405 - Fleetwood Mac - Peter Green's Fleetwood Mac

Se nos anos 70, o Fleetwood Mac foi um dos mais populares grupos do planeta, graças ao LP Rumours, no final dos anos 60, a banda estava longe de ser um bando de músicos ricos e que viviam na ensolarada Califórnia, lotando estádios e frequentando o topo das paradas. Nos primeiros dias, o Mac era mais conhecido por ser uma banda apaixonada pelo blues de raiz. E, nessa fase, deixaram excelentes discos, onde se destacava o guitarrista Peter Green, um dos mais talentosos e problemáticos instrumentistas já surgidos. Antes de ter inúmeros problemas com drogas e de saúde que o fizeram ter uma carreira acidentada, Green era um renomados guitarrista, criativo e técnico. A maior prova é este primeiro LP, batizado de Peter Green's Fleetwood Mac e que na América foi lançado apenas como Fleetwood Mac, e que acabou sendo confudido com um outro disco lançado em 1975 e que também tinha apenas o nome da banda. Mas não mais Peter.


A história do grupo começou em 1967, quando três jovens - Peter Green (nascido em 29 de outubro de 1946), Mick Fleetwood (nasciddo em 24 de junho de 1947) e John McVie (nascido em 26 de novembro de 1945) se encontraram pela primeira vez.

Dos três, apenas o baterista Mick Fleetwood tinha mais experiência e lançado três compactos, com seu ex-grupo The Cheynes, entre 1963 e 1965. Ele havia sido recrutado pelo tecladista Peter Bardens. Mas Bardens logo se juntou ao Them de Van Morrison e Mick se mandou para o The Bo Street Runners, que ficou famoso ao vencer um concurso do programa de TV Ready Steady Go!

Gravaram apenas um compacto - Baby Never Say Goodbye - e Mick novamente trabalhou com Bardens, no Peter B's Looners, que só fazia música instrumental. Foi nesse grupo que ele conheceu um guitarrista de nome Peter Greenbaum, mais conhecido com Peter Green, um londrino meio calado.

O grupo resolveu ter alguns cantores e por lá passaram desconhecidos como Rod Stewart e a jovem Beryl Marsden, com quem Peter manteve um relacionamento. Já eram os tempos do Shotgun Express.

Mas tão logo o relacionamento murchou e Peter foi chamado para sua primeira grande prova de fogo, ao substituir ninguém menos que Deus - Eric Clapton - no grupo Bluesbreakers, de John Mayall. Mick Fleetwood acabaria seguindo os passos de Peter, em seguida.

Para quem não conhece John Mayall, saiba que é uma espécie de "pai do blues britânico" e que sua banda foi escola de muitos músicos que depois brilharam pelo mundo como Mick Taylor (Rolling Stones), o baterista Aynsley Dunbar (de extensa ficha corrida).

Nos Bluesbreakers, Mick e Peter conheceram um baixista que há mais de quatro anos era figura constante no grupo, John McVie.

Mas, antes de Mick Fleetwood, Mayall, Green, McVie e Aynsley Dunbar gravaram o estupendo Hard Road, um disco que foi um desafio para Peter, um completo desconhecido substituindo Clapton, que saíra para se juntar ao Cream. Green buscava encontrar uma identidade própria e saiu-se muito bem nesse excelente disco. O LP também saiu-se muito bem na parada inglesa, ficando em 10º lugar.

Mayall ficou tão impressionado com o rapaz que resolveu aproveitar duas composições do jovem guitarrista no disco, que trazia as seguintes faixas (as demais são de John Mayall, exceto as indicadas):

Lado A

1. "A Hard Road" – 3:12
2. "It's Over" – 2:51
3. "You Don't Love Me" (Willie Cobbs) – 2:50
4. "The Stumble" (Freddie King/Sonny Thompson) – 2:54
5. "Another Kinda Love" – 3:06
6. "Hit The Highway" – 2:17
7. "Leaping Christine" – 2:25

Lado B

1. "Dust My Blues" (Elmore James/Joe Josea) – 2:50
2. "There's Always Work" – 1:38
3. "The Same Way" (Peter Green) – 2:11
4. "The Supernatural" (Peter Green) – 2:57
5. "Top Of The Hill" – 2:40
6. "Someday After A While (You'll Be Sorry)" (King/Thompson) – 3:02
7. "Living Alone" – 2:23

Em abril de 1967, Mick Fleetwood é chamado para o lugar de Dunbar.

