039 – New Order – Substance 1987

O Joy Division estava no auge da fama quando o cantor Ian Curtis resolveu se enforcar. Passado o susto, os três remanescentes do grupo (Stephen Morris, Bernard Albrecht e Peter Hook), convidaram Gillian Gilbert e formaram o New Order. O começo foi complicado, pois Bernard Albrecht foi eleito o cantor da banda, com uma ressalva: não sabia cantar. Mesmo assim continuaram na ativa. Em 1981, lançam o primeiro disco, Movement. Tímidos, com voz baixa e uma letra chamada “ICB” (Ian Curtis Burried), passaram meio despercebidos. O começo do sucesso foi o lançamento da música “Blue Monday”, que botou todo mundo para dançar, pelo menos na Inglaterra. Aos começos a linha mais sombria da banda foi acabando e aderiram à eletrônica. A banda começou a ganhar nome, dinheiro e sucessos nas pistas de dança de todo mundo. O resto….bem, eles ainda continuando fazendo grandes melodias.



O New Order ocupou uma trajetória que muitas bandas tentaram, mas poucas conseguiram: perder um membro, mudar de nome e de estilo, e ainda assim, serem tão importantes quanto o grupo antigo. Bernard mudou seu sobrenome para Sumner, e a banda acompanhava o cantor, mudando de estilo.

Após intermináveis e belos singles, o melhor do grupo na década de 80 foi organizado em Substance 1987, um disco duplo. O CD é ainda mais valioso, já que além dos dois discos em um só, veio com um disco extra, com lados B.

Substance 1987 veio como uma espécie de best of para as pistas de danças. Me lembro que quando comprei, dei muita festa com ele. Foi um sucesso retumbante, tão grande que Quincy Jones, produtor de Michael Jackson fez um novo remix de “Blue Monday”, que ganhou um 88 no nome.

“Ficamos muito honrados em termos nossa música produzida por Quincy, um verdadeiro mestre nisso”, disse Hook.

Quincy também lembra bem desse disco: “Eu sempre quis conhecer essa banda por inteiro. Adorava seus singles e discos e me interessei em trabalhar com o New Order. E a canção era fantástica.”

O disco começa com “Ceremony”, música que Ian McCulloch, do Echo and the Bunnymen, que esteve recentemente no Brasil, considera o melhor single da década. Nela você ainda ouve a voz de Sumner, baixa, misturada com os instrumentos. A música fez parte do repertório do Joy Division, mas não tinha vocais de Ian Curtis.

O grupo mostra também “Temptation”, um grande sucesso na Inglaterra. Apesar de serem amados por público e crítica, sempre foram avessos à entrevistas. Nos shows tocam apenas o que gostam e pouco se importam em agradar o público. O grupo entra, faz o setlist que deseja e vai embora, sem dar a mínima para a audiência.

O maior mérito do álbum é que, apesar de ser um best of, as músicas não foram retiradas de nenhum álbum da banda, apenas dos singles.

Assim, “Perfect Kiss” e “Subculture”, do disco Low-life, e “Bizarre Love Triangle”, do disco Brotherhood, são completamente diferentes aqui. Um adendo: a versão original de “Blue Monday” foi colocada na versão americana do LP Power, Corruption and Lies.

“Nós achamos uma bobagem fazer single com músicas do disco. Gostamos de fazer um disco e músicas extras. Nós trabalhamos muito duro no estúdio”, disse Stephen. Outra banda que gostava de editar singles aos milhares eram os Smiths, mas alguns entraram em álbuns oficiais, embora grandes canções, como “Ask” e “Panic”, só tenham saído em coletâneas.

O grupo já abusava da bateria eletrônica. No clip de “Perfect Kiss”, dá para observar o grupo no estúdio. Stephen abandona a bateria comum e faz sequências de teclados com Gillian. A bateria eletrônica é tocada por Peter Hook, que também cuida do baixo.

Músicas da banda entraram em vários filmes, como por exemplo em Pretty in Pink, no Brasil chamado A Garota do Rosa Shocking, com uma canção inédita chamada “Shellshock”, feita especialmente para a película.

