085 – Sting – The Dream of the Blue Turtles

Ele foi um dos principais compositores dos últimos 25 anos. Compôs canções precisas como “Roxanne”, “Message in a Bottle”, “Every Breath You Take”, “King of Pain” (minha favorita) em seus anos de Police. Bonito, talentoso, excelente baixista, arranjador, letrista, inteligente, Sting era até um exagero para muitos. Claro que descobriram um defeito que até hoje o persegue: seu narscisimo. Ainda assim, ninguém pode atacar sua ética e princípios. Quando o Police acabou, em 1984, Sting começou a traçar uma carreira-solo. Prometeu (e cumpriu) não voltar mais com o antigo trio e foi nadar em outras águas. Interessado em fazer algo mais elaborado, com dois pés no jazz, começou a conceber The Dream of The Blue Turtles, um exercício virtuoso e de tirar fôlego, provando que poderia viver sem a antiga banda e que era, sim, a força criativa do trio.


Há três anos atrás, quando comentei sobre o Police neste mesmo espaço e disse que Sting tinha virado um chato por esquecer a música e virar manchete mundial pela sua luta para salvar a Amazônia e que pouco (ou nada) contribuiu para a causa, o leitor Roger Becker postou no mural da mesma, o seguinte comentário: “Na minha opinião Sting sempre soube compor, tocar e cantar, e continua sabendo. Eu não acho que exista tantos problemas assim em relação a banda, mas Sting não deve ser considerado “chato”, assim dito pela minoria, até porque, não compramos os atos de Sting e nem julgamos seu ego, mas ouvimos e cantamos suas músicas. Por isso respeito seu caráter sério, de uma pessoa que acredita em Deus e não é um viciado qualquer que vomita apologias”. Roger Becker, 19/07/2000.

Parei para pensar e vi que Roger está certo. Se a gente fala de música, vamos nos concentrar nela como tal e deixar o lado particular fora disso. É uma lição que já havia aprendido com os anos em que trabalhei em jornais. “Limite-se a falar do profissional e deixe para exaltar o homem quando for relevante.” Por isso, quero falar de um disco que comprei em 1986 e que faz parte da minha coleção até hoje e nunca me canso de ouvir: a estréia de Sting.

Sting atuando no vídeo promocional de Synchronicity IISting havia começado a pensar em uma carreira-solo tão logo o Police acabou. Em sua casa queria dar continuidade a um som que havia sido delineado com Synchronicity, mas não totalmente desenvolvido: um pop mais elaborado, tendendo para o jazz, música que sempre amou e que tocava antes de entrar no trio. Em 1984, ele estava compondo algumas novas canções calmamente quando recebeu a visita de Vic Garbarini, jornalista e com quem tinha boa amizade. Sting mostrou então alguns rascunhos das novas composições. Uma melodia chamada “Set Them Free” e em uma balada que contava a história de um vampiro, misturada com as duas Guerras Mundiais e a dependência química sobre heroína, temas nada convencionais para uma canção pop ortodoxa.

Em Janeiro de 1985, junto com Vic, viajou para Nova York procurando músicos para ajudar em suas composições. Sua maior preocupação era achar, antes de tudo, um tecladista de alto nível. “Eu preciso de um grande pianista, ele será a base de tudo. E preciso de um saxofonista, um baterista, um baixista e talvez alguém que toque trombone. Eu vou com a guitarra-rítmica e programar o Synclavier. Não tocarei no baixo. Na verdade, são jazzistas que saibam tocar pop e possam ser considerados experts nos dois estilos.” Após alguns dias de contato e procura acabo recrutando um time excepcional: no sax, Branford Marsalis, irmão caçula de Wynton Marsalis, trompetista considerado o sucessor de Miles Davis; no baixo, Darryl Jones; na bateria Omar Hakim, ex-Weather Report, além de duas vocalistas que já haviam trabalhado com Talking Heads, Laurie Anderson e até o próprio Police: Janice Pendarvis e Dollette McDonald. Após alguns rápidos ensaios, Sting aprontou uma brincadeira perigosa para sua banda: agendou algumas apresentações no Ritz Club, tradicional casa de jazz nova-iorquina. Segundo o cantor, ao colocar a banda em um batismo de fogo desse calibre ajuda a descobrir sua identidade para quando fossem gravar o LP. Após as apresentações, Sting e sua nova trupe viajaram para a Barbados, onde se hospedaram no Blue Wave Recording Studios, de Eddy Grant, levando Pete Smith como produtor. A primeira canção a ser trabalhada foi uma antiga composição dos tempos do Police, “Shadows in the Rain”. Sting nunca tinha ficado satisfeito com o arranjo de seu ex-grupo por acreditar que deveria ter sido gravada com um swing diferente, com um ritmo mais ligado ao R&B americano. A segunda canção gravada foi “Children’s Crusade”, uma valsa em que relata o drama de meninos que lutaram como soldados na Segunda Guerra. Durante as gravações de “Consider Me Gone”, foram surpreendidos pela visita do Presidente da Guiana aos estúdios. E enquanto recebiam tal honraria, ficaram improvisando um tema que acabou sendo usado em “Love is a Seventh Wave”.

