313 - Iggy Pop - Instinct e Brick by Brick

Dois discos distintos e que deram credibilidade a Iggy Pop. O final do começo dos anos 80 e início dos 90 é a ressurreição da carreira de Iggy. Após o pop Blah Blah Blah com David Bowie, Iggy se une a outros músicos e lança dois LPs. Em 1988 ainda, passa pela primeira vez ao Brasil. E o sucesso seria estrondoso com a canção "Candy", em parceria com Kate Pierson, do B-52's. Enfim, o sucesso. Certo, Pop?


Após Blah Blah Blah, Iggy queria voltar a fazer um disco de rock, pesado, cheio de guitarras e distorção.

Apesar do sucesso, Iggy não havia gostado do disco: "trabalhar com David Bowie é um prazer, mas uma tortura também. Ele é um músico incrível e um grande produtor, tem idéias excelentes, mas os álbuns acabam soando 50% Bowie e 50% Iggy. Eu queria um disco apenas com idéias minhas".

Blah Blah Blah seria o último disco de Pop produzido por David Bowie.

Porém, antes de fazer um novo LP, Iggy participou, ao lado do baixista Bootsy Collins, de um disco quase todo instrumental do músico japonês Ryuichi Sakamoto, Neo Geo, na faixa "Risky".

Após a particupação, era hora de pensar em um novo disco solo. Para tanto, convidou o produtor e baixista Bill Laswell, que já havia trabalhado com Jah Wobble, Matisyahu, Ramones, Motörhead, Swans, Public Image Limited.

Iggy começou a escrever novas composições, sozinho.

"Comecei a escrever novas canções na minha guitarra. No começo meus dedos sangraram até me acostumar. Depois deixei de fumar para dar mais poder à minha voz e logo ela ficou mais poderosa, forte. Parei de fumar não para cantar mais bonitinho; parei para cantar mais forte."

Esse era o espírito de Iggy em 1988. E ele queria um disco bem pesado, na fronteira do heavy metal.

Para a missão, acabou convidando o ex-guitarrista dos Sex Pistols, Steve Jones, com que estava escrevendo algumas coisas desde 1985.

Além de Jones, Iggy convocou outro ex-membro dos Pistols, o baixista Glen Mattlock, além do baterista Paul Garisto e do tecladista Seamus Beaghen.

Iggy confessa que se divertiu muito no estúdio: "Bill é um cara sério, mas com muito senso de humor. É extremamente meticuloso e dentro do estúdio é 200% sério, o que é ótimo, porque sou 100% diversão e isso deu o equilíbrio."

E diversão era a palavra-chave. Após um período nebuloso na década de 70 e início dos anos 80, ele tinha uma vida estável e queria recomeçar (novamente).

Instinct foi lançado em julho de 1988 e mostrou uma faceta perdida desde os tempos dos Stooges. O disco trazia as seguintes faixas:

Lado A

1. "Cold Metal" – 3:27
2. "High on You" – 4:48
3. "Strong Girl" – 5:04
4. "Tom Tom" – 3:17
5. "Easy Rider" – 4:54

Lado B

1. "Power & Freedom" – 3:53
2. "Lowdown" – 4:30
3 . "Instinct" – 4:12
4 . "Tuff Baby" – 4:27
5 . "Squarehead" – 5:06

"Cold Metal" foi lançado em single, atingido a 37ª posição, enquanto o LP ficou apenas em 110ª posição, na América.

Outras boas faixas eram "High On You", que, assim como "Cold Metal", teve um vídeo promocional. Outros bons momentos eram , "Power & Freedom e "Lowdown".

As críticas foram negativas, chamando o disco de "álbum menor" e iludiam que Iggy tinha feito um álbum para rápido esquecimento. Uma injustiça com um disco cheio de vida e bons riffs. Era óbvio que ele estava recuperando o tempo perdido e mostrava que ainda era capaz de fazer um LP honesto.

Alguns desses críticos, diziam que ele buscava desesperadamente voltar aos tempos de Stogges, coisa que não era verdade, pois Iggy não desejava mais aquele caos, principalmente porque havia parado com as drogas e tinha um relacionamento amoroso sério e estável.

Iggy com SlashSem se importar com a opinião dos outros, Iggy resolveu sair tocando pelo mundo, passando pelo Brasil, inclusive e, ao invés, dos ex-Pistols, entraram em seus lugares Andy McCoy (guitarra) e Alvin Gibbs (baixo).

E ele não deixava dúvidas: o negócio era rock and roll, quase heavy metal. E Iggy dava seu carimbo de sempre no palco, se mexendo como uma locomotiva.

