parceria com Creedance
Kiddo
Tesão
Pela Vida – A História de Iggy Pop
Capítulo
2 – Os Patetas Psicodélicos
“Dois caras
que nem sequer completaram o segundo grau e se tornaram deliquentes
juvenis.” – Iggy Pop
Os Irmãos
Asheton
Os
irmãos Asheton - Ron, Scott e Kate - moravam no subúrbio
de Ann Harbor, em uma área que eles batizaram de "A
Divisão", cerca de cinco milhas do lado oposto da
cidade de onde Iggy morava. Kate, a menorzinha, pouco se metia
com seus irmãos. Já ganhando corpo, queria ser cantora
e até certo ponto conseguiu o seu intento. Já Scott
era o mais bonito dos dois meninos. Gostava de Elvis Presley a
ponto de pentear o cabelo feito o cantor. Scott também
gostava de Hitler e era um garoto violento que gostava e sabia
brigar.
O
mais velho era o Ron, nascido em 17 de julho de 1948, na cidade
de Washington DC. Como o seu irmão mais novo, ele também
tinha uma pinta de poucos amigos e uma grande admiração
pelo estilo nazista de se vestir. Seu interesse por música
nasceu cedo, admirando sua tia-avó Ruthie que tocava acordeão,
rabeca e banjo; e tio-avô Dick-Dick que tocava o piano.
Os dois, nos áureos tempos, eram artistas do vaudeville.
Com seis a sete anos, após algumas aulas, Ron estava tocando
acordeão tão bem que chegou a participar de alguns
recitais.
O Sr. Asheton, pai dos
meninos, era um piloto da marinha que serviu durante a Segunda
Guerra Mundial. Ele queria que seus filhos seguissem em sua carreira
nas forças armadas. De Washington, foram obrigados a se
mudar para Iowa, onde não havia aulas para acordeão,
portanto Ron começou a ter aulas de violão. Curiosamente,
o menino passou a perder interesse por música e abandonou
o instrumento.
A familía Asheton
mudou mais uma vez, desta vez para Ann Arbor. Foi aos quatorze
anos que várias coisas de extrema importância aconteceram
na vida de Ron Asheton. A primeira delas: Ron precisou usar óculos,
fato que implicou necessariamente em não poder mais ser
piloto de avião, sonho de seu pai que ele havia adotado
como seu. Depois, os Beatles invadiram a América, e finalmente
o Sr. Asheton faleceu. Os laços de Ron com as forças
armadas foram cortados e o interesse sobre música mais
uma vez voltou.
Ron se tornou um grande
fã dos Beatles, mas admirava como músico e celebridade
a figura de Brian Jones dos Rolling Stones. Ron procurou deixar
o seu cabelo crescer no mesmo comprimento que o de Brian. Com
a morte do pai, e a mãe tendo que trabalhar fora durante
boa parte do dia, os meninos passavam a maior parte do tempo sem
supervisão adulta. Resultado: os três filhos da familía
Asheton acabaram com pouca noção de diciplína.
A
um quarteirão de distância, morava Dave Alexander,
outro pequeno delinqüente que não queria nada com
os estudos ou a vida. Filho de um açougueiro e uma dona
de casa, Dave Alexander era o mais selvagem de todos. Começou
a cheirar cola aos doze, e no ano seguinte já tinha o hábito
de tomar pílulas sem prescrição; coisas como
Seconal ou Romilar, barbitúricos em geral. Começou
também a beber cedo, coisa que os irmãos Asheton
também fariam. Andava com uma gangue de arruaceiros que,
de vez em quando, tiveram encontros não muito amistosos
com a polícia.
Dave foi o primeiro grande
amigo de Ron quando eles passaram a morar em Ann Arbor. De cabelos
compridos e alaranjados, Dave andava com uma calça “pescando
siri”, sempre com uma faca e uma garrafinha de gin no bolso
de trás. Ron, Scott e Dave passavam o tempo mascando tabaco,e
sonhando em algum dia montar uma banda.
Liverpool 65
“Eu era o garoto
esquisito. Na escola, me chamavam de Beatle gordo, porque eu me
vestia com roupas no estilo dos Beatles.” – Ron
Asheton
Dave Alexander, ao concluir
o ginásio em 1965, largou escola e resolveu ir para a Inglaterra
conhecer Liverpool, terra dos Beatles. Ron, que pretendia continuar
estudando, pelo menos até terminar o 2o Grau, resolveu
ir com ele. Vendeu sua motocicleta, uma Honda 305, e usou o dinheiro
para comprar passagens e garantir a estadia e as despesas.
Uma vez lá, freqüentavam
o Cavern Club toda noite e rodavam pela cidade, conhecendo os
pontos que tinham alguma relação com a história
dos Beatles. O guia dos dois foi um autêntico mod chamado
Robert que conheceram certa noite no Cavern. Enquanto estavam
na cidade, assistiram a vários shows, o mais marcante deles,
com o grupo The Who.
