93 - Robyn Hitchcock


Ele é uma das figuras mais simpáticas e bacanas da safra punk/new wave e um dos compositores mais prolíficos. Ex-líder dos Soft Boys, um grupo sensacional que fazia uma releitura dos anos 60, Robyn partiu para uma carreira solo bem sucedida. Dono de um senso de humor refinado e dotado de um talento imenso para as artes (é craque ainda em desenhos e esculturas), possui um dos sites oficiais mais originais de um artista de rock. Esse amante de Bob Dylan, Byrds e Beatles é praticamente um desconhecido por aqui, mas como meus dez leitores são extremamente corajosos (ou desocupados, depende do ponto de vista), curiosos (e com um gosto para lá de duvidoso...) para lerem isto, sigo na minha missão: falar de mais um que ninguém sabe quem é e provavelmente ficarão sem saber quando chegarem ao fim. Brincadeiras à parte com todos vocês dez (não me abandonem!) vamos falar desse homem que se não é um talento como o Alfred, não envergonha o sobrenome.


Esse rapaz que foi concebido em uma noite em Estocolmo, em 1952, mas nasceu mesmo em Paddington, Londres, no dia 3 de março do ano seguinte, (assim ele conta em seu site), sempre foi um apaixonado por música. Comprou seu primeiro álbum aos 13 anos (o clássico Highway 61 Revisited, de Bob Dylan).

Aos 14 anos, jura que esteve presente em um evento de música concreta no porão de sua escola, organizado por um cara esquisitão: Brian Eno, que segundo ele usava óculos escuros de cor azul. Em 1968 aprende finalmente a manejar sua guitarra que havia adquirido no ano anterior e compra, também óculos escuros azuis.

Tenta escrever sua primeira canção aos 16 anos, fato que só teria sucesso em 1970, com seu amigo, Martin. No ano seguinte já compõe por conta própria. Aos 19 anos faz seu primeiro show no The City & Guilds Art School, na festa de Natal, tocando músicas dos Beatles, Doors, Velvet Underground, Syd Barrett. Se não o consideraram estranho, foi um milagre, imagino...

Em 1974, muda-se para Cambridge e dois anos depois, animado pela explosão da cena punk, monta os Soft Boys. A formação contava com Morris Windsor (bateria), Andy Metcalfe (baixo), Alan “Wang Bo” Davies (guitarra), além de Robyn, que canta, compunha e também era guitarrista. O grupo abre para Elvis Costello, no ano seguinte e se separa em 1981 (não fiquem tristes, logo mais farei uma coluna só do grupo...).

Um mês após a separação dos Soft Boys, Robyn promove um espetáculo no pequeno Hope & Anchor, em Londres, no mês de abril, tocando com músicos convidados, entre eles, Morris.

No dia 9 de julho do mesmo ano, faz um espetáculo cômico no The Venue, em Londres, quando contratou algumas garotas para se vestirem como peixe, enquanto ele se apresentava. Ao final do show, elogiou suas companheiras: “as meninas dançaram direitinho, bem no ritmo de nossas canções!”

Nesse mesmo ano lança seu primeiro disco solo, Black Snake Diamond Role. O disco conta com a participação de Andy e Morris e rende alguns clássicos com sua fina e peculiar ironia, como “Brenda’s Iron Sledge.”

No ano seguinte, junta-se a Steve Hillage, do Gong, para produzir seu segundo disco-solo, Groovy Decay. Em uma época de pouquíssima inspiração e grande abuso de álcool, o disco é um fiasco, e em 1985, é relançado com o nome de Groove Decoy, onde algumas faixas são regravadas, com outras canções extras adicionadas.

capa de Groove DecoyRobyn vê nascer uma geração que está mais preocupado em usar sintetizadores do que guitarras e cai em grande depressão.

Sua saída é compor algumas canções para o amigo Captain Sensible, ex-integrante do grupo punk Damned. Segundo Robyn, essas canções o animaram psicológica e financeiramente.