Existe um filme da época em que gravaram o disco Republic, em que há um quiz sobre o New Order. O curioso é que os próprios integrantes respondem as questões. Quando é perguntado quem é o mais preguiçoso da banda, nem perderam tempo: “é o Ian Curtis, que não faz nada há 10 anos”, mostrando o corrosivo humor inglês.

O disco possui versões maravilhosas de “Subculture” e “Bizarre Love Triangle”. Um disco que valia um comentário maior da minha parte, mas minhas limitações me fazem parar por aqui. Se puderem ouça a versão em CD, que saiu no Brasil.

Fiquem com a letra de “Blue Monday” e “Bizarre Love Triangle”. Um abraço!

Blue Monday

How does it feel to treat me like you do?
When you’ve your hands upon me
And told me who you are
I thought I was mistaken
I thought I heard your words
Tell me, how do I feel
Tell me now, How do I feel

Those who came before me
Lived through their vocations
From the past until completion
They’ll turn away no more
And I still find it so hard
To say what I need to say
But I’m quite sure that you’ll tell me
Just how I should feel today

I see a ship in the harbor
I can and shall obey
But if it wasn’t for your misfortune
I’d be a heavenly person today
And I thought I was mistaken
And I thought I heard you speak
Tell me how do I feel
Tell me now, how should I feel

Now I stand here waiting…
I thought I told you to leave me
While I walked down to the beach
Tell me how does it feel
When your heart grows cold

Bizarre Love Triangle

Every time i think of you
I feel shot right through with a bolt of blue
It’s no problem of mine but it’s a problem I find
Living a life that I can’t leave behind
There’s no sense in telling me
The wisdom of a fool won’t set you free
But that’s the way that it goes
And it’s what nobody knows
While every day my confusion grows
Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I’m waiting for that final moment
You’ll say the words that I can’t say

I feel fine and I feel good
I’m feeling like I never should
Whenever I get this way, I just don’t know what to say
Why can’t we be ourselves like we were yesterday
I’m not sure what this could mean
I don’t think you’re what you seem
I do admit to myself
That if I hurt someone else
Then I’ll never see just what we’re meant to be
Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I’m waiting for that final moment
You’ll say the words that I can’t say

Discografia

Discos

Movement (1981)
1981-1982 (EP, 1982)
Power, Corruption & Lies (1983)
Low-life (1985)
Brotherhood (1986)
Substance 1987(1987)
Technique (1989)
Peel Sessions (1990)
BBC Radio 1 Live In Concert (1992)
Republic (1993)
(the best Of) New Order (1994)
(the rest of) New Order (1995)
Get Ready (2001)
Before & After – The BBC Sessions – New Order & Joy Division (2002)
International (2002)
Retro (caixa, 2004)
In Session (2004)
Waiting for Siren’s Call (2005)
Singles (2005)

Singles

Ceremony (1981)
Procession (1981)
Everything’s Gone Green (1981)
Temptation (1982)
Blue Monday (1983)
Thieves Like Us (1984)
Murder (1984)
The Perfect Kiss (1985)
Sub-culture (1985)
Shellshock (1986)
Shame/State (1986)
Bizarre Love Triangle (1986)
True Faith/1963 (1987)
Touched By The Hand Of God (1987)
Blue Monday 1988 (1988)
Fine Time (1988)
Round & Round (1989)
Run2 (1989)
World In Motion… (1990)
Regret (1993)
Ruined in a Day (1993)
World (The Price Of Love) (1993)
Spooky (1993)
True Faith-94 (1994)
1963 (1994)
Blue Monday-95 (1995)
Video 586 (1997)
Crystal (2001)
60 Miles An Hour (2001)
Someone Like You (2001)
Here to Stay (2002)
Confusion remixes ’02 – Arthur Baker vs New Order (2002)
Soundtrack (2003)
Krafty (2005)
Jetstream (2005)
Waiting For The Sirens’ Call (2005)