Ron descreve a experiência
daquela noite como uma massa selvagem de gente, uma aglomeração
quase tribal em torno da música. Assistiu Townshend destruir
sua guitarra Rickenbacker e a molecada avançar em cima
para ficar com os pedaços. “Foi minha primeira experiência
com o pandemônio total. Deu medo. Não sabia que a
música poderia levar as pessoas a tal extremo. Foi quando
eu percebi que era isto que eu queria fazer”, conclui. Ao
retornar para Ann Arbor, estavam usando botas e cabelos ao estilo
dos Beatles, e loucos para montarem uma banda própria.
Estavam totalmente tomados pela vida noturna que conheceram em
Liverpool.
The Dirty Shame
“Tocávamos junto com os discos e nos
achávamos ótimos. Depois tirávamos o disco
e aí percebíamos que não éramos tão
maravilhosos assim.” – Ron Asheton
Dave Alexander sugere colocar
Scott para praticar na bateria, dando assim o nascimento da banda
The Dirty Shames. A banda completa teria Ron Asheton e um outro
amigo, Billy Chetham nas guitarras, Dave Alexander no baixo, Scott
Asheton na bateria e Kathy Asheton nos vocais. Passaram a ensaiar
quase todo dia no porão da casa. A música produzida
por eles é descrita por alguns como sendo a essência
de uma banda de garagem: música pelo prazer de fazer música,
sem nenhuma idéia prévia ou ideal atrelado.
Embora nunca tocassem ao
vivo, pelo fato de Ron e Scott serem vistos constantemente com
Iggy, muita gente passou a ouvir falar do The Dirty Shames. Passou-se
a especular que se tratava de uma ótima banda, o que não
era verdade. A expectativa em relação ao grupo foi
criada de tal modo, que Ron sentiu necessidade de inventar outros
compromissos como desculpa para não se apresentar em certos
eventos. The Dirty Shame era tão cru como banda, que a
decepção do público seria certa. Por isto
mesmo, Ron sempre arrumava uma desculpa quando alguém lhe
perguntava quando iria poder vê-los tocar.
Amizades com o MC5
“Fred Smith tinha cabelo comprido e me convidou para
dançar juntinho. Eu disse não, mas acabei dançando.”
– Kate Asheton
A simpatia inicial entre
Iggy e Ron veio em parte por terem o mesmo corte de cabelo. Quando
o baixista Jack Dawson deixou os Prime Movers, Iggy trouxe Ron
para o grupo. Havia outro garoto praticamente contratado para
o lugar, portanto Ron chegou afirmando que não só
tocava melhor que seu concorrente, mas ele também sabia
cantar. Após cantar “Not Fade Away”, e “Girl
From Ipanema”, a versão em inglês para “Garota
de Ipanema”, ele conseguiu a vaga. Contudo, rapidamente
se percebeu que Ron não era bom o suficiente como músico
e precisaria melhorar drasticamente seu domínio no instrumento.
Ensaiou e tocou com a banda durante algumas semanas e logo foi
mandado embora. Ron diria que ele era rock 'n' roll demais para
uma banda de blues. Mas a amizade ficou mais sólida entre
Ron e Iggy.
Foi acompanhando The Prime
Movers por seus diversos shows que os irmãos Asheton conheceram
e fizeram amizade com o pessoal de uma banda de Detroit chamado
MC5. Foi em um bar chamado Mother's, que Kate Asheton, então
com quatorze anos, acabou fazendo amizade e namorando Fred Smith,
guitarrista da banda. Na semana seguinte, Fred Smith e Wayne Krammer,
o outro guitarrista do grupo, vieram para assistir os Prime Movers.
Wayne Kramer lembra bem da banda, "Quando se falava em uma
banda de blues, a primeira coisa que vem a mente era um grupo
de negros de Chicago. Não era preconceito, era apenas o
consenso geral. E de repente, em Detroit, eu vejo um grupo de
branquelas tocando esse tipo de música. E em Detroit! E
Iggy era um excepcional baterista."
O bar Mother's era um local
freqüentado por universitários e nesta noite um pessoal
de alguma fraternidade começou a causar atritos com Fred
por causa de seu cabelo comprido, quase nos ombros. Wayne conta
que ele até queria ajudar o seu amigo, mas a diferença
numérica era tão grande, que ele só iria
apanhar também. Fred Smith tomou algumas bolachas quando
de repente, aparentemente do nada, apareceu Scott Asheton que
escolheu um e o encheu de socos. Os demais congelaram ao ver o
amigo apanhando enquanto Scott informava aos gritos "eles
são amigos meus e ninguém vai se meter com eles
e pronto!" O incidente todo não levou dois minutos.
O recado foi dado e o namorado da irmã de Scott nunca mais
teve problemas com aquela turma. Scott Asheton instantaneamente
ganhou o respeito de todos no local.
