Três irmãos e um velho
amigo são os integrantes de uma das bandas mais cools
do planeta. Um grupo que se define como discreto, mas que não
são tímidos e possuem uma sonoridade extremamente
peculiar. Desde o lançamento do fantástico The Trinity
Sessions, em 1988, e que deu fama mundial pela gravação
da cover de "Sweet Jane", de Lou Reed, (que considera
a melhor gravação de seu clássico), até
os dias de hoje, os irmãos Timmins - Michael, Margo e Peter-,
junto com Alan Anton são uma das grandes bandas já
produzidas no Canadá. Um grupo que começou influenciado
por Joy Division em seus primórdios e terminou gravando
Robert Johnson só pode ser diferente. Cowboy Junkies produzem
um dos sons mais hipnóticos que existem por aí.
Antes
que pensem que são um grupo formado por músicos
que vivem se chapando e que tocam uma mistura de country com doses
de LSD, saibam que estão equivocados. Mas não totalmente,
pois a sensação que a música deles provoca
é algo próximo à hipnose, ao sonambulismo,
uma viagem guiada pela voz calma, quase sussurrada de Margo. Usar
drogas ouvindo Cowboy Junkies é totalmente desnecessário.
Para começar a falar
do grupo é necessário voltar alguns anos antes do
próprio Cowboy Junkies existir.
Margo, Michael Peter e
Alan foram criados em Montreal, no Canadá. Desde menino
Mike ficou amigo de Alan (seu nome real é Alan Alizojvodic).
Eram mais do que simples amigos desde a infância, já
que se conheceram aos cinco anos e segundo o próprio Mike,
os dois tinham afinidade tão grande que começaram
a formar uma coleção de discos de rock, a grande
paixão dos dois garotos. Em 1977, a família Timmins
mudou-se para Toronto, na mesma época que Michael entrou
na Western University, sua casa por três anos. Michael acabou
voltando para a casa de sua família e por acaso, soube
que Alan também havia fixado residência na cidade.
“Um ano antes, Alan havia morado em Londres, bem nos anos
em que o movimento punk explodiu e nos encontrávamos em
um bar chamado The Edge, um dos locais que abriram espaço
para os novos grupos locais. De repente, percebemos que tínhamos
ainda os mesmos gostos musicais e pensamos em montar um grupo.
Nessa época, resolvemos dividir uma casa na cidade e montamos
nossa primeira banda, Hunger Project. Além de nós
dois, havia Lisa Wisker nos vocais, mas não tínhamos
um baterista fixo, até aparecer Jeffrey Elton. Jeffrey
era o vocalista de uma banda underground mais ou menos famosa
chamada Popular Spies, mas resolveu se juntar a nós! Eles
tinham um público pequeno, mas que sempre ia a seus concertos.
Mas um dia ele chegou para nós e disse que sabia que estávamos
procurando um baterista e disse que queria um mês para poder
aprender a tocar o instrumento e se juntar a nós. E ele
realmente aprendeu e entrou para o grupo”, conta Michael.
Em 1979, o grupo resolveu
tentar a sorte em Nova York já que a cena local estava
enfraquecendo, principalmente com a extinção do
bar The Edge. “Nós tínhamos 19 anos e resolvemos
tentar a sorte. Alugamos uma casa no East Village e ensaiávamos
no porão. Como éramos imigrantes ilegais, fizemos
todo tipo de biscate para viver e até conseguimos tocar
uma vez no famoso CBGB. Foi uma experiência muito legal
para aquela idade, embora Nova York seja uma cidade muito dura
de conseguir algo. Nosso som nessa época era muito calcado
em grupos ingleses, como o Joy Division, Siouxsie and the Banshees
e Cure. Não havia baixista, eu e Alan éramos guitarristas.
Formávamos um grupo que combinava ritmo com barulho, bem
interessante de se ouvir.”
