138 - The Cure - 1980 a 1982

parceria com Beatrix Algrave

Após o primeiro disco, o Cure entra em sua fase mais pesada e que deu a eles o rótulo de góticos e “darks”, aqui no Brasil. Em três discos densos e recheados de problemas pessoais e com as drogas, a banda enfrentou um caminho tortuoso, em que chegaram quase a beber, literalmente, o orçamento para gravações de suas canções, época em que Robert Smith se descreveu como uma pessoa paranóica e com um visual lembrando um “skinhead maldoso”.


 

Simon Gallup, Robert Smith e Lol TolhurstO Robert Smith que gravou Seventeen Seconds era muito diferente do que gravou Three Imaginary Boys.

Se, recentemente, Smith confessou que o primeiro disco da banda é o disco que menos gosta de toda sua carreira, por ele não ter a menor idéia de como funcionava uma gravação e por não ter controle sobre nada – arte gráfica, ordem das canções, produção – Robert confessa que Chris Parry fez tudo, sem sua bênção, e que daquele dia em diante, tomaria às rédeas de sua carreira, com controle total de criação e lapidação.

Com isso, o grupo começou a pensar com mais calma e detalhes sua carreira. Robert possuía um controle muito maior dentro da banda, sendo, de fato, o “dono” do Cure. E a primeira providência que tomou foi expulsar Michael Dempsey e recrutar o baixista Simon Gallup.

Uma das primeiras providências seria escolher qual caminho tomar. Durante o início, Robert aceitou ser guitarrista do Siouxsie and The Banshees, entre 1979 e 1980. Entretanto, Robert não abandonou o Cure e passou a se dividir entre os dois grupos. Assim, ele participaria como guitarrista nos álbuns Nocturne (1983) e Hyaena (1984).

Muito se especulou que Dempsey deixou o grupo por causa da indecisão de Smith entre as duas bandas, mas na verdade ele deixou o Cure pelo fato de não concordar com os novos rumos musicais que a banda estava tomando.

Dessa maneira, logo após o lançamento de Boys Don’t Cry e a turnê com os Banshees, o The Cure inicia a gravação de Seventeen Seconds, que seria lançado em maio de 1980. Este disco é considerado o primeiro da chamada fase “dark” da banda, que se estenderia ainda pelos álbuns Faith e Pornography.

Se, por um lado é uma fase marcada pelo amadurecimento musical do grupo e uso de arranjos mais elaborados e experimentalismos musicais, reflete um período particularmente difícil na carreira da banda, um momento conturbado especialmente para Smith, devido aos problemas com drogas e o alcoolismo.

Robert confessa que as dúvidas, o medo do fracasso e sua falta de diálogo pioravam tudo para ele. “Quando começamos nós tínhamos horas e horas de conversas para vermos o que faríamos. Geralmente isso me frustrava porque não concordava com o que votávamos. Até que um dia eu disse que eu deveria assumir as decisões, porque afinal sou em que componho, quem canta e quem tem a obrigação de dialogar com a platéia. E já que faço tudo, teria que ser o líder. Eles não gostaram muito, mas concordaram. Só que eu não tinha idéia de como lidar com isso. Em alguns shows nossos com outras bandas, eu via os integrantes brigando e conversando ao mesmo tempo. Em uma de nossas apresentações com o Joy Divison, eu olhava o Ian Curtis. Ele era, sem dúvida, o foco no palco, mas antes de iniciar a apresentação, muitas vezes ele não tomava partido das decisões. Eu pensava como isso era possível, mas tudo depende do quanto você quer ter ou não o poder de decidir o que fazer. E, decididamente, eu quero ter controle de tudo que faço.”

Além do novo baixista, a banda passa a contar também com a presença do tecladista Matthieu Hartley.

Assim a formação do grupo passou a ser: Robert Smith (vocais e guitarras), Matthieu Hartley (teclados), Laurence Tolhurst (bateria) e Simon Gallup (baixo).

Logo após as gravações de Seventeen Seconds, Hartley deixaria a banda e Smith passaria a assumir também os teclados.