The Chosen Few
Iggy acabou arranjando
um emprego para seu colega como baixista em uma banda de Birmingham,
chamada The Chosen Few. Ron já era, a esta altura, um baixista
bem mais sólido, e Iggy conseguiu a vaga por intermédio
do amigo Scott Richardson, líder da banda. E por coincidência
também, Ron acabaria conhecendo um jovem guitarrista que
anos depois entraria no Stooges: James Williamson. O jovem James
Williamson era um pequeno delinqüente juvenil que de tão
nefasto, seu pai o retirou da banda à força, internando-o
em uma escola especial para crianças problemáticas,
em Nova York. Mesmo como integrante do Chosen Few, Ron ainda manteve
seu contato com The Prime Movers, inclusive passando a trabalhar
para a banda como roadie. Este relacionamento só iria se
encerrar quando Iggy deixou o grupo.
Ao final do ano escolar
de 1967 (que nos Estados Unidos é em julho, o inicio do
verão), os integrantes do The Chosen Few, em sua maioria,
deixariam suas vidas de músico para embarcarem na vida
de universitários, devido à pressão familiar.
Ron Asheton, que já havia deixado escola antes mesmo de
completar o 2o Grau, não teve estas pressões, tampouco
Scott Richardson, vocalista e líder do grupo. Richardson,
com dinheiro guardado e um repertório especifico de rhythm
& blues em mente, convida Ron a ajudá-lo a montar uma
nova banda, SRC – Scott Richardson Case. E por pouco, não
foi este o seu destino.
Sessões em Detroit
Foi
durante o final de 66 que Iggy passou a ampliar seus horizontes,
chegando a tocar em grupos de Detroit pertencentes a um certo
selo chamado Motown. Como baterista de estúdio, Iggy participou
de gravações de estrelas como The Four Tops, The
Marvelettes, The Shangri-Las, The Crystals, The Contours, entre
outros. The Prime Movers, em outras ocasiões, também
serviriam de banda para estes conjuntos vocais da Motown quando
estivessem se apresentando em Ann Arbor ou Detroit..
Para Iggy, foi uma maneira
espetacular de evoluir como músico e aumentar seu repertório
de sons. Mas sua paixão inicial era o blues e após
assistir em Detroit a uma apresentação de Paul Butterfield
Blues Band, conversa com Mike Bloomfield e Sam Lay, respectivamente
guitarrista e baterista da banda. Bloomfield convence Iggy a ir
para Chicago conhecer melhor a cena blues local e Lay se comprometeu
a ajudá-lo a arrumar um lugar, caso ele queira ficar.
Maioridade
Foi também durante
este período que Iggy passou a adotar seus primeiros vícios.
Alguém fumando, acabou dando uma baforada praticamente
no seu rosto. Por causa de anos com problemas respiratórios,
inicialmente Iggy pensou que ele ia sufocar. Quando percebeu que
isto era tabu, adotou o tabaco, rapidamente adquirindo o hábito
de fumar dois maços por dia. Depois de descobrir o cigarro
veio o álcool.
Um problema, porém,
atormentava os rapazes: o recrutamento militar. Desesperados para
não serem enviados ao Vietnã, os quatro integrantes
prepararam uma imensa desculpa para escaparem. Iggy sendo o mais
velho, foi o primeiro a enfrentar a situação. O
plano era simples, passar por homossexual. No dia da convocação,
Iggy apareceu lá sem cueca. Na hora do exame corporal,
tocou uma punheta escondida e apareceu na fila com o pau duro.
Colocado em uma sala a parte até ser inspecionado pelo
psicólogo, Iggy começou a correr em círculos
no quarto enquanto ninguém chegava. Momentos antes do médico
entrar ele parou e sentou na cadeira. O médico, portanto
encontra um rapaz suando frio, com o coração a toda,
se dizendo apavorado e se confessando homossexual. "Eu comecei
a chorar, ficar em prantos, totalmente envolvido no papel que
assumi, até conseguir a dispensa. Todo mundo pensava que
eu tinha me assustado e eu saí rindo e feliz. Um amigo
meu do tempo de escola foi numa de lutar contra o comunismo em
nome da patria. Nunca mais voltou", lembra Iggy.
Sessões em Chicago
Com a chegada de 1967,
Iggy deixa The Prime Movers e sua cidade natal para se mudar para
Chicago. Ele acabou indo morar no porão da casa de Bob
Koestner, que tinha um selo chamado Delmark Records. Como protegido
de Sam Lay, que a esta altura estava tocando com James Cotton.
Iggy conseguiu emprego tocando para uma série de artistas.
Além de tocar com o próprio James Cotton, Iggy também
tocou um tempo para Jimmy Young. Seu maior show, porém,
foi com Big Walter Horton. Iggy também aproveitou sua estadia
na cidade para assistir e estudar vários artistas como
John Lee Hooker, Muddy Waters, e Chuck Berry. Uma das principais
conclusões a que ele chegou assistindo este pessoal é
que todos eles, sem exceção, tocavam suas próprias
músicas.
