Bryan
Ferry não precisa provar mais nada. Infelizmente há
pessoas que o conhecem apenas pela canção “Slave
to Love” que virou música de motel. Para quem o considera
um dândi chato e piegas não sabe a importância
do homem no rock dos anos 70 e 80. Ferry era o líder do
Roxy Music, um dos mais importantes grupos ingleses e que serviu
de base para quase todas as bandas new wave, new romantic, pop
ou pelo nome que você preferir. Ao lado de Bowie, Ferry
é uma espécie de Deus para toda essa geração.
Infelizmente, não
curte muito lançar discos e o faz com extrema irregularidade.
Ele nunca negou sua paixão pela música negra norte-americana,
em especial Otis Redding, Aretha Franklin, Sam Cooke, etc...)
e pelos standards das décadas de 40 e 50 (Cole Porter,
Gershwin e por aí vai). Mas o que muita gente esquece de
mencionar é que o Roxy era uma tremenda banda de ROCK e
que o rock é sua praia, sua música. E seu novo lançamento,
Frantic, mostra isso.
Para o novo trabalho, chamou
alguns ex-companheiros do passado, entre eles Bryan Eno, com quem
vivia brigando nos tempos de Roxy Music até forçar
sua saída do grupo. Além de Eno, o baterista Paul
Thompson, ex-Roxy também foi chamado. E a lista de músicos
é impressionante, mostrando a moral de Ferry: nas guitarras,
por exemplo, figuram Mick Green, Dave Stewart (Eurythmics e co-autor
em várias faixas), Robin Trower, Chris Spedding, Jonny
Greenwood (do Radiohead e que Ferry chamou por achá-lo
o melhor da nova safra britânica), entre outros. Andy Newmark
tocou bateria, Eno, teclados e alguns vocais e o próprio
Ferry também tocou piano e até gaita.
O disco abre com uma clássico
de Bob Dylan ,“It’s All Over Now, Baby Blue”.
Dylan é um dos compositores favoritos do cantor, que já
havia gravado no passado uma excepcional versão de “A
Hard Rain’s A-Gonna Fall”. Ele divide cinco canções
em parceria com Dave Stewart, uma com Eno, grava outra de Dylan,
“Don’t Think Twice, It’s Alright”, tocando
gaita e acompanhado ao piano por Colin Good. Além disso,
há uma canção do lendário Leadbetter,
amigo de Woody Guthrie, chamada “Goodnight Irene”
e uma cover de “Ja Nun Hons Pris” de Richard Couer
de Lion e que produziu um lindo arranjo em parceria com Colin
Good.
Bryan é um perfeccionista.
Não importa em levar anos concebendo um trabalho. Seu maior
objetivo é produzir discos perfeitos, bem acabados, com
arranjos sofisticados, elegantes, classudos. Não é
de admirar que vários fãs confessos já fizeram
filas para trabalhar com ele. Ter seu nome creditado em um disco
dele é sinal de bom gosto e reconhecimento.
E ele pode gabar-se de
ser o ícone pop que melhor envelheceu, ao lado do amigo
David Bowie. Parece que o tempo não passa. O corte de cabelo,
a barba, o gestual, o visual, tudo parece tão “cool”
e natural. As músicas estão cheias de backing vocals
maravilhosos, sopros, fazendo que você ouça o disco
várias vezes seguidas sem cansar. No passado esses discos
eram chamados de clássicos. Esse é um deles.
Vários nomes assinam
a produção: o próprio Bryan, Robin Trower,
Dave Stewart, Rhett Davies e Colin Good. Curiosamente, Eno, um
dos melhores do mundo no assunto não foi convidado. Bob
Clearmountain ficou responsável pelas mixagens em quase
todas as faixas. Para ouvir já!
Faixas
It’s All Over Now,
Baby Blue
Cruel
Goin’ Down
Goddess Of Love
Don’t Think Twice, It’s Alright
Nodbody Loves Me
Ja Nun Hons Pris
A Fool for Love
Goodnight Irene
Hiroshima...
San Simeon
One Way Love
I Thought
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