"Não
esquece de falar que esse disco é a continuação
da gravação que resultou naquele EP anterior. Por
isso coloquei na contra-capa a mesma foto da capa daquele disco,
para que as pessoas fizessem essa ligação!"
Fabio Golfetti me fez esse
pedido duas vezes ao telefone e eu não seria louco de esquecer.
Então tá avisado. O novo disco do Violeta de Outono,
Ilhas, o primeiro com material inédito
desde 1999, quando foi lançado Mulher na Montanha
(descontando o tal EP) é o registro completo com
o ex-baterista Gregor Izidro. O disco também conta com
os mesmos músicos convidados daquele trabalho, como a vocalista
Naide Patapas, o percussionista João Parahyba e o tecladista
Fabio Ribeiro.
A boa nova é que
um novo disco já está sendo gravado nesse momento
com a formação orginal (Fabio, Claudio e Angelo)
e deverá sair também este ano. Dois discos do Violeta
em um mesmo ano? Pois é, milagres acontecem...
Mas, vamos com calma e
comentar as 13 faixas do disco...
1 - Línguas
de Gato em Gelatina - Quando ouvi a introdução
da canção, um belo solo de Fabio, fiquei intrigado.
Eu já havia ouvido aquele solo antes e perguntei se ele
havia se inspirado em alguma canção. Fabio confessou
que não e que a tinha escrito improvisando em um piano.
O mais gozado é que tive que revirar minha coleção
de cds, pois jurava que já a tinha ouvido. Foi quando fechei
o olho e me lembrei. E ficou uma história muito curiosa.
O Echo and the Bunnymen possui um disco pirata ao vivo chamado
On Strike, um disco tão formidável
que algumas faixas foram registradas no box, Crystal Days.
Pois esse disco - essencialmente só de covers - tem uma
bela versão de "The Big Country", dos Talking
Heads. Ora, foi aí que Fabio ouviu, do Echo! Não,
não foi não, ele jurou novamente e deu risada da
coincidência quando contei. Bem, fica então uma sugestão
ao Fabio: dê a co-autoria para David Byrne, saia contando
que você escreveu algo junto com o escocês e deixe
o Léo Jaime louco de inveja até ele dançar
virado para a parede... Brincadeiras à parte, alguém
reparou como a faixa remete à "Rinoceronte na Montanha
de Geléia" no título? Ninguém? Esquece...
2 - Mahavishnu
- Uma das três faixas que faziam parte do EP Sessions
2002/2003, embora em uma versão maior. Não
sei se a intenção de Fabio foi fazer uma edição
editada para o EP e uma maior para o disco, como costumava ser
praxe nas décadas de 70 e 80 - um clássico que sofreu
esse processo, por exemplo, foi "Ashes to Ashes", do
disco Scary Monsters (And Super Creeps), de David
Bowie. A faixa tem alguns timbres mais realçados, especialmente
no violão e alguns segundos extras e belos de órgão.
Mas confesso que prefiro a versão do EP, embora esteja
belíssima. E ainda conta com o belo verso zeppeliano "se
a luz/se recusar a brilhar/ estarei com você".
3 - Blues
- Uma bela surpresa essa canção. Fabio dedilha um
belo solo de blues, embora mais para David Gilmour do que para
Eric Clapton (ou Jimmy Page, no caso). Belo trabalho de teclado
em uma viagem de quase cinco minutos. Poderia facilmente tocar
em programas de rock, se é que eles ainda existem. Ou de
blues.
4 - Estrelas
- Uma canção triste e uma das letras mais bacanas
do disco.
5 - Ecos
- Nessa faixa o instrumento mais destacado é a bateria
de Gregor, que parece querer quebrar todo seu kit. Alguns climas
remetem ao primeiro disco do grupo, lançado em 1987, pelo
selo Plug.
6 - Eclipse
- Música inédita em versão de estúdio,
mas que já faz parte do repertório da banda há
10 anos. "Eclipse" foi registrada no disco ao vivo Mulher
na Montanha Ao Vivo lançado em 2004. Aqui, ela
está mais longa, decorada e com quase 7 minutos de duração.
7 - Supernova
- Mesma faixa que comparece no EP Sessions 2002/2003,
composta por Angelo Pastorello. Vale ressaltar a delicada percussão
a cargo de João Parahyba.
8 - Azul
- Minha faixa inédita preferida desse disco. Apenas guitarra,
violão e piano e muito delicadeza, com direito ao solo
mais bacana de Fabio em todo o disco.
9 - Transe
- Outra amostra de como Gregor leva o som do Violeta para cima,
com suas viradas.
10 - Cartas -
Uma bela composição e que remete ao período
de Mulher na Montanha.
11 - Jupiter -
Meio floydiana, com ecos de David Gilmour e com uma bela voz de
fundo de Naide. A canção mais hipnótica de
todo o disco e uma das mais longas - 6 minutos e 19 segundos.
12 - Dança
- Pios de pássaro, sitar e com apenas Fabio e Angelo presentes.
Composição de Pastorello. Um belo tema oriental.
13 - Moon Princess
- Canção original também do EP e que, assim
como lá, fecha um grande disco.
Para adquirir o disco,
basta entrar no site
do grupo e adquirir o seu. Agora é esperar o novo trabalho
do trio, com Claudio novamente no grupo e torcer para que o Violeta
não deixe seus fãs tanto tempo sem novo material.
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