Foi também em Chicago
que Iggy fumou seu primeiro baseado. Segundo ele mesmo conta,
foi durante esse baseado que ele chegou a uma grande conclusão
musical. Que o importante não era o som final, mas sim
como se chega até aquele som, e isto é o que faz
uma musica ser boa. Uma vez entendendo as partes que compõem
o percurso artístico, o formato externo pode ser moldado
a qualquer forma desejada. Assim, após sete meses na cidade,
Iggy decidiu que queria procurar uma nova sonoridade. "Descobri
que apenas os músicos negros conseguiam tocar o blues que
eu gostava. Eu tinha 19 anos, e não 50, era branco e livre.
Em Chicago eu ficava sentado em um banco de praça, pensando
em uma música nova, cheia de energia. Foi quando resolvi
voltar para Detroit e começar uma nova etapa na minha vida."
Telefona para Ron Asheton e sugere, “que tal você
vir aqui me apanhar pra me levar de volta pra casa.” Ron
diria que este telefonema foi o inicio dos Stooges.
Ebulição no Verão de 1967
“Nenhum de nós era músico de
verdade.” - Iggy Pop
Assim,
no verão de 1967, Iggy retornou para Ann Arbor. A primeira
opção foi entrar no novo grupo, SRC, que o vocalista
Scott Richardson formara. Mas os três resolveram montar
um grupo novo, idéia que atraía especialmente Iggy
que estava cheio do blues tradicional. A primeira concepção
teórica da banda nova teria Iggy na bateria, com Ron no
baixo e Scott na guitarra e possivelmente como o cantor. Isto
porque o consenso geral ditava que Scott era tranquilamente o
mais “pintoso” entre os três e portanto o mais
indicado a ficar na frente.
Foi também durante
este retorno de Iggy para o trailer de seus pais, que sua mãe
começou a encher o saco por causa do comprimento de seu
cabelo. Extremamente incomodada pela aparência do filho,
ela derrubou sua resistência ao oferecer comprar um instrumento
musical se ele cortasse consideravelmente o cabelo. Iggy então
quase raspa o cabelo e ganha em troca um teclado Farfisa. Curiosamente,
certo dia Iggy, de camisa e calças brancas, seria parado
pela polícia, que ao vê-lo de cabelo raspado e vestido
de branco, confundiu-o com um possível paciente foragido
do manicômio da região.
Ao se juntarem em uma tentativa
de efetivamente começarem a levar som juntos, Iggy quer
apenas saber de tocar seu Farfisa novo. Assim, Scott foi escalado
para assumir a bateria. No caso, sua bateria consistia em uma
engenhoca montada por ele com a ajuda de Iggy. Era basicamente
um tambor de óleo de cinqüenta galões como
bumbo, uma caixa e um timbale. Como baquetas, Iggy preparou dois
martelos de brinquedo feitos de plástico. Ensaios realizados
no porão da casa dos Ashetons aconteciam no final da manhã
e durante parte da tarde até a mãe dos rapazes chegar
do trabalho.
Residência de Verão
Não demorou muito
para começarem a procurar um local para morar. Afinal,
impulsionado pelo filme Help! dos Beatles, onde
mostram a banda inteira morando juntos, a mentalidade na América
determinava que os integrantes de uma banda morassem juntos. Souberam
de uma casa em 1324 Forest Court, que estava disponível
durante o verão. Junto com uma outra rapaziada, alugaram
o local que se tornou um misto de moradia e ponto de ensaio. Para
contribuir com o aluguel, Iggy passou a trabalhar em uma lanchonete
como garçom. Ron trabalhou em uma casa que vendia produtos
variados, como posters psicodelicos, literatura alternativa, incensos,
cachimbos e pilões artesanais, etc., cujo público
específico eram jovens, a maioria hippies. Este tipo de
estabelecimento tem o nome popular de ‘Head Shop’,
sugerindo ser uma loja com produtos para fazer a sua cabeça.
Scott se recusou a arrumar um emprego e ficou por isso mesmo.
Quando não estavam
trabalhando ou ensaiando, passavam o tempo ouvindo discos ou vendo
televisão. Certo fim-de-semana, houve uma maratona de filmes
dos Três Patetas (no original, The
Three Stooges) que assistiram. Nasceu daí a idéia
de se chamarem The Stooges. “Eu achava genial aquela mistura
de violência com comédia. E também porque
a palavra “stooge” possui vários significados.
Ser chamado de stooge era uma ofensa? E afinal, quem seria o pateta,
nós ou quem nos ouvia?”
