório - dando inclusive o endereço da organização
norte-americana Immobilise Against the Draft, embora o alistamento
neste país não fosse mais obrigatório há
um bom tempo. "Stop the World" fazia parte da campanha
do desarmamento nuclear.
Simonon lembra dos problemas que o Clash enfrentava
para conseguir gravar suas canções: "era um
verdadeiro pesadelo. Aquele bando de engravatados idiotas chegavam
no estúdio e queriam opinar, como se entendessem algo.
Teve um que disse que 'The Call Up' parecia David Bowie tocado
de trás para frente. Olhamos um para o outro e perguntamos
o que diabos ele queria dizer com aquilo."
Joe era outro que sofria com essas interferências:
"em uma ocasião joguei a guitarra no colo de um deles
e disse 'componha você mesmo uma canção e
ficarei na sua sala, com ar-condicionado e fumando um charuto,
seu idiota. Cinco minutos depois, o cara veio pedir desculpas
e não voltou mais a nos incomodar. Mas sempre aparecia
um outro. Era enervante."
Dias depois é lançado no mercado
norte-americano uma compilação de nove canções
que não haviam sido editadas na América: Black
Market Clash.
Apenas um disco oportunista, para faturar e completar
a coleção dos fãs na América, enquanto
o novo disco ainda não era lançado.
Surpreendentemente, Black Market Clash
teve um ótimo desempenho nas paradas norte-americanas (para
um disco do Clash...) vendendo lá quase o mesmo número
que London Calling e entrando entre os 100 mais.
Em 1993, esse disco recebeu o nome de Super Black Market
Clash e saiu em uma edição melhorada, com
21 canções, cobrindo toda a carreira do grupo.
E
em 12 de dezembro, a grande surpresa: um disco triplo e com um
nome que apoiava o exército que lutava pela liberdade na
Nicarágua, com 36 canções lotadas de reggae,
dub e experimentalismos variados: Sandinista!
O disco tinha milhões de motivos para
dar errado. Apoiava um exército anti-americano, cheio de
canções tambem anti-comerciais e que passavam longe
do passado punk, o que certamente iria irritar os fãs mais
radicais da banda.
Mas o pior foi a exigência do grupo em
vender o disco ao preço de um álbum simples, o que
deixou a CBS enfurecida. A solução encontrada pela
gravadora para aceitar tal pedido foi que o grupo precisaria vender,
no mínimo, 200 mil cópias na Inglaterra, para começarem
a receber royalties pelo trabalho, acordo aceito pela
banda.
Além da própria dificuldade em
comercializar o disco, quatro dias antes de seu lançamento,
no dia 8 de dezembro, John Lennon foi assassinado em Nova York,
o que deflagrou uma nova febre sobre a obra solo do cantor e dos
próprios Beatles, colocando o disco do Clash na berlinda
para os consumidores.
O disco recebeu as críticas mais diversas,
sendo aclamado e criticado pela sua pretensão. O conceituado
crítico Nick Kent, do New Musical Express, irritado
com o que ouviu, comparou o Clash ao Jethro Tull.
Strummer
conta como surgiu a idéia de dar o nome ao disco: "eu
estava cantando 'Washington Bullets' e ainda não tinha
escrito a palavra 'Sandinista'. Eu escrevi um verso sobre a Nicarágua
e gritei a palavra. Quando fomos gravar os vocais, disse a Mick
que o nome do disco seria Sandinista e comecei a pensar no tema.
Eu só ouvia falar disso quando um amigo meu de San Francisco
me enviou revistas e livros sobre o tema que eu desconhecia.
O disco abria com uma das melhores - ou a melhor,
em minha humilde opinião - canções do grupo,
"The Magnificent Seven", um belo traço da vida
madorrenta de uma Inglaterra morta e racista. O disco trazia ainda
momentos contudentes como "Somebody Got Murdered" e
uma releitura sensacional de "Police On My Back", de
Eddy Grant, mostrando ainda mais o racismo que assolava a Europa.
