O
The Cure foi uma das bandas mais famosas e influentes dos anos
80. Liderado pelo guitarrista, letrista e vocalista, soube passear
do gótico ao lado mais pop da música, sem perder
a qualidade. Um claro exemplo disso é esse álbum
editado em 1985 e que fez muito sucesso com "In Between Days"
e "Close to Me".
Talvez uma escolha que cause polêmica
entre os fãs do The Cure.
Afinal, The Head
On the Door não faz parte da fase mais gótica
da banda. Mas com certeza é o disco mais equilibrado, aquele
que soube misturar todos os lados do grupo.
Para fazer o disco, Robert
Smith teve que primeiro mudar de ares. Após o psicodélico
e pesado The Top, precisou de algum tempo para refrescar
a cabeça.
"Escrever The
Top exigiu muito de mim. Eu vinha falando de coisas pesadas
como o uso de drogas e alucinações. Isso refletiu
em um lado muito pesado meu, voltando aos tempos de Pornography
e Seventeen Seconds. Demorei para digerir tudo isso."
Na verdade, Robert procurava
um chamado meio termo. Ele não queria desagradar seus fãs,
mas ao mesmo tempo procurava falar de coisas mais alegres, mais
leves.
Para esse garoto de Sussex
que começou em 1976, o Cure era mais do que uma simples
banda. Um dos primeiros jovens ingleses a ser influenciado pelo
movimento punk, o Cure soube misturar belos climas sombrios com
letras interessantes. Robert era o catalizador do grupo e seu
líder desde o início.
"Como eu era o cantor
tinha que responder as perguntas do fã, já que eu
era o mais exposto. Isso sempre foi muito ambíguo em mim,
porque gosto de tomar decisões, mas odeio ser popular,
ser tocado, ser idolatrado. Eu quero apenas ser um cara normal,
com uma vida comum. Não entendo essa idolatria e me irrito
muito com isso."
O
grupo foi um dos responsáveis pela onda gótica que
tomou conta da Inglaterra na primeira metade dos anos 80.
Cansado de tudo e de ser
uma celebridade, decidiu abandonar a banda por um tempo. Foi ser
guitarrista no Siouxsie and The Banshees. Seu dedilhado pode ser
conferido no disco Nocturne, álbum de
83, gravado no Royal Albert Hall.
Smith também mudou
a formação da banda várias vezes. Inicialmente
um trio, o Cure chegou a ter até seis integrantes. Todos
diziam ser muito complicado trabalhar com uma pessoa tão
centralizadora como Robert.
Editado
em 13 de agosto de 1985, The Head On The Door
chegou ao sétimo lugar na parada de discos, na Inglaterra
e, em 59º, nos Estados Unidos.
O álbum marca o início
da formação mais clássica do grupo. Além
de Robert Smith e o inseparável (na época) Lol Tolhurst
(que havia mudado da bateria para os teclados), havia a volta
do baixista Simon Gallup, além do guitarrista Porl Thompson
e do baterista Boris Williams, ex-Thompson Twins. A produção
ficou com Robert Smith e Dave Allen.
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado A
1. "In Between Days"
– 2:57
2. "Kyoto Song" – 4:16
3. "The Blood" – 3:43
4. "Six Different Ways" – 3:18
5. "Push" – 4:31
Lado B
1. "The Baby Screams"
– 3:44
2 . "Close to Me" – 3:23
3 . "A Night Like This" – 4:16
4 . "Screw" – 2:38
5. "Sinking" – 4:57
Em 2006, o disco foi remasterizado
trazendo um CD de bônus, com as seguintes faixas:
1. "Inbetween Days"
(Instrumental Demo) – 1:25
2. "Inwood" (Instrumental Demo) – 2:18
3. "Push" (Instrumental Demo) – 2:31
4. "Innsbruck" (Instrumental Demo) – 2:37
5. "Stop Dead" (Demo) – 3:21
6. "Mansolidgone" (Demo) – 4:06
7. "Screw" (Demo) – 3:09
8. "Lime Time" (Demo) – 2:56
9. "Kyoto Song" (Demo) – 4:28
10. "A Few Hours After This..." (Demo) – 4:36
11. "Six Different Ways" (Demo) – 3:00
12. "A Man Inside My Mouth" (Demo) – 3:00
13. "A Night Like This" (Demo) – 4:08
14. "The Exploding Boy" (Demo) – 3:06
15. "Close to Me" (Demo) - 4:03
16. "The Baby Screams" (Live) – 3:46
17. "The Blood" (Live) – 3:34
18. "Sinking" (Live) – 5:06
Para
promover The Head On The Door, a banda optou pelo single
mais pop que já haviam feito: "In Between Days",
que ficou em 39º lugar, nos EUA e que popularizou a banda
no mundo todo, inclusive no Brasil.
Com sua levada leve e uma
letra bem humorada, a canção disparou nas paradas.
