74 - Garfields Birthday - Famous When Dead

por Pedro Damian

O grupo britânico Garfields Birthday é daqueles que, como os escoceses do Teenage Fanclub e do Cosmic Rough Riders, faz um power/indiepop cristalino, recheado de belas melodias e vocais harmonicamente arranjados. No estilo Beach Boys/Byrds, para ser mais exato.

Sem se apegar às fórmulas do britpop, certamente mais rentáveis, o Garfields segue sua dura vida na independência, onde começou em 1995 e permanece até agora. Se o quesito para o sucesso no mundo musical atual fosse qualidade, com certeza, o GB já teria estourado há muito tempo. Talvez a melhor definição de sua ideologia esteja na frase que colocam abaixo do nome da banda em seu site (“Indie Pop for the Lost Romantics Souls”)

A banda é formada por Shane Felton, Simon Felton, James Laming e Adrian Payne, e um disco bastante representativo da qualidade da banda é Famous When Dead, de 2004. São 20 músicas, quase todas passeando do power ao indie pop, com alguns raros momentos de neo-psicodelia. O disco abre com a deliciosa “Ambulance”, indie pop na linha Acid House Kings, vocais delicados, backings com o típico “pa-pa-pa” nos refrões, e bateria bem marcada.

“Everything”, a segunda faixa, é menos inocente e carrega tons pós-punk, principalmente no baixo marcado e riffs de guitarra “orientalizados”. Em algumas passagens lembra R.E.M. do começo. Em outras, até Echo & the Bunnymen.

Já “Thick Ear”, canção que a sucede, estaria bem colocada nos melhores discos do Matthew Sweet, um dos grandes nomes do power-pop norte-americano. Há também referências à Byrds.

“Jennifer”, como toda música “dedicada” deste gênero, esbanja inocência e romantismo, com vocais suaves e violão dedilhado, no melhor estilo indiepop sueco.

O começo de “Better Things” lembra muito uma banda bacana dos “early” 90’s, e injustiçada, chamada Birdland. Com um vocal menos agressivo e mais sessentista, é verdade, mas nem por isso menos agradável.

“Mad Old Bird” é uma ode ao Teenage Fanclub. Obrigado, Garfield’s (o TFC é minha banda preferida “all of times”). Tiveram até a sensibilidade de colocar umas palminhas entre uma estrofe e o refrão.

“Eye to Eye” agrada, mas faz mais o gênero pós-punk que o indie/powerpop dominante no resto do disco.

Outra faixa que traz uma referência surpreendente é a décima, chamada “The Norm Old England”, onde o refrão lembra muito, intencionalmente ou não, “Pure”, clássico dos Lightning Seeds.

E assim as canções vão se sucedendo, raramente mudando o tom, porém sempre mantendo a qualidade. Famous When Dead não é daqueles discos que você gosta de uma ou outra faixa e vai ‘pulando’ as que são menos agradáveis para ouvir as preferidas. Não há grande diferença entre as canções prediletas e as menos prediletas. O alto nível se mantém constante, e o único pulo que eu consigo fazer é da última música para a primeira, para escutar o disco de novo, de cabo a rabo.

No site da banda há várias delícias para serem apreciadas. Corra para baixá-las.