parceria com Pedro Damian
Eles
são uma das novas bandas mais aclamadas no mundo. Seu som
lembra demais os anos sessenta – baladas doces, leves, alegres,
cheias de sutileza e pode se definido como aquilo Johnny Marr
considerou "clima de verão", uma referência
ao som quase ingênuo e romântico dos dois primeiros
álbuns dos Smiths. Mas o Cosmic não tem nada a ver
com ex-banda de Johnny. Seu papo (e som) são outros: Beatles
e Beach Boys, Byrds e até Van Halen. O fato de virem da
mesma Escócia de Jesus and Mary Chain, Primal Scream e
do Teenage Fanclub serve apenas como referência geográfica
e nada mais. Gravam para o selo Poptone, de Alan McGee, lendário
produtor e dono da extinta Creation, que além de Jesus
e do Primal deu ao mundo o Oasis. Por email, Gary Cuthbert, respondeu
as perguntas e garante: eles virão ao Brasil em 2004. Uma
grande pedida para um ótimo show de uma banda que acaba
de lançar disco novo e fizeram uma tour hiper concorrida
na Europa.
Para a entrevista
convidei o homem que mais ama o grupo abaixo da linha do Equador.
Pedro Damian é um cara que sonha em ser escocês e
que divide comigo o amor pelo Campeonato da Terra dos 12 anos.
Além de me ajudar com as perguntas, montou esse texto introdutório
sobre como se formaram e uma rápida biografia. O trabalho
(se é que entrevistar bandas bacanas pode ser chamado de
trabalho) foi nosso, mas a diversão é toda sua.
Enjoy It!
O Cosmic Rough
Riders não assume, mas segue à risca a velha fórmula
do pop perfeito, aplicada com exatidão por mitos como Beatles
e Beach Boys: guitarras suaves, vocais dobrados e letras sem um
pingo de amargura. Algo muito próximo do que o Teenage
Fanclub faz hoje em dia e poucos grupos conseguem imitar, apesar
da simplicidade do conceito. O nome da banda surgiu da junção
dos nomes de dois cartazes que viram em uma loja, durante um passeio
pelas ruas de Glasgow: Um anunciava o jeans Lee Rough Rider e
o outro, um clube chamado Cosmic Wheels. Depois do maravilhoso
Enjoy The Melodic Sunshine, a banda sofreu um baque, com a saída
do líder e vocalista Daniel Wylie, compositor de mão
cheia e fã do R.E.M., que saiu em carreira-solo. A se deduzir
pelo recém-lançado Too Close To See Far, trabalho
que sucedeu Enjoy The Melodic Sunshine, isto não afetou
em nada a qualidade do grupo. As letras continuam alegres, como
se o mundo fosse um lugar maravilhoso de se viver, as melodias
mantém-se encantadoras e o vocal de Stephen Fleming é
ainda mais cativante que o de Wylie. Na ultraconcorrida turnê
que fizeram antes de iniciar as gravações do novo
CD, ainda em 2002, tiveram famosos espectadores, como um tal de
Robert Plant e de um certo Lenny Kravitz.
Pergunta
- Ouvindo "Enjoy The Melodic Sunshine" é possível
relembrari de Pet Sounds dos Beach Boys, Beatles (fase Álbum
Branco) e algumas coisas do XTC (Orange and Lemmons, Skylarking).
Você concorda?
Gary Cuthbert - Eu concordo com você sim! Tanto
os discos dos Beatles como os dos Beach Boys são das minhas
bandas prediletas. Existem alguns tipos de álbuns que nossos
pais costumavam tocar enquanto eu era menino, então não
é surpresa que sejam influências aparentes.
Pergunta - Qual sua opinião sobre a atual cena
roqueira britânica?
Gary Cuthbert - Eu acho que a cena rocker daqui está
bastante saudável e boa. As pessoas estão começando
a se encher desses grupelhos de garotinhos que as adolescentes
adoram do tipo "bubblegum" e querem hoje em dia verem
pessoas tocando seus instrumentos e cantarem suas próprias
composições.
Pergunta
– Qual sua opinião sobre o Teenage Fanclub. Eles
influenciaram o Cosmic?
Gary Cuthbert - Apesar da banda toda amar o Teenage,
nunca tivemos a menor vontade soar como eles, assim como Beatles
e Beach Boys que mencionei antes. Se você ama um grupo ou
artista inconscientemente aparecerão em algumas canções
que você escreve.
Pergunta - Você poderia descrever a relação
da banda com Alan McGee. Ele foi o dono da Creation, selo que
revelou Jesus and Mary Chain, Primal Scream e Oasis. Como ele
está hoje e que você pensa dessas bandas?
Gary Cuthbert - Nós temos uma excelente relação
com Alan mesmo após sairmos do selo Poptonnes. O selo no
momento está se voltando mais para grupos punks, já
que é algo que Alan sempre quis, mas infelizmente sentimos
que não era a gravadora certa para o Cosmic agora. Mas
ainda visitamos Alan com uma certa regularidade e ele ainda é
um grande fã da banda e constante fala sobre a gente em
entrevistas e tudo mais. Já as bandas do antigo selo Creation,
como o Oasis e o Primal Scream foram maravilhosas para a cena
britânica, já que eram grupos de verdade tocando
suas composições, enquanto havia muita coisa fabricada
por aí.
Pergunta
- As melodias de vocês são muito orgânicas,
leves, alegres e otimistas, uma coisa rara hoje. Por que vocês
soam assim?
Gary Cuthbert - Eu acho que tocamos uma música
"otimista" e isso vem do fato de virmos de uma região
calma do subúrbio de Glasgow, uma cidade onde há
muito desemprego, crime e violência. Junte a isso o clima
horrível da cidade, e sempre achei que a única maneira
de escapar de tudo isso é imaginar que você estivesse
em outro lugar em que as coisas não fossem tão ruins.
Bem, nós somos caras otimistas...risos."
Pergunta - Como vocês trabalham em estúdio,
quem faz o quê. Gostam de ensaiar?
Gary Cuthbert - O processo em estúdio tem sido
o mesmo desde que começamos. Alguém chega com uma
idéia para uma canção, e toca com um violão,
ou vem gravada em um mini disc ou em fita cassete. Se todos concordarem
que ela vale a pena ser trabalhada, começamos a adicionar
bateria, guitarra e gradualmente trabalhamos nela até estar
pronta. Ensaios não é a melhor parte de estar em
um grupo, mas é muito importante para estabelecermos uma
conexão entre o disco de estúdio e as apresentações
ao vivo, já que ensaiando você tem um set ao vivo
muito satisfatório.
Pergunta
- Enjoy The Melodic Sunshine foi considerado o disco do ano, em
2001. Ficaram arrepiados ou excitados com isso? De que maneira
influenciou na produção do novo trabalho? Aumentou
a responsabilidade, a tensão dentro do grupo?
Gary Cuthbert - Foi realmente uma surpresa para nós
sabermos o quão popular era o disco. Nós sabíamos
que era um bom disco, mas infelizmente as gravadoras, as revistas
e as lojas não estavam interessadas. Mas através
de muito trabalho duro e uma extensa tour nós conseguimos
trazer todas essas pessoas para perto de nós e o disco
virou um sucesso. Sobre o processo de produção do
novo disco, nada realmente mudou. Ele soa um pouquinho mais maduro
e a produção geral é muito superior, mas
não assim um milhão de milhas superior a Enjoy
The Melodic Sunshine.
Pergunta - O que
gostam de ouvir?
Gary Cuthbert - O grupo possui uma gama imensa de gostos.
Nós todos amamos Beatles, Beach Boys, Eagles, Byrds, etc..
mas também gostamos de coisas variadas como Van Halen,
Box Car Willie, Abba, Steely Dan e todos os outros gêneros
que você puder imaginar.
Pergunta
- O que virá agora? Shows com o U2, Oasis, número
1 na parada? Ou apenas fazendo o que gostam?
Gary Cuthbert - Nossa ambição é
continuarmos sendo capazes de gravar alguns discos até
quando for possível e as pessoas gostarem. É essa
nossa meta.
Pergunta - Vocês
querem tocar no Brasil? Conhecem algo do rock brasileiro?
Gary Cuthbert - Nós temos planos de tocarmos em
seu país no começo do ano que vem e espero ver todos
vocês. Eu não estou muito familiarizado com o rock
brasileiro, mas temos uma pessoa daí que nos manda regularmente
uma compilação de cds e sempre ouvimos coisas maravilhosas.
Pergunta - Um recado para seus fãs.
Gary Cuthbert - Obrigado por comprarem nossos discos
e irem aos nossos shows e serem sempre pessoas maravilhosas, espero
poder vê-los novamente em breve.
|