Em 1983, assiste a volta da psicodelia, batizada agora, de neo-psicodelismo. Bandas como Echo and the Bunnymen, Teadrop Explodes, e o R.E.M (na América), explodem, fazendo com que Robyn se reanime a gravar seus discos. No ano seguinte, grava I Often Dream Of Trains, e encontra Peter Buck, guitarrista do R.E.M, em Londres, que admite ser um grande fã de Robyn e ter todos os discos do Soft Boys.

capa de Fegmania!Ainda em 1984, forma sua nova banda, os Egyptians, e passam a gravar como Robyn Hitchcock & The Egyptians. Em 1985, lançam seu primeiro disco, Fegmania!.

A história de como o grupo foi formada é curiosa: Robyn recorda-se que tinha encontrado em um programa de rádio em Cambridge, em 1983, com Andy Metcalfe e Morris Windsor, quando um disco póstumo dos Soft Boys foi lançado. Robyn gostou de reencontrar os velhos companheiros, mas seguiu em frente e lançou I Often Dream of Trains. Ele não tinha nenhuma intenção em forma outra banda, até então.

Um dia, andando pelas ruas de Londres, teve uma idéia para fazer um filme com o singelo nome de The Man With the Lightbulb Head. Robyn voltou para casa, escreveu uma canção e pensou em como poderia viabilizar sua idéia. Chamou seu colega Tony Moon, integrante do Motor Boys Motor e resolveram seguir adiante com o projeto, que seria uma série de vídeos, todos filmados em super-8 e com a filha de Robyn, Maisie, como protagonista. Ele comprou um boneco action-man (uma espécie de Falcon. Alguém se lembra deles?), cortou a cabeça, colocou uma lâmpada, e pronto, tinha seu personagem (não parece o Lampadinha, assistente inseparável do professor Pardal?).

Robyn então alugou um pequeno estúdio para gravar algumas canções para o filme, com John Kingham, na bateria. Nessa época não havia sido lançado I Often... e acabou escrevendo outras canções como “Dwafbeat”, “Another Bubble” e “Some Body”. Lembrou então do velho amigo Morris, que acabou participando das sessões. Morris há muito tempo não entrava em um estúdio, e acabaram, por tabela, convidando Andy. “Foi uma experiência divertida e estranha, pois não tocávamos juntos há quase cinco anos.”

Robyn chegou e mostrou outras canções, como “My Wife & My Dead Wife”, “Goodnight I Say”, “Insect Mother” e “I’m Only You”. Os três foram então para o Alaska Studios, onde a maioria dos discos dos Soft fora gravado e começaram a trabalhar nelas. Assim, nascia uma par de canções e os três, meio que por acaso, foram parar no Hope & Anchor, que atravessava graves problemas financeiros e pediu a ajuda de Robyn para levantar fundos. O Hope tinha sido um dos palcos mais importantes para os grupos punks, onde Stranglers, Jam, Ian Dury e Damned, entre outros, fizeram apresentações históricas.

Robyn ficou meio temeroso, pois há anos não subia em um palco, mas topou o convite. Chamou Andy e Morris, além de James Fletcher para tocar sax e Roger Jackson para cuidar dos teclados. O show foi meio que improvisado, pois o Hope & Anchor, não tinha sequer luz, já que estava com todas com as contas em atraso e tiveram que usar seu gerador para a apresentação. O público lotou o lugar, o som era deficiente, Robyn não tocava ao vivo há mais de dois anos, os fãs ficavam jogando fumaça em seus olhos, e ainda assim foi uma grande apresentação!

De qualquer forma, meses depois, a casa seria fechada definitivamente. Mas e o nome para a apresentação? “Não faria sentido sermos os Softs Boys, então inventamos Egyptians.” A diferença era que os Egyptians não seria uma banda que tivesse seu som com base nas guitarras apenas.”

Nascia assim sua nova banda, contando com dois ex-membros de seu antigo grupo. O primeiro disco, Fegmania!, nasceu de forma improvisada, até seu formato original. Talvez a melhor e mais divertida canção seja “My Wife and My Dead Wife”. Veja a letra...