Com o dinheiro que conseguiram com o lançamento de Three Imaginary Boys, alugaram 10 dias, no Morgan Studio One, um lugar para a gravação do novo disco. Entretanto, gastaram apenas 8 dias para finalizarem o álbum. Smith declarou: “Foi uma sorte termos acabado tudo tão rápido. Assim, eu pude pegar de volta o dinheiro dos dias que sobraram, pois havíamos gasto mais do que devíamos em bebida.”

Apesar da rapidez com que foi gravado, este foi um disco de gestação conturbada, mas não tanto quanto os que se seguiriam. Sobre a fase de elaboração do álbum, Robert demonstrou em uma declaração à NME, o total estado de descontrole emocional em que vivia na época. “Em um dia eu acordava com vontade de matar alguém, já no outro, nem sequer conseguia me levantar. Era terrível, não conseguia me convencer a simplesmente começar a escrever as canções. Eu não lutava contra isso, visto que na vida diária você deve controlar certos sentimentos. Foi como se eu estivesse totalmente demente, por duas semanas”, disse Robert.

Seventeen Seconds contou com a produção de Robert Smith e Mike Hedges, e também com a participação de Chris Parry. O disco abre com uma faixa instrumental intitulada, “A Reflection”, de pouco mais de dois minutos, e com poucos e repetitivos acordes menores.
Neste álbum, o acompanhamento sutil dos teclados, em arranjos de estrutura minimalista, contribui na construção de uma atmosfera sombria e depressiva.

Sobre este disco Smith chegou, sem modéstia, a declarar: “Durante Seventeen Seconds, nós honestamente sentíamos que estávamos criando algo que ninguém mais tinha feito, Sobre esse ponto eu imaginava que todo álbum criado era como se fosse o último álbum do Cure. Dessa forma considero Seventeen Seconds único, realmente um genuína conquista do grupo”.

Apesar de seguir um rumo diferente do primeiro disco, Seventeen Seconds contou com uma boa recepção por parte da crítica e também dos fãs, alcançando a 20ª posição na parada britânica. A exceção a esta aceitação seriam os Estados Unidos, que torceram o nariz para a fase “dark” do Cure.

As canções do disco são: “A Reflection” (instrumental), “Play For today”, “Secrets”, “In Your House”, “Three”, “The Final Sound”, “A Forest”, “At Night” e “Seventeen Seconds” (faixa título).

capa do compacto A ForestEste álbum traz alguns clássicos da banda como a canção “A Forest”, sobre a qual Robert afirma: “Com ‘A Forest’ eu queria fazer algo realmente atmosférico, e com uma sonoridade fantástica. Chris Parry me disse: ‘você tem um grande hit para as rádios em suas mãos.’ E eu disse: ‘este é o som que tenho em minha cabeça, não me importa se é radiofônico ou não.’ Ele sempre me dizia que eu fazia as coisas com a intenção premeditada de fazer sucesso, e isso não é verdade. Uma das razões da banda ser como é, é que, nunca fizemos nada premeditadamente. Se assim fosse, não teríamos durado tanto.” Na verdade, Parry estava certo, pois “A Forest” foi de fato um hit.

Robert conta que a letra é inspirada em experiências que teve na infância, um pesadelo que teve quando criança e que virou realidade na adolescência, um fato real.

Durante a turnê de Seventeen Seconds, o tecladista Matthieu Hartley, não conseguiu se integrar à banda e acabou deixando o Cure em setembro. Assim, Robert passou a assumir mais este instrumento. Essa foi a primeira turnê por diversos países da Europa, como França, Escócia, País de Gales, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, Suécia e Alemanha. E o mais curioso é que “A Forest” tinha feito muito sucesso na Austrália e na Nova Zelândia e o grupo passou os meses de julho e agosto de 1980 fazendo shows na Oceania. Foram 9 na Nova Zelândia e 20 na Austrália.

Simon GallupQuando o grupo terminou sua série de shows do segundo LP, vários problemas começaram a ocorrer. Robert já não era mais o único a beber e tomar drogas e o relacionamento interno apresentava sérios problemas. Se com Laurence Tolhurst, Robert tinha uma amizade muito profunda, Simon era um autêntico mal humorado, e não raro, os dois saíam na porrada para resolver as diferenças.