O disco trazia as seguintes faixas em seus 3
LPs:
Lado 1
1. "The Magnificent Seven" 5:28
2. "Hitsville UK" 4:20
3. "Junco Partner" 4:53
4. "Ivan Meets G.I. Joe" 3:05
5. "The Leader" 1:41
6. "Something About England" 3:42
Lado 2
1. "Rebel Waltz" 3:25
2. "Look Here" 2:44
3. "The Crooked Beat" 5:29
4. "Somebody Got Murdered" 3:34
5. "One More Time" 3:32
6. "One More Dub" 3:34
Lado 3
1. "Lightning Strikes (Not Once But
Twice)" 4:51
2. "Up in Heaven (Not Only Here)" 4:31
3. "Corner Soul" 2:43
4. "Let's Go Crazy" 4:25
5. "If Music Could Talk" 4:36
6. "The Sound of Sinners" 4:00
Lado 4
1. "Police on My Back" 3:15
2. "Midnight Log" 2:11
3. "The Equaliser" 5:47
4. "The Call Up" 5:25
5. "Washington Bullets" 3:51
6. "Broadway" 5:45
Lado 5
1. "Lose This Skin" 5:07
2. "Charlie Don't Surf" 4:55
3. "Mensforth Hill" Joe Strummer 3:42
4. "Junkie Slip" 2:48
5. "Kingston Advice" 2:36
6. "The Street Parade" 3:26
Lado 6
1. "Version City" 4:23
2. "Living in Fame" 4:36
3. "Silicone on Sapphire" 4:32
4. "Version Pardner"5:22
5. "Career Opportunities" 2:30
6. "Shepherd's Delight" 3:25
Mas
o que mais chocou foi a escolha do primeiro single. Nada mais
do que uma música cantada por Mick Jones e sua namorada
Ellen Foley e que parodiava o estilo Motown: "Hitsville U.K.",
lançado em janeiro de 1981.
A canção parecia ser uma afronta
aos antigos fãs do Clash. Metais, vocais femininos e nada
da famosa fúria da banda.
O disco demorou muito tempo a ser digerido até
pelo seu tamanho e disparidade de estilos e por isso as primeiras
resenhas foram tão pouco favoráveis ao grupo. Aos
poucos, ao longo do ano, no entanto, Sandinista!
começou a ser melhor entendido e iniciou um crescimento
nas vendagens.
O grupo mostrava um interesse na nova música
negra da América, como o rap e o hip-hop, mas se negavam
a admitirem que haviam abandonado suas raízes. Joe ficou
particularmente ofendido quando acusavam a banda desesperada para
promover o disco.
"Nós
temos que vender 200 mil cópias para recebermos algo e
tenho orgulho de nossa postura. Não estamos mandando nossos
fãs saírem e comprarem várias cópias,
embora eu precise pagar várias pessoas que trabalham conosco
e tenha contas para acertar toda semana."
Sandinista! é essencialmente
um disco cheio de ritmos, batidas, sejam elas punk, funk, latinos,
negros ou caribenhos.
E mais do que nunca brilhou o baterista Topper
Headon. Joe, aliás, nunca escondeu sua admiração
por Headon: "é quase um milagre termos alguém
como ele na banda. Topper é capaz de segurar qualquer ritmo
e sempre está disposto a explorar novas áreas e
ritmos."
Enquanto Sandinista! era analisado,
foi lançado um disco do 101'ers, antiga banda de Joe.
Em abril é lançado o segundo compacto,
The Magnificent Seven.
Sandinista! trazia algumas canções
extremamente interessantes e que só são melhor entendidas
e apreciadas ouvindo atentamente: "Charlie Don't Surf"
faz uma bela citação ao filme Apocalypse
Now na cena em que o fanfarrão tenente-coronel
Bill Kilgore, vivido por Robert Duvall, quer surfar no meio da
guerra e vive gritando "Charlie Don't Surf!", uma referência
aos vietnamitas (os charlies) que não sabem surfar.
