049 – Velhas Companheiras

Quando comecei a escrever, minha intenção era focar alguns discos que fizeram a minha cabeça desde que comecei a gostar de música. Nestes quase três anos de coluna e vários artigos, fiquei muito honrado com a audiência que consegui e os e-mails de internautas. Mas hoje resolvi variar. Ao invés de focar um disco ou artista, farei algo bem pessoal: falarei de algumas canções que habitam minha vida desde quando era moleque e que até hoje me dão um prazer renovado quando as escuto. Portanto, é algo explicitamente particular e não cabe a mim dizer qual música é melhor de determinado grupo ou cantor, apenas as que mais me pegaram de jeito.


Espero que tenham paciência mais uma vez com o meu texto e que gostem do repertório, que pesquiso dentro de mim há muito muito tempo… Bem, vamos lá então…

O que representa uma canção em nossa vida? Por que certas melodias nos trazem boas ou más recordações? O primeiro beijo, um fora, o primeiro emprego, uma canção que você ouvia quando estava deprimido, alegre, quando brigava com seu melhor amigo, uma que sua mãe punha para você dormir. Enfim, música está tão impregnada em nossas emoções, como um bom livro, um filme, um gesto. Você pode até não ter sua lista ou nunca ter parado para pensar nisso, mas com certeza, é pego algumas vezes quando escuta aquela velha canção tocando no rádio e diz: “puxa, há quanto tempo não ouvia isso!” ou então “nossa, agora me lembrei de fulano…” Pois é, faz parte da nossa vida, da nossa formação, não importa o estilo se é brega ou não. Algumas canções que escreverei aqui arrepiarão para quem pensam que eu só curto rock. Eu adoro rock, mas fui criado no interior, ouvindo muita MPB, alguma música clássica, tive um terno branco igual ao de John Travolta em Os Embalos de Sábado À Noite. Portanto, YMCA é tão importante na minha vida quanto Just Like a Woman. Alguns amigos me disseram para não ser tão explícito em uma coluna, mas não souberam me dizer o motivo. Não vejo o que há de errado em gostar de Village People e de Bob Dylan, assim como gostar de Miles Davis e de uma banda punk de garagem. Tudo é música. O conceito de bom ou ruim deixa de ter importância quando você se identifica, seja através da melodia, da letra, ou das recordações. Escrever sobre música é inglório, por isso não me atrevo muito a ficar julgando ou dizendo “compre compre isso” ou “você está completamente por fora se nunca ouviu esse disco!”. De que isso serve? Eu apenas escrevo do que gosto. Cabem a vocês julgarem se representam algo para si ou não. Elogios, críticas, enfim, isso é parte do jogo. O mais importante é poder passar algo, mesmo que de uma forma limitada.

Bem, chega desse papo. Já estou me desculpando antes de tomar porrada. É meu jeito, eu próprio me ataco antes de ser atacado. Faz parte da minha personalidade. Um dia, talvez, eu fale mais disso. Por enquanto, deixe me focar nas minha velhas companheiras, sem uma ordem de preferência. Vou falando das canções que vierem na minha mente….

YMCA (Village People) – Quem disser que nunca dançou ao som dela, mesmo que bêbado, ou fora de si, estará mentindo. Por um simples motivo: é impossível resistir! Quando a onda disco estourou, eu era muito moleque, uns oito ou nove anos. Eu me lembro de ter assistido Embalos de Sábado à Noite e fiquei enchendo minha mãe para me dar um terno igual ao do Travolta. Essa cena é inesquecível.. eu estava com ela e minha avó materna em uma loja da rua Augusta, nas minha férias, quando pedi um terno. A loja inteira explodiu em risadas, e eu, que já era tímido, queria me esconder. Mas acabei ganhando. Naquela época, meus cabelos eram super encaracolados, eu tinha imensos olhos azuis e chegava nas festas produzido. Dois segundos depois, quando as pessoas olhavam para mim, meio que me gozando ou achando divertido meu visual, eu tirava o paletó de vergonha. A primeira vez que consegui dançar com a roupa completa, foi em uma festa dessas de criança tocando YMCA. Minha mãe mexia comigo dizendo porque eu tinha pedido um terno já que nunca o usava. Neste dia, me lembro bem, as luzes estavam apagadas. Aproveitei que poucos podiam me ver, fiquei no canto mais escondido da sala e comecei a dançar e rodar. A canção acabou, mas eu continuava a girar, de olhos fechados. Quando abri, todo mundo me observava e alguns riam, outros aplaudiam. Eu queria sumir. Até que uma linda garota (não me recordo seu nome e nem de nunca mais tê-la visto), me deu um beijo no rosto e disse: “você é muito mais bonito que o Travolta”. Como poderia odiar essa canção? Até hoje, quando estou triste ou animado, a coloco bem alto e me lembro da cena. Por onde ela andará (a garota, não a canção)?

