Se
você estiver procurando um disco ao vivo e recheadas de
guitarras ensandecidas, mas não quer apelar para a merda
de haevy metal, pode parar de caçar. Como diria seu Creysson,
seus pobremas se terminaram-se!
The Complete Live
at Raji’s nada mais é do que o excepcional
show Live at Raji’s lançado em 1989,
na íntegra. CD duplo com 15 músicas e mostrando
o grupo mais feroz do que nunca.
Uma edição
cuidadosa e com um texto introdutório de Pat Thomas, o
maior conhecedor e fã do Dream Syndicate e que ficou responsável
por essas edições. Pat conta, com uma dose de ironia,
a história da banda e desfaz alguns equívocos da
época, quando a Melody Maker perguntava o porquê
do show gravado em 31 de janeiro de 1989 não conter músicas
de Ghost Stories, de 1988. O semanário
inglês até levantou uma hipótese absurda de
que Steve Wynn e companhia nem estavam aí para o novo disco
de estúdio do grupo. Só que foi a revista quem cometeu
o engano, pois o show foi gravado em 31 de janeiro... de 1988.
E algumas músicas
de Ghost Stories se fazem presentes: logo na
abertura tocam a cover de “See That My Grave Is Kept Clean”,
de Blind Lemon Jefferson. Mas o disco traz maravilhas do antigo
repertório: “Still Holding On To You”, “When
You Smile” (faixa do primeiro EP do grupo, em 1982) e fecha
o disco 1 com duas faixas sublimes: o clássico de Dylan,
“All Along The Watchtower” e a grande canção
do próprio grupo, “Tell Me When It’s Over”.
O disco 2 é mais
pesado, improvisado, nervoso e até certo ponto, estranho.
São apenas 6 faixas, todas mais longas, mais esparsas e
drives maníacos de guitarras. Não há
como resistir a “The Days Of Wine And Roses”, “The
Medicine Show” e a suprema beleza das insanidades: “John
Coltrane Stereo Blues”. Mais de seis minutos de improviso,
velocidade e letra, ora declamada ora cantada.
O destaque fica para a
guitarra incendiária de Paul B. Cutler e o entrosamento
com Steve Wynn, na guitarra-rítmica. Eles conseguem lembrar
velhos duelos de Richard Lloyd e Tom Verlaine, no Television e
até o “caos organizado” de Lou Reed e Sterling
Morrison, no Velvet Underground. Às vezes é aconselhável
abaixar o som do aparelho ou você ficará com aquele
zunido no ouvido. Maravilhoso zunido de um som que te transporta
ao fechar os olhos. E quer saber que mais? Você pode ouvir
a voz e entender as letras, sem precisar apelar para qualquer
banda de metal chulé.
Um clássico para
quem gosta de discos gravados ao vivo, que na época foi
produzido por Elliot Mazer - o mesmo de Ghost Stories
e que havia gravado Harvest e Time Fades
Away, de Neil Young – e que manteve o som capturado,
originalmente, em dois canais.
Pat conta que o disco não tinha como ser remixado, e que
nem precisava. E ele está certo! E só podemos agradecer
a ele por seu trabalho, afinal essas gravações saíram
de uma fita que só uma pessoa possuía. Quem? Pat
Thomas, claro.
Então, obrigado
Pat pelo legado e Steve, pelo presente!
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