A única que desagradou Robert foi o vídeo, produzido
por um velho conhecido do Cure: Tim Pope.
"É muito bom
trabalhar com o Tim porque ele conhece bem o nosso espírito
e sabe bem o que queremos. Mas francamente, aquelas meias voando
no meio do clip são terríveis, muito cafona. Mas
gosto da canção."
A canção a
seguir, "Kyoto Song", pode ser considerado uma espécie
de homenagem aos fãs japoneses, país onde a banda
é adorada.
Uma das mais belas letras
de Smith, "The Blood", possui um verso em que se diz
paralisado pelo sangue de Cristo. Tocada em um ritmo flamenco,
Robert admite que começou a ter visões após
beber uma garrafa de Lacrima Christi e achou uma bela metáfora
para a canção.
A banda invadiria a parada
com mais duas canções: "Close to Me" e
"A Night Like This".
"Acho
que muitos fãs gostam desse disco porque ele está
balanceado. Tem o nosso lado mais soturno como em 'The Blood',
mas há momentos muito relaxados como em 'In Between Days'
e 'Close to Me'. Nossa audiência estava ficando muito estranha,
com muita gente depressiva. Eu recebia cartas de pessoas falando
em se matar, coisas desse tipo. Eu me lembro de uma, dizendo o
quanto tinha se inspirado em 'The Hanging Garden'. Muitos não
entendiam minhas metáforas. Eu jamais preguei o suicídio
como finalidade. O Cure é apenas uma banda de rock e não
uma filosofia de vida. Por isso preferi tocar um tempo com os
Banshees. Lá eu não estava em destaque, era apenas
o guitarrista."
O Cure sofreu restrições
na América devido ao conteúdo da letra "Killing
An Arab", considerada racista por várias entidades.
Mesmo com algumas polêmicas e a busca de ser mais uma pessoa
na multidão, Smith soube fazer algum dos melhores momentos
da música nos anos 80. A banda escorregaria um pouco com
o disco Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me, apesar de ter alguns
ótimos momentos, mas voltaria em grande forma com Disintegration,
um dos álbuns mais vendidos do grupo e que sedimentou a
carreira da banda, na América.
Se
você conhece pouco a banda, vale correr atrás de
Staring at The Sea, coletânea lançada em 86
e que resume bem a carreira da banda.
O disco foi lançado
como Standing on a Beach no Brasil na mesma época,
em vinil. E se der, procure o cassete. O lado B contém
mais de doze músicas inéditas do grupo. O CD traz,
além do nome diferente, canções que não
estavam no disco original. Muitas dessas faixas foram editadas
depois na caixa Join The Dots: B-Sides & Rarities,
1978 - 2001, lançada em 2004.
Um abraço e até
o próximo texto!
Discografia e Videografia
Álbuns
Three Imaginary Boys (1979)
Boys Dont Cry (1980)
Seventeen Seconds (1980)
Faith (1981)
Pornography (1982)
Japanese Whispers (1983)
The Top (1984)
Concert The Cure Live (1984)
The Head On The Door (1985)
Staring At the Sea (1986)
Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me (1987)
Disintegration (1989)
Mixed Up (1990)
Entreat (1991)
Wish (1992)
Show (1993)
Paris (1993)
Wild Mood Swings (1996)
Galore (1997)
Bloodflowers (2000)
Greatest Hits (2001)
Join The Dots: B-Sides & Rarities, 1978 - 2001 (2004)
The Cure (2004)
4:13 Dream (2008)
Singles
Killing An Arab (1978)
Boys Don't Cry (1979)
Jumping Someone Else's Train (1979)
A Forest (1980)
Primary (1981)
Charlotte Sometimes (1981)
The Hanging Garden (1982)
Let's Go To Bed (1982)
The Walk (1983)
The Lovecats (1983)
The Caterpillar (1984)
In Between Days (1985)
Close To Me (1985)
Quadpus (1985)
Why Can't I Be You? (1987)
Catch (1987)
Hot Hot Hot!!! (1987)
Just Like Heaven (1988)
Fascination Street (1989)
Lovesong (1989)
Lullaby (1989)
Pictures of You (1990)
Never Enough (1990)
Close To Me (Closest Mix) (1990)
High (1992)
Friday I'm In Love (1992)
A Letter To Elise (1992)
Side Show (1994)
The 13th (1994)
Mint Car (1996)
Strange Attraction (1996)
Gone! (1996)
Wrong Number (1998)
Cut Here (2001)
The End of The World (2004)
Taking Off (2004)
The Only One (2008)
Freakshow (2008)
Sleep When I'm Dead (2008)
The Perfect Boy (2008)
Vídeos
Staring At The Sea: The Images (1986)
In Orange (1989)
Picture Show (1991)
Show (1993)
Galore: The Videos 1987-1997 (1997)
Greatest Hits (2001)
Trilogy (2003)
The Cure: Festival 2005 (2006)
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