262 - The Mothers of Invention - Freak Out!

Você saberia dizer em que categoria deve-se encaixar Frank Zappa? Rock? Jazz? Doo-wop? Progressivo? Jazz-rock? Hard? Não? Pois Zappa atacou todos esses estilos e muito mais sempre com seu humor corrosivo, letras ácidas e uma técnica instrumental acima de qualquer suspeita. E Zappa surpreendeu o mundo ao apresentar, Freak Out!, disco de estréia de seu grupo, o Mothers of Invention, que chocou ao misturar música concreta com rock e por ser um dos primeiros discos duplo do rock, além de ser um dos primeiros também a trabalhar em cima de um conceito, uma das marcas do rock progressivo. E se você acha que Zappa era apenas um cara cheio de idéias e malucão, saiba que era ainda um guitarrista de mão cheia e com um apetite para trabalho impressionante. Freak Out! foi a porta de entrada para o mundo zappeano, mundo esse que continua a impressionar quase 15 anos após sua morte.


Poucos músicos produziram tanto na vida e de maneira tão séria. Ao morrer de câncer na próstata, no dia 4 de dezembro 1993, 17 dias antes de completar 53 anos, Zappa já tinha deixado uma discografia descomunal e impressionante, tanto em quantidade quanto em qualidade.

Um dos mais ferrenhos críticos da sociedade contemporânea, Zappa deixou frases eternas como "algumas pessoas não reconheceriam uma boa música nem que ela os mordesse" ou "o governo não consegue controlar seu déficit, como quer controlar o que nossas crianças ouvem?", quando foi ao Congresso dos EUA debater a questão da censura nos discos.

Mas se engana quem pensa que Frank Zappa foi um autêntico bicho grilo amante de paz e amor e usuário contumaz de drogas. Nesse ponto era absolutamente careta e radical: "carrego comigo apenas dois vícios: café e cigarro. Sei que me matarão". Proféticas e tristes palavras. Zappa não permitia, em hipótese alguma, que os músicos chegassem bêbados ou drogados para apresentações ou mesmo ensaios. E quem chegasse corria o seríssimo risco de perder o emprego. Isso se suportasse a carga diária de trabalho quase desumana, já que obrigava seus músicos a ensaiarem de 6 a 10 horas diárias, seis dias por semana e os obrigava ainda a estudar música para conseguirem tocar suas intricadas composições.

Nascido em 21 de dezembro de 1940 em Baltimore, Frank Vicent Zappa foi sempre um garoto diferente, tão diferente que só foi descobrir que seu nome real era Frank Vicent Zappa e não Francis Vicent Zappa (como ele próprio acreditava) já adulto, após achar sua certidão de nascimento original, segundo relata o próprio no livro The Real Frank Zappa Book, escrito por ele e Peter Occhiogrosso. Imagine o choque ao descobrir isso.

Filho de um químico e matemático de nome Francis Zappa e Rose Marie Colimore, Frank absorveu vários aspectos do seu progrenitores. Um deles foram os traços fortes já que seu pai era descendentes de gregos e árabes enquanto sua mãe era de italianos e franceses. A família Zappa vivia se mudando de cidade já que Francis trabalhou em várias indústrias químicas. O fato de ver seu pai sempre usando máscaras contra gases iria deixar profundas marcas no menino, que usaria referências aos germes e outros aspectos da indústria de defensivos agrícolas em sua obra.

Frank acabou se tornando uma criança tímida e fechada e que se tornou ainda mais quieto graças à asma, dores de ouvido que o deixaria seriamente doente na sua infância.

Em 1952, preocupados com a saúde do menino, os pais começaram a peregrinar pela América, morando em Monterey, Claremont, El Cajon e San Diego. Foi quando Frank começou a desenvolver uma grande paixão pela música para cobrir seus longos períodos de solidão. Sua paixão inicial era o R&B, mas logo começaria a mostrar interesse pela música clássica, instrumental e por compositores modernos. Uma de suas paixões era o Edgar Varèse. Zappa gostava tanto do disco The Complete Works of Edgard Varèse, Volume One, que chegou pedir aos pais, de aniversário, uma ligação interurbana para a casa do mestre, em Nova York. Infelizmente só conseguiu falar com sua esposa, mas em todos os discos fez referência a ele cunhando no encarte de cada álbum a frase "o compositor moderno se recusa a morrer", dita por ele, em 1921.

Aluno relapso e pouco interessado na vida acadêmica, Zappa teve sua primeira incursão musical como percussionista na Mission Bay High School, onde estudava. Em 1956, conhece Don Van Vliet, de quem fica amigo. Mais tarde Zappa o rebatizaria como Captain Beefheart, e juntos tocariam em grupos como Blackouts, juntos com músicos negros, escandalizando a conservadora sociedade local.

