parceria com Creedance
Kiddo
Tesão
Pela Vida – A História de Iggy Pop
Capítulo
6 – Fim dos Stooges
Raw Power
Raw
Power foi lançado em Maio, quase um ano após
sua gravação.
O disco chega às
lojas com a seguinte relação de músicas,
todas compostas pela dupla Pop/Williamson:
1. Search And Destroy
2. Gimmie Danger
3. Your Pretty Face Is Going To Hell
4. Penetration
5. Raw Power
6. I Need Somebody
7. Shake Appeal
8. Death Trip
O disco foi aclamado como
uma obra-prima, chegando a ficar no Top 100 e com boa vendagem
em Detroit, Los Angeles e Nova York. A Creem Magazine
chamou-o de o melhor disco da década e Lenny Kaye crítico
da Rolling Stone (e que depois tocaria no Patti Smith
Group), rasgou em elogios, dizendo que finalmente a banda tinha
capturado, em vinil, sua essência ao vivo.
Talvez
o que mais chama atenção é a boa voz de Iggy,
não apenas esgoelando, mas realmente cantando suas canções.
A abstinência, mesmo que relativa, de entorpecentes, lhe
fez muito bem a garganta e isto é mais facilmente percebido
nas duas baladas do álbum, “Gimmie Danger”
e “I Need Somebody.” A qualidade das letras também
receberia elogios conforme os anos vão se passando e a
relevância do disco vem aumentando.
Mas por ocasião
de seu lançamento, havia algo no disco que irritara Iggy;
a concepção gráfica da capa, que foi imposta
a ele. Quando viu o disco creditado a Iggy and the Stooges pela
Columbia, o cantor ficou fulo da vida, sem contar a foto na capa,
que o irritou ainda mais. “A Elektra era melhor do que eles.
Aquela capa era uma merda”, diria Iggy. Mas isso aconteceu
porque a MainMan havia feito um acordo vendendo-os como Iggy and
the Stooges, ao invés de Stooges, somente. Hoje em dia,
Iggy concede ao fato que o trabalho gráfico desta capa
trabalhou a seu favor. A arte grafica, com as letras pingando
e até mesmo a foto da capa que ele inicialmente detestara,
Iggy hoje elogia, reconhecendo que serviram positivamente para
sua imagem como artista solo.
Difícil de Vencer
Minha única
alternativa foi comer um conhecido publicitário em troca
de um teto por alguns dias. Isto foi bem baixo. – Iggy
Pop
Com ordens expressas de
deixarem a casa imediatamente, eles saíram com o dinheiro
que Ron Asheton conseguiu poupar secretamente, cerca de cinco
mil dólares. Por indicação de James Williamson,
os irmão Asheton e Iggy se hospedam no modesto Riviera
Hotel, Ron pagando $75 por semana adiantado e cobrando de Iggy
e Scott $10 por dia, cada. Iggy Pop, de início, pernoitava,
mas não ficou por muito tempo. Bob Scheff, por sua vez,
já concluíra que Los Angeles não era pra
eles e retornou à Detroit. Enquanto isto, James Williamson
estava sondando o circuito musical, vendo se havia um lugar para
ele em alguma outra banda. Visitando o estúdio da Capitol
Records ele conhece Scott Thurston a quem ele imediatamente percebeu
uma forte ligação musical. Trocaram telefones e
deixaram o tempo passar e a oportunidade se apresentar.
Costumam dizer que neste
período Iggy dormia na rua, mas isto é mais uma
forma de se dizer que ele não tinha endereço certo
de residência. Iggy passou a ser visto com certa freqüência
no Sunset Strip tão chapado de tudo que acabava batendo
em algo, uma porta, um poste, e ficando por lá mesmo, estirado
na rua, cheirando a sarjeta. As pessoas viam, reconheciam quem
era, e então riam seguindo os seus caminhos.
Profissionalmente, naquele
momento, Iggy Pop e os Stooges estavam acabados. Iggy estava em
franca decadência saúde e mental. Vomitava verde,
expelindo bílis. Outras histórias dão conta
de Iggy rolando de escadarias imensas. Felizmente, ele tem uma
constituição de um touro e aparentemente nunca se
machuca seriamente. Iggy passou a ter relações com
uma conhecida figura do meio musical em troca de acomodações
e assistência financeira imediata. Foi neste cenário
que Steve Harris apareceu como socorro.
Jeff Wald
Iggy então foi apresentado
a Jeff Wald, empresário poderoso e então marido
da cantora em ascensão, Helen Reddy. Wald acreditou que,
com as boas críticas do álbum Raw Power,
os Stooges seriam capazes de gerar interesse e, assim, ainda render
algum dinheiro em bilheteria. Em um acordo verbal, fechado com
um aperto de mãos, Wald acertou uma série de shows
que iria reativar os Stooges e deixá-los ocupados pelo
resto do ano. Para cuidar da banda na estrada, ele também
contratou Danny Sugarman como gerente de excursão.
O primeiro destas datas,
já com a imediata volta de James Williamson na banda, foi
no Santa Monica Auditorium em Santa Monica, Califórnia,
não muito longe de Los Angeles. Depois foram para Ann Arbor
passando primeiro em Chicago onde fizeram uma apresentação
no Aragon Ballroom. Ao chegar em Ann Arbor, se apresentam no St.
