027 – Sex Pistols

Como pode um grupo entrar para a história lançando apenas um disco em vida e tendo músicos tão limitados? Como é possível ser considerado a maior banda do planeta e acabar no auge da carreira? E como puderam voltar, 20 anos depois, mesmo considerando o som primário, datado e chato? Apesar de ter um lugar cativo na história da música, os Sex Pistols, que sempre foram acusados de serem uma banda de armação, parece não ser incomodar com isso. A prova é que 30 anos depois, continuam lotando shows, sempre em cima do único disco oficial, um dos maiores álbuns de todos os tempos: Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols. Trinta anos depois, Johnny Rotten pode berrar bem alto: como é bom ser punk!


E Johnny Rotten, o mesmo que jurava nos anos 80 que jamais faria um revival da banda, parece estar rindo da situação.

A bordo do extinto PiL, afirmava não ter saudades da ex-banda e que não tocaria mais canções dos Pistols.

Bem… na turnê de Album (disco editado em 1986), a opinião já havia mudado, pois cantava “Pretty Vacant” (“mas só porque é uma bela canção”, dizia).

E, aos poucos, ia metendo outra canção ali, outra acolá.

Feio mesmo foi voltar em 1996 declarando que se reuniram apenas e tão somente por grana, muita grana. E essa foto, de 2007, mostra que a grana foi bem destinada, ao menos, no sentido calórico da palavra, se comparada com uma de 1976.

Mas, cada um sabe onde aperta o calo e o que fazer com o legado de algo tão grande.

E falando em legado…

A Inglaterra fervia no meio dos anos 70. Com o governo conservador de Thatcher, o desemprego subiu às alturas e pipocavam as crises raciais.

Tudo isso contribuiu para que os jovens se rebelassem e procurassem novas formas de viver. O rock já não era mais aquela música de urgência de antes. Na verdade, era comprida e complicada. Tanto o rock progressivo quanto o hard rock não conseguiam expressar os pensamentos de uma juventude que não tinha nada para fazer.

Foi com Malcolm McLaren que a história começou. Cansado da vida tediosa em Londres, Malcolm se mandou para Nova York entre 1974 e 1975 para ver o que rolava.

Acabou se tornando empresário do New York Dolls, experiência dura para os dois lados.

Malcolm usava a tática da confrontação e quis fazer daquele grupo de bêbados e selvagens uma banda política, vestindo os Dolls de vermelho e colocando no palco uma bandeira com foice e martelo. Não deu muito certo.

Mas, Malcolm tinha um grande olho para as inovações e descobriu que a noite nova-iorquina apresentava um aprendizado sem fim. Nova York começava a criar uma nova cena, com Patti Smith, Television, Ramones, Blondie e Richard Hell liderando os novos grupos.

A palavra punk já era usada, mas em um contexto totalmente diferente que queria McLaren. Para os americanos era uma nova maneira de pensar e de agir, um pequeno grupo de jovens que ia contra ao monótono e tedioso rock dos anos 70. Malcolm, ao contrário, queria mais: queria fazer um ato político, queria chocar, confrontar, algo distante da idéia nova-iorquina.

Inspirado no visual de Richard Hell – “ele parecia estar sempre acabado, como se tivesse saído de um bueiro” – Malcolm voltou para Londres para criar a visão britânica do punk, em 1975. Além, ele fez mais do que copiar o estilo visual de Hell.

Apaixonado pela canção “Blank Generation”, pediu aos Pistols para escrever a versão londrina, resultando em “Pretty Vacant”. “Fiquei puto quando a ouvi. Os Pistols tinham roubado toda a atitude de minha composição”, disse Hell, fato confirmado por McLaren.

Com sua loja Sex, ele arregimentou quatro jovens que queriam mais provocar e falar palavrão do que tocar: Johnny Rotten, Glen Matlock, Steve Jones e Paul Cook. Nascia os Sex Pistols.