Perto de completar 17 anos, ganha sua primeira guitarra e começa a mostrar um talento incomum com o instrumento e no ano seguinte começa a trabalhar no mundo publicitário, que se tornaria uma importante ferramenta em seus trabalhos futuros, tanto na parte visual e por aprender noções de surrealismo, do dadaísmo, entre outras coisas.

Aos 20 anos, decide-se casar com Kathryn "Kay" Sherman, experiência que não lhe traz boas recordações. Vivem juntos por quatro anos entre 1960 e 1964, já em Los Angeles. Participa de duas trilhas-sonoras, The World's Greatest Sinner (1962) e Run Home Slow (1965), onde começa a trabalhar incasavelmente na edição das músicas.

Em 1963 acha um pequeno estúdio quase falido, o Pal Recording Studio e o rebatiza para Cucamonga onde passa a trabalhar e morar e lhe dá o nome de Studio Z.

Certo dia recebe uma encomenda para fazer uma fita com insinuações eróticas. Chama uma amiga para a empreitada, mas acaba preso pelo cliente, um policial disfarçado. É preso e solto pelo seu pai mediante fiança e acaba pegando raiva das "autoridades constituídas". A garota, em questão, ficaria conhecida como Suzy Creamcheese, famosa personagem em seus discos.

Em 1964, resolve entrar no grupo The Soul Giants, como guitarrista. Acabou virando líder do grupo, agora chamado de The Mothers. Após conseguirem um empresário, Herb Cohen, começam a ganhar destaque na cena underground de Los Angeles até serem descobertos pelo produtor Tony Wilson, que havia trabalhado com Bob Dylan, Simon & Garfunkel, entre outros. Acabam assinando com a Verve, selo especializado em jazz nas décadas de 40 e 50, mas são obrigados a mudar o nome para The Mothers of Invention, já que "mothers" é abreviação para "motherfucker", algo como "filho da puta".

É nessa época que surge uma história, parte real, parte lenda, na qual Tony Wilson havia assinado com o Velvet Underground, também para a Verve, e os dois grupos já tinham material pronto para lançarem seus discos de estréia, em 1966.

Porém, como o Velvet era apadrinhado por Andy Warhol, Wilson acreditou que eles poderiam esperar um pouco mais na fila e resolveu lançar o Mothers inicialmente. Isso acabou gerando uma crise enorme, já que, curiosamente as duas bandas excursionaram juntas e Lou Reed e Frank Zappa acabaram se odiando. Sobre Frank, Lou disse: "Ele é provavelmente a pessoa mais sem talento que eu já ouvi em minha vida. Ele é pretensioso, acadêmico e não sabe tocar rock'n'roll, porque ele é um derrotado. E também se veste esquisito. Ele não é feliz consigo mesmo e eu acho que está certo".

capa do disco Freak Out!contra-capa do disco Freak Out!

Certo ou errado, o grupo lança em 27 de junho de 1966 um dos discos mais desconcertantes da história: Freak Out!, um álbum, no mínimo, desconcertante. Durante muitos anos foi considerado o primeiro álbum duplo da história do rock, o que não é verdade, já que Bob Dylan lançou Blonde on Blonde em 16 de maio.

O próprio Zappa admitiu, anos depois, que o público médio não estava preparado para os discos que gravou nos anos 60.

Já no primeiro disco, o ouvinte é jogado no particularíssimo mundo zappeano, com seus personagens enigmáticos e bizarros, sua visão ácida e cruel do mundo pop e da sociedade contemporânea e de uma trilha-sonora absolutamente única e devastadora.

É um dos primeiros discos a trabalhar com a idéia de um conceito único, muito antes dos grupos de rock progressivo. Além disso, o Mothers ataca o doo-wop, o rock and roll, o r&b, o blues, além de música concreta.

O grupo consistia no vocalista Ray Collins, no baixista Roy Estrada, no baterista Jimmy Carl Black (que ficaria famoso com a frase "hi boys and girls, I'm Jimmy Carl Black, the indian of the group" - no disco We're Only in It for the Money) e com o guitarrista Elliot Ingber. A Zappa caberia tocar também guitarras, além de cantar algumas partes, escrever todas as letras, conduzir a orquestra.

No encarte do disco, ele se apresenta da seguinte forma, no primeiro parágrafo: "Nasci em Baltimore, Maryland, em 21 de dezembro de 1940 e cresci na Califórnia.. Sou um músico autodidata, compositor, blá blá blá... Quando tinha 11 anos, já media 1,70 m, tinha cabelos compridos, espinhas e bigode e por alguma estranha razão jamais me deixaram participar do time de softbol. Casei aos 20 anos... uma garota adorável: quase arruinei a vida dela, divorciamos, mudei para meu estúdio e juntei forças com Ray, Jim e Roy, trabalhamos e produzimos por um ano, trabalhando em botecos, passamos fome, blá blá blá... tocamos muita música maluca e permanecemos tremendamente impopulares (embora famosos). DEVEMOS NOSSA EXISTÊNCIA a Mark Cheka pelo seu apoio inicial e por seu dinheiro (e também há um monte de gente que irão nos encher porque seus nomes não estão sendo citados, com endereços e pertinentes fatos sobre o que gostam do governo e de outros fetiches...)

