07- Bryan Ferry - Frantic

Bryan Ferry não precisa provar mais nada. Infelizmente há pessoas que o conhecem apenas pela canção “Slave to Love” que virou música de motel. Para quem o considera um dândi chato e piegas não sabe a importância do homem no rock dos anos 70 e 80. Ferry era o líder do Roxy Music, um dos mais importantes grupos ingleses e que serviu de base para quase todas as bandas new wave, new romantic, pop ou pelo nome que você preferir. Ao lado de Bowie, Ferry é uma espécie de Deus para toda essa geração.

Infelizmente, não curte muito lançar discos e o faz com extrema irregularidade. Ele nunca negou sua paixão pela música negra norte-americana, em especial Otis Redding, Aretha Franklin, Sam Cooke, etc...) e pelos standards das décadas de 40 e 50 (Cole Porter, Gershwin e por aí vai). Mas o que muita gente esquece de mencionar é que o Roxy era uma tremenda banda de ROCK e que o rock é sua praia, sua música. E seu novo lançamento, Frantic, mostra isso.

Para o novo trabalho, chamou alguns ex-companheiros do passado, entre eles Bryan Eno, com quem vivia brigando nos tempos de Roxy Music até forçar sua saída do grupo. Além de Eno, o baterista Paul Thompson, ex-Roxy também foi chamado. E a lista de músicos é impressionante, mostrando a moral de Ferry: nas guitarras, por exemplo, figuram Mick Green, Dave Stewart (Eurythmics e co-autor em várias faixas), Robin Trower, Chris Spedding, Jonny Greenwood (do Radiohead e que Ferry chamou por achá-lo o melhor da nova safra britânica), entre outros. Andy Newmark tocou bateria, Eno, teclados e alguns vocais e o próprio Ferry também tocou piano e até gaita.

O disco abre com uma clássico de Bob Dylan ,“It’s All Over Now, Baby Blue”. Dylan é um dos compositores favoritos do cantor, que já havia gravado no passado uma excepcional versão de “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”. Ele divide cinco canções em parceria com Dave Stewart, uma com Eno, grava outra de Dylan, “Don’t Think Twice, It’s Alright”, tocando gaita e acompanhado ao piano por Colin Good. Além disso, há uma canção do lendário Leadbetter, amigo de Woody Guthrie, chamada “Goodnight Irene” e uma cover de “Ja Nun Hons Pris” de Richard Couer de Lion e que produziu um lindo arranjo em parceria com Colin Good.

Bryan é um perfeccionista. Não importa em levar anos concebendo um trabalho. Seu maior objetivo é produzir discos perfeitos, bem acabados, com arranjos sofisticados, elegantes, classudos. Não é de admirar que vários fãs confessos já fizeram filas para trabalhar com ele. Ter seu nome creditado em um disco dele é sinal de bom gosto e reconhecimento.

E ele pode gabar-se de ser o ícone pop que melhor envelheceu, ao lado do amigo David Bowie. Parece que o tempo não passa. O corte de cabelo, a barba, o gestual, o visual, tudo parece tão “cool” e natural. As músicas estão cheias de backing vocals maravilhosos, sopros, fazendo que você ouça o disco várias vezes seguidas sem cansar. No passado esses discos eram chamados de clássicos. Esse é um deles.

Vários nomes assinam a produção: o próprio Bryan, Robin Trower, Dave Stewart, Rhett Davies e Colin Good. Curiosamente, Eno, um dos melhores do mundo no assunto não foi convidado. Bob Clearmountain ficou responsável pelas mixagens em quase todas as faixas. Para ouvir já!

Faixas

It’s All Over Now, Baby Blue
Cruel
Goin’ Down
Goddess Of Love
Don’t Think Twice, It’s Alright
Nodbody Loves Me
Ja Nun Hons Pris
A Fool for Love
Goodnight Irene
Hiroshima...
San Simeon
One Way Love
I Thought