WE ARE THE CHAMPIONS (Queen) – Outra que todo mundo se lembra, mesmo quem odiava o Freddie. Eles eram mestres em fazer canções pegajosas, daquelas que todos sabiam a melodia, a letra e até o gestual. Meu primeiro disco que considero da minha coleção foi o Queen Live in Rock in Rio. Ouvi tanto que até hoje procuro uma cópia desse mesmo disco, verdadeira peça de colecionador.


BORDERLINE (Madonna) – 
Mais uma que deve estar arrepiando os roqueiros e que me chamarão de traidores. Não estou nem aí. Outra com ligações fortíssimas da minha infância. Lá por 1980, 81, era o auge da patinação no Brasil. Eu adorava vir para São Paulo e ir com meus primos mais velhos aos ringues ficar horas e horas girando feito uma barata tonta, com os olhos fechados, ouvindo música. Meus pais tinham me dado aqueles patins que você colocava por cima do tênis, mas eles sempre saiam do pé e tombo era inevitável. Então descobri um lugar que faziam botas de couro para colocar em cima das fôrmas. Se não me engano, o cara se chamava Damasceno e era um terço do preço de um patins de marca. Todo mundo fazia isso em Ribeirão. Adorava tanto patinar que saía pelas ruas andando, aproveitando que meu bairro naquela época era pouco habitado. Essa música da Madonna sempre tocava nas pistas. Ela nem era famosa ainda, apenas mais uma cantora tentando o sucesso. Eu nem entendia o que ela falava, mas quem disse que isso era importante? O legal era abrir os braços e andar pela pista, sentindo-se livre.

O QUE SERÁ (Chico Buarque) – Minha mãe sempre gostou de música. Quando eu tinha cinco, seis anos, colocava seus discos de coleção, tipo Beatles (ela tinha os originais que saíram aqui… Hard Day’s Night era chamado de Reis do Ié Ié Ié) e muita MPB. Adorava Chico e Elis. Essa canção do Chico é do disco “Meus Caros Amigos” (até hoje o conservo comigo) e ele dividia os vocais com Milton Nascimento. Nem imagino quantas vezes a ouvi.

MARCHA TURCA (Mozart) – Influência do meu pai. Quando morávamos em Ribeirão, ele bolou um sistema de som para a casa: haviam cinco cômodos que você podia ouvir música: na sala de visita, no terraço, na piscina, no escritório e no quarto dele. Bastava você ligar ou desligar caso não estivesse com vontade. Por muitas noites, ele colocava um disco de música clássica, e fazia um “truque” que permitia o disco tocar um lado inteiro a noite inteira. Alguém se lembra daquela série Bravo da Som Livre? Eu ouvia o dia inteiro. Mas essa do Mozart conheci aos 11 anos, quando fiz minha primeira viagem ao Pantanal com meu pai, em pleno mês de outubro, quando ele tirava férias no hospital, e íamos pescar. Adorei tanto que voltava e voltava sem parar a fita durante a viagem.

FASCINAÇÃO (Elis Regina) – Toda vez que ouvia essa canção, chorava. A voz de Elis era uma coisa do outro mundo, você sentia a dor dela interpretando cada nota. Acho que só Billie Holiday me impressionou tanto. Nem Ella Fitzgerald, minha cantora favorita, conseguia transmitir tanta emoção. Me lembro que muitas vezes meus pais ficaram me olhando quando eu ouvia esse tipo de canção quietinho, concentrado. O que será que eles pensavam ao ver essa cena? O que a voz dela representou para mim? Até hoje não sei dizer. E ainda existem pessoas que se atrevem querer comparar Marisa Monte com ela.. Só rindo mesmo…