My wife lies down in a chair
She's peeling a pear
I know she's there
I'm making coffee for two
Just me and you
Coffee for two
But I come back in with
Coffee for three
Coffee for three

My dead wife sits in a chair
She's combing her hair
I know she's there
She wanders off to the bed
Shaking her head
"Robyn", she says
"You know I don't take sugar"

My wife and my dead wife
Am I the only one who sees her
My wife and my dead wife
Doesn't anybody see her at all
No oh No No-o-o-o

My wife sits down on the stairs
She stares into air
There's no-one there
I'm drilling holes in the wall
Holes in the wall
I turn around and my

Dead wifes upstairs
She still wearing flares
She talks out loud but
No-one hears

My wife and my dead wife
Am I the only one who sees her
My wife and my dead wife
Doesn't anybody see her at all
No oh No No-o-o-o
And I can't decide which one I love the most
The flesh and blood or the pale smiling ghost

My wife is sat on the beach
She's sucking a peach
She's out of reach
of the waves that

Crash on the sand
Where my dead wife stands
Holding my hand
Now my wife can't swim but
Neither could she
and deep in the sea
she's waiting for me

Oh I'm such a lucky guy 'cos I've got you baby
and I'll never be lonely

My wife and my dead wife
Am I the only one who sees her
My wife and my dead wife
Doesn't anybody see her at all
No oh No No-o-o-o

My wife and my dead wife
Am I the only one who sees her
No oh No No-o-o-o
My wife and my dead wife
Doesn't anybody see her at all


capa de Gotta Let This Hen Out! Ainda no mesmo ano, lançam um disco ao vivo, o genial Gotta Let This Hen Out!. O disco já não conta com James Fletcher na formação. Robyn conta como ele foi realizado. “Esse foi provavelmente o disco em que menos sofremos para gravar. Nosso empresário sugeriu que fizéssemos algumas apresentações e que as gravássemos, que tudo isso poderia ser feito com um custo bem pequeno. Acabamos filmando esse show, e nunca gostei do resultado. Meu corte de cabelo era uma coisa medonha, pareço uma galinha com as penas arrepiadas. Decidimos realizar essa apresentação no Marquee, que estava insuportavelmente quente, com todas aquelas luzes em cima da minha cara. Eu ainda estava de camisa e terno, então imagine o quão confortável me sentia... O Marquee estava com sua lotação esgotada, umas 600 pessoas e todos estavam muito selvagens naquele dia, especialmente uns turistas alemães em frente ao palco. Nossa antiga platéia era geralmente meio passiva, mas aquela era completamente diferente. E aqueles alemães pareciam fora de si e imaginei que iriam espancar alguns dos nossos antigos e comportados fãs. E, de fato, fizeram isso com alguns. Eu me sinto desconfortável com muita gente, fico apavorado de ser o responsável por animar um grande número de pessoas. Eu fiquei assustado com tudo aquilo e até esqueci que tudo estava sendo gravado. O set list era o mais simples possível que poderíamos realizar. James saiu e como Roger era muito eficiente nos teclados e deixava nosso som bastante encorpado, eu podia deixar de tocar guitarra por alguns segundos e gesticular para a platéia. Nós tínhamos as melhores canções dos Soft Boys e as melhores pós-Soft.”

Uma das canções mais estranhas que foi tocada era “Listening to the Hingsons”. Robyn explica a origem dela: “Os Hingsons era um grupo de branquelas de Norwich, que tocava um funk-jazz, e foram populares no circuito indie inglês por volta de 81 ou 82. Eles eram adorados por pessoas como John Peel e um dia ouvi a canção “Gotta Let This Hen Out”, mas o nome, na verdade era “Gotta Let This Heat Out”. Parecia um grupo de estudantes tocando músicas do Spandau Ballet. Um dos Hingson, Terry, era nosso amigo e até chegou a tocar conosco algumas vezes. Eu só percebi o título verdadeiro da canção ouvindo-a outra vez, na Noruega.”