O que pouca gente comenta é que a banda já tinha um passado dentro do rock. O guitarrista Steve Jones (então vocalista) e o baterista Paul Cook fizeram parte do Strand, por volta de 1973.

A banda fez pouco sucesso, mas os dois começaram a circular com Don Letts (no futuro se associaria ao Clash em vários níveis), além de Malcolm e sua esposa, Vivienne Westwood. Letts era dono da loja de roupas Acme Attractions e o casal da Too Fast to Live, Too Young to Die, que depois mudaria de nome: Sex.

McLaren e Westwood vendiam todo o tipo de roupa “estranha” para os jovens ingleses e acabou atraindo uma pequena legião, todos vitais para o surgimento do punk rock inglês, como Sid Vicious, Captain Sensible (Damned), Jah Wobble (PiL), Mick Jones (Clash), Tony James (Generation X) e Marco Pirroni (Siouxsie and the Banshees).

Em 1974, McLaren começa a ajudar o Strand, que coloca Glen Matlock como baixista. Matlock era um estudante de arte e que trabalhava como balconista da Too Fast to Live, Too Young to Die.

Enquanto McLaren viajava para a América, Vivienne resolveu mudar o nome da loja para Sex e mudar o visual da loja, explorando um visual de roupas mais sado-masoquistas e retrô, para horror da vitoriana sociedade londrina.

Quando o guitarrista Wally Nightingale deixou a banda, McLaren pediu que Steve Jones assumisse o instrumento e acabou convidando um garoto estranho, exótico, de cabelo verde e que vivia na Sex com uma camiseta com os dizeres “I Hate Pink Floyd”: John Lydon, futuro Johnny Rotten.

Lydon não era uma pessoa muito simpática, mas Malcolm não errou ao vê-lo alguém com muito carisma e inteligência. Após um teste em que cantou “I’m Eighteen”, de Alice Cooper foi promovido a cantor do novo grupo, embora jamais tenha sido vocalista antes.

A chegada de Rotten causou uma baixa, a do jornalista Nick Kent. Kent costumava tocar jams com os demais, mas Rotten pediu que ele fosse expulso do grupo assim que entrou: “depois disse, nunca mais ele escreveu uma palavra elogiosa a meu respeito”, conta Johnny. McLaren ainda colocou um anúncio na Melody Maker procurando um outro guitarrista. Steve New fez um teste, mas sua participação durou poucos dias.

Com a formação solidificada, Malcolm colocou o grupo para ensaiar e mudou o nome do grupo para The Sex Pistols.

Fizeram o primeiro show, em novembro de 1975, no Saint Martins College. O som atordoou tanto os presentes, que uma funcionária desligou os amplificadores do grupo, horrorizada com o que ouvia.

Apesar do horror de muitos, vários jovens ficaram excitados com o que viam e ouviam: em cima do palco, quatro jovens que mal dominavam seus instrumentos despejavam uma música furiosa, raivosa, mostrando que qualquer um podia fazer o mesmo, no mais puro espírito “do it yourself (DIY)“, o “faça você mesmo”.

O ano de 1976 veria a banda tocando regularmente, especialmente nos clubes Nashville e Oxford Street’s 100 Club. No dia 4 de junho de 1976, são convidados por Pete Shelley e Howard Devoto (Buzzcocks) para tocarem em Manchester, no Lesser Free Trade Hall.

Apesar de pouca gente – cerca de 40 pessoas – estavam presentes músicos que acabariam formando a cena local, como o Joy Division, Smiths, etc. No mês seguinte fazem o primeiro show fora do Reino Unido, no Club De Chalet Du Lac, em Paris.

O grupo chama a atenção de vários selos e assina com a gigante EMI, que no dia 26 de novembro lança o primeiro single do grupo, Anarchy in the U.K., com “I Wanna Be Me”, no lado B.