Clair Shores Civic Auditorium, e permanecem na cidade onde realizam
uma série de ensaios em preparação para uma
série de importantes datas, que incluem Nova York e Vancouver
no Canadá.
Como formação,
os Stooges agora conta com Scott Thurston em substituição
ao velho Blue Gene Tyranny. Ex-integrante da banda Hokus Pokus,
Thurston é o mais habilidoso musicalmente do grupo. Multi-instrumentista,
ele prova ser igualmente bom na guitarra, teclados e percussão.
Embora esta formação jamais tenha a oportunidade
de gravar e lançar um disco decente por uma gravadora,
várias gravações demos surgirão através
dos anos, demonstrando esta ser talvez a mais selvagem versão
dos Stooges. Certamente é esta versão da banda que
a maioria dos futuros punk rockers irão assistir por já
terem idade para freqüentar sozinhos os clubes.
Entre 06 de julho, show
no St. Clair Shores Civic Auditorium em Ann Arbor e no dia 30
de julho, a primeira noite dos Stooges no Max’s Kansas City
em Nova York. Vários desses ensaios acabaram sendo registrados
em fita. Entre o novo material que a banda havia montado, estão
canções como “She Creatures Of Hollywood Hills”,
“My Girl Hates My Heroin”, “Jesus Loves The
Stooges” (instrumental com um jeitão gospel), “Hey
Baby”, “Born in A Trailer”, “How It Hurts”
e “Johanna”. Algumas destas canções
são só ideias iniciais, com letras ainda em formação
e que nunca chegarão a ser realmente trabalhadas. Outras
como “Johanna” e “I Got The Right” terão
uma vida útil maior.
Max’s Kansas
City
Durante o decurso de 1973,
James Williamson vai se tornando a pessoa para arrumar alguém
para tampar algum buraco dentro da banda. Em um tempo relativamente
curto, todos os novos roadies eram contatos dele. Chegando em
Nova York, The Stooges estavam prontos para mais uma série
de apresentações que teoricamente definiriam seu
futuro imediato como banda rentável. Jeff Wald conseguira
marcar quatro noites seguidas, com os Stooges tocando sempre à
meia-noite no Max’s Kansas City.
O
lugar estava no seu auge chique em 1973, e como diria John Lennon,
“qualquer pessoa que fosse alguém freqüentava
o local.” Os primeiros dois shows dos Stooges foram excelentes
e fazem parte das histórias mais gloriosas do rock’n’roll
daquela cidade. Presentes à primeira apresentação
estavam nomes como Alice Cooper, Todd Rundgren, Bebe Buell, Wayne
County, Dee Dee Ramone e vários membros dos New York Dolls.
Até mesmo Lee Childers e Tony Zanetta da MainMan apareceram
para rever o Iguana.
O set dos Stooges dava
enfase para o último disco Raw Power,
com versões de “Raw Power”, “Gimme Danger”,
“Search & Destroy” e “I Need Somebody.”
Porém o repertório também já incluia
números novos como “Open Up And Bleed”, “Wet
My Bed” e o ainda menos sutil “Rich Bitch”.
Após o show da primeira noite, Iggy Pop foi bater na porta
de Robert Plant, hospedado no Drake Hotel. Led Zeppelin estava
na cidade por conta do House of the Holy Tour e embora Plant estivesse
na gandaia, havia o roadie Lynn Edelson vigiando o quarto. Ao
reconhecer que se trava de Iggy Pop permitiu sua entrada. Edelson
conta que Iggy estava estribuchando e vermelho feito um tomate
e com febre alta. Iggy foi logo contando que sua cocaína
acabou então ele se injetou com Niacin.
Esta droga, mais comumente
conhecida com vitamina B3, tem por função ajudar
o seu organismo converter alimento em energia, ajudando o sistema
digestivo e o sistema nervoso. Em dose excessiva, causa danos
ao figado, úlcera, e alteração na pigmentação
da pele. Edelson o fez tirar a roupa e deitar na cama. O cobriu
com toalhas até a temperatura baixar. Com isto, Iggy caiu
em um sonho profundo. Quando Robert Plant chegou, estava puto
ao encontrar alguém dormindo em sua cama, mas entendendo
o que se passou, até elogiou a ajuda prestada ao colega.
Para a segunda noite, quase
toda a equipe do Led Zeppelin teve uma mesa garantida para assistir
os Stooges. O que se passou nesta segunda noite é até
hoje cercada de mistério e com várias versões.
Uma diz que Iggy estava tentando andar sobre as mesas, uma vez
que o palco era bem pequeno, acabou caindo violentamente, quebrando
copos de vidro e se cortando no peito. Outra diz que alguém
da plateia gritou que sua avó dançava melhor do
que Iggy. O Iguana prontamente pegou um caco de vidro que havia
espalhado pelo chão e passou a se cortar todo. Existe outra
que diz que Jackie Curtis, em dado momento, falou bem alto que
queria ver sangue no palco e Iggy prontamente lhe atendeu. Outra
ainda sugere que Iggy ficou apaixonado pela Bebe Buell que estava
acompanhada de Todd Rundgren e não quis ou não pode
lhe dar nenhuma atenção. Nesta versão, dizem
que Iggy anuncia que seu coração fora quebrado e
então passa a se cortar todo com o vidro.
Em todas as versões,
um detalhe continua o mesmo, o sangue esguichava deixando os espectadores
extremamente preocupados com o artista, pedindo a ele para parar
e ir até um hospital. Contudo, com a adrenalina correndo
solta e sem dar muita importância ao líquido pulsando
fora de seu corpo, Iggy continuou até terminar o set. Iggy
novamente tinha dado, literalmente, sangue pelo espetáculo.