E da mesma forma que achavam
Toronto meio caída, concluíram que Nova York estava
igual e todos partiram para Londres, aproveitando que Lisa era
inglesa e que sua mãe tinha uma casa na cidade. Mas logo
viram que Londres era pior do que Nova York, mais elitista, esnobe
e que não faziam parte da cena. “Lá, se você
não vestisse a roupa certa e andasse com as pessoas certas,
era totalmente desprezado. Ficamos cheio desse comportamento imbecil
e o grupo acabou se separando. Eu, Jeff e Alan montamos outra
banda, chamada Germinal, mais ligada ao jazz experimental, totalmente
sem sentido. Mas apesar de estarmos cheios da estética
punk, estávamos presos a ela, pois nosso som era cheio
de ruídos e gritos. Durante três anos ensaiávamos
dois dias por semana durante duas horas. Valia tudo”, lembra
Michael.
E
durante três anos a banda sequer fez uma apresentação
até que resolveram novamente se separar. Jeffrey optou
por ficar em Londres, Michael voltou para Nova York e Alan resolveu
sumir do mapa por um tempo. E quando Michael resolveu voltar para
a velha Toronto, quem reencontra novamente? Alan.
Decidiram alugar outra
casa e Peter, irmão de Michael, foi morar com os dois.
Adaptaram a garagem da casa para ensaios e Peter quis entrar na
banda, curiosamente tocando bateria que não sabia manejar!
“Começamos a fazer alguns shows com uma banda chamada
Change of Heart, mas Peter foi perdendo o interesse pela bateria
até ser expulso. Em seu lugar entrou Ian Blurton, que tinha
um estilo completamente diferente, bem mais pesado. Nesse tempo
Peter resolveu a estudar baterista e até arranjou um professor.
Quando Ian teve uma tendinite no pulso de tanto tocar, Peter era
a escolha natural. Mas também havia meus outros irmãos,
John e Margo. John era igualmente guitarrista e começou
a ajudar em algumas canções. Mas faltava alguém
para cantar. Pedimos a Margo, já que quando criança
ela cantava na escola e pedimos que tentasse. Quando John resolveu
voltar para Montreal para criar seu filho, ficamos apenas eu,
Alan, Peter e Margo. Assim nasceu o Cowboy Junkies.”
A escolha do nome foi a
mais boba possível: “começamos a pensar em
alguns nomes. Como não tínhamos gravado nada, e
dependíamos do apoio dos amigos para assistirem nossas
apresentações, resolvemos adotar um nome bem estranho
e intrigante que motivasse outras pessoas a nos assistirem. Foi
apenas uma questão de combinarmos duas palavras e mais
nada”, explica Margo.
Quando começaram
a tocar como Cowboy Junkies, em 1985, a escolha de repertório
era totalmente diferente dos primeiros anos em que Alan e Michael
tocavam Joy Division ou Siouxsie. O negócio agora era blues,
estilo que Michael começou a curtir quando ainda morava
em Londres e trabalhava em uma loja de discos, para poder sobreviver.
“O blues é basicamente uma música bem estruturada,
mas que permite muita improvisação. E esse tipo
de música simplesmente me fascinou. No começo demoramos
um pouco para encontrarmos um tom, principalmente por causa de
Margo, que não sabia como encaixar sua voz. Quando ela
resolveu que cantaria de uma forma mais lenta, calma, percebemos
que os velhos blues seriam uma bela referência.”
Resolveram
formar seu próprio selo, Lament, e em 1986 lançam
o primeiro disco, chamado de Whites Off, Earth Now!!,
com 9 canções, sendo apenas uma de Michael e Margo
– “Take Me”. O resto eram apenas clássicos
do blues – “Crossroads” e Me and the Devil Blues”
(ambas de Robert Johnson), “Decoration Day”, “I’ll
Never Get Out of These Blues Alive e “Forgive Me”
(de John Lee Hooker), “Shining Room” (Lightinin’
Hopkins), e “Baby Please Don’t Go” (Big Joe
Williams), além de uma composição de Bruce
Springsteen, “State Trooper”. O disco chamou a atenção
por alguns aspectos: o ritmo era lento, esparso, os vocais de
Margo eram cantados de maneira bem baixa, um ritmo quase lânguido.
Outra curiosidade foi que o disco foi gravado usando apenas um
único microfone, um Calrec Ambisonic e tudo foi gravado
ao vivo, no estúdio 547, no dia 28 de junho de 1986 e produzido
por Peter Moore, um velho conhecido da cena local. Peter gravou
as canções utilizando um gravador digital de dois
canais. O disco foi lançado apenas no Canadá, mas
chamou a atenção da RCA, que assinou com a banda
para distribuir o disco.