O single alcança o 38º lugar na parada, mas um incidente logo faria com o que contrato fosse rompido.

O que mais chamava a atenção era o teor da letra, totalmente niilista e que atacava organizações políticas e paramilitares como o IRA, MPLA e a UDA. Rotten conta que após escrever a primeira linha “I am an Antichrist”, não conseguia encontrar uma rima e optou por pronunciar a palavra “anarchist” como”An-ar-KHIST”.

membros do Bromley ContingentApós o razoável sucesso, os Sex Pistols tiveram uma chance inesperada isso porque o Queen – um dos maiores nomes da EMI – teve que cancelar, em cima da hora, uma aparição no programa Today, da televisão Thames.

Assim, os Sex Pistols foram escalados e levaram vários membros do Bromley Contingent, expressão criada pela jornalista Caroline Coon para designar grupos que seguiam a cartilha dos Sex Pistols, entre eles Siouxsie Sioux. Bromley era o local de onde quase todas as banda saíram.

A entrevista seria feita pelo apresentador Bill Grundy, que estava bêbado, talvez por estar assustado ou desconfortável. A entrevista seguia tensa, como Johnny dizendo a palavra “shit” (merda), fato inédito na televisão britânica.

O momento de maior tensão aconteceu quando Grundy começou a provocar o guitarrista Steve Jones a dizer algo provocativo. Irritado, o guitarrista meteu no ar a palavra “fucker”. Apesar da pequena audiência no horário, a entrevista foi parar nas capas do principais tablóides londrinos, como o Daily Mirror, que estampou na capa “The Filth and the Fury”. Ironicamente, seria o título de um documentário da banda, em 1996.

O escândalo criou uma propaganda imensa para a banda, e Malcolm levou o grupo, ao lado do Clash, Damned e o Heartbreakers, de Johnny Thunders, na turnê Anarchy Tour. Os shows eram caóticos e pouquíssimas cidades permitiam que a banda se apresentasse. A EMI entrou em cena arranjando alguns shows para o grupo, na Holanda, no clube Paradiso, em Amsterdã. Seriam os últimos shows com o Matlock.

Os problemas voltaram a acontecer antes mesmo do embarque para a viagem, com Steve Jones vomitando em algumas senhoras antes de voarem, ainda no aeroporto de Heathrow. Logo, o selo viu que os Pistols eram uma batata quente e os despediram, pagando a multa rescisória.

Matlock acabou sendo demitido após os shows. Apesar da lenda de ter sido mandado embora por “gostar demais dos Beatles”, Glen deixou o grupo por ser comportado demais para a fama que o grupo e McLaren desejavam. Em seu lugar, entrava o ex-baterista (isso mesmo, baterista!) do Siouxsie and the Banshees, Sid Vicious.

John Simon Ritchie já havia passado pelo The Flowers of Romance (nome de um LP do PiL) e os Banshees quando assumiu o baixo dos Pistols, amigo pessoal de Rotten e o “maior fã dos Pistols”, segundo o vocalista.

Sid, porém, era o oposto de Glen: tocava mal, vivia drogado o tempo inteiro, mas acabou se eternizando como o protótipo do punk. Com seu colar de cadeado e sempre chapado, incapaz de dizer uma frase inteira com sentido, Vicious foi o maior personagem do movimento.

Vicious era incapaz de tocar, mas injetou o carisma que McLaren tanto desejava. Vicious não era um bom músico, mas ajudaria a causar mais polêmica e escândalo por onde os Pistols passassem.

Enquanto a banda colecionava polêmica, McLaren assina com a A&M, que foi rompido, seis dias depois, após Sid Vicious vomitar e agredir um dos diretores do selo na festa comemorando o acontecido.

No dia 3 de abril, Sid realiza o primeiro show como membro dos Pistols, no Screen on the Green, em Londres. No mês seguinte, assinam com a Virgin, que lança o histórico single God Save The Queen, no dia 27 de maio, que vai direto para o topo da parada britânica.