Foi nesta casa que Iggy
perderia sua virgindade, como também seria aqui que eles
ouviriam Jimi Hendrix pela primeira vez. Um amigo que foi assistir
o Monterey Festival, retornou com um disco de Jimi Hendrix, e
o grupo imediatamente ficou abismado com o que ouviram. Outro
favorito, pelo humor encontrado na letra e música era The
Mothers of Invention. Cantos Gregorianos e Ravi Shankar também
eram discos tocados na vitrola com certa constância. Porém,
entre os discos que ouviam, um acima de todos foi de grande influência
na direção e conceito musical desta nova banda que
se iniciava. O disco tem o longo e peculiar nome de “And
on the Seventh Day, Petals Fell on Petaluma/The Bewitched: Final
Scene And” de Harry Partch.
Harry Partch
“Harry Partch. Procure se informar caso não conheça.”
– Iggy Pop
Harry Partch é um compositor avant-garde, considerado por
muitos como visionário e na vanguarda entre compositores
de maior nome como Aaron Copland e Virgil Thomson. Com teorias
musicais que não se restringem à escala temperada,
Harry Partch se viu obrigado a se dedicar à carpintaria
para poder construir instrumentos capazes de executar suas peças.
Nascido no inicio do século XX, escreveu e publicou o livro
Genesis of Music em 1949, obra esta que hoje
é considerada da maior importância para a liturgia
musical deste século. Foi somente beirando os cinqüenta
anos de idade que seu nome e sua obra passou a ser devidamente
respeitada.
Iggy e os irmãos
Asheton simplesmente adoravam Harry Partch e suas idéias
musicais. E a concepção de criar os seus próprios
instrumentos para adequar as suas necessidades musicais passou
a ser assimilado pelo trio. Durante todo este verão, passaram
a fazer todos os tipos de experiências sonoras imagináveis.
Ron passava a plugar o seu baixo em um pedal wah-wah. Com o pedal
colocado em fuzztone, Ron conseguia um efeito que lembrava trovoada.
Iggy também passou a tocar uma guitarra havaiana ligada
a um modulador de volume. Sentado no chão, tocando o instrumento
e oscilando os níveis do modulador, conseguia efeitos variados
que foram descritos certa vez como o som de um avião.
Além do Farfisa
e da guitarra haviana, Iggy passou a explorar as possibilidades
do uso de microfones de contato - aqueles pequenos microfones
que se colam geralmente em um violão acústico. Explorando
o conceito, Iggy passou a testar diferentes efeitos ao microfonar
coisas diferentes. Entre os efeitos mais performáticos,
Iggy colara um microfone de contato em um dos tambores de óleo
sobressalentes. Ele então calçava sapatos de golfe,
que é necessariamente um sapato com travas altas de metal,
e enquanto os dois irmãos iam levando uma base, Iggy passava
a sapatear um ritmo sobre o tambor.
Entre suas criações
mais exóticas, havia uma que ele usava com relativa regularidade.
Trata-se de um liquidificador com um pouco de água dentro,
microfonado e passando pelo modulador. Outros instrumentos incluíam
um teremin, um esfregão de roupa microfonado, e um aspirador
de pó, que uma vez microfonado, zunia feito um jato.
The Psychedelic
Stooges
“Em uma cidade
pequena, qualquer genialidade é facilmente a melhor mente
da cidade. Super-Homem de uma pequena lagoa.” –
Iggy Pop
A música que passavam
a produzir estava completamente dentro da aceitação
da época do ácido, onde o que não ficava
dentro das linhas tradicionais passava a ser reconhecido pelo
termo psicodélico. Nasce assim The Psychedelic Stooges.
A música não é rock ‘n’ roll.
Não há canções, apenas uma peça
musical. Ron diria o seguinte a respeito: “Quando você
não sabe como tocar, você não está
restrito a um estilo. Tantas pessoas são ensinadas a tocarem
de certa maneira. Quando se tem a mente livre, a ignorância
é uma dádiva, pois você aparece com cada coisa
interessante.”
Influenciados em conversas
sobre a possibilidade de se escrever uma ópera-rock que
Ron leu sobre uma entrevista do Pete Townshend, passaram a ver
sua música como uma longa jornada que vai mudando conforme
vai progredindo. Em sua essência, esta é a lógica
original do rótulo rock progressivo, um gênero que
evoluiria do rock psicodélico a partir de 1968. Mas a música
que os Psychedelic Stooges estava fazendo estava mais para o que
conhecemos de Laurie Anderson, do que Yes ou King Crimson, lembrando
que no verão de 1967, nenhum deles ainda existia.
Com tantas engenhocas para
manipular, além das coisas que Iggy queria fazer com o
Farfisa e a guitarra havaiana, os Ashetons acabaram chamando o
colega e vizinho Dave Alexander para ajudar. Não exatamente
um membro, Dave tornara-se um assistente geral além de
roadie, ajudando a preparar e executar o que pedissem, podendo
ser o liquidificador ou o aspirador de pó ou outra coisa
criada por Iggy. Com o final do verão, a casa foi entregue
e o trio voltou para a casa dos pais. Sem precisar pagar aluguel,
Iggy e Ron deixam os seus empregos e dedicam todas as tardes aos
ensaios. Com o dinheiro que havia economizado, Iggy comprou um
amplificador Fender Princeton e outro amp menor, tipo “cebolinha”,
da marca Kustom.