Mick, porém, já desenvolvera uma forte dependência do álcool e sua estada na banda foi turbulenta, sendo demitido um depois, ainda que tenha tido a chance de gravar o compacto Double Trouble.

E foi durante a gravação do compacto que o trio Green, McVie, and Fleetwood gravou alguma coisa sem a presença de Mayall; a participação vocal de Green em "First Train Home" e uma instrumental de nome "Fleetwood Mac".

McVie intercedou a favor do baterista e Mayall permitiu que ele ficasse mais um tempo, até que o baterista perdeu definitivamente o emprego no dia 15 de junho de 1967. Solidário, Peter se demitiu, deixando a bomba com McVie, que temia perder o seguro emprego que mantinha há quatro anos.

Enquanto John hesitava, Green convidou o baixista Bob Brunning e arranjou um contrato com a gravadora Blue Records, para o novo grupo que iriam formar.

O selo de Mike Vernon tinha um outro artista, chamado The Levi Set, onde se destacava um jovem guitarrista apaixonado pela obra de Elmore James: Jeremy Spencer.

Jeremy Spencer e Bob BrunningSpencer acabaria seduzido por Green para entrar no novo grupo e assim, os dois, mais Mick e Bob. Os quatro acabaram gravando três faixas - "I Believe My Time Ain't Long", "Rambling Pony" e , "Long Grey Mare".

Bob não era o baixista que eles realmente queriam e a vaga acabou sendo preenchida por John McVie, irritado com o rumo "free jazz" qur Mayall tinha tomado. Muito amigo de Peter, Bob Brunning deixou o grupo de maneira amigável entrando em outra grande banda inglesa de blues, o Savoy Brown.

Nessa altura, o Fleetwood Mac (junção do nome do baterista, Mick e o baixista, John) já era falado por toda Londres e fez sua estréia no 13 de agosto de 1967, no Windsor Jazz and Blues Festival.

A essa altura, Peter já era chamado de novo monstro do blues britânico e havia virado uma celebridade. Era hora então de entrar em estúdio, ao lado do produtor Mike Vernon para gravarem um LP.

O incrível é que, em um período de cinco meses, a banda teve apenas três dias de gravações, em dois estúdios diferentes, tamanha era a agenda de shows da banda. Segundo Mike Vernon, no encarte do disco, foi um milagre que o disco tenha saído e se tornado um sucesso, já que era simplesmente um disco cheio de blues de 12 compassos e com poucas composições próprias.

Outro fato curioso é a presença da faixa "Long Grey Mare", com Bob no baixo, já que a versão com McVie não ficou tão boa quanto a original.

Editado no dia 2 de março de 1968, Peter Green's Fleetwood Mac foi para o quarto posto na parada inglesa, embora tenha passado completamente esquecido na América, onde ficou apenas no Top 200.

Com dois guitarristas tão talentosos e personalistas, as turbulências com Vernon se tornaram inevitáveis no estúdio e várias discussões aconteceram, embora o clima fosse leve. O grupo não tinha muito tempo e dinheiro para ensaios, e era absolutamente necessário que gravassem o mais rápido possível.

O álbum entregava exatamente aquilo que os fãs queriam - blues em estado puro, com dois guitarristas apaixonados pelo estilo e completamente devotados à causa.

O LP trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. "My Heart Beat Like a Hammer" (Jeremy Spencer) – 3:31
2. "Merry-Go-Round" (Peter Green) – 4:19
3. "Long Grey Mare" (Green) – 2:12
4. "Hellhound on My Trail" (Robert Johnson) – 2:04
5. "Shake Your Moneymaker" (Elmore James) – 3:11
6. "Looking for Somebody" (Green) - 2:49

Lado B

1. "No Place to Go" (Howlin' Wolf) - 3:20
2 . "My Baby's Good to Me" (Spencer) – 2:49
3 . "I Loved Another Woman" (Green) – 2:54
4 . "Cold Black Night" (Spencer) – 3:15
5 . "The World Keep On Turning" (Green) – 2:27
6 . "Got to Move" (E. James, Sehorn) – 3:18

O sucesso do álbum permitiu mais liberdade aos músicos que começaram a ampliar alguns rumos.