Outra versão da conta que antes de terminar de anunciar
a próxima canção, ele desmaiou. Jeffery Brendam,
o porteiro da casa, procurou carregá-lo para fora do palco.
Ele contou que Iggy estava todo ensangüentado e desmaiou
em seus braços. Suas últimas palavras foram “Há
algun fotografo na casa?”
Contam
que o conterrâneo Alice Cooper conversou seriamente com
Iggy, fazendo-o levar seu corte a sério e ir até
um hospital colocar uns pontos. Enrolou-o em uma toalha e tentou
levá-lo pessoalmente para o hospital. Mas Iggy saiu dali
para a casa de uma mulher que estava lhe esperando, indo pro hospital
somente no dia seguinte, levado por Steve Harris. Ele precisou
de dois dias para se recuperar, antes de poder voltar a se apresentar
no Max’s Kansas City. Acabaram tocando seis dias depois,
no fim-de-semana seguinte, dias 6 e 7 de agosto de 1973.
Vendo Estrelas
no show do NY Dolls
Neste ínterim, Iggy
e os Stooges são vistos no Felt Forum, para assitirem o
show dos New York Dolls que com seu primeiro disco recém
saído, estão vivendo o que seria o auge comercial
da banda. Abrindo para eles estava Mott the Hoople, show que Iggy
assistiu na íntegra. Iggy tomara algumas pílulas
de Valium e estava naquele estado quando acertou a porta da casa,
criando um galo enorme e novamente sangrando na cabeça.
Ficou tão tonto que acabou novamente caindo e sem boa coordenação
motora, graças ao valium, não conseguia se pôr
novamente de pé. Novamente, como em Los Angeles, pessoas
passavam, reconheciam quem era, e riam dele.
Bebe Buell o viu e veio
socorrê-lo, amarrando um pano na cabeça do pobre
Iggy que se mostrou surpreso que alguém se importado. Iggy
passou o show do New York Dolls no ambulatório do Felt
Forum ganhando pontos na testa. No dia seguinte, Iggy apareceu
na casa que Bebe dividia com Todd Rundgren, que estava prestes
a viajar em uma excursão. Extremamente carismático
e de uma simpatia ímpar quando lhe convém, Iggy
conquista Bebe Buell com seu misto de animal selvagem e menino
vulnerável. Durante o período de ausência
de Todd, Iggy se mudou para a casa e por aproximadamente duas
semanas, se tornara o novo caso da Bebe. Neste período
embora curto, Iggy apresenta Bebe a heroína.
Bebe conta um pouco sobre
o incidente: “eu vi Iggy todo arrebentado no chão
e pedi para que alguém o socorre, mas as pessoas apenas
olhavam e riam. Então peguei um lenço meu e comecei
a limpá-lo. Iggy fica balbuciando ‘oh, você
se importou comigo, muito obrigado...’. Depois disso, o
ajudei a levantar e ele pediu meu endereço. Eu dei porque
tinha certeza que ele jamais iria se lembrar. Pois, no dia seguinte,
estava batendo à minha porta. Eu não acreditei quando
o vi!”
Retornando ao Max’s
Retornando
ao Max’s Kansas City para as duas noites finais de seu contrato,
os Stooges novamente fizeram apresentações convincentes.
Nestas duas apresentações a canção
“Open Up And Bleed” passa a ter sua letra definida
e a canção considerada pronta por Iggy. Na última
noite, Iggy estava novamente fora de si de tão entorpecido.
Deitado no chão do vestiario, pedia para Clive Davis mijar
sobre ele.
Jornalistas fazem reviews
elogiando a banda e seu carismático crooner. Creem, After
Dark e Rock Scene escreveram longos enredos sobre o show, a banda
e a influência que eles já percebiam em outras bandas.
Iggy chegou a dar uma longa entrevista para After Dark onde ele
fala sobre alguns dos problemas encontrados dentro da MainMan.
E queixa-se abertamente de como David Bowie, Alice Cooper e The
New York Dolls visivelmente tiraram e absorveram idéias
para o seu som e suas letras, ouvindo e assistindo Iggy Pop e
os Stooges.
Vexame e Sarjeta
Com a boa receptividade
do disco Raw Power, mesmo que apenas no underground,
os Stooges passam a ter uma média de seis a oito shows
por mês. Porém, os Stooges continua sendo uma banda
de drogados que apesar de executarem um rock cru e selvagem, é
essencialmente montada com integrantes extremamente desorganizados
e irresponsáveis.
A excursão segue
com duas noites em Vancouver no Canadá situado perto da
costa oeste do país, retornando em seguida para os Estados
Unidos, tocando no meio oeste na cidade de Phoneix, no estado
de Arizona. A programação os obriga a seguirem leste
para St. Louis, Missouri, terra de Chuck Berry, chegando então
à Costa Leste, onde tocam primeiro em Washington DC., a
capital americana, e depois em Philadelphia. Com o fim do mês
de agosto, descansam quinze dias e se mandam de volta para a costa
oeste onde tocam por cinco noites consecutivas, de 15 a 19 de
setembro, no Whiskey A-Go-Go situando em Hollywood. Neste primeiro
mês de excursões seguidas, Iggy já havia enlouquecido
e os vexames passaram a ser uma constância.