Um desses shows teve um disco pirata muito famoso e bem gravado pela gravadora King Biscuit Records, de um show em Boston, no dia 19 de julho de 1988.

Apesar dos shows serem excelentes e Iggy concorrer ao Grammy na categoria Best Hard Rock/Metal, acabou deixando a Arista, que queria outro Blah Blah Blah.

Como o LP teve baixas vendagen se Iggy se recusava a fazer outro disco comercial, foi dispensado.

Mas, logo, assinou com a Virgin e daria uma virada na sua carreira. Nova gravadora, nova vida, e um sucesso imenso, até inesperado.

Para o primeiro LP em novo selo, requisitou os trabalhos do renomado produtor Don Was (Bob Dylan, The Rolling Stones, George Clinton, Carly Simon, Paul Westerberg e George Michael), entre outros e antigo fã dos Stooges.

Além deles, Iggy se cercou de vários músicos famosos, todos fãs seus: do Guns N' Roses, vieram o baixista Duff McKagan o e guitarrista Slash.

Participaram também Waddy Wachtel (guitarra), Charlie Drayton (baixo), Jamie Muhoberac (teclados), Kenny Aronoff (bateria), David Lindley (violino e bandolim), Kate Pierson (vocal) e John Hiatt (vocal).

O novo trabalho foi gravado entre 15 de fevereiro até 23 de março de 1990, em Los Angeles. Iggy, novamente se mostrava em ótima forma, fazendo um disco poderoso, com canções brilhantes, cheias de vida e melodias memoráveis.

O grande destaque de Brick by Brick era a belíssima canção "Candy", que cantou ao lado de Kate Pierson, do B-52's e que foi fartamente tocada na MTV. Outras canções ganharam vídeos, casos de "Home", "Butt Town" e "Livin' On the Edge of the Night". A capa foi desenhada por Charles Burns.

Kate Pierson, aliás, não era a primeira opção para o dueto. Iggy havia convidado Chrissie Hynde, líder dos Pretenders e fã de longa data do cantor, mas devido a problemas de agenda, Iggy acabou optando por Kate. Foi uma escolha perfeita.

A canção ficou em 28ª posição, na Billboard e em quinto na parada de rock e o clip trazia os dois ícones do rock norte-americano.

Brick by Brick ficou em 90º lugar na parada e deu ao cantor o primeiro disco de ouro, por vendas superiores a 500 mil cópias.

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado 1

1. "Home" – 4:00
2. "Main Street Eyes" – 3:41
3. "I Won't Crap Out" – 4:02
4. "Candy" – 4:13
5. "Butt Town" – 3:34
6. "The Undefeated" – 5:05
7. "Moonlight Lady" – 3:30

Lado 2
1. "Something Wild" – 4:01
2. "Neon Forest" – 7:05
3. "Starry Night" – 4:05
4. "Pussy Power" – 2:47
5. "My Baby Wants To Rock And Roll" – 4:46
6. "Brick By Brick" – 3:30
7. "Livin' On The Edge Of The Night" – 3:07

Além de "Candy", três canções tiveram vídeos promocionais: "Home", "Butt Town" and "Livin' On the Edge of the Night", sendo que essa última fez parte da trilha-sonora do filme Chuva Negra, com Michael Douglas.

Aproveitando o ótimo momento, Iggy participou do projeto para arrecadar dinheiro para o combate à AIDS, Red Hot + Blue, cantando "Well Did You Evah!", com sua amiga Debbie Harry.

O disco seria largamente mostrado ao mundo até 1992, e, em 1991, é filmado um filme, depois editado em DVD, onde se vê o ator Johnny Depp, na platéia.

Com dinheiro e credibilidade, Iggy daria novos vôos. Mas isso é papo para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

The Idiot (1977)
Lust for Life (1977)
Kill City (1977)
TV Eye (1978)
New Values (1979)
Soldier (1980)
Party (1981)
Zombie Birdhouse (1982)
Blah Blah Blah (1986)
Instinct (1988)
Brick by Brick (1990)
American Caesar (1993)
Naughty Little Doggie (1996)
Nude & Rude: The Best of Iggy Pop (1996)
The Best of Iggy Pop... Live (1996)
King Biscuit Flower Hour (1997)
Your Pretty Face Is Going to Hell (Get Back/Original Masters) Iggy Pop & the Stooges (1998)
Avenue B (1999)
Live (2000)
Milleniun Edition (2000)
Skull Ring (2003)
Ultimate Live (2004)
Platinum & Gold Collection (2004)
Penetration (2005)
The Best of Iggy Pop (2005)
A Million In Prize: The Anthology (2005)

 


 

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