Ron Richardson, que empresariava
o MC5, Bob Seeger System e outros, acabou gostando do Psychedelic
Stooges, e os ajudou a arranjar seus primeiros shows, sendo o
début inicial em uma festa de Halloween. A festa foi organizada
pelo próprio Richardson para servir de plataforma de lançamento
da banda. Entre os convidados presentes na festa estavam pessoas
que acabariam tendo alguma espécie de relevância
para o movimento musical que acontecia em Ann Arbor e Detroit.
Pessoas como Bill Laswell, Jimmy Silver, alguns integrantes do
MC5 e John Sinclair. Sobre a apresentação da banda,
Bill Laswell diria, “No inicio, eles estavam apenas batendo
em um monte de coisas, e não tinham nenhuma canção.
O que conseguiam alcançar é um zumbido orquestral,
um som que lhe deixa a beira de um transe. Uma afirmação
musical totalmente única, válida e impressionante.”
Neste período em
que seu contato com os irmãos Asheton passou a ser praticamente
diário, Iggy passou a explorar também o uso de drogas.
Outra mudança: Dave Alexander entra para o grupo como baixista.
Ron volta a ser guitarrista e Iggy resolve ser apenas o cantor.
“Eu acabei virando cantor por causa de Ron. Um dia estávamos
conversando e ele me disse que eu estava querendo liberdade na
banda. Eu concordei e ele me perguntou porque não assumia
os vocais do grupo. Aceitei a sugestão.” Iggy resolveu
ser cantor de vez após assistir um show do The Doors.
O Iguana Assiste o Lagarto Rei
“Se ele consegue
chegar lá, então eu posso também.”
– Iggy Pop
The
Doors se apresentam no Yoest Field House dentro do complexo universitário.
Ingressos sendo vendidos somente para estudantes, Iggy entrou
usando uma carteira de identidade da faculdade do ano anterior.
Ron e Scott Asheton ficaram do lado de fora, donde se ouvia perfeitamente
a musica. Iggy diria que ele nunca ligara para The Doors, até
porque seu tipo de rock era tão diferente do que se fazia
em Michigan. Iggy teria ido ao show apenas porque uma menina que
ele estava querendo levar para cama queria ir.
Jim Morrison Durante a apresentação, Jim Morrison
estava visivelmente bêbado e logo se irritaria com uma turma
no auditório que pedia "Light My Fire". Ele começou
a sacanear o público cantando somente em falsete. Quanto
mais ele era vaiado, mas ele insistia em cantar com aquela voz
fina. Ele acabou sendo retirado de lá antes que apanhasse
do público. Iggy comentou, “Eu pensei para mim, aqui
está um cara com o maior compacto do momento. Sua banda
faz um som que mais parece coisa de mocinha. E o cara sobe no
palco sem medo de fazer um papelão. Se ele consegue chegar
lá, então eu posso também!” Iggy diria
que depois daquele show, ele não tinha mais desculpas para
não levar The Psychedelic Stooges para o palco e se apresentar
para um público de desconhecidos.
Entra Jimmy Silver
Extremamente ativos, todos
os três deram uma certa canseira no seu primeiro empresário.
Em fevereiro de 1968, Ron Richardson acabou passando o posto de
empresário para Jimmy Silver, já que não
conseguia casar essas obrigações com o seu trabalho
de professor. Através de Jimmy e sua esposa Susan, os Psychedelic
Stooges mudaram para uma casa no campo, perto de Ann Arbor. A
vida em comunidade acabou sendo um período estranho para
o fechado Iggy, que mesmo estando ao lado de seus únicos
amigos, ficou mais preocupado em descansar e aproveitar do que
trabalhar. A casa seria mais tarde batizada de The Fun House.
Nesse meio período,
Iggy acabou criando uma forte amizade com o empresário,
com quem ficava horas e horas conversando e andando pelas estradas
da região. Jimmy Silver comentou ter ficado impressionado
com a inteligência e clareza de raciocínio demonstrado
pelo vocalista. Nesses papos, Iggy expôs ao empresário
qual era o conceito da banda que sonhava. Mas Silver também
descobriria que teria vários problemas com eles, principalmente
pelo excessivo abuso de drogas. O certinho e careta Iggy da adolescência
rapidamente transformava-se em um alucinado, que além da
maconha, abusava do LSD e cheirava cola. Iggy era obrigado a largar
o hábito de tempos em tempos, por causa das crises de bronquite,
e, aí aparecia o lado paternal e maternal de Jimmy e Susan,
que preparavam uma alimentação macrobiótica
com legumes, para poderem revitalizá-lo.