Em Philadelphia, por exemplo,
cidade sede de um fã clube dos Stooges, a CBS havia preparado
o palco para gravar os Stooges ao vivo, comprindo assim as obrigações
da gravadora segundo seu contrato com a banda. Teria sido uma
ótima idéia que resolveria o problema tanto da CBS
quanto dos Stooges, registrando a banda ao vivo tocando um misto
do repertório do novo álbum e já algumas
novas canções. Mas Iggy estragou tudo com seu comportamento
irresponsável, prejudicando a si e a toda banda.
À caminho, a banda
conseguiu como contato umas meninas vinda de Nova York que oferecia
uma droga nova para ele e para muitos, chamado então de
Cristal, por apresentar-se em forma de pó critalizado.
Iggy acabou cheirando uma carreira cavalar de uma droga que ele
nunca havia tomado antes e que ele não tinha nem a mais
remota noção sobre a extensão de seus efeitos
sobre o seu corpo. E ele o fez pouco antes de ir pro show, uma
demonstração de irresponsabilidade e falta de profissionalismo.
Como resultado, entrou engatinhando no palco. Totalmente fora
de si, sem conseguir coordenação motora para ficar
de pé, mal conseguiu balbuciar uma palavra antes de desmaiar.
O que Iggy cheirou naquela
noite foi PCP (Phencyclidine – Fenociclidina), uma droga
que farmaceuticos costumam chamar de um anestésico dissassociativo,
com propriedades alucionógico e analgésico. Pórem
nas ruas a droga é mais conhecida hoje em dia como Pó
de Anjo.
Pó de Anjo
Pó de Anjo foi desenvolvido
durante a Primeira Guerra Mundial para ser uma anestesia cirúrgica,
porém, logo foi encostado, isto é, até que
o laboratório Parker-Davis voltar a experimentar com ela
em 1957. O problema da droga é que seus efeitos colaterais
eram delirium tremens, alucinações e fala acelerada.
Mesmo assim, a Parker-Davis chegou a colocar a droga no mercado,
vendendo como um tranquilizante para animais sob o nome de Sernylan
por volta de 1966-67. Época de experimentações
químicas, principalmente com ácido, a droga começou
a ser tomada por jovens a procura de viagens alucionógenas.
Porém logo ganhou má fama de só oferecer
viagens ruins, e a procura secou rápido.
PCP ataca o seu sistema
nervoso central e cria uma variação de efeitos que
inclue euforia, perda de inibições, ansiedade, desassosego,
desorientação, dificuldade de organizar pensamentos,
noção distorcidas de tempo e espaço, leveza
de corpo e outras alterações relacionadas a sensações
físicas. Efeitos também incluem paranóia,
desconexão com o meio-ambiente, alucionações
audiovisuais, salivação excessiva, suor, dormência,
fala arrastada, gagueira, febre e rigidez muscular.
Utilizando em uma dosagem
considerada tóxica, o consumidor tende a se tornar hostil
e até violento, agindo de forma bizarra ou psicopata. Em
caso de overdose, a pessoa pode ter amnésia, ficar catatônica,
entrar em coma, ter convulsões e até morrer. Muitas
vezes são aplicados tranqüilizantes no usuário
para acalmá-lo. Usuários reportam após a
“viagem”, sentirem efeitos como depressão,
confusão, paranóia e insanidade. Segundo consta,
estes sintomas podem continuar por anos após a primeira
experiência. Hoje, uma substância considerada perigosa
e ilegal praticamente no mundo todo, medicos são unanimes
em acusar a droga, mesmo em pequenas doses, de causarem danos
psicológicos que podem durar meses.
Os Stooges chegaram ao
local do show com uma hora de atraso e ao chegar, logo se percebeu
que Iggy mal conseguia ficar de pé. Ele estava completamente
fora de órbita. A banda entrou para tocar enquanto três
roadies o agarraram pelos braços e pernas e o jogaram no
palco na esperança que as luzes e a música exercessem
alguma influência sobre seu psique. Mas, Iggy cambaleou
até a beira do palco e caiu no chão entre as mesas
da platéia. Foi cambaleando de um lado à outro,
entre as pessoas que o empurravam pra lá e pra cá
reclamando. Alguém esfaqueou Iggy no peito com um sanduíche
de pasta de amendoim com geléia. Quando Iggy finalmente
conseguiu virar e se encostar contra o palco, os roadies pensaram
que ele estava todo ensangüentando e que fora realmente atacado.
Foram buscá-lo e o ajudaram a subir de volta pro palco.
Nisso, os Stooges já havia começado e parado a mesma
música três vezes. Mas, Iggy estava completamente
imprestável e após a terceira música o clube
mandou a banda sair, acabando assim com o show. Outras histórias
dão conta de Iggy tão chapado que cai rolando de
escadarias imensas. Felizmente ele tem uma constituição
de um touro e aparentemente nunca se machuca seriamente.
Mas não era só
Iggy que perdera as estribeiras. Scott Asheton começou
a demonstrar que ele realmente estava enloquecendo de verdade.
Passou a não trocar mais a roupa, e por conseqüência,
não tomar mais banho como uma forma de ficar mais próximo
a Deus. Passou a andar com uma toalhinha como amuleto. A toalha
que ele usava para enxugar o suor durante os shows, agora se torna
um defletor de vibrações negativas para ele e a
banda. Com o tempo, ele passa a cobrir sua cabeça com a
toalha, inicialmente só durante os shows, depois, onde
quer que ele fosse e sentisse um karma ruim.