O disco foi basicamente gravado ao vivo, sem overdubs, com exceção em algumas partes do baixo, regravado por Metcalfe e pequenas partes do teclado de Roger. “Eu nunca gostei muito de apresentações por ser muito tímido, e em vários lugares que toquei o microfone ficava tão perto de meus dentes que parecia que iria esmagá-los. E eu nunca darei meus dentes para o rock and roll.”



capa de Invisible HitchcockO ano seguinte, 1986, é um dos mais prolíficos de sua carreira. Nada menos do que quatro lançamentos: os EPs Brenda's Iron Sledge e If You Were A Priest e dois discos, Invisible Hitchcock e Element of Light.

Invisible... é um disco com canções não utilizadas entre os anos de 1980 até 1985, e teve duas versões completamente diferentes, sendo uma inglesa e outra norte-americana.

Esse problema foi resolvido na década de 90, quando a gravadora Rhino relançou, compilando os dois em um único CD, deixando de fora apenas “Grooving on a Inner Plane”, que entrou como bônus em Black Snake Diamond Role.

capa de Element of LighrElement of Light, era o terceiro com os Egyptians, pode ser considerado a grande obra-prima de sua colaboração com a banda.

Inspirado fortemente em elementos que John Lennon usara em Revolver e The Beatles (o famoso Álbum Branco), o disco é uma beleza, sendo "If You Were a Priest" um dos momentos mais inspirados de sua carreira. Foi também o disco que fez com que a banda deixasse a pequena Castle e assinasse com a majorA&M, em 1987.

Em 1988, lançam Globe of Frogs, uma decepção para seus fãs que não gostaram de uma suposta guinada mais comercial, especialmente com a canção “Balloon Man (que tinha sido feita para as Bangles). No ano seguinte lançam Queen Elvis, com a participação do guitarrista do R.E.M, Peter Buck, que os convida para abrir a turnê do disco Green, batizada de Green Tour.

capa de Perspex IslandCansado de tanta pressão e querendo fazer algo mais simples e sozinho, lança em 1990, o disco Eye, mais folk, como nos primórdios de sua carreira como artista solo.

Volta a trabalhar com os Egyptians e, em 1991, lançam Perspex Island, que traz uma grande canção pop, chamada "So You Think You're in Love”.

No ano da explosão grunge, com o Nirvana sendo a grande banda do momento e com o R.E.M. e U2 dividindo as atenções do planeta, o single passa completamente desapercebido. Ainda assim vale conferir a letra...

So you think you're in love,
Yes, you probably are.
But you want to be straight about it,
Oh, you want to be straight about it now.
[repeat]
Can you imagine what the people say?
(Can you?)
But the silent majorities,
the crime of the century,
you know it.
Are you sure that it's wise?
No, you probably ain't.
You don't want to be faint about it,
You don't want to be faint about it now.
By the look in your eyes,
No, you probably ain't.
You don't want to be faint about it,
You don't want to be faint about it now.
What is love made of?
Nobody knows.
What are you afraid of?
Everybody knows...
It's love. It's love.
So you think you're in love,
Yes, you probably are.
But you want to be straight about it,
Oh, you gotta be straight about it now.
So you think you're in love,
Yeah!


capa do single SO you think you're in loveCom o fracasso comercial sendo inevitável lançam Respect, em 1992, antes de rescindirem com a gravadora.

Dois anos depois decide terminar a aventura com os Egyptians e seguir sozinho, sem ambições maiores. Nesse meio-tempo chega a excursionar novamente com os Soft Boys pela América e até sozinho com o nome de Surfer Ghost.

Fecha um acordo com a Rhino, que coloca no mercado uma segunda compilação de canções raras, demos e faixas ao vivo, o irregular You & Oblivion, além da compilação Gravy Deco (The Complete Groovy Decay/Decoy Sessions), e um EP lançado pela K-Records, chamado I Something You, apenas em vinil. Reencontra em uma festa Brian Eno e fala da velha reunião de 1967. Brian jura que não se lembra do episódio. Ah, os dois não estavam de óculos azuis...

