335 - The Dukes of Stratosphear

Quando uma banda é boa, ela pode ser duas ao mesmo tempo e ainda assim não perde a qualidade. Esse foi o caso do XTC, um dos mais interessantes grupos ingleses. Na década de 80, não satisfeitos em serem um dos mais sofisticados combos, decidiram montar um grupo paralelo para dar vazão a uma ramificação mais anos sessenta. Nascia o sensacional The Dukes of Stratosphear que durou apenas um EP e um LP, reunidos depois em uma coletânea. Uma trajetória curta, uma música eterna.


da esquerda para a direita: The Red Curtain, Lord Cornelius Plum, Sir John Johns e E.I.E.I. OwenConhecidos por serem perfeccionistas e adorarem experimentações, o XTC resolveu fazer uma brincadeira com fãs e crítica.

Apaixonados pelos sons dos anos 60, a banda resolveu criar um combo paralelo e homenagear aquela época.

Assim, nascia o The Dukes of Stratosphear formado por The Red Curtain (Colin Moulding), Lord Cornelius Plum (Dave Gregory), Sir John Johns (Andy Partridge) e E.I.E.I. Owen (Ian Gregory).

A idéia do grupo era homenagear seus grupos favoritos da época: The Beatles, Byrds, Pretty Things, Pink Floyd, etc...

O XTC começava recuperar o prestígio comercial dentro da gravadora, após o bom LP Big Express, de 1984, e, dessa forma, realizou o projeto paralelo.

Ainda assim, o grupo atravessava graves problemas financeiros desde que pararam de excursionar em 1982, devido aos problemas de Andy e que fez o grupo perder muito dinheiro quando já tinham uma excursão européia totalmente vendida.

Ainda naquele ano, se trancaram com o produtor John Leckie, nos estúdios Chapel Lane, em Hereford, para produzirem o primeiro produto do Dukes, o EP 25 O'Clock, uma produção cuidadosa em todos os detalhes.

Leckie foi chamado como uma "compensação". Andy havia sido chamado pela Virgin para produzir um LP da cantora canadense Mary Margaret O'Hara e ele havia convidado Leckie para ser o co-produtor.

Antes mesmo do início, porém, os dois foram dispensados depois que Mary - uma católica fervorosa - soubera pelo próprio Andy que ele era ateu e Leckie seguia uma seita oriental.

Irritados, Partridge acabou dizendo que tinha um sonho de produzir um disco típico dos anos 60. Leckie sonhava novamente em produzir o XTC e pulou na barca, sem pensar.

Desde a capa, a referência era a Swingin' London dos anos 60, efervescente e criativa. A banda resolve estrear justamente no dia da mentira, 1º de abril, gravando exatamente da mesma maneira de 20 anos, em gravadores de quatro canais. A capa fazia uma referência explícita ao clássico segundo álbum do Cream, Disraeli Gears.

O EP trazia as seguintes faixas, todas de Sir John Johns, exceto quando indicada:

Lado A

1. "25 O'Clock"
2. "Bike Ride to the Moon"
3. "My Love Explodes"

Lado B

1. "What in the World??..." (The Red Curtain)
2. "Your Gold Dress"
3. "The Mole from the Ministry"

O grupo acabou lançando um compacto e um vídeo promocional da canção "The Mole from the Ministry", inspirada em "I Am The Walrus", dos Beatles, que não fez muito sucesso comercial.

Aliás, todos acharam que a brincadeira acabaria por aí. Mas...

Pausa para dois anos. Nesse período, o Dukes assume sua identidade Bruce Wayne e lançam outro notável trabalho, Skylarking, que chegou a vender mais de 250 mil cópias nos Estados Unidos, graças ao sucesso de "Dear God", que originalmente era um lado B no compacto Grass e que, depois, foi colocada no álbum por pressão da Geffen, que detinha dos direitos do disco nos EUA.

Como agradecimento pelo sucesso, a banda coloca no encarte um obrigado ao Dukes of Stratosphear por emprestarem as guitarras para as gravações.

Com sucesso e respaldo, era a hora de voltarem à identidade secreta. Assim, em 1987 é lançado o excelente LP Psonic Psunspot.

Novamente produzidos por Leckie, o álbum traz uma das mais belas e límpidas melodias pop escrita por The Red Curtain ( ou Colin Moulding), "Vanishing Girl, um dos grandes momentos da década.

Livres das pressões da gravadora em cima do XTC, os membros sentiam-se livres para escreverem o que entendiam. E "Vanishing Girl" foi um dos compactos extraídos do álbum; a outra foi "You're A Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)", que teve até um vídeo.

O LP, trazia as seguintes faixas, todas de Sir John Johns, exceto quando indicadas:

Lado A

1. "Vanishing Girl" (The Red Curtain)
2. "Have You Seen Jackie?"
3. "Little Lighthouse"
4. "You're a Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)"
5. "Collideascope"

Lado B

1. "You're My Drug"
2. "Shiny Cage" (Curtain)
3. "Brainiac's Daughter"
4. "The Affiliated" (Curtain)
5. "Pale and Precious"

Os dois lançamentos tiveram apenas edições em vinis com essa capa e logo se tornaram objetos de colecionadores.

Assim, a gravadora resolveu lançar, no mesmo ano, uma versão em CD dos trabalhos, do Duke.

Batizado de Chips from the Chocolate Fireball, o CD trazia as dezesseis faixas, a saber:

1. "25 O'Clock" – 5:03
2. "Bike Ride to the Moon" – 2:23
3. "My Love Explodes" – 3:49
4. "What in the World??..." – 5:01 (The Red Curtain)
5. "Your Gold Dress" – 4:42
6. "The Mole from the Ministry" – 5:58
7. "Vanishing Girl" – 2:59 (Curtain)
8. "Have You Seen Jackie?" – 3:21
9. "Little Lighthouse" – 4:31
10. "You're a Good Man Albert Brown (Curse You Red Barrel)" – 3:38
11. "Collideascope" – 3:22
12. "You're My Drug" – 3:19
13. "Shiny Cage" – 3:17 (Curtain)
14. "Brainiac's Daughter" – 3:59
15. "The Affiliated" – 2:31 (Curtain)
16. "Pale and Precious" – 4:58

Em 2009, foram relançados os dois discos do Dukes, remasterizados e com a arte original. Uma chance única de grudar um sorrisão nessa cara tão aborrecida com os problemas do dia-a-dia. Aproveite!

Um abraço e até a próxima coluna!

Discografia

25 O'Clock (EP, 1985)
Psonic Psunspot (LP, 1987)
Chips from the Chocolate Fireball (1987)


 

Colunas