Whiskey-A-Go-Go
As
cinco noites no Whiskey-A-Go-Go foram em si um tour de force.
A banda não só teria que tocar cinco dias seguidos,
mas teria que apresentar dois shows por noite, um de tarde, outro
de noite. Nunca duas apresentações eram exatamente
iguais. Na estréia, um grande show, com Iggy fazendo suas
locuras no palco de sempre, esgoelando as letras enquanto a banda
manda ver. No segundo show da noite, o público estava cheio
de artistas famosos. Iggy não pensou duas vezes e foi se
chegando de mesa em mesa avisando que só iria fazer o show
se o ajudarem com uma caixinha para que ele possa pagar seu fornecedor
que estava esperando sua grana nos bastidores. E assim ele foi
juntando uma grana pedindo contribuições nas mesas
de gente como Jack Nicholson e Warren Beatty. Quando foi hora
de começar o show e a banda entrou com o riff de “Search
And Destroy”, Iggy entra totalmente chapado e completamente
fora de si. Conseguiu chegar até o microfone antes de desmaiar.
A essa altura, as pessoas
já estavam questionando a qualidade do show que os Stooges
estavam trazendo pro palco. Verdade que ainda se rasgavam em elogios
pelo trabalho do trio de instrumentistas. Mas já se criticava
o desempenho de Iggy Pop no palco como um todo. Questionando a
falta de esforço do cantor para cuidar da voz, de ficar
no tempo, de não errar a letra das canções
que ele mesmo escrevera. As cinco noites em seguida no mesmo local
também deixaram claro que a banda tinha apenas um repertório
ensaiado e que, embora as apresentações mudassem
show a show, as canções são sempre as mesmas
sem muitas mudanças na ordem.
The Stooges ainda tentaram
gravar algo enquanto em Los Angeles, em uma sessão no LA
Workshop, estúdio onde The Doors gravaram muito de seu
material. Iggy estava nas nuvens por estar trabalhando onde Jim
Morrison gravara. Produzindo a sessão estava sob o comando
de Todd Rundgren e apesar da banda parecer que estava em um bom
dia, o compacto almejado acabou não se materializando.
Deixando Hollywood de lado, seguem para Memphis.
Macaquice
No caminho, Iggy estava
cheirando discretamente na bandeja da sua poltrona no avião,
e depois, fumava um baseado dentro do banheiro durante o vôo.
Uma vez o avião tendo aterrisado, enchia a cara até
a hora de começar o show. Na grande maioria das noites,
quando finalmente sobe no palco, já está fora de
si e com a voz baleada. Quem abriu para os Stooges nesta ocasião
foi The New York Dolls que após uma hora de show, teve
David Johansen preso por beijar um homem que tentava subir no
palco. Homossexualismo, como também travestir-se de mulher
era proibido no estado de Tennessee em 1973. Os integrantes dos
NY Dolls não são presos nem uma coisa nem outra,
mas Johansen acabou na cadeia da delegacia por conduta inapropriada.
Durante
o show dos Stooges, como surpresa para toda banda, aparece em
meio ao set, um homem vestido em uma roupa de gorila. Iggy na
noite anterior havia sido jogado nos arbustos em frente ao seu
hotel onde dormiu só se dando conta onde estava quando
acordou. Como resultado da noite ao relento, ele havia perdido
sua voz pela manhã. Como remédio, Iggy se entope
de barbitúricos além de uma boa injeção
de metadrina, dado por um médico para ele poder ter alguma
voz para o show. Iggy diria, “Eu estava enxergando triplicado,
me segurando no pedestal do microfone para manter o equilibrio
e não cair, quando de repente aparece um gorila indo na
minha direção, me agarrando enquanto eu ainda estava
cantando. Eu estava alucinado de medo. Eu pensava que era um gorrila
de verdade!” No final, se tratava de ninguem menos do que
Elton John querendo fazer uma brincadeira com um artista cuja
sua música ele admirava.
Elton comentaria no final
da noite, “Eu simplesmente não consigo entender como
ele ainda não é uma grande estrela.” Davey
Johnstone, guitarrista do Elton John Band, também presente
na ocasião, rasgaria enormes elogios ao trabalho de James
Williamson dos Stooges nesta mini entrevista. Iggy iria rir e
comenta apenas que, “Elton é um cara bacana.”
Iggy estava, a esta altura
da excursão, adotando um novo hábito de tomar muitas
doses de vodka e tranquilizantes. Uma combinação
que geralmente causa a pessoa de rolar os olhos para tras e desmaiar.
Em Atlanta, Iggy tomara tantos tranquilizantes que não
conseguia ficar de pé. Tiveram que injetar anfetamina e
cocaína para que ele pudesse subir no palco e se dependurar
no microfone. Fecharam a semana de shows em um clube chamado Poor
Richard’s. A banda toda se encheu de angels dust e novamente
fizeram uma apresentação lembrada não pela
música mas pelos eventos bizarros que aconteceram. Em momento
algum Iggy e os Stooges conseguiram coordenar a fala com a música.