Antes dela aparece "Lose This Skin",
uma canção quase irlandesa com seu violino e cantada
e escrita por Tymon Dogg. Isso sem falar na força de "Police
On My Back" e na gozação que fizeram com dois
de seus clássicos, "The Guns of Brixton" e "Career
Opportunities", cantada por uma criança na faixa "Broadway".
O disco conta com uma grande gama de convidados
e a produção foi toda assinada pela banda. E o grupo
demoraria muito tempo para receber algum royaltie do
disco, o que aumentou um pouco mais a tensão interna.
A vida do grupo continuaria conturbada, com shows
lotados, brigas internas e a tentativa de Mick Jones em ajudar
sua namorada em um malfadado disco solo.
Jones, aliás, começaria a ter brigas
cada vez mais longas e desgastantes com Strummer e a parceria
dos dois caminhava para uma ruptura dolorida. Mas tudo isso é
tema para outro dia.
Fiquem com a letra de "The
Magnificent Seven" e a discografia da banda. Um abraço
e até a próxima coluna.
The Magnificent Seven
Ring! Ring! It's seven a.m.!
Move y'self to go again
Cold water in the face
Brings you back to this awful place
Knuckle merchants and you bankers, too
Must get up - an' learn those rules
Weatherman and the crazy chief
One says sun and one says sleet
A.m. the f.m. the p.m. too
Churning out that boogaloo
Gets you up and gets you out
But how long can you keep it up?
Gimme honda gimme sony
So cheap and real phony
Honk kong dollars and indian cents
English pounds and eskimo pence
You lot! What? Don't stop! Give it all you got!
Working for a rise, better my station
Take my baby to sophistication
She's seen the ads, she thinks it's nice
Better work hard - i seen the price
Never mind that it's time for the bus
We got to work - and you're one of us
Clocks go slow in the place of work
Minutes drag and the hours jerk
"when can i tell'em wot i do? In a second maaan...oright
chuck!"
Wave bub-bub-bub bye to the boss
It's our profit - it's his loss
But anyway lunch bells ring
Take one hour and do your thang!
Cheeseboiger!
What do we have for entertainment?
Cops kickin' gypsies on the pavement
Now the news - snap to attention!
The lunar landing of the dentist convention
Italian mobster shoots a lobster
Seafood restaurant gets out of hand
Wanna car in the fridge
Or a fridge in the car?
Like cowboys do - in t.v. land
You lot! What? Don't stop! Huh?
So get back to work an' sweat some more
The sun will sink an' we'll get out the door
It's no ggod for man to work in cages
Hits the town, he drinks his wages
You're frettin' you're sweatin'
But did you notice you ain't gettin'?!
Don't you ever stop long enough to start
To get your car outta that gear?
Karlo Marx and Fredrich Engels
Came to the check-out at the 7-11
Marx was skint, but he had sense
Engels lent him the necessary pence
What have we got? Yeh-o! Magnificence!!
Luther King and Mahatma Gandhi
Went to the park to check on the game
But they was murdered by the other team
Who went on to win, 50 - nil
You can be true, you can be false
But you'll be given the same reward
Socrates and milhous nixon
Both went the same way - thru the kitchen
Plato the greek or rin-tin-tin?
Who's more famous to the billion millions?
News flash!
Vacuum cleaner sucks up budgie
Ooh bub-bye! Magnificence!!
Discografia
The Clash (1977)
Give 'Em Enough Rope (1978)
London Calling (1979)
Sandinista! (1980)
Black Market Clash (1980)
Combat Rock (1982)
Cut The Crap (1985)
The Story of The Clash Vol. 1 (1988)
The Singles Collection (1991)
Clash On Broadway (1991)
From Here To Eternity (1999)
The Singles (2000)
The Essential Clash (2003)
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