Álbum novo só mesmo em 1996 e numa outra major, a Warner. Lança o elogiado Moss Elixir e sai em turnê com Billy Bragg. A gravadora lança também Mossy Liquor: Outtakes & Prototypes, um disco apenas para aficionados.

No mesmo ano, a A&M lança um Greatest Hits, fazendo um apanhado da carreira de Robyn. Como curiosidade, vale ouvir as versões de “Eight Miles High”, dos Byrds, e “More than This”, do Roxy Music. Em um show memorável com Tim Keegans no Bordeline, recriam o famoso show de Bob Dylan, no Royal Albert Hall, de Londres, em 1966.

capa do disco Robyn SingsComeça seu ano mais excitante (segundo o próprio), em 1997: realiza duas turnês nos Estados Unidos e grava Jewels For Sophia em Los Angeles, Seattle e Londres, seu último disco do século XX. Amigos como Kimberly Rew (ex-colega dos Soft Boys), Peter Buck e Grant Lee Phillips tocam guitarra.

Além disso, consegue convencer o diretor Jonathan Demme a filmar Storefront Hitchcock, que foi financiado pela Orion Times.

Mas a Orion foi comprada pela MGM, que engavetou o projeto. No entanto, o disco teve uma trilha sonora feita por Robyn e foi lançado. Storefront... saiu em 1998 e Jewels..., em 1999.

capa do disco LuxorO novo século começou com duas surpresas. Primeiro, o disco Robyn Sings, um cd duplo com apenas canções de Bob Dylan! Dezesseis músicas, principalmente usando o repertório de Highway 61 Revisited (o primeiro disco que ele comprou, lembram-se?) e Blonde on Blonde (deve ter sido o segundo...).

O último disco dele (até o momento) é Luxor, de 2003, mais voltado ao folk que tanto o marcou e caracterizou.

Nos últimos dois anos, andou reunindo e tocando novamente com os Soft Boys e fez um show comemorativo de seus 50 anos.

O homem possui um imenso séquito de seguidores que fazem excelentes sites, além do seu pessoal.

Os melhores são (http://www.theos-place.com/robynhitchcock.html) e (http://www.fegmania.org/).

Deixo vocês com uma foto recente, em uma apresentação com os Soft Boys e com sua imensa discografia.

Um abraço e até a próxima coluna!

Discografia

Black Snake Diamond Role (1981)
Groovy Decay (1982)
I Often Dream of Trains (1984)
The Bells of Rhymney (EP, 1984)
Heaven (EP, 1985)
Fegmania! (1985)
Gotta Let This Hen Out! (1985)
Groovy Decoy (1985)
Brenda's Iron Sledge (EP, 1986)
If You Were A Priest (EP, 1986)
Invisible Hitchcock (1986)
Element of Light (1986)
Globe of Frogs (1988)
Queen Elvis (1989)
Eye (1990)
Perspex (1991)
"So You Think You're in Love" b/w "Dark Green Energy," "Watch Your Intelligence" (EP, 1991)
Respect (1992)
Give It to the Thoth Boys (show gravado somente em cassette, 1993)
The Kershaw Sessions (1994)
You & Oblivion (1995)
Gravy Deco (The Complete Groovy Decay/Decoy Sessions) (1995)
I Something You (EP, 1995)
Moss Elixir (1996)
Mossy Liquor: Outtakes & Prototypes (1996)
Robyn Hitchcock And The Egyptians Greatest Hits (1996)
Uncorrected Personality Traits: The Robyn Hitchcock Collection (1997)
Storefront Hitchcock: Music From Demme Picture (1998)
Live at the Cambridge Folk Festival (1998)
Jewels for Sophia (1999)
A Star For Bram (2000)
Robyn Sings (2002)
Luxor (2003)

 

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