Pegaram então um
trem para Washinton DC para um show com bastante promoção
local. Esta é a segunda passagem dos Stooges pela cidade
nesta excursão, desta vez a ser realizado no Kennedy Center
For Performing Arts. The Stooges abririam para Mott the Hoople
nesta noite. A noite seguinte acabava com uma garota digamos...,
meio grande, pesada, e que provavelmente namorava um motoqueiro
de alguma gangue, estava no quarto com os irmãos Asheton.
Ela se deixou ser amarrada na cama pelos pés e braços
com cintos, totalmente nua. Ron e Scott, com a ajuda de uma caneta,
desenharam todo o corpo da mulher como um açogueiro marcaria
um boi. Então todo corpo estava com as delineações
devidamente marcadas.
Dezembro 1973
Começando o último
mês do ano, The Stooges tocariam ainda nas cidades de Jacksonville
e Daytona, fazendo em Florida excelentes apresentações.
Tanto, que o gerente de excursão Chris Ehring levantou
a teoria que a os Stooges se apresentam melhor nos lugares de
pouca representatividade, em cidades pequenas. Em cidades cosmopolitas
onde os bastidores estavam cheio de pessoas dizendo para Iggy
que eles o amam, era nesses lugares que Iggy ferrava com tudo.
Ele ficava com medo de palco, se entupia de alguma coisa e sua
apresentação ficava uma merda ou simplesmente acabava
pelo meio. A teoria certamente condiz com eventos ocorridos em
certas noites, se não todas. Irresponsabilidade e completa
falta de profissionalismo também tem sua parte nesta história
de tragedias comicas.
The Stooges seguem agora
para Nashville, Tennessee, onde se apresentarão em um bar
chamado Mother’s onde eles já tocaram antes, embora
com outra formação. Adentram o local do show, na
hora que a banda de abertura estava passando som. A banda era
feito de roadies do Allman Brothers, todos caipiras sulistas extremamente
musculosos que, ao ver os integrantes dos Stooges, confundiram-os
com uma banda meio gay. Começaram a fazer comentarios osbcenos,
prometendo estuprá-los. Os Stooges imediatamente se trancaram
no banheiro até a hora do show. Naquela noite, fizeram
uma apresentação primorosa a ponto de mais tarde,
os caipiras se desculparem. “Nós não sabiamos
que vocês podiam tocar assim.”
Em Nova Jersey, no penúltimo
show da banda no ano, Iggy momentos antes de entrar encontra uma
menina que ele define como “alguem com pinta que estava
doida pra fuder.” Então mesmo contra o melhor julgamento,
leva ela até o banheiro, a deita no chão e transa
ali mesmo. No meio para o final, os irmãos Asheton estão
batendo na porta rindo e avisando que já foram chamados
ao palco. Iggy então sai, enquanto a garota no chão
do banheiro, está suplicando entre gemidos que ele fique.
Ron vestido de nazista faz uma introdução em alemão
o que acabou ficando como o grande destaque da noite. Tanto que
a JDL (Liga em Defesa Judaica) acabou expulsando os Stooges da
cidade.
BAM - Brooklyn
Academy of Music
O
último show do ano foi no Academy of Music em Brooklyn,
realizado no reveillon. A noite foi dividida entre as bandas Kiss,
New York Dolls, the Stooges e tendo Blue Oyster Cult como banda
principal. Steve Harris, presente esta noite, foi visitá-lo
nos bastidores antes do show. Iggy estava bem, a banda estava
quicando, doido para entrar e tocar. Harris conta que saiu para
sua mesa e quinze minutos depois, o mestre de cerimônias
anuncia os Stooges e nada da banda entrar.
Quando a banda finalmente
entrou em cena, com um atraso considerável, o fizeram sem
Iggy. Levando aquele riff de introdução repetido
ad infinitum até o vocalista aparecer, o que levou mais
tempo do que seria normal. Quando Iggy finalmente aparece, ele
estava completamente chapado e todo mundo imediatamente sabia
que seria mais um daqueles vexames. Ele vomita, arrota, esquece
aonde ele deveria entrar, tropeça e cai do palco. A banda
precisa parar e recomeçar, mas apesar de cantar com alguma
fúria e autencidade, Iggy não se lembra da letra
de nada e portanto não adianta que nenhuma versão
na fica boa. Um gran-finale catastrófico para a mais longa
excursão que a banda tenha realizado em todos os seus anos
de atividade. Este show também foi gravado para posteridade
com intuito inicial da CBS de lançar um disco ao vivo.
Ao final da noite, Iggy estava estirado no chão frio do
vestiário, rolando em cerveja derramada e pontas de cigarro.
Seus sonhos, como sua vida profissional, estavam a caminho da
sarjeta.
Últimos
Eventos
A esta altura, o embalo
inicial do disco Raw Power já perdera
efeito e as loucuras despirocantes de Iggy já o transformara
em uma piada de mal gosto. Jeff Wald se afasta e os Stooges começam
eles mesmos a cuidar de seus negocios. O roadie Chris Ehring passa
a funções de gerente de excursões enquanto
Iggy cuida ele mesmo de fechar datas para a banda tocar.
Ao final de 1973, Clive
Davis deixa CBS e mais tarde vem a fundar a Arista Records. Perdendo
seu empresário que os bancavam, e sem nenhum peso dentro
da CBS, uma vez que Steve Harris e Clive Davis, quem os contratou,
já tinham deixado a casa, não havia quem se interessasse
em ajudá-los. Muito pelo contrário, muita gente
dentro da CBS queria se livrar da associação com
Iggy e os Stooges o quanto antes.