“God Save the Queen” foi o mais violento ataque já feito à Rainha da Inglaterra, chamando-a de fascista e criticando a monarquia, algo tão caro para os britânicos. Mesmo sendo banida da BBC, a canção decola feito um foguete até o primeiro lugar.

O grupo ficou ainda mais em destaque ao tocarem a canção em um barco durante as comemorações dos 20 anos de coroamento da Rainha Elizabeth II, no dia 7 de junho, no meio do Rio Tâmisa. A banda, Malcolm McLaren, Vivienne Westwood, Tracie O’Keefe e Debbie Juvenile (ambas do Bromely Contingent) foram presos.

Após os acontecimentos, a banda teria uma vida difícil nas ruas de Londres, especialmente Rotten, esfaqueado uma vez, atingindo um tendão de sua mão, além das cuspidas diárias que recebia.

Com isso, a turnê na Escandinávia acabou sendo adiada por algum tempo e Malcolm batizou a turnê de SPOTS (Sex Pistols On Tour Secretly), com os Pistol tocando com pseudônimo para não ver mais shows cancelados.

Enquanto isso, a banda estava em estúdio com Chris Thomas, produtor dos dois primeiros singles da banda para gravar um LP. O disco tinha o título provisório de God Save Sex Pistols, mas logo foi descartado. E coube a Steve Jones não apenas as guitarras, mas também o baixo. “Sid veio para o estúdio e queria tocar, mas nem deixamos entrar no estúdio. Além disso, por causa do excesso de drogas, ele estava com hepatite”, conta Jones. O baixista só conseguiu entrar no final, tocou algumas partes, substituídas depois por Jones, para tristeza do companheiro.

capa da edição inglesacapa da edição norte-americana

No dia 28 de outubro é editado o clássico Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, o disco que mudaria o destino da música.

Dois singles precederam o LP; Pretty Vacant, em junho e Holidays in the Sun, em setembro.

As músicas desciam a lenha, chamando a Família Britânica de fascista. Rotten se proclamava o anti-Cristo, o anarquista, o arauto do caos. A banda chegou ao primeiro lugar nas paradas, mesmo sendo boicotada pelas rádios. Em protesto, as paradas colocavam uma tarja branca quando os Sex Pistols apareciam no topo.

Embora o disco tenha feito um sucesso imenso, a maioria das canções já era conhecida por rodar em várias fitas piratas da época. Um disco pirata Spunk, editado também em 1977, trazia algumas demos gravadas entre 1976 e 1977.

O disco original continha 11 composições, mas a banda resolveu depois incluir “Submission” nas prensagens seguintes. A edição norte-americana trazia a capa em cores diferentes.

Todas as composições eram assinadas por Steve Jones/Glen Matlock/Paul Cook/Johnny Rotten, exceto “Holidays in the Sun”, e “Bodies”, feitas por Jones/Cook/Rotten/Sid Vicious. Rotten escreveu todas as letras, exceto “Seventeen” (Steve Jones) e “Pretty Vacant” (Glen Matlock).

O LP com 11 faixas tinha as seguintes canções:

Lado 1

1. “Holidays in the Sun” – 3:22 *
2. “Liar” – 2:41
3. “No Feelings” – 2:51
4. “God Save the Queen” – 3:20
5. “Problems” – 4:11

Lado 2

1. “Seventeen” – 2:02
2. “Anarchy in the U.K.” – 3:32
3. “Bodies” – 3:03 *
4. “Pretty Vacant” – 3:18
5. “New York” – 3:07
6. “E.M.I.” – 3:10

E o LP com 12 faixas tinha as seguintes canções:

Lado 1

1. “Holidays in the Sun” – 3:22 *
2. “Bodies” – 3:03 *
3. “No Feelings” – 2:51
4. “Liar” – 2:41
5. “God Save the Queen” – 3:20
6. “Problems” – 4:11