Os Stooges Entram em Cena
1968 No dia 3 de março de 1968, os Psychedelic Stooges
fizeram a primeira apresentação com sua formação
clássica. Eles abriram um show do Blood, Sweet and Tears,
no Grande Ballroom, casa de espetáculo organizado por Russ
Gibb em Detroit. E, pela primeira vez, conseguiram deixar o público
chocado com o que viam e ouviam.
Como roupa de palco, Iggy
usou um camisolão branco do seculo 18 que ia até
seus calcanhares. Passou tinta branca no rosto e colocou uma peruca
de alumínio na cabeça.
Para completar, Iggy raspou
suas sobrancelhas. Ron e Scott então, passaram a compará-lo,
a outro amigo, Jim Pop, que com sérios problemas nervosos,
perdera os cabelos e as sobrancelhas. Os irmãos Asheton
então passaram a referir a Iggy como Iggy Pop, nascendo
assim o nome artístico definitivo de James Osterberg Junior.
Além de tocarem
uma música que nada casava com o som da atração
principal, levaram seus eletrodomésticos para o palco.
Iggy sapateou com seus sapatos de jogar golfe e tudo foi o que
hoje chamamos de performático mas que na época seria
resumido apenas como sendo psicodélico. No meio dessa balbúrdia,
executaram duas canções: “I’m Sick”
e “Ashma Attack”; e roubaram as atenções.
A mídia local ficou comentando sobre a banda de abertura,
deixando o Blood, Sweet and Tears quase em segundo plano. Receberam
125 dólares pela apresentação.
O
furor fez com que o Grande Ballroom abrisse espaço para
as bandas locais, como o MC5, Amboy Dukes, Frost, Up, e os Psychedelic
Stooges. Bandas locais sustentando a programação
era coisa impensável quando a casa foi construída,
já que o local tinha um espaço para mais de 2.000
pessoas e fora projetado para receber as grandes atrações.
O local acabou virando um meca das bandas emergentes e até
mesmo os artistas de ponta da Motown tinham dificuldades em tocar
por lá. Quando a revista local, Creem Magazine, do jornalista
Lester Bangs começou a apoiar sistematicamente o MC5 e
os Psychedelic Stooges, o local virou quase que um lar para as
duas bandas, que também criaram fortes laços de
amizade entre si.
The Psychedelic Stooges
abriram para um sem número de bandas que passaram por Ann
Arbor em meio a suas respectivas excursões americanas.
Bandas como Love, Sly & The Family Stone, The Fugs, Blue Cheer,
Cream, The Troggs, Junior Wells, The Mothers of Invention, Butterfield
Blues Band, Arthur Brown, The Fleetwood Mac, The Who, Pink Floyd,
Albert King, John Mayall, Family, Canned Heat, Johnny Winter,
Chuck Berry, entre outros.
The MC5
Das bandas de Detroit,
foi The MC5 quem passou a realmente chamar atenção
do país para si e para a cena musical que acontecia naquele
pedaço da América. Isto aconteceu somente após
a banda passar a ser empresariado por um homem chamado John Sinclair.
Através da influência de Sinclair, The MC5 se tornara
o baluarte da banda politicamente engajada. Antes de Sinclair,
era apenas uma ótima banda de boogie e rock ‘n’
roll de Detroit.
Sobre
o que significa o nome MC5, trata-se de uma homenagem a sua cidade
de origem. MC significa Motor City, apelido da cidade de Detroit
por conta de suas fábricas de automóveis. Cinco
por se tratar de um quinteto. Porém, com sua música
agora se misturando com discursos políticos esquerdistas
radicais, começou a ficar perigoso para a banda continuar
a morar em Detroit e Sinclair acabou levando todos os membros
de seus grupos a morarem juntos em uma casa de campo em Ann Arbor,
não muito longe de onde os Stooges estavam morando.
John Sinclair
Nascido em 1941, na cidade
de Flint em Michigan, John Sinclair se formou em literatura em
1964 na Universidade de Michigan, perseguindo então seu
mestrado até que em 1965 largou tudo para cuidar de música
e poesia. Mesmo antes de se formar já atuava na comunidade
de jazz de Detroit, tocando saxofone. Em novembro de 1964 formou
junto com quatorze outras pessoas, o Detroit Artists' Workshop,
organização que ajudou a promover inúmeros
festivais de jazz e leituras públicas de poesia, sempre
promovendo os talentos jovens da região.
Como músico, ajudou a organizar e compor músicas
para o Workshop Music Ensemble, The Workshop Arts Quartet e o
Detroit Contemporary 4. Como escritor, além de fundar em
1964 a editora The Artists' Workshop Press, escreveu e publicou
os livros This is Our Music (1965), Fire
Music; A Record (1966), The Poem For Warner Stringfellow
(1966), e Meditations: A Suite For John Coltrane
(1967).