Em início de 1974,
em um de seus momentos menos infeliz, durante um festival em Wisconsin,
conheceu a cantora Buffy Saint Marie com quem teve um caso tipo
de uma noite. É interessante notar como Iggy Pop, quando
careta e relaxado, consegue ser extremamente educado e encantador.
Atraíndo seguidamente as atenções de todas
estas pessoas bonitas e interessantes. Um charmoso artista e cavaleiro,
sem tirar nem por. No entanto, uma vez chapado, já que
ele nunca demonstrou maiores considerações por dosagens,
passa a agir como o diabo da Tasmânia, totalmente fora de
controle, com a mente orbitando outro planeta - bem, bem longe.
Durante o final de 1973
e o início de 1974, os Stooges ainda fizeram algumas gravações
em estúdio a titulo de demos. Os shows já incluíam
várias canções novas que, em muitos casos,
tinham uma letra que mudava de show em show, com partes murmuradas
e inteligíveis. O repertório inclui “I Got
Nothing”, “Cock In My Pocket”, “Johanna”,
“Rich Bitch”, “She Creatures of Hollywood Hills”,
“My Girl Hates My Heroin”, “Jesus Loves The
Stooges”, “Wet My Bed”, “Born In A Trailer”,
“Open Up And Bleed” e “How It Hurts.”
Algumas destas letras são
de mensagens diretas. Como por exemplo em “Ritch Bitch”
– Puta Rica onde diz, “e sua buceta é tão
grande que se pode passar um caminhão e todo cara que você
encontra sabe que você já foi comida.” Uma
memoravel dedicatória para aquela garota de Nova Jersey
comida no banheiro as vésperas de subir ao palco, talvez?
Ou mesmo “Cock In My Pocket” – Pau No Meu Bolso,
onde declarou, sem meias palavras: “eu quero apenas fuder,
não quero nenhum romance. Eu tenho um pau no bolso, yeah
baby, e eu gosto dele.”
Mas os Stooges é
uma banda que se recusa a morrer. Sem empresário, sem gravadora,
sem dinheiro, pois tudo ia para pagar quarto de hotel e comida.
O que sobrava ia pras veias. Não é à toa
que Ron Asheton era o único que conseguia guardar alguma
coisa para emergências. Ron conta, “Estávamos
perdidos quando não estavamos na estrada. Vivíamos
em hotéis baratos ou apartamentos alugados. A roupa de
palco ficava tão suja que ficava em pé sozinho no
canto, escondido no banheiro por causa do cheiro. E no dia seguinte,
vesti-la novamente, nunca ficando em um lugar tempo suficiente
para poder fazer a lavanderia.”
Sem empresário,
Iggy passava a marcar os shows e o fazia sem nenhuma estratégia.
O que pintava ele aceitava, obrigando a banda ir de um lado para
o outro do continente seguidas vezes. E nessa, tocaram também
em lugares muito barra pesada.
O Iguana Versus
os Escorpiões
Já jogaram de
tudo em mim – Iggy Pop
O ano de 1974 para os Stooges
confere três apresentações em janeiro e seis
em fevereiro. A última sendo possivelmente a mais lendária,
graças em parte a um pirata chamado Metalic KO, que passou
a circular registrando o evento. Nele, o público literalmente
jogou de tudo em cima da banda, mirando principalmente em seu
vocalista.
Iggy faz um levantamento
humorado deste lado de seu show, “Já me cuspiram.
Me socaram. Já me acertaram com ovos, com dinheiro, com
clips de papel, máquinas fotográficas, sutiãs,
cuecas, trapo velho, vestimentos mais caros como cintos e coisas
assim. Já me acertaram com uma atiradeira, frutas diversas,
uma garrafa de Johnny Walker Black Label. Eu sei que foi uma Johnny
Walker Black Label porque a banda depois pegou a garrafa e me
mostrou. Jogaram uma garrafa de whiskey em mim! Passou muito perto
da minha cabeça, não tive nem tempo de reagir. Por
pouco não me acerta. O vidro era tão pesado que
a garrafa não quebrou. Eles realmente fazem uma boa garrafa.”
Mas esta história
na verdade começa no show anterior, realizado em Wayne,
Michigan, em um barzinho barra pesada chamado Rock And Roll Farm.
Uma boa porção do público daquela noite eram
membros e amigos de uma turma de motoqueiros chamado Scorpions.
Entre eles tinha um sujeiro em particular que chamou atenção
do Iggy. O Iguana por sinal, estava vestido com um chapéu
de mulher com três flores, um saiote e sapatos de bailarina
como roupa de palco desta ocasião.
Durante todo o show, o
motoqueiro estava jogando ovos em sua direção. Chegou
um ponto que o Iguana resolveu confrontar o seu rival. Então
podem imaginar a cena esdrúxula do baixinho Iggy Pop, descendo
do palco e indo na cara e coragem para encarar o motoqueiro. O
homem era três vezes o seu tamanho com um braço mais
grosso que a coxa de Iggy. Em uma das mãos ele usava uma
luva de couro com taxas ponteagudas.
Iggy sabia que ia apanhar,
mas ele não podia mais continuar a ignorar o cara jogando
ovos nele, portanto, em sua cabeça, era melhor resolver
a coisa do que deixá-la se estendendo a noite toda. O cara
deu a primeira e Iggy não caiu, deu a segunda, terceira,
quarta e assim por adiante. Iggy não caiu, mas estava em
um estado de estupor que em momento conseguiu reagir.