Ao ser editado em CD, o disco ganhou mais 7 faixas extras.

Essas faixas foram incluídas não apenas na versão "solo" do CD, mas também aparece na espetacular (infelizmente fora de catálogo) caixa The Complete Blue Horizon Sessions 1967–1969, que reúne os discos Peter Green's Fleetwood Mac, Mr. Wonderful, The Pious Bird Of Good Omen, Blues Jam In Chicago, Volume One e Blues Jam In Chicago, Volume Two e The Original Fleetwood Mac.

Os cds, no entanto, são achados individualmente.

Assim, na edição em CD, o disco tinha as seguintes faixas:

1. "My Heart Beat Like A Hammer" [Take 2 master with studio talk] – 3:31
2. "Merry Go Round" [Take 2 master with studio talk] – 4:19
3. "Long Grey Mare" – 2:15
4. "Hellhound on My Trail" [Take 1 complete master] – 2:04
5. "Shake Your Moneymaker" [Master with studio talk] – 3:11
6. "Looking For Somebody" – 2:50
7. "No Place To Go" – 3:20
8. "My Baby's Good To Me" – 2:50
9. "I Loved Another Woman" – 2:55
10. "Cold Black Night" – 3:15
11. "The World Keep On Turning" – 2:27
12. "Got To Move" – 3:19
13. "My Heart Beat Like A Hammer" [Take 1] – 3:42
14. "Merry Go Round" [Take 1] – 0:54
15. "I Loved Another Woman" [Takes 1-4] – 6:08
16. "I Loved Another Woman" [Take 5 (Master Remix) and 6] – 5:08
17. "Cold Black Night" [Takes 1-5, and 6 (Master Remix)] – 5:28
18. "You're So Evil" – 3:05
19. "I'm Coming Home To Stay" – 2:27

A continuação dessa história fica para um outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Estúdio

Peter Green's Fleetwood Mac (na América foi editado como Fleetwood Mac, 1968)
Mr. Wonderful (1969)
Then Play On(1969)
Kiln House (1970)
Future Games (1971)
Bare Trees (1972)
Penguin (1973)
Mystery to Me (1973)
Heroes Are Hard to Find (1974)
Fletwood Mac (1975)
Rumours (1977)
Tusk (1979)
Mirage (1982)
Tango in the Night (1987)
Behind the Mask (1990)
Time (1995)
Say You Will (2003)

Ao Vivo

Shrine '69 (1969)
Live in Boston (1970)
Live (1980)
Live at the BBC (1995)
The Dance (1997)
Live in Boston (2004)

Coletâneas

English Rose (1969)
The Pious Bird of Good Omen (1969)
Fleetwood Mac in Chicago / Blues Jam in Chicago, Vols. 1-2 (1969)
Greatest Hits (1971)
Vintage Years (1975)
Greatest Hits (1988)
25 Years The Chain (1992)
The Complete Blue Horizon Sessions 1967-1969 (1999)
The Best of Peter Green's Fleetwood Mac (2002)
The Very Bestof Fleetwood Mac (2002)
The Essential Fleetwood Mac (2007)
Perfect Days (2008)
Unleashed (2009)

Diversos

The Original Fleetwood Mac (1971)
Live at the Marquee, 1967 (1992)
Masters: London Live '68 (1998)
Live at the Boston Tea Party,Vols.1-3 recorded Feb5-7, 1970 (1998-2000)
The Vaudeville Years of Fleetwood Mac: 1968 to 1970 (1998)
Original Fleetwood Mac: The Blues Years (2000)
Show-Biz Blues: 1968 to 1970 Volume2 (2001)
Jumping at Shadows: The Blues Years (2002)
Men of the World: The Early Years (2005)

 

 

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