O
presente mais bacana que ganhei de aniversário veio de
longe, de Nova York. Steve Wynn me enviou dois cds que eu tive,
mas que por um infortúnio da vida, me desfiz. Dois da sua
antiga e excepcional banda. Resenharei os dois não por
jabá, mas porque estava com saudade desses discos e não
consigo parar de ouvi-los a mais de uma semana.
Ghost Stories
é o último trabalho em estúdio do Dream Syndicate
e saiu em 1988. Essa edição especial traz não
apenas as 10 faixas originais, mas também oito faixas gravado
em dois programas de rádio, quando Steve montou um grupo
paralelo chamado The Steve Wynn Quartet, além de faixas
com o próprio Dream. Vamos ao disco então:
O Dream nessa época
era formado por Steve Wynn (vocais e guitarra), Paul B. Cutler
(guitarras e backing vocals), Mark Walton (baixo) e Dennis Duck
(bateria). Quando entraram em estúdio, levaram Elliot Mazer
como produtor, que havia feito fama com o disco Harvest
de Neil Young.
É difícil
falar que o disco seja melhor do que o primeiro e clássico
do grupo The Days Of Wine And Roses, mas é
justo considerá-los pau a pau. A diferença para
o álbum de estréia, lançado em 1982, é
a quilometragem e experiência.
Ghost Stories
está recheado de canções antológicas,
de arranjos bem construídos e Steve cantando melhor do
que nunca. O disco abre com “The Side I’ll Never Show”,
um pontente rock, bem construído e com uma letra bem sacada.
“My Old Haunts” traz piano de Chris Cacavas e um clima
de total descontração. A terceira faixa é,
em minha opinião, a grande canção do disco,
“Loving the Sinner, Hating the Sin”. Um rock emocionante,
uma letra angustiada, um duelo de guitarras e um piano classudo.
É mais do que simplesmente uma canção, é
um daqueles momentos em que você suspira de alegria e de
alívio ouvindo duas guitarras construindo e criando um
clima mágico, e ao mesmo tempo, simples.
Igualmente sensacional
é a quinta faixa “Weathered and Torn” e a belíssima
versão de “See That My Grave Is Kept Clean”,
escrita por Blind Lemon Jefferson e gravada por Bob Dylan em seu
disco de estréia, em 1962.
O disco fecha com “When
The Curtain Falls”, título que resume bem o que era
o disco para o grupo: o epitáfio, o fim. Mas que fim!
As faixas 11 a 13 e 16
a 18 foram tocadas pelo próprio grupo, tendo Chris Cacavas
como convidado. Ironicamente, a primeira música é
justamente a que encerra o disco de estúdio. As faixas
14 a 15 eram com seu quarteto, que tinha, além de Steve,
Chris Cacavas, Robert Lloyd e Mark Walton.
Ghost Stories
captura uma banda que deixou um punhado de grandes canções
e belos duelos de guitarras. Steve continua por aí e perigas
até aportar no Brasil em 2005. Se vier, vamos rezar para
que toque esses clássicos.
Obrigado pelo presente,
caro amigo...
|