STAYIN’ ALIVE (Bee Gees) – Que heresia tentar me esquecer desta! De onde vocês acham que peguei o terno branco? Em minha modesta opinião, a melhor música disco já feita. Tá bom, eu sei que o grupo tem raízes no rock e que os fãs torceram o nariz quando eles caíram de boca na onda. Mas pelo menos fizeram algo memorável! Os vocais, aquele visual setentão, de longos cabelos e barbas (que até hoje conservam), o ritmo… Junto com “How Deep is Your Love”, deixaram marcas profundas em muita gente, que hoje juram odiar esse tipo de som. E o gozado é que já vi muitos deles rebolando quando toca…

PARTY GIRL (U2) – Alguns já vão começar a respirar mais aliviado, finalmente começo a entrar no rock… Essa eu já tinha um pouco mais de idade, uns 15 anos. Já comentei isso na coluna que falei sobre o Under a Blood Red Sky, mas não custa voltar ao passado. Eu estava com o pé quebrado e peguei uma fita do show de Red Rocks com um colega meu. A banda nem sequer era conhecida aqui e a fita era impossível de se achar. Eu adorava essa canção, porque falava de algum tipo de festa (meu inglês era péssimo e o Bono com a mania de engolir palavras, dificultava mais ainda meu entendimento) e eu imaginava como deveria ser esse tipo de festa. A cena mais legal era quando ele se aproximava do The Edge, tocando violão, e ficavam dançando lado a lado, como bons colegas de escola. Quando, por acidente, a danifiquei, queria morrer. Anos depois, comprei uma importada e devolvi ao Gustavo, que quase me esfolou na época.

HEAVEN KNOWS I’M MISERABLE NOW (The Smiths) – Nem sei dizer se é a minha favorita do grupo, teria mais umas 10 pelo menos para falar. Mas vale por ser o primeiro disco deles que comprei (Hatful of Hollow), e gostei tanto que tenho até hoje duas cópias em vinil. Aquela tristeza na voz de Morrissey, aquela guitarra de Marr e a melancolia que o grupo passava mudou minha vida para sempre.

LOVE WILL TEAR US APART (Joy Division) – Mas logo a carne de vaca da banda? Sim, e sabe o motivo? Porque é perfeita, linda. Impossível imaginar que um cara com menos de 23 anos compôs algo tão profundo sobre relacionamentos. Todo mundo sabe que ela nunca saiu em LP oficial da banda, mas quando a Stilletto lançou o Closer, a colocou para puxar as vendas. Mas meu Closer era anterior a isso. Em 1986, eu ganhava 100 cruzados (acho que era essa a moeda… me perdoem se estiver equivocado) do meu pai, por semana. Eu gastava 75 em disco e 25 em uma fita Hot Tape da Basf, ou seja, meu dinheiro ia para o beleléu. Naqueles tempos de vacas gordas (por que ganhamos dinheiro de parente quando somos crianças e pouco precisamos e não quando ficamos maiores e realmente é uma necessidade?) todo mundo me dava dinheiro de Natal e de aniversário (são próximos). Há anos eu namorava um Closer pirata que meu colega Osvaldo (até então era apenas um cliente da loja) pedia 600 cruzados, oito vezes o preço normal de um disco! Mesmo assim, encarei e comprei. O som era qualquer nota e quando coloquei a primeira música (não me lembro qual) quase saí correndo ao ouvir aquela voz gutural. Senti medo. Coloquei então em “Love Will…” e gostei. Fui ouvindo, ouvindo, mas não tinha muita coragem para fazer o mesmo com as outras canções. Achava diferente de tudo que havia ouvido. Nunca mais saiu da minha cabeça.

OCEAN RAIN (Echo and The Bunnymen) – O meu primeiro disco da banda foi a coletânea Songs to Learn and Sing, então era natural que minha canção saísse de lá. Mas mesmo adorando o disco, a canção que mais me chamou atenção, estava no Ocean Rain. Todo mundo cita “Killing Moon” como a preferida deles, mas ela me pegou pelo modo lento como começa, sinuoso.. eu sempre tive queda por canções desse tipo. Ao vê-los tocando aqui em São Paulo, em 1987, e executando-a no palco, fiquei arrepiado. Se o show tivesse acabado naquele instante, eu já me daria por feliz.