Lado 2

1. “Seventeen” – 2:02
2. “Anarchy in the U.K.” – 3:32
3. “Submission” – 4:12
4. “Pretty Vacant” – 3:18
5. “New York” – 3:05
6. “E.M.I.” – 3:10

O título do disco – bollocks é algo como “escroto” – causou problemas para o grupo e a Virgin, pois muitas lojas se recusavam a comercializá-lo ou estocá-lo. Até um processo foi aberto, mas o caso foi brilhantemente defendido pelo advogado John Mortimer que provou que o termo era usado na antiga Inglatera em sermões de pregadores.

A banda continuou fazendo shows, sendo o último do ano no Natal, em Huddersfield.

Com medo de tumultos, a banda não anunciava onde tocaria até poucos minutos do show acontecer, evitando cancelamentos e maiores confusões.

Em janeiro de 1978, a banda embarca para a única turnê pela América. Os shows pelos Estados Unidos foram uma mistura de caos, confusões e péssimas apresentações. A banda era seguida por fãs por todo o país e até a televisão seguia os passos do grupo, como se fossem os Beatles.

Outro ponto curioso é que os fãs tinham uma relação sado-masoquista com a banda, não se importando em serem cuspidos, ofendidos, xingados e até maltratados. Quanto pior, melhor.

Mas os promotores não gostavam do que ouviam, inclusive o público. Embora fossem carismáticos, as apresentações eram fracas e Sid Vicious mal conseguia se manter em pé, de tão chapado.

O último show aconteceu no Winterland Ballroom, em São Francisco. Irritado com tudo e com todos, Rotten anunciou que o show teria somente uma música.

Tocaram “No Fun”, dos Stooges, com Rotten berrando “This is no fun, at all” e dizendo para a platéia “vocês já tiveram a imprensão que foram sacaneados?” E deixou a banda.

Johnny estava farto de tudo: “Sid vivia chapado, fora da realidade, Malcolm me odiava e nem conversava comigo e Paul e Steve me culpavam dizendo que eu deixava todos tensos porque não concordava com nada. Estava cheio.”

Além disso, reclamava que nunca tinha dinheiro suficiente: “Malcolm parecia um banco judeu, nos dava 25 libras por semana e só isso”- relembra Rotten. “Malcolm ganhava rios de dinheiro em cima de nós e nos pagava pouco. Sid parecia nunca saber onde estava e ia para qualquer lugar que houvesse um pouco de droga. Eu sentia que Steve e Paul estavam do lado de Malcolm. Me enchi de tudo isso e fui passar um tempo fora de Londres, pois não aguentava mais ter as janelas da minha casa apedrejadas e ser alvo de cusparadas.”

Rotten conta, porém, que a banda não o perdoou: “a banda me deixou em Los Angeles sem dinheiro, sem passagem aérea, sem quarto de hotel e uma mensagem nos escritórios da Warner dizendo que se alguém ligasse dizendo ser Johnny Rotten para não atender, pois era mentira. Nunca perdoei Malcolm por isso, embora eu gostasse ainda dos outros.”

Sem saída, Rotten conseguiu um dinheiro e voou até Nova York, onde deu uma entrevista coletiva anunciando o fim dos Sex Pistols. Falido, ligo para o chefe da Virgin, Richard Branson e pediu uma passagem para Londres, via Jamaica. Na terra de Bob Marley, Branson encontrou membros do Devo e tentou encaixar Rotten, sem sucesso, no grupo.

Em 1987, John Lydon processou Malcolm por direitos autorais e conseguiu um milhão de libras como indenização.

“Foi mais do que justo esse milhão. Nós éramos o Sex Pistols e não Malcolm. Ele só foi um aproveitador e mentiroso que diz que o movimento punk foi idéia dele. O movimento nunca teria existido sem nós.”