Havia tanto sangue jorrando
pela cara que o motoqueiro cansou. Iggy não caiu, não
pediu arrego, só ficou ali como um joão bobo esperando
o cara matá-lo ou respeitá-lo. O cara cansou e de
certa forma, respeitou o cantor nanico vestido de bailarina. Iggy
então retorna para o palco e canta “Louie, Louie.”
Diria Iggy, “Quando tudo mais falha, vá de ‘Louie,
Louie’, tocado bem alto, que ela irá tirar você
de qualquer situação.”
No meio da briga, alguém
do bar chamou a polícia que acabou chegando e ajudando
tirar Iggy de lá. Durante o dia seguinte ele veio a aprender
que o que se passou na noite anterior nada tinha a ver com a maneira
que a banda estava tocando. Era apenas a noite de batismo daquele
motoqueiro na gangue. Sua missão era passar a noite jogando
ovos em Iggy Pop. Ao invés de deixar o ocorrido como assunto
morto, Iggy vai até uma rádio e convida todos os
Scorpions a freqüentar o próximo show para jogarem
o que quiserem, se tiverem coragem.
E assim se sucedeu o acabou
se tornando o histórico último show dos Stooges.
Realizado em Detroit no Michigan Palace, praticamente uma casa
para os Stooges; os Scorpions em peso apareceram e encontraram
a banda no palco cercados de guarda-costas, todos membros de outra
gangue de motoquieros chamdos Child’s Children. Então
os Scorpions ficaram mesmo na platéia do meio para trás
apenas jogando coisas na direção do Iguana. Coisas
neste caso inclue frutas e legumes estragados, mudando depois
para garrafas de cerveja e vinho. Iggy por sua vez, contratara
alguns amigos para zunir essas coisas de volta para o público.
Algumas das meninas da frente jogaram algumas calcinhas que Iggy
entendeu como uma demonstração de carinho.
Momentos humorísticos
incluíam Scott Asheton implorando para que Iggy não
fique na sua frente e colocando um prato estrategicamente situado
de forma que seu rosto fosse protegido durante toda a noite. Felizmente
não houve nenhum incidente maior, afora a quantidade de
garrafas sendo jogado em cima do artista principal. Ninguem sabia
aquela noite, mas esta seria a ultima apresentação
dos Stooges.
Gravado para posteridade
por Michael Tipton, amigo de Ron Asheton que morava em Detroit
em uma maquina de quatro canais. Sem fins lucrativos, Tipton fez
uma cópia para cada integrante da banda. Aí Ron
conta, “Iggy, James e Scotty perderam as suas cópias
e eu era o único a ter uma cópia porque eu guardo
tudo. Aí James Williamson em ‘76 me pede a fita emprestado
porque ele dizia ter um projeto de engenharia de som para fazer.
Eu nunca recebi a fita de volta e de repente aparece o disco com
aquele show. Iggy e James venderem a única cópia
para Skydog por $2.000. Michael Tipton ficou furioso. Foi ele
quem gravou o show e eles não lhe deram um centavo pelo
seu trabalho.”
Iggy conta uma história
um pouco diferente, dizendo que James Williamson vendeu a fita
para Marc Zermuti dono da Skydog sem ninguem saber. Zermuti foi
então para França onde Iggy não poderia enontra-lo
e lançou o disco primeiramente lá. O álbum
saiu com o titulo de Metalico KO em julho de 1976. Sendo o auge
do interesse popular pelo punk, o disco tornou-se um registro
de certa importancia.
Voltam para Ann Arbor para
uma semana de descanso. Ron conta que recebeu um telefonema de
Iggy Pop dizendo que estava exausto tanto fisica quanto mentalmente.
“Me desculpa Ron, mas eu preciso deixar a banda. Eu não
consigo continuar. Eu simplesmente não consigo lidar mais
com a situação.” E foi desta forma relativamente
simples que os Stooges acabou de vez em fevereiro de 1974.
Ron
Asheton analisa assim a opção de Iggy, “Havia
muitas coisas acontecendo. A coomparação entre Iggy
e Bowie, para começar. Iggy estava sempre nos jornais.
Eles escreviam sobre ele como um novo estrela do rock que estava
a caminho de uma carreira solo fantástica. Iggy foi lendo
sobre quão grande ele era, e como ele poderia se dar melhor
sem os Stooges. Alguns shows levavam apenas o seu nome sem menção
aos Stooges. Tudo isso criou uma distancia entre Iggy e a banda.
Ele estava realmente mentalmente e fisicamente esfolado. Ele acabou
se tornando tão nervoso e tenso que precisava de tomar
tranquilizantes para relaxar”.
Fim de uma Etapa
Iggy Pop, James Williamson,
Ron Ashton e Scott Asheton iriam se reencontrar em Los Angeles,
mas não mais como uma banda em um projeto Stooges. Ron
e Scott viajaram para LA apostando em uma vez lá Iggy acabaria
aproveitando os dois para novamente trabalharem juntos. Não
foi assim que a coisa descorreu.
Os Stooges só
retornariam 30 anos depois, com uma passagem que incluiu até
um show no Brasil, no final de 2005. Encerro essa parceria com
Creedance, agradecendo de coração a chance de dividirmos
esses textos. E a carreira-solo de Iggy segue neste site, na seção
Colunas. Um abraço a todos, em especial ao amigo residente
da Big Apple.
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