KING OF PAIN (The Police) – Essa é particularmente difícil de escrever, porque tem muito a ver com uma certa pessoa a qual não vou abrir o jogo aqui. Mas como estou sendo honesto e falando das que mais gosto, não poderia me furtar a listá-la. Por acaso, estou a ouvindo neste momento, e a versão que mais gosto: ao vivo, do disco Live!.

HEAVEN (Talking Heads) – A melhor canção do melhor disco deles (Fear of Music). Achei uma porrada esse LP, quando o comprei. Não esperava ouvir algo tão elaborado. Adorei essa balada (se é que posso chamá-la assim) e a letra, particularmente fácil de traduzir. Não gosto muito de explicitar as letras, porque tenho medo de falar besteira, mas a imagem que me passava era muito forte. Até escrevi uma poesia medonha em cima dela (e que nunca ninguém leu, graças ao bom Deus). David Byrne é um dos meus letristas preferidos.

GOLDEN YEARS (David Bowie) – Station to Station não foi minha primeira aquisição do Bowie, mas é junto com Young Americans meu disco favorito de sua carreira. Ele afirmou que compôs sonhando em vê-la cantada por Elvis. Eu não imagino outra pessoa cantando a não ser David. Aliás, deve ser o cara mais difícil para se fazer uma “cover”. É impossível fazer uma coletânea do sujeito, dizer quais suas melhores e piores músicas. Apesar de estar no auge destrutivo de sua carreira, conseguiu fazer uma obra-prima. A primeira frase, “Não venha me dizer que sua vida não está indo a lugar nenhum”, até hoje me persegue.

BRAND NEW DAY (Van Morrison) – Um marco na minha vida. Faz parte de Moondance, o primeiro cd que comprei. Tinha acabado de adquirir o aparelho e tinha grana apenas para um disquinho. Fiquei rondando as galerias de São Paulo atrás de um perfeito. Como sempre, comprava algo que sequer imaginava. Eu já tinha o Astral Weeks e quando vi o Moondance na prateleira, achei uma boa aquisição. Quando chegou na oitava faixa, eu não acreditava: voltei umas 300 vezes. Minha primeira música favorita dele.


SO WHAT (Miles Davis)
 – Outra daquelas que é ouvir e descobrir que é inútil não ouvi-la N vezes. Meu primeiro Miles (Kind of Blue). A abertura, com a linha de baixo e o sax de Coltrane, me fazia ficar arrepiado. Quando comprei o disco, fiz uma fita e ficava ouvindo no carro, enquanto minha mãe ia a um terapeuta e eu esperava calmamente. Em um período tumultuado da minha vida, aquele “cool jazz” era o remédio perfeito.

BROWN SUGAR (The Rolling Stones) – Essa canção de Sticky Fingers (meu segundo LP deles, o primeiro foi Dirty Work), fez deste álbum o meu preferido do grupo. Junto com “Wild Horses”, acabou me fazendo fã deles. Paralelamente enquanto minha paixão por música crescia, minhas notas desabavam mais e mais. Comprei em 1986, um ano depois de tomar meu primeiro pau na escola e acabei ficando amigo de um professor maluco que tive de História na escola, que era obcecado por Stones. Conquistei a amizade dele (por onde andará?) quando ele começou uma frase: “A Inglaterra só deu duas coisas boas ao mundo…” e na lata, completei: Os Beatles e os Rolling Stones. Ele parou, olhou e veio na minha direção. Pensei que tinha entrado em uma fria, mas acabou me dando parabéns e me passando uma lição: trazer uma letra traduzida do grupo para a próxima aula e comentá-la. Para minha alegria, esqueceu do pedido. Mas tinha traduzido “Brown Sugar”, ainda que porcamente.

MISS OTIS REGRETS (Ella Fitzgerald) – Hoje até gosto mais dela cantando canções dos Gershwin, mas esse songbook do Cole Porter foi tão importante quando já morava aqui em São Paulo, que comprei um livro com todas as letras dele. O mais incrível é que ela pegou uma canção pequena do repertório de Porter e a fez um clássico. O jeito de cantar, cool, quase como se declamasse, natural (parece que não fazia nenhuma força para soltar a voz) deve ter feito muita gente achar que cantar era fácil.