Mas antes do processo, a picaretagem ainda rolava solta e, em 1979, é editado o disco duplo The Great Rock ‘n’ Roll Swindle.

O disco é uma grande confusão. McLaren, Cook e Jones resolveram viajar para o Rio de Janeiro tão logo Rotten deixou o grupo. Vicious ficou na América e logo se viu indiciado pela morte da namorada Nancy Spungen, morta em 12 de outubro de 1978, em Nova York. No dia 2 de fevereiro de 1979, era a vez de morrer o baixista, de overdose, também em Nova York.

Mas The Great Rock ‘n’ Roll Swindle nada mais é do que a trilha-sonora do filme de mesmo nome, com vários vocalistas. Paul Cook, por exemplo canta “Silly Thing”; Steve Jones, “Lonely Boy”, “The Great Rock ‘n’ Roll Swindle”, “Friggin’ In The Riggin” e a versão do compacto de Silly Thing”.

O assaltante do trem pagador Ronald Biggs aparece em “No One Is Innocent” e “Belsen Was a Gas”.

Malcolm cantava “You Need Hands”; Edward Tudor-Pole, “Rock Around the Clock”, “Who Killed Bambi” e Sid era a estrela de “My Way”, “C’mon Everybody” e “Something Else”.

Enquanto a banda lançava o disco, em fevereiro de 1979, Rotten já estava em outra vida, com o PiL.

Em 1996, porém, os Sex Pistols voltam para uma turnê que visava apenas o dinheiro e foi batizada de Lucro Sujo. “A única intenção foi fazer grana. Ganhar um dinheiro extra não faz mal a ninguém”, disse Lydon.

tour foi registrada em um álbum ao vivo com a formação original, ou seja, com Glen Matlock no baixo e passou pelo Brasil.

“Já que voltamos por causa de lucro não tinha porque deixar o Glen de fora. E que diferença faz se ele gosta dos Beatles ou de ABBA? Nós estamos aqui para encher nossos bolsos. E Glen é um bom músico.”

No mesmo ano é editado o CD Filthy Lucre Live, da respectiva turnê.

O disco foi um fiasco completo. Rotten havia perdido toda a voz, soava como uma velha se esgoelando, a banda não tinha mais energia e o vocalista estava muitos quilos acima para fazer uma apresentação razoável.

Talvez, por isso, o CD tenha vendido pouco e tenha sido muito malhado pela crítica.

As músicas eram:

1. “Bodies”
2. “Seventeen”
3. “New York”
4. “No Feelings”
5. “Did You No Wrong”
6. “God Save the Queen”
7. “Liar”
8. “Satellite”
9. “(I’m Not Your) Steppin’ Stone”
10. “Holidays in the Sun”
11. “Submission”
12. “Pretty Vacant”
13. “EMI”
14. “Anarchy in the U.K.”
15. “Problems”

Depois da turnê a banda se separou novamente e Lydon partiu para uma não bem-sucedida carreira solo. Até o PiL foi abandonado.

Mas a banda não desistiu e recentemente fez uma nova volta, inspirado no lançamento da edição especial de 30 anos de Never Mind the Bollocks, novamente com a formação original.

É claro que a situação física da banda se deteriorou ainda mais, embora levem a lenda dos Pistols adiante, coisa que o ex-Rotten, John Lydon jurou fazer enquanto era líder do PiL. Mas a verdade é que a banda segue tocando e ganhando seu “lucro sujo” com os sucessos do passado.

Fiquem com a letra de “Holidays in The Sun”. Um abraço!