A produção não foi fácil para Tom Wilson, pois quando contratou a band havia ouvido uma pequena parte de um show deles tocando um blues e acreditou que era mais um grupo com influências negras.

Já nas primeiras gravações, Tom percebeu que estava frente a algo totalmente diferente.

"Me lembro de um telefonema que ele deu dentro estúdio desesperado. Provavelmente estava dizendo ao seu patrão que não éramos bem um grupo de blues", lembra-se Zappa.

O disco foi gravado entre 9 e 12 de março no TTG Studios, em Hollywood e Wilson foi se entusiasmando com as idéias de Zappa e aceitou até algumas idéias bizarras de Frank, como alugar por US$ 500 alguns instrumentos de percussão para uma sessão à meia-noite e trazer alguns malucos de Sunset Boulevard para o estúdio.

Essa idéia está bem documentada no encarte na frase "What the h_ _ _ you gonna do with all those drums at 1:00 in the morning?", dito pelo empresário do grupos, Herbie Cohen.

Zappa fez Wilson gastar cerca de US$ 35 mil para a produção, quantia considerável para a época.

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado 1

1. "Hungry Freaks, Daddy" – 3:32
2. "I Ain't Got No Heart" – 2:34
3. "Who Are the Brain Police?" – 3:25
4. "Go Cry on Somebody Else's Shoulder" – 3:43
5. "Motherly Love" – 2:50
6. "How Could I Be Such a Fool?" – 2:16

Lado 2

1. "Wowie Zowie" – 2:55
2. "You Didn't Try to Call Me" – 3:21
3. "Any Way the Wind Blows" – 2:55
4. "I'm Not Satisfied" – 2:41
5. "You're Probably Wondering Why I'm Here" – 3:41

Lado 3

1. "Trouble Every Day" – 5:53
2. "Help, I'm a Rock" – 8:37
1. Okay To Tap Dance
2. In Memoriam, Edgar Varèse
3. It Can't Happen Here

Lado 4

1. "The Return of the Son of Monster Magnet" (Unfinished Ballet in Two Tableaux) – 12:22
1. Ritual Dance of the Child-Killer
2. Nullis Pretii (No commercial potential)

O selo ainda tentou emplacar um compacto com as canções "Help I'm A Rock" e "I Ain't Got No Heart", sem o menor sucesso.

O disco abre com "Hungry Freaks, Daddy?" e a segunda faixa é exatamente "I Ain't Got No Heart" quando Ray imita à perfeição os estilo vocal de Jack Bruce, do Cream. Em "Go Cry on Somebody Else's Shoulder", o grupo começa no melhor estilo Them até cair no mais puro doo-wop debochado.

Mas as pérolas estão em composições do tipo "Who Are the Brain Police?", "Motherly Love", fechando com a longa e editada "The Return of the Son of Monster Magnet" e "It Can't Happen Here", ambas com participação de Suzy Creamcheese.

Um disco evidentemente avançado para a época e que alcançou apenas a 130ª posição nas paradas.

Freak Out!, porém, foi muitíssimo bem recebido na Europa, especialmente na Inglaterra, e após alguns shows tendo o Jefferson Airplane abrindo suas apresentações em San Francisco, o grupo saiu tocando pelo mundo.

Seria o começo de infinitas e infindáveis confusões e momentos brilhantes nos palcos do mundo.

