35 - The Dream Syndicate - Ghost Stories
O presente mais bacana que ganhei de aniversário veio de longe, de Nova York. Steve Wynn me enviou dois cds que eu tive, mas que por um infortúnio da vida, me desfiz. Dois da sua antiga e excepcional banda. Resenharei os dois não por jabá, mas porque estava com saudade desses discos e não consigo parar de ouvi-los a mais de uma semana.

Ghost Stories é o último trabalho em estúdio do Dream Syndicate e saiu em 1988. Essa edição especial traz não apenas as 10 faixas originais, mas também oito faixas gravado em dois programas de rádio, quando Steve montou um grupo paralelo chamado The Steve Wynn Quartet, além de faixas com o próprio Dream. Vamos ao disco então:

O Dream nessa época era formado por Steve Wynn (vocais e guitarra), Paul B. Cutler (guitarras e backing vocals), Mark Walton (baixo) e Dennis Duck (bateria). Quando entraram em estúdio, levaram Elliot Mazer como produtor, que havia feito fama com o disco Harvest de Neil Young.

É difícil falar que o disco seja melhor do que o primeiro e clássico do grupo The Days Of Wine And Roses, mas é justo considerá-los pau a pau. A diferença para o álbum de estréia, lançado em 1982, é a quilometragem e experiência.

Ghost Stories está recheado de canções antológicas, de arranjos bem construídos e Steve cantando melhor do que nunca. O disco abre com “The Side I’ll Never Show”, um pontente rock, bem construído e com uma letra bem sacada. “My Old Haunts” traz piano de Chris Cacavas e um clima de total descontração. A terceira faixa é, em minha opinião, a grande canção do disco, “Loving the Sinner, Hating the Sin”. Um rock emocionante, uma letra angustiada, um duelo de guitarras e um piano classudo. É mais do que simplesmente uma canção, é um daqueles momentos em que você suspira de alegria e de alívio ouvindo duas guitarras construindo e criando um clima mágico, e ao mesmo tempo, simples.

Igualmente sensacional é a quinta faixa “Weathered and Torn” e a belíssima versão de “See That My Grave Is Kept Clean”, escrita por Blind Lemon Jefferson e gravada por Bob Dylan em seu disco de estréia, em 1962.

O disco fecha com “When The Curtain Falls”, título que resume bem o que era o disco para o grupo: o epitáfio, o fim. Mas que fim!

As faixas 11 a 13 e 16 a 18 foram tocadas pelo próprio grupo, tendo Chris Cacavas como convidado. Ironicamente, a primeira música é justamente a que encerra o disco de estúdio. As faixas 14 a 15 eram com seu quarteto, que tinha, além de Steve, Chris Cacavas, Robert Lloyd e Mark Walton.

Ghost Stories captura uma banda que deixou um punhado de grandes canções e belos duelos de guitarras. Steve continua por aí e perigas até aportar no Brasil em 2005. Se vier, vamos rezar para que toque esses clássicos.

Obrigado pelo presente, caro amigo...