I don’t wanna holiday in the sun
I wanna go to new Belsen
I wanna see some history
‘Cause now i got a reasonable economy
Now I got a reason, now I got a reason
Now I got a reason and I’m still waiting
Now I got a reason
Now I got reason to be waiting
The Berlin Wall
Sensurround sound in a two inch wall
Well I was waiting for the communist call
I didn’t ask for sunshine and I got World War three
I’m looking over the wall and they’re looking at me
Now I got a reason, Now I got a reason
Now I got a reason and I’m still waiting
Now I got a reason,
Now I got a reason to be waiting
The Berlin Wall
Well they’re staring all night and
They’re staring all day
I had no reason to be here at all
But now i gotta reason it’s no real reason
And I’m waiting at the Berlin Wall
Gotta go over the Berlin Wall
I don’t understand it….
I gotta go over the wall
I don’t understand this bit at all….
Claustropfobia there’s too much paranoia
There’s too many closets I went in before
And now I gotta reason,
It’s no real reason to be waiting
The Berlin Wall
Gotta go over the Berlin Wall
I don’t understand it….
I gotta go over the wall
I don’t understand this bit at all…
Please don’t be waiting for me

Traduzindo ficaria mais ou menos assim:

Um feriado barato na miséria de outros povos!
Eu não quero férias ao sol
Eu quero ir para nova Belsen
Eu quero ver alguma história
Porque agora eu tenho um pouco de dinheiro
Agora eu tenho uma razão, agora eu tenho uma razão
Agora eu tenho uma razão e ainda estou esperando
Agora eu tenho uma razão
Agora eu tenho uma razão para ficar esperando
O Muro de Berlin
Som Sensurround em uma parede de duas polegadas
Bem, eu estava esperando pela chamada dos comunistas
Eu não pedi pelo pôr do sol e consegui a 3a Guerra Mundial
Estou examinando cuidadosamente o Muro e eles estão olhando pra mim
Agora eu tenho uma razão, agora eu tenho uma razão
Agora eu tenho uma razão e ainda estou esperando
Agora eu tenho uma razão
Agora eu tenho uma razão para ficar esperando
O Muro de Berlin
Bem, eles estão estrelando toda noite e
Eles estão estrelando todo dia
Eu não tinha razão estar aqui
Mas agora eu tenha uma razão, não é uma razão real
E eu estou esperando no Muro de Berlim
Tenho que ir pro Muro de Berlim
Não entendo…
Tenho que examinar detalhadamente o Muro de Berlim
Eu não entendo nem um pouco disso tudo…
Claustrofobia, há muita paranóia
Há muitos cubículos em que eu já fui antes
E agora eu tenho uma razão,
Não é uma razão real para ficar esperando
O Muro de Berlim
Tenho que ir pro Muro de Berlim
Não entendo…
Tenho que examinar detalhadamente o Muro de Berlim
Eu não entendo nem um pouco disso tudo…
Por favor, não fique esperando por mim.

Discografia

Singles

“Anarchy in the UK” (1976)
“God Save the Queen” (1977)
“Pretty Vacant” (1977)
“Holidays in the Sun” (1977)
“No One Is Innocent” (1978)
“My Way” (1979)
“Something Else” (1979)
“Silly Thing” (1979)
“C’mon Everybody” (1979)
“The Great Rock ‘n’ Roll Swindle” (1979)
“(I’m Not Your) Steppin’ Stone” (1980)
“Revolution in the Classroom” (1989)
“Anarchy in the UK” (1992)
“Pretty Vacant” (1992)
“Pretty Vacant” (live) (1996)
“God Save the Queen” (2002)
“Anarchy in the UK” (2007)
“God Save the Queen” (2007)
“Pretty Vacant” (2007)
“Holidays in the Sun” (2007)

Discos

Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols (1977)
Spunk (1977)
The Great Rock ‘n’ Roll Swindle (1979)
Some Product: Carri on Sex Pistols (1979)
Flogging a Dead Horse (1980)
Anarchy in the UK: Live at the 76 Club (1985)
Kiss This (compilation) (1992)
Filthy Lucre Live (1996)
Jubilee (2002)
Sex Pistols Box Set (2002)
Raw and Live (2004)
Agents of Anarchy (2008)