JUST LIKE A WOMAN (Bob Dylan) – Aqui estou cometendo uma injustiça. Deveria estar falando de “Ballad of a Thin Man”, pois Highway 61 Revisited foi meu primeiro disco dele e adoro essa canção. Mas quando ouvi “Just Like…” tudo foi para os ares. Mesmo com sua voz fanhosa e que no começo me irritava, Dylan me fascinava por fazer canções tão belas uma em cima da outra. O diabo era achar as letras e traduzi-las, mas foi a primeira dele que consegui fazer isto. Levei um bom tempo para passá-la para o português e mais um tanto para entendê-la. Mesmo depois de tanta audição e reler a letra zilhões de vezes, não cheguei a uma conclusão. Mas se pudesse voltar ao passado e “roubar” uma letra de qualquer artista, nem pensaria duas vezes: seria essa!


IN MY LIFE (The Beatles) – Citar uma dos Beatles é complicada e acho que cometo outra injustiça. Minha mãe gostava da fase mais pop do grupo (coisas como “I Wanna Hold Your Hand”, “Help!”, “Yesterday”) e foram essas que mais me marcaram. Mas quando comprei Rubber Soul (meu disco favorito deles) e a ouvi, achei incrível que pouca gente falasse nela. Ou que ouvisse falar pouco dessa música e desse disco (todo mundo cita Revolver e Sgt. Pepper’s como os melhores). E Rubber Soul? E “In My Life”?

SPANISH BOMBS (The Clash) – Essa canção me marcou por uma razão inusitada: quando comprei o vinil de London Calling ela sempre pulava. Troquei a cópia, mas acontecia o mesmo. Depois fiquei sabendo que a CBS era mestre em produzir discos com defeitos. Mas adorava essa música! Junto com a faixa-título, “Brand New Cadillac”, “Clampdown”, me fizeram amar a banda.

HOLIDAYS IN THE SUN (Sex Pistols) – Mais um daqueles presentes que só minha mãe me dava. Eu estava em casa, em Ribeirão, doente e ela perguntou se eu queria algo do shopping. Como tinha acabado de ser (re)lançado aqui no Brasil (alguém depois me diga), o Never Mind the Bollocks, pedi para comprar. Só tinha lido sobre a banda, mas nunca ouvido. “Holidays” é a faixa de abertura. Começa com uma marcha militar e de repente aquela selvageria toda. Quando toquei pela primeira vez, quis colocar em um volume alto para ver qual era a reação que afinal os Pistols provocariam em mim. Minha mãe entrou correndo no quarto berrando que merda era aquela, e eu em choque, disse que também estava me fazendo a mesma pergunta… risos. Teve o mesmo efeito de Closer e demorei muito muito tempo para digerir aquele disco, outro que me dava medo. Mas hoje é impossível passar dois dias sem ouvi-la.

THE WHOLE OF THE MOON (The Waterboys) – Um dos cinco discos que mais ouvi (This is the Sea) traz essa linda canção. Até é uma injustiça citar apenas essa, pois gosto de todas. Quando montei minha primeira banda imaginária, meu sonho era abrir um show com “Don’t Bang The Drum” (a primeira também do LP) e seguir com “The Whole”, como no disco. Até hoje sonho em fazer isso. Só falta montar minha banda, que nunca saiu da minha imaginação…

Bem, isso é um rascunho. Falta falar ainda de tanta gente (Hendrix, The Who, etc…) e de músicas que ao relembrar vou me arrepender de não ter falado. Talvez, em uma outra oportunidade, faça uma segunda lista. Um abraço a todos!

PS: Para terminar, deixe eu colocar um parênteses. Antes de postar, mandei uma cópia para as minhas irmãs Adriana e Juliana lerem. A Ju, caçulinha, me lembrou de um disco clássico na nossa infância (não vale rir…é sério): um disco de cantos de pássaros! Meu pai fazia parte da Sociedade Brasileira de Bicudos e Curiós (são aves, para quem não sabe) e ganhava essas preciosidades nas feiras. Pena que o tal LP não existe mais, valeria um verbete. Alguém sabe o que é acordar no sábado pela manhã com esse disco infernal pela casa inteira?

Pronto, agora libero os pobres leitores que chegaram (heroicamente) até o fim dessa coluna, para vomitarem…