Deixo vocês com a discografia gigante de Zappa. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Freak Out!* (June 27, 1966), US #130
Absolutely Free* (May 26, 1967), US #41
We're Only in It for the Money* (January 1968), US #30
Lumpy Gravy (May 1968)*, US #159
Cruising with Ruben & the Jets* (December 2, 1968), US #110
Uncle Meat (April 1969)*, US #43
Hot Rats (October 1969), US #173
Burnt Weeny Sandwich* (February 1970), US #94
Weasels Ripped My Flesh* (August 10, 1970), US #189
Chunga's Revenge (October 1970), US #119
Fillmore East - June 1971 (August 1971), US #38
200 Motels (October 1971), US #59
Just Another Band from L.A. (March 1972), US #85
Waka/Jawaka (July 1972), US #152
The Grand Wazoo (November 1972)
Over-Nite Sensation (September 1973), US #32
Apostrophe (') (March 1974), US #10
Roxy & Elsewhere (September 1974), US #27
One Size Fits All (June 1975), US #26
Bongo Fury (October 1975), US #66
Zoot Allures (October 1976), US #71
Zappa in New York (March 1978), US #57
Studio Tan (September 1978), US #147
Sleep Dirt (January 1979), US #175
Sheik Yerbouti (March 1979), US #21
Orchestral Favorites (May 1979), US #168
Joe's Garage (September 1979), US #27
Tinsel Town Rebellion (May 11, 1981), US #66
Shut Up 'n Play Yer Guitar (May 1981)
You Are What You Is (September 1981), US #93
Ship Arriving Too Late to Save a Drowning Witch (May 1982), US #23
The Man from Utopia (March 1983), US #153
Baby Snakes (March 1983)
London Symphony Orchestra, Vol. 1 (June 1983)
Boulez Conducts Zappa: The Perfect Stranger (August 1984)
Them or Us (October 18, 1984)
Thing-Fish (November 1984)
Francesco Zappa (November 1984)
The Old Masters Box One (April 1985)
Frank Zappa Meets the Mothers of Prevention (November 21, 1985), US #153
Does Humor Belong in Music? (January 1986)
The Old Masters Box Two (November 1986)
Jazz from Hell (November 1986)
London Symphony Orchestra, Vol. 2 (September 17, 1987)
The Old Masters Box Three (December 1987)
Guitar (April 1988)
You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 1 (May 1988)
You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 2 (October 1988)
Broadway the Hard Way (October 14, 1988)
You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 3 (November 1989)
The Best Band You Never Heard in Your Life (April 1991)
You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 4 (June 14, 1991)
Make a Jazz Noise Here (June 1991)

Beat the Boots (July 1991), 8 discs (boxed or separate):
As an Am (recorded 1981 – 1982)
The Ark (recorded 1969)
Freaks & Motherfu*#@%! (recorded 1970)
Unmitigated Audacity (recorded 1974)
Anyway the Wind Blows (2 discs) (recorded 1979)
Tis the Season to Be Jelly (recorded 1967)
Saarbrucken 1978 (recorded 1978)
Piquantique (recorded 1973)

Beat the Boots II (June 1992), 8 discs (boxed only):
Disconnected Synapses (recorded 1970)
Tengo Na Minchia Tanta (recorded 1970)
Electric Aunt Jemima (recorded 1968)
At the Circus (recorded 1978)
Swiss Cheese/Fire! (2 discs) (recorded 1971)
Our Man in Nirvana (recorded 1968)
Conceptual Continuity (recorded 1976)

You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 5 (July 1992)
You Can't Do That on Stage Anymore, Vol. 6 (July 1992)
Playground Psychotics (October 1992)
Ahead of Their Time (March 1993)
The Yellow Shark (with Ensemble Modern) (November 1993), US #2

* como Mothers of Invention

Coletâneas Póstumas

Civilization, Phaze III (December 1994)
The Lost Episodes (February 1996)
Läther (September 1996)
Frank Zappa Plays the Music of Frank Zappa: A Memorial Tribute (October 1996)
Have I Offended Someone? (April 1997)
Mystery Disc (September 1998)
Everything Is Healing Nicely (December 1999)
FZ:OZ (August 16, 2002)
Halloween (February 4, 2003)
Joe's Corsage (May 30, 2004)
QuAUDIOPHILIAc (September 14, 2004)
Joe's Domage (October 1, 2004)
Joe's XMASage (December 21, 2005)
Imaginary Diseases (January 13, 2006)
Trance-Fusion (October 24, 2006)
The Making Of Freak Out! Project/Object (December 5, 2006)
The Making Of Freak Out! Project/Object (deluxe) (December 12, 2006)
The Frank Zappa AAAFNRAA Birthday Bundle (December 15, 2006 (iTunes exclusive)
Buffalo (April 1, 2007)
The Dub Room Special (August 24, 2007)
Wazoo (October 30, 2007)

Compilações

Mothermania: The Best of the Mothers (March 1969)
The **** of the Mothers (October 13, 1969)
The Mothers of Invention (July 20, 1970)
Worst of the Mothers (March 15, 1969)
The Guitar World According to Frank Zappa (June 1987)
Cucamonga Years (December 10, 1991)
Strictly Commercial, the best of Frank Zappa (August 1995)
Strictly Genteel, a "classical" introduction to Frank Zappa (May 1997)
Cucamonga (February 24, 1998)
Cheap Thrills (April 1998)
Son of Cheep Thrills (April 1999)
The Secret Jewel Box: Archives Vol. 2. FZ Original Recordings (December 2001)
Zappa Picks by Jon Fishman of Phish (October 2002)
Zappa Picks by Larry LaLonde of Primus (October 2002)

 


 

 

Colunas