44 - Violeta de Outono - Ilhas

"Não esquece de falar que esse disco é a continuação da gravação que resultou naquele EP anterior. Por isso coloquei na contra-capa a mesma foto da capa daquele disco, para que as pessoas fizessem essa ligação!"

Fabio Golfetti me fez esse pedido duas vezes ao telefone e eu não seria louco de esquecer. Então tá avisado. O novo disco do Violeta de Outono, Ilhas, o primeiro com material inédito desde 1999, quando foi lançado Mulher na Montanha (descontando o tal EP) é o registro completo com o ex-baterista Gregor Izidro. O disco também conta com os mesmos músicos convidados daquele trabalho, como a vocalista Naide Patapas, o percussionista João Parahyba e o tecladista Fabio Ribeiro.

A boa nova é que um novo disco já está sendo gravado nesse momento com a formação orginal (Fabio, Claudio e Angelo) e deverá sair também este ano. Dois discos do Violeta em um mesmo ano? Pois é, milagres acontecem...

Mas, vamos com calma e comentar as 13 faixas do disco...

1 - Línguas de Gato em Gelatina - Quando ouvi a introdução da canção, um belo solo de Fabio, fiquei intrigado. Eu já havia ouvido aquele solo antes e perguntei se ele havia se inspirado em alguma canção. Fabio confessou que não e que a tinha escrito improvisando em um piano. O mais gozado é que tive que revirar minha coleção de cds, pois jurava que já a tinha ouvido. Foi quando fechei o olho e me lembrei. E ficou uma história muito curiosa. O Echo and the Bunnymen possui um disco pirata ao vivo chamado On Strike, um disco tão formidável que algumas faixas foram registradas no box, Crystal Days. Pois esse disco - essencialmente só de covers - tem uma bela versão de "The Big Country", dos Talking Heads. Ora, foi aí que Fabio ouviu, do Echo! Não, não foi não, ele jurou novamente e deu risada da coincidência quando contei. Bem, fica então uma sugestão ao Fabio: dê a co-autoria para David Byrne, saia contando que você escreveu algo junto com o escocês e deixe o Léo Jaime louco de inveja até ele dançar virado para a parede... Brincadeiras à parte, alguém reparou como a faixa remete à "Rinoceronte na Montanha de Geléia" no título? Ninguém? Esquece...

2 - Mahavishnu - Uma das três faixas que faziam parte do EP Sessions 2002/2003, embora em uma versão maior. Não sei se a intenção de Fabio foi fazer uma edição editada para o EP e uma maior para o disco, como costumava ser praxe nas décadas de 70 e 80 - um clássico que sofreu esse processo, por exemplo, foi "Ashes to Ashes", do disco Scary Monsters (And Super Creeps), de David Bowie. A faixa tem alguns timbres mais realçados, especialmente no violão e alguns segundos extras e belos de órgão. Mas confesso que prefiro a versão do EP, embora esteja belíssima. E ainda conta com o belo verso zeppeliano "se a luz/se recusar a brilhar/ estarei com você".

3 - Blues - Uma bela surpresa essa canção. Fabio dedilha um belo solo de blues, embora mais para David Gilmour do que para Eric Clapton (ou Jimmy Page, no caso). Belo trabalho de teclado em uma viagem de quase cinco minutos. Poderia facilmente tocar em programas de rock, se é que eles ainda existem. Ou de blues.

4 - Estrelas - Uma canção triste e uma das letras mais bacanas do disco.

5 - Ecos - Nessa faixa o instrumento mais destacado é a bateria de Gregor, que parece querer quebrar todo seu kit. Alguns climas remetem ao primeiro disco do grupo, lançado em 1987, pelo selo Plug.

6 - Eclipse - Música inédita em versão de estúdio, mas que já faz parte do repertório da banda há 10 anos. "Eclipse" foi registrada no disco ao vivo Mulher na Montanha Ao Vivo lançado em 2004. Aqui, ela está mais longa, decorada e com quase 7 minutos de duração.

7 - Supernova - Mesma faixa que comparece no EP Sessions 2002/2003, composta por Angelo Pastorello. Vale ressaltar a delicada percussão a cargo de João Parahyba.

8 - Azul - Minha faixa inédita preferida desse disco. Apenas guitarra, violão e piano e muito delicadeza, com direito ao solo mais bacana de Fabio em todo o disco.

9 - Transe - Outra amostra de como Gregor leva o som do Violeta para cima, com suas viradas.

10 - Cartas - Uma bela composição e que remete ao período de Mulher na Montanha.

11 - Jupiter - Meio floydiana, com ecos de David Gilmour e com uma bela voz de fundo de Naide. A canção mais hipnótica de todo o disco e uma das mais longas - 6 minutos e 19 segundos.

12 - Dança - Pios de pássaro, sitar e com apenas Fabio e Angelo presentes. Composição de Pastorello. Um belo tema oriental.

13 - Moon Princess - Canção original também do EP e que, assim como lá, fecha um grande disco.

Para adquirir o disco, basta entrar no site do grupo e adquirir o seu. Agora é esperar o novo trabalho do trio, com Claudio novamente no grupo e torcer para que o Violeta não deixe seus fãs tanto tempo sem novo material.