“Quando eu brigava com alguém na banda, havia uma troca de ofensas e pronto. Com Simon, não. Ele partia para cima de mim, me socando, empurrando e me ameaçando. Como quase sempre brigávamos embriagados ou bêbados, nunca havia um rompimento entre nós, mas eu o odiava por isso. Mas também eu não queria perder um outro baixista e muito menos o Simon, que conseguia entender bem minhas idéias e é um excelente músico.”

O terceiro álbum do Cure (considerando que Boys Don’t Cry era uma coletânea), Faith foi um parto bem mais difícil do que o anterior. Levando em consideração os problemas que a banda enfrentou no período e o clima das músicas, poderíamos dizer que foi um parto a fórceps. Suas canções refletem um estado sombrio e mórbido, marcado pela morte, pelo isolamento, pelas drogas e pelo álcool. Foi gravado durante um mês em vários estúdios diferentes. Como o próprio Robert Smith admitiria este era “o problemático terceiro álbum do Cure.”

Uma mórbida coincidência que sem dúvida deu o tom ao disco é que, todos os membros da banda haviam perdido pelo menos um familiar recentemente.

capa do disco FaithSmith lembra como a proposta do disco era diferente, a princípio, e como esses acontecimentos marcaram a nova direção do álbum: “Quando ouvi a fita demo pela primeira vez na sala da casa de meus pais as canções soavam realmente felizes. Então, com menos de duas semanas, o clima da banda estava completamente mudado. Eu escrevi ‘The Funeral Party’ e ‘All Cats are Grey’ em uma noite, e isso realmente mudou o tom de todo o álbum.”

Smith conta que durante a turnê do disco o clima era particularmente pesado e difícil para a banda. “Quando nós fizemos a turnê de Faith, nosso humor estava tão sombrio. Isso não era nada saudável porque nos trazia a mente momentos realmente horríveis, noite após noite, e isso era terrivelmente depressivo. ”

capa do compacto PrimaryA música de trabalho do disco era Primary, uma canção pesada, em que, mais uma vez, Robert usava seus medos da infância. “Eu estava brincando com a idéia de que seria melhor morrer bem jovem, inocente e sonhador ou até ganhar como um prêmio, a morte.”

Durante os shows a entrada da banda era sempre precedida pelo curta-metragem, de animação, Carnage Visors de autoria de Richard Gallup, irmão de Simon. Robert Smith havia composto a trilha sonora para esse desenho animado. Segundo Smith esta trilha sonora ”é uma das melhores coisas que já fiz, é toda instrumental”. Quanto ao filme ele declarou “O filme era muito violento, ele (Richard) o fez na garagem de sua casa. Todo mundo odiou, de verdade. Hoje em dia as pessoas dizem, ‘Me lembro bem, um filme genial’. Mas na época ninguém gostou, as pessoas se sentiram ameaçadas.”

Outro sentimento que contribuiu para o tom soturno do disco foi o isolamento, que Smith atribuiu, de certa forma, ao sucesso alcançado. “Muitas pessoas reagiram de forma negativa ao fato de estarmos fazendo sucesso, ainda que em uma escala muito limitada. Na verdade, isso não passava de inveja. Muitos diziam que nós havíamos mudado, que não éramos mais os mesmos. Então nós perdemos muitos amigos e fomos nós tornando cada vez mais isolados. Então, passamos a beber sozinhos para esquecer disso, e tocar essas canções.”

A recepção nada calorosa por parte da crítica também contribuiria para que essa sensação de isolamento se tornasse ainda mais acentuada. A Record Mirror chegou a fazer a seguinte declaração sobre o álbum: “oco, raso, pretensioso, sem importância e despido de qualquer coração ou alma reais; um estilo que deveria ter morrido com o Joy Division”.

Entretanto, mesmo com as críticas negativas o disco atingiu a 14ª posição na parada britânica e é considerado por muitos fãs como um dos melhores do Cure.

O disco foi lançado em abril de 1981 e contou, mais uma vez, com a produção de Mike Hedges e Robert Smith, e trazia a seguinte formação Smith (teclados, voz, guitarras), Gallup (baixo) e Tolhurst (bateria).

As canções que compõem o disco são: “The Holy Hour”, “Primary”, “Other Voices”, “All Cats Are Grey”, “The Funeral Party”, “Doubt”, “The Drowning Man” e “Faith”.

