Quando uma banda
é boa, ela pode ser duas ao mesmo tempo e ainda assim não
perde a qualidade. Esse foi o caso do XTC, um dos mais interessantes
grupos ingleses. Na década de 80, não satisfeitos
em serem um dos mais sofisticados combos, decidiram montar um
grupo paralelo para dar vazão a uma ramificação
mais anos sessenta. Nascia o sensacional The Dukes of Stratosphear
que durou apenas um EP e um LP, reunidos depois em uma coletânea.
Uma trajetória curta, uma música eterna.
Conhecidos
por serem perfeccionistas e adorarem experimentações,
o XTC resolveu fazer uma brincadeira com fãs e crítica.
Apaixonados pelos sons
dos anos 60, a banda resolveu criar um combo paralelo e homenagear
aquela época.
Assim, nascia o The Dukes
of Stratosphear formado por The Red Curtain (Colin Moulding),
Lord Cornelius Plum (Dave Gregory), Sir John Johns (Andy Partridge)
e E.I.E.I. Owen (Ian Gregory).
A idéia do grupo
era homenagear seus grupos favoritos da época: The Beatles,
Byrds, Pretty Things, Pink Floyd, etc...
O XTC começava recuperar
o prestígio comercial dentro da gravadora, após
o bom LP Big Express, de 1984, e, dessa forma,
realizou o projeto paralelo.
Ainda assim, o grupo atravessava
graves problemas financeiros desde que pararam de excursionar
em 1982, devido aos problemas de Andy e que fez o grupo perder
muito dinheiro quando já tinham uma excursão européia
totalmente vendida.
Ainda
naquele ano, se trancaram com o produtor John Leckie, nos estúdios
Chapel Lane, em Hereford, para produzirem o primeiro produto do
Dukes, o EP 25 O'Clock, uma produção
cuidadosa em todos os detalhes.
Leckie foi chamado como
uma "compensação". Andy havia sido chamado
pela Virgin para produzir um LP da cantora canadense Mary Margaret
O'Hara e ele havia convidado Leckie para ser o co-produtor.
Antes mesmo do início,
porém, os dois foram dispensados depois que Mary - uma
católica fervorosa - soubera pelo próprio Andy que
ele era ateu e Leckie seguia uma seita oriental.
Irritados, Partridge acabou
dizendo que tinha um sonho de produzir um disco típico
dos anos 60. Leckie sonhava novamente em produzir o XTC e pulou
na barca, sem pensar.
Desde a capa, a referência
era a Swingin' London dos anos 60, efervescente e criativa. A
banda resolve estrear justamente no dia da mentira, 1º de
abril, gravando exatamente da mesma maneira de 20 anos, em gravadores
de quatro canais. A capa fazia uma referência explícita
ao clássico segundo álbum do Cream, Disraeli
Gears.
O EP trazia as seguintes
faixas, todas de Sir John Johns, exceto quando indicada:
Lado A
1. "25 O'Clock"
2. "Bike Ride to the Moon"
3. "My Love Explodes"
Lado B
1. "What in the World??..."
(The Red Curtain)
2. "Your Gold Dress"
3. "The Mole from the Ministry"
O
grupo acabou lançando um compacto e um vídeo promocional
da canção "The Mole from the Ministry",
inspirada em "I Am The Walrus", dos Beatles, que não
fez muito sucesso comercial.
Aliás, todos acharam
que a brincadeira acabaria por aí. Mas...
Pausa para dois anos. Nesse
período, o Dukes assume sua identidade Bruce Wayne e lançam
outro notável trabalho, Skylarking, que
chegou a vender mais de 250 mil cópias nos Estados Unidos,
graças ao sucesso de "Dear God", que originalmente
era um lado B no compacto Grass e que, depois,
foi colocada no álbum por pressão da Geffen, que
detinha dos direitos do disco nos EUA.
Como agradecimento pelo
sucesso, a banda coloca no encarte um obrigado ao Dukes of Stratosphear
por emprestarem as guitarras para as gravações.
Com
sucesso e respaldo, era a hora de voltarem à identidade
secreta. Assim, em 1987 é lançado o excelente LP
Psonic Psunspot.
Novamente produzidos por
Leckie, o álbum traz uma das mais belas e límpidas
melodias pop escrita por The Red Curtain ( ou Colin Moulding),
"Vanishing Girl, um dos grandes momentos da década.
Livres das pressões
da gravadora em cima do XTC, os membros sentiam-se livres para
escreverem o que entendiam. E "Vanishing Girl" foi um
dos compactos extraídos do álbum; a outra foi "You're
A Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)", que teve
até um vídeo.
O LP, trazia as seguintes
faixas, todas de Sir John Johns, exceto quando indicadas:
Lado A
1. "Vanishing Girl" (The Red
Curtain)
2. "Have You Seen Jackie?"
3. "Little Lighthouse"
4. "You're a Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)"
5. "Collideascope"
Lado B
1. "You're My Drug"
2. "Shiny Cage" (Curtain)
3. "Brainiac's Daughter"
4. "The Affiliated" (Curtain)
5. "Pale and Precious"
Os
dois lançamentos tiveram apenas edições em
vinis com essa capa e logo se tornaram objetos de colecionadores.
Assim, a gravadora resolveu
lançar, no mesmo ano, uma versão em CD dos trabalhos,
do Duke.
Batizado de Chips
from the Chocolate Fireball, o CD trazia as dezesseis
faixas, a saber:
1. "25 O'Clock"
– 5:03
2. "Bike Ride to the Moon" – 2:23
3. "My Love Explodes" – 3:49
4. "What in the World??..." – 5:01 (The Red Curtain)
5. "Your Gold Dress" – 4:42
6. "The Mole from the Ministry" – 5:58
7. "Vanishing Girl" – 2:59 (Curtain)
8. "Have You Seen Jackie?" – 3:21
9. "Little Lighthouse" – 4:31
10. "You're a Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)"
– 3:38
11. "Collideascope" – 3:22
12. "You're My Drug" – 3:19
13. "Shiny Cage" – 3:17 (Curtain)
14. "Brainiac's Daughter" – 3:59
15. "The Affiliated" – 2:31 (Curtain)
16. "Pale and Precious" – 4:58
Em 2009, foram relançados
os dois discos do Dukes, remasterizados e com a arte original.
Uma chance única de grudar um sorrisão nessa cara
tão aborrecida com os problemas do dia-a-dia. Aproveite!
Um abraço e até
a próxima coluna!
Discografia
25 O'Clock (EP, 1985)
Psonic Psunspot (LP, 1987)
Chips from the Chocolate Fireball (1987)
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