Sinclair rapidamente se
mostrou um escritor prolífico, escrevendo artigos para
uma série de revistas como Work especializada
em poesia (1965-1967); e Change sobre “avant-jazz”
(1965-66). Foi correspondente da Downbeat revista de
música para adolescentes (1964-65), e Jazz cuja
matriz ficava em Nova York além de escrever reviews para
Creem de Detroit. Foi colunista do jornal Fifth Estate
de Detroit e fundou Guerrilla um jornal sobre revolução
cultural. Mais importante, foi um dos cinco membros originais
do Underground Press Syndicate (UPS), sólida organização
existente até hoje.
John Sinclair foi preso
por porte e venda de maconha em setembro de 1964 e depois novamente
preso em outubro de 1965, desta vez passando seis meses na cadeia
onde ele aproveitou o tempo para escrever inúmeras poesias
e crônicas. Ao sair da cadeia, se associou ao pessoal que
organizava atividades no Grande Ballroom. Sinclair seria detido
uma terceira vez, junto com cinqüenta e cinco pessoas em
uma invasão da polícia no campus da universidade,
ocorrido no dia 24 de janeiro de 1967.
Os Panteras Brancas
Em fevereiro de 1967, John
Sinclair e um pequeno grupo da amigos organizaram o que passou
a se chamar The Trans-Love Energies Limited, um misto de comunidade
hippie e cooperativa trabalhista com fins de organizar eventos
de contra-cultura. Na prática, o grupo produzia eventos
que envolviam dança, rock ‘n’ roll, livros,
panfletos, posters e o jornal “Sun”, igualmente fundado
por Sinclair. Foi esta cooperativa que inicialmente começou
a trabalhar com a banda de rock Up.
Na época, jovens,
principalmente universitários estavam acompanhando cada
vez mais de perto as atividades políticas da nação.
Sinclair rapidamente se mostrou um radical ativista, encontrando
em meio ao movimento alternativo de música que nascia em
Ann Arbor, um ponto excelente para divagar sobre suas teorias
de mudança. Trans-Love passava a ver o rock como um caminho
pelo qual se poderia catequizar a massa jovem sobre as possibilidades
de uma revolução cultural.
Sinclair então passou
a ser empresário das bandas Up, Billy C. & the Sunshine,
e a que acabou sendo a mais famosa da região, The MC5.
Sinclair procurou exercer sua influência sobre os Psychedelic
Stooges também, mas Iggy não o levou a sério
e assim acabou não deixando o homem se criar. Iggy, de
uma forma mais simpática, definiu Sinclair como um organizador
compulsivo. De uma forma menos simpática, definiria Sinclair
como sendo um homem que parecia querer ser o rastafari do alternativo
no meio-oeste, tentando criar um império e ser o mestre
de cerimônias das ideologias políticas e artísticas
de Ann Arbor.
Os
Stooges evitam Sinclair, não aceitando suas garras, e embora
mantenham a amizade com os integrantes do MC5, houve um certo
distanciamento. Com as guerras raciais em Detroit iniciadas em
67, a policia matou em situações escusas cerca de
cinqüenta jovens. Alguns destes incidentes acontecendo nas
vizinhanças de Sinclair e dos integrantes do MC5. Depois
de eventos que incluíram coquetéis Molotov e uma
escala progressiva de ação repressora por parte
da policia, o clima ficou particularmente tenso. John Sinclair
se mudou e trouxe com ele todas as suas bandas e membros organizadores
do Trans-Love para Ann Arbor, alugando uma casa na 1520 Hill Street,
perto da Universidade de Michigan e não muito longe do
Fun House dos Stooges. Apesar da distância de Detroit, Sinclair
continuou seu estreito relacionamento com Russ Gibb, dono do Grande
Ballroom, fazendo publicidade de eventos, além de promover
e produzir ele mesmo uma serie de eventos na casa.
Espelhando a organização
The Black Panther Party (Partido dos Panteras Negras), formados
por negros na Califórnia, John Sinclair junto com Pun Plamondon
fundam The White Panther Party (Partido dos Panteras Brancas),
em novembro de 1968. A comunidade que fora Trans-Love acabou canalizada
em semear as ideologias dos Panteras Brancas, que começou
como um braço do Youth International Party - fundado em
Chicago no inicio do ano por Abbie Hoffman - mas que em tempo
acabaria com afiliados em todo o país. A premissa maior
deste grupo radicalmente contra o sistema, exigia liberdade econômica
e cultural para todos e se achava no direito de usar quaisquer
meios para conseguir seus objetivos. E com o poder de atração
de suas bandas MC5 e Up, buscavam disseminar a consciência
política nos jovens mais alienados. Foi assim que esta
ótima banda de rock e boogie ganhou notoriedade nacional
e tornou-se permanentemente associada ao engajamento politico
dos Yippies.
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