Entre os destaques estão "The Holy Hour," "All Cats Are Grey," e a faixa título, "Faith", que traz o mesmo clima atmosférico do álbum anterior.

capa do compacto Charlotte SometimesEm outubro do mesmo ano, lançam um novo single, Charlotte Sometimes. Robert disse que escreveu a canção inspirado em um livro infantil, Penelope Farmer.

Foi nessa época que o grupo embarcou na primeira excursão pelos Estados Unidos, país que nunca entendeu muito a banda. Foram apenas seis shows e a certeza de que nunca mais seriam convidados para voltarem. “Eles nos odiaram: não entendiam nossas letras, nossa música, nossa maquiagem, nossa roupa, nossa atitude”, lembra Robert.

capa do disco Happily Ever AfterNa verdade, o grupo havia ido por causa do disco Happily Ever After, uma coletânea reunindo Seventeen Seconds e Faith, nos Estados Unidos e gravadora precisava que o grupo tocasse no país para divulgá-lo.

O quarto álbum do Cure, Pornography, foi lançado em 1982. Este disco pode ser considerado o mais soturno da trinca. A começar pelo lirismo da canção que abre o disco - “One Hundred Years” -, que começa com o verso: "It doesn't matter if we all die" (Não importa se nós todos morrermos). O que indica bem o clima que norteou esse trabalho. Nesse período a banda ameaçou seriamente se separar, tal era o grau de abuso de álcool e drogas. Um crítico a época chegou a declarar que perto de Pornography, Ian Curtis era “um saco de risadas”.

Nesse período Robert já havia desenvolvido o seu visual marcante, com batom bem vermelho nos lábios e muito spray nos cabelos desfiados e arrepiados. Muitos fãs passaram, na época, a copiar o estilo de se pintar e se vestir de Smith.

Smith conta que para compor as canções do disco ia para um banheiro, pois queria um lugar que evocasse a sordidez que queria para as letras do disco. “É verdade que nós compomos algumas das canções em banheiros, porque eles são sujos e repugnantes. Simon não lembra de nada, mas eu tenho uma foto minha sentado em um banheiro, tentando compor algumas canções. É, de fato, uma foto trágica. Nós estávamos imersos no lado mais sórdido da vida e isso evidentemente afetava todos no grupo.”

capa do disco PornographyPornagraphy traz as canções: “One Hundred Years”, “A Short Term Effect”, “The Hanging Garden”, “Siamese Twins”, “The Figurehead”, “A Strange Day”, “Cold” e “Pornography”.

A versão australiana trazia, ainda, “Charlotte Sometimes,” como faixa bônus.

E o grupo aprontava bizarrices: em junho, estavam tocando em Bruxelas, no Ancienne Belguique, no dia 11 de junho. Era a última data da turnê promocional do disco e todos estavam de péssimo humor e irritados com a viagem pela Europa, por causa do disco estar atraindo platéias cada vez mais raivosas e depressivas. Robert lembra que o visual da banda - usando batons de boca em volta dos olhos, todos de pretos e suando feito doentes embaixo das luzes – os deixava com um ar de quem tinha tomado um soco no meio da cara, quando o calor começava a derreter a maquiagem.

Nesse dia, Robert e Simon estavam quase se pegando no tapa, novamente. E nos camarins, resolveram que iriam radicalizar. Robert disse que não tocaria guitarra e seria baterista; Simon assumiu a guitarra e Lol, o baixo. Para aumentar a confusão convidaram uma figura estranha, chamado Gary Biddes, para assumir os vocais. Gary era amigo de Simon.

Assim, tocaram a última canção da noite “The Cure Are Dead”. Mas Gary não cantou. Ao invés disso, começou a berrar no microfone o quanto Robert era insuportável. Foi o estopim para os dois e Simon começassem uma briga em cima do palco, para espanto da platéia, que vaiava, assobiava, enquanto Lol tentava manter uma atitude profissional tocando o baixo.