capa The Dream of the Blue TurtlesEm sete semanas, Sting já tinha todas as canções prontas e voou novamente para Nova York, diretamente aos escritórios da gravadora A&M, onde tocou o material que não havia sido mixado. Após acertar um contrato, voou novamente, desta vez para Le Studio em Quebec, onde faria a mixagem final, já que uma parte (não-mostrada aos executivos) tinha sido feito em Barbados mesmo. Em Junho de 1985, o mundo conhecia The Dream Of The Blue Turtles, que disparou nas paradas do mundo inteiro. Nesse meio tempo, Sting tocou com Phil Collins no Live Aid, levando Branford consigo.

Para quem esperava uma continuidade do Police, foi um susto e tanto. Sting abordava temas mais sérios, mais densos, mostrando ser um homem mais preocupado com o bem-estar do planeta do que com questões filosóficas ou espirituais. Ao invés de Jung, Reagan e Krushchev; ao invés dos solos inspirados de Andy Summers, uma cama-de-gato lenta e hipnótica.

Sting tentou explicar a diferença de foco em tão pouco tempo: “nunca foi minha intenção tecer comparações entre o Police e a minha atual banda. É apenas um outro caminho. Não fico intimidado por grandes músicos e para esse disco chamei os melhores jovens músicos que pude achar na América porque me considero o melhor escritor, portanto não estou sendo imodesto quando digo que se a banda tem um bom pedigree, eu faço parte desse pedigree. Eu não tinha nenhuma insatisfação com o Police, apenas senti que precisava mudar. Quando você fica junto por oitos anos as surpresas são poucas e, além disso, o Police já tinha almejado tudo que um grupo poderia sonhar e até mais.”

Sting explica também que as opções para o novo trabalho foram mais complicadas, mas mais saborosas: “nesse disco eu simplesmente abdiquei de soluções simples. Se quisesse algo assim, teria gravado outro disco com Andy e Stewart, e por isso escolhi esse título frívolo. Não queria algo pesado ou chama-lo de “Sting Addresses Doom and Destruction”. Meus anos de terapia Jungniana aprendi a usar meus sonhos de maneira criativa. Foi assim que criei a faixa-título”. Apesar de ter apenas 1 minutos e 15 segundos, a faixa-título é claramente inspirada no estilo peculiar e inimitável do pianista Thelonious Monk, o maior nome do jazz em seu instrumento.

Mostrando bom humor, Sting até arriscou uma comparação entre seu antigo trio e os músicos que o acompanhavam: Omar é um bom baterista, mas não tão bom como pensa. Imagine compará-lo com Stu.. Darry, bem Darryl anda tomando lições de baixo comigo e Branford não é tão bom assim. Mas o pior é Kenny. Parece que toca piano com luvas de boxe! Só as meninas se salvam…”

De todas as canções, a mais curiosa e preferida do criador é “Moon Over Bourbon Street”. Sting gosta tanto dessa canção que quando a executa pede total silêncio da platéia. “Eu a escrevi depois de ler ‘Entrevista com um Vampiro’, de Anne Rice. Fiquei completamente desconcertado com a história e quis fazer uma canção com o mesma tema.”

Mas o primeiro single foi a faixa de abertura, “If You Love Somebody Set Them Free”. Falando da opressão, escravidão e diversas formas de censura, que foi número 3 nas paradas ianques. “Essa foi a primeira canção que fiz ao deixar o grupo. Não tenho certeza se a frase é minha ou a roubei de algum lugar, mas estou certo que nunca foi usada em nenhuma canção antes. Ela fala que se você ama alguém não pode prendê-la e é um antídoto para “Every Breath You Take”, que fala sobre o amor obsessivo, enquanto esta fala de ser livre Essa é também minha canção ao