A banda começou uma série de shows, principalmente
pelos Estados Unidos. Michael relembra que muitas vezes saíam
viajando pelo país sem um rumo certo. Optavam por irem
aos clubes da cena punk e hardcore já que “qualquer
coisa que fosse estranha podia ser encaixada nesse contexto”.
Em locais onde não havia clubes assim perguntavam onde
poderiam tocar e telefonavam, oferecendo-se. “Às
vezes conseguíamos tocar, em outras simplesmente diziam
que sim, mas quando chegávamos o local já estava
fechado ou sequer lembravam. Mas como a América era muito
grande e havia muitas cidades a serem exploradas, não nos
importávamos.”
O disco chegou a vender
3 mil cópias, uma marca considerada satisfatória
pela própria banda.
Para
o segundo disco resolveram repetir a fórmula, mas mudando
de local: Peter e a banda alugaram por um dia a igreja “The
Holy Trinity”, em Toronto e no dia 27 de novembro de 1987,
gravaram da mesma forma que haviam gravado o disco anterior. O
resultado foi o clássico The Trinity Session.
O disco abre com uma canção tradicional chamada
“Mining for Gold”. Mas a banda começa a mostrar
algo totalmente diferente na sensual e delicada “Misguided
Angel”, composta por Michael e Margo. Mostram uma grande
classe no imortal clássico de Hank Williams “I’m
So Lonesome I Could Cry” e acabam arrebatando com uma versão
totalmente arrepiante de “Sweet Jane”, de Lou Reed.
Michael conta que a música era para ter entrado no primeiro
disco, mas que não haviam gostado do resultado na época
e preferiram descartá-la.
O disco foi lançado
no início de 1988 e a reação foi enorme em
cima do grupo. A banda resolveu lançar The Trinity
Session pelo selo próprio e várias músicas
chegaram a fazer parte de algumas produções canadenses
para o cinema. O grupo começou então a ter cada
vez mais shows, não só nos Estados Unidos, mas também
na Europa e Japão.
Foi nessa época
que resolveram assinar com a RCA, deixando o selo Lament de lado.
Michael lembra que apesar da segurança financeira, a vida
da banda virou de ponta cabeça. “A pior coisa é
o ritmo frenético deles. Primeiro, queriam dizer o que
deveríamos fazer. Depois queriam que mudássemos
o nome da banda, e até queriam regravar nossos dois discos.
Nós conversamos muito internamente antes de decidirmos
assinar com a gravadora. Eles nem entendiam nossas músicas.
Apenas assinaram conosco com medo de que outra gravadora o fizesse.
São todas iguais.”
O grupo teve uma surpresa:
“Misguided Angel” foi considerada uma música
satânica por um grupo fanático religioso e virou
manchete nacional. “Aí a gravadora veio novamente
com a história de refazer os dois discos, e nós
gritávamos que eles ficariam exatamente da maneira que
haviam sido gravados. Era um saco toda aquela situação”,
confessa Michael.
Mas em meio à confusão
ficaram felizes ao saber que Lou Reed havia simplesmente adorado
a versão que o grupo havia feito de sua canção
e que a considerava muito superior à original. “Lou
sempre foi um dos nossos referenciais. O elogio dele foi muito
importante para o grupo”, confessa Margo.
E
no meio de tudo isso nasce The Caution Horses.
Michael explica a gestação do disco:
“A produção
deste disco foi muito complicada, mas é um dos meus favoritos.
Dois anos antes andávamos com um documento embaixo do braço
que nos prometia colocar em destaque. Então passamos de
viagens em nossa van e dormindo em qualquer lugar, para hotéis
confortáveis e viagem em ônibus aconchegantes para
nossas apresentações. Tínhamos mais apresentações
marcadas do que poderíamos fazer e não era incomum
nos encontrarmos em um estúdio de televisão idiota
de uma cidade qualquer tocando nossa música para milhões
de telespectadores. Definitivamente a melhor parte de toda essa
loucura era que podíamos bancar qualquer músico
que nos quiséssemos para tocar conosco. Rapidamente convidamos
Jeff, Kim e Jaro para se juntarem a nós e agora éramos
sete dando voltas pelo mundo todo. E foi assim que começamos
a pensar como queríamos gravar o novo disco. Os shows constantes
estavam dando um grande entrosamento e novas canções
eram facilmente escritas. Parecia óbvio que tentássemos
capturar ao vivo toda essa boa forma. Decidimos que Peter Moore
mais uma vez iria produzir o disco usando a mesma técnica
dos dois álbuns anteriores. Mas ao invés de nos
confinarmos apenas em um único lugar em uma única
noite, tentaríamos fazer em vários locais, gravando
diferentes versões das canções e escolhendo
as melhores. Enquanto faríamos as apresentações,
Peter escolheria as locações. E, para nossa surpresa,
as primeiras tentativas foram desastrosas. Nós alugamos
um estúdio chamado Cherry Beach nas docas de Toronto. Após
algumas horas, vimos que aquela tentativa havia sido um erro.
A segunda tentativa foi completamente diferente, muito mais bem
sucedida e produtiva. Peter havia achado um lugar um prédio
de três andares feito de madeira e vidro chamado Sharon
Temple. Alugamos por três dias. Mas alguns problemas aconteceram
já que fez um frio muito grande e o prédio não
possuía boa calefação. Estávamos congelando
e os dois primeiros dias foram imprestáveis também
por problemas técnicos. Apenas no terceiro conseguimos
gravar várias canções. Alguns dias se passaram
até que Peter me ligou, querendo que eu ouvisse o material.
E incrivelmente tínhamos conseguindo gravar melhor do que
havíamos pensado. Ficamos tão excitados que decidimos
que o novo disco estava pronto e iria se chamar Sharon.
Nos meses seguintes saímos novamente em viagens e muita
coisa mudou. As músicas começaram a ter novos arranjos,
mudaram-se algumas letras e de repente as músicas daquela
sessão não refletiam mais o nosso momento. Decidimos
que seria melhor iniciar novas gravações e fomos
para o estúdio Eastern em Toronto. Foi incrível,
tudo funcionou como antes, as músicas foram gravadas em
um clima de absoluta paz e rapidamente. Em alguns dias do mês
de dezembro elas estavam prontas. Fizemos grandes músicas,
entre elas ‘Escape Is So Simple’, a mais bela canção
de amor que já compusemos. Esse foi o primeiro disco nosso
em que precisaram ser mixadas, mas apenas isso de extraordinário
aconteceu.E assim finalizamos o nosso terceiro disso, e o batizamos
com o nome de The Caution Horses.”
Após
lançado o disco, passaram praticamente dois anos tocando
como um septeto. Michael lembra que a banda havia atingido uma
grande maturidade, embora alguns conflitos acontecessem. O grupo
permanecia sendo apenas um quarteto e outros três músicos,
apesar de serem bem pagos, sabiam que a qualquer hora poderiam
ser dispensados. E isso aconteceu quando começaram as gravações
para um novo disco. A banda resolveu fazer significativas alterações,
começando pelo produtor. Peter Moore não seria chamado
desta vez e as velhas técnicas seriam deixadas de lado.
O grupo queria trabalhar com vários músicos e em
várias locações. “Após anos
na estrada, resolvemos parar por alguns meses, voltarmos para
casa e pensarmos com calma no próximo passo. E esse próximo
passo resultou no disco Black Eyed Man. Resolvemos
gravar em Hamilton. Para esse trabalho resolvemos passar três
semanas ensaiando as canções e deixávamos
uma semana para gravarmos uma ou duas. Cada uma delas seria construída
de um modo totalmente pessoal. Alguns amigos nossos foram convidados
e algumas dessas sessões foram bastante experimentais,
e chegamos a tocar com mais de 25 pessoas. O resultado fez dele
um disco muito elogiado e obteve boas vendagens”, conta
Michael.
Mas
o sucesso na América fez com que fossem um pouco esquecidos
no Canadá, já que a banda claramente dava preferência
por excursionar nos Estados Unidos por uma questão puramente
financeira. “Nós tínhamos uma banda de apoio
cara e a única maneira de manter esse monte de gente era
fazendo shows seguidos. Nós tocávamos no Canadá
ocasionalmente, mas financeiramente era muito mais lucrativo do
outro lado da fronteira.”
O grupo lançou no
ano seguinte Pale Sun Crescent Moon e em 1995,
um disco duplo ao vivo, 200 More Miles que mostrava
canções gravadas em todas as fases do grupo, desde
o primeiro show feito, em novembro de 1985 até a mais recente
turnê.
Era
um disco que encerrava um ciclo da banda, já que algumas
mudanças ocorreram. A RCA acabou sendo vendida para a BMG
e o grupo sentiu que a nova casa não tinha muito interesse
nos Cowboy Junkies. Eram considerados artistas menores, já
que vendiam uma média de 300 a 500 mil cópias. Quando
a banda percebeu que estavam sendo deixados de lado, pediram a
rescisão de contrato, e surpreendentemente conseguiram
sem muita dificuldade.
Assinaram com a Geffen
e começaram a trabalhar em um novo disco. Decidiram deixar
o Canadá para gravarem em Rock Island com o produtor John
Keane.
As
gravações foram igualmente calmas e Lay
It Down foi um disco bastante elogiando e o mais vendido
da carreira do grupo. Mas algumas rusgas sobraram para a Geffen,
já que as vendagens poderiam ter sido maiores se a gravadora
não tivesse errado na estratégia de promoção.
Alan relata a situação como frustrante e que perceberam
que a mudança de selo era apenas uma questão de
nome, nada mais.
Lançam Miles From Our Home e a situação
novamente fica crítica, já que a Geffen dá
pouca importância ao disco e novamente erra na divulgação.
“Era
desesperador porque você precisava pedir permissão
para poder gravar em um lugar, para dar uma entrevista e sentimos
que precisávamos voltar a tomar conta de nós mesmos.
Era uma situação terrível e vimos que ela
só iria piorar. Foi quando pensamos em reativar o nosso
antigo selo, Lament. E saímos da Geffen”, conta Margo.
Foi uma aposta ousada,
já que lançariam um disco que seria apenas vendido
pela internet. Um período de muitas lições
a serem aprendidas.
“Decidimos
que nunca mais seríamos manipulados por grandes corporações
e que não teríamos mais patrões. Reativamos
nosso selo e construímos nosso site. Nossa primeira idéia
foi pegar todas as nossas canções que nunca haviam
saído de nosso baú e lançarmos ao mundo,
as músicas perdidas dos Cowboy. Batizamos de Rarities,
B Sides and Slow, Sad Waltzes”, fala Michael
Margo
disse que a idéia era presentear os fãs com algo
especial. “A idéia era dar um presente às
pessoas que nos apoiaram. Resolvemos resgatar algumas canções
perdidas e que nunca haviam sido lançadas e resolvemos
vendê-lo através de nosso site e escaparmos das garras
da indústria. Ele também seria vendido pelo site
Amazon.com e em nossos shows. Muitas dessas canções
iriam entrar em alguns discos, mas algumas vezes eles desenvolviam
um tema próprio e elas acabavam descartadas por não
se encaixarem mais. Outras foram usadas em filmes, algumas eram
exclusivas de alguns cds promocionais. Apenas uma foi feita para
esse disco, ‘I Saw Your Shows.’’’
A
banda também começou a mudar o repertório
dos shows após conversarem com os fãs. “Muitas
vezes durante alguns shows, pediam músicas que nós
não tocávamos. Algumas eram tão requisitadas
que tivemos que tocá-las novamente. E percebemos que esse
retorno do público é muito importante. Esse trabalho
resgatou alguma parte de nós que estava perdida.”
E esses shows resultaram na inspiração para um novo
trabalho, Waltz Across America, quando tocaram
novamente com sete integrantes. Um novo disco ao vivo, considerada
pela banda como o melhor já realizado e em um clima de
grande alegria.
Com
dois discos em que usaram canções antigas e excursionando
sem parar, haveria naturalmente muitas músicas novas sendo
feitas. Como o último disco de material inédito
havia sido Miles from Our Home de 1998, nada
mais óbvio do que entrarem no novo século com um
novo disco. Open foi lançado em 2001.
Um processo simples, gravando tudo ao vivo em dois dias e regravando
posteriormente as partes que ficaram imperfeitas. Curiosamente,
desde que abandonaram as grandes gravadoras, o grupo reencontrou
a alegria de tocar e a ausência de pressão para poderem
trabalhar.
Em
2002 sai The Radio One Sessions, disco lançado
pelo Strange Fruit e que captura a banda em três sessões
para a emissora britânica BBC. No mesmo ano lançam
Open Road, título tirado da longa viagem
por 15 países e mais de 100 mil quilômetros pelo
mundo. Junto com o CD há um DVD que relata essa longa viagem
com depoimentos, entrevistas e imagens, além de um concerto.
Em 2003 lançam mais
um disco ao vivo, In The Time Before Llamas,
gravado entre 1990 e 1992, em Londres. Com canções
de Robert Johnson, Bob Dylan e Gram Parsons é o disco que
prova que “o Cowboy Junkies já fazia o gênero
country alternativo antes dele sequer existir”, nas palavras
de Peter.
Em
2004 lançam o novo trabalho, One Soul Now.
O grupo continua na ativa e tocando sem parar. Montaram um dos
sites mais bacanas que existem e que os fãs podem acompanhar
o dia-a-dia do grupo, através de um diário de bordo
atualizando periodicamente. Se você quiser saber mais deles
e saber as histórias de como cada disco foi feito (material
que usei para essa matéria), acesse o site
do grupo. De quebra, poderá comprar todos os discos do
grupo e ainda ajudar o grupo a levantar alguns trocados extras.
Fiquem com a letra de “Misguided
Angel” e “I Don’t Get It”, ambas de The
Trinity Session e que seguem sendo as melhores músicas
que já fizeram, em minha opinião. Um abraço
e até a próxima coluna!
Misguided Angel
(Margo and Michael Timmins)
I said "Mama, he's crazy and he scares me
But I want him by my side
though he's wild and he's bad
and sometimes just plain mad
I need him to keep me satisfied"
I said "Papa,
don't cry cause it's alright
And I see you in some of his ways
Though he might not give me the life that you wanted
I'll love him the rest of my days"
Misguided angel
hangin' over me
Heart like a Gabriel, pure and white as ivory
Soul like a Lucifer, black and cold like a piece of lead
Misguided angel, love you 'til I'm dead
I said "Brother,
you speak to me of passion
You said never to settle for nothing less
Well, it's in the way he walks,
it's in the way he talks
His smile, his anger and his kisses"
I said "Sister,
don't you understand?
He's all I ever wanted in a man
I'm tired of sittin' around the T.V. every night
Hoping I'm finding a Mr. Right"
Misguided angel
hangin' over me
Heart like a Gabriel, pure and white as ivory
Soul like a Lucifer
Black and cold like a piece of lead
Misguided angel, love you 'til I'm dead
He says "Baby,
don't listen to what they say
There comes a time when you have to break away"
He says "Baby there are things we all cling to all our life
It's time to let them go and become my wife"
Misguided angel
hangin' over me
Heart like a Gabriel, pure and white as ivory
Soul like a Lucifer
Black and cold like a piece of lead
Misguided angel, love you 'til I'm dead
I Don't Get It
(Margo and Michael Timmins)
Breaking away to
the other side
I wanna make sense of why we live and die
I don't get it, I don't get it
I ask my friends
if they understand
They just laugh at me and watch another band
They don't worry, they don't worry
Lookin for a way
to lose my load
I wanna make it easy to walk this road
I can't find it, I can't find it
Yeah I'm looking
for answers in so many places
I open my mind I don't get it
Walkin this earth
and keeping my peace
I do what I want but the price is steep
It don't seem right, it don't seem right
My mama she told
me one step at a time
And sooner or later you'll walk that line
I don't want to, I don't want to
Takin my time to
live and die
I wanna find a way to do it right
And I ease on and I ease on
They say one thing
always leads to another
I open my mind I don't get it
Breaking away to
the other side
I wanna make sense of why we live and die
I don't get it, I don't get it
I don't get it, I don't get it
Discografia
Whites Off Earth Now!!
(1986)
The Trinity Session (1988)
The Caution Horses (1990)
Black Eyed Man (1992)
Pale Sun Crescent Moon (1993)
200 More Miles (1995)
Lay It Down (1996)
Miles from Our Home (1998)
Rarities, B Sides and Slow, Sad Waltzes (1999)
Waltz Across America (2000)
Open (2001)
The Radio One Sessions (2002)
Open Road (2002)
In the Time Before Llamas (2003)
One Soul Now (2004)
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