Robert lembra que a vida entre os integrantes estava longe de ser um monte de risadas. Eles estavam começando a crescer como banda, a construir um culto de gente obsessiva, deprimida, neurótica e suicida desde Faith. Nessa época, Lydia Lunch abria os shows do grupo e tinha convidado Steve Severin, dos Banshees para ser seu músico. Laurence e Simon odiaram a presença de Severin, que tentava dinamitar o Cure e levar Robert para o seu grupo. Além disso, ele apresentou o LSD ao cantor, e roubava as bebidas de Lol, tudo na tentativa de encerrar o Cure, como o próprio Severin confessou, anos depois.

“Com tudo isso, nossas condições psicológicas ao final da turnê eram péssimas, sem falar que as canções nos deixavam ainda mais pesados. Entre 1982 e 1983 eu vivia extremamente deprimido e abusava das drogas. Não tinha nenhum problema sério, apenas o tédio que todo garoto experimenta, mas isso inevitavelmente influencia em seus atos. Eu acreditava que estávamos indo no caminho errado, que não faríamos sucesso e estava cheio do que o Cure representava. Enfim, uma típica crise de jovens com 20 anos.”

O grupo ainda tentou economizar algum dinheiro, gravando e tocando nos escritórios da Fiction Records. “Eu me sentia em um beco sem saída, sabia que estávamos guardando dinheiro para comprar mais drogas e isso virou uma rotina bizarra. Perdi todos meus amigos, sem exceção, o que era compreensível, pois meu comportamento era detestável e egoísta. Eu só pensava em fazer um grande disco, embora eu só caminhasse na direção errada.”


capa do compacto The Hanging GardenAs canções que saíram exalavam ódio, medo, paranóia, tudo derivado das drogas. É de admirar que a gravadora bancasse um single com a canção “The Hanging Garden”, afinal o Jardim de Enforcamento não possui nada de pop em seu título e a música, muito menos.

Quando Pornography se tornou o maior sucesso comercial da banda, chegando ao 9º posto dos mais vendidos em maio de 1982, Robert achou que sua vida daria uma guinada. Ele estava surpreso e extasiado porque tinha certeza que o disco seria um fracasso e que sepultaria a carreira do Cure.

“Foi um período estranho. Nós fizemos um Top of the Pops com ‘The Hanging Garden’ e chegamos a um beco sem saída. Ninguém do meio gostava da gente, nós não tínhamos dinheiro para fazer longas viagens, nossa carreira na América não existia, porque nossos discos não eram lançados lá, principalmente após nossos poucos e fracos shows por lá.”

Para piorar, sua relação com Simon Gallup ia se deteriorando. “Sempre houve uma certa tensão, porque eu costumo ter mais atenção do que ele e na turnê do disco, nós chegamos ao limite em um show na França, em Estrasburgo.

Lol Tolhurst lembra bem do dia: “eu estava no bar conversando com integrantes do grupo que fariam a apresentação de abertura, quando ouvimos um barulho escandaloso vindo do bar. De repente, estavam Robert e Simon atracados e brigando, até que desapareceram. Eu pensei que seria o fim do Cure.”

Ao final da turnê, Robert resolveu que era hora de por a vida em ordem. Foi para Lake District para se livrar das drogas, bebendo apenas cerveja e pensando em suas opções. “Naqueles dias eu tomei duas decisões: deixar um pouco o Cure de lado e embarcar no Siouxsie and The Banshees, que faziam mais sucesso do que nós e expulsar Simon da banda.”

Robert não sabia se queria ser um “músico sério” e tocar com os Banshees ou levar o Cure por um caminho mais pop. “Eu queria me livrar daquela audiência que nos perseguia.”

Dessa maneira, Gallup abandona o grupo e o Cure passa a ser formado apenas por Smith e Tolhurst.

capa do compacto Let’s Go To BedAinda em 1982, o grupo resolveu lançar um single bem leve: Let’s Go To Bed. O sucesso da canção foi um prêmio para Robert, que preservou o Cure, enquanto lutava com suas dúvidas. Robert a considera sua canção favorita do grupo, exatamente por não significar coisa alguma. “Eu queria que o grupo fosse o Cure e não a banda de Robert Smith e por isso escrevi a canção mais anti-Pornography possível, com os elementos mais banais.”

Mas ele ainda teria sérias dúvidas no ano de 1983 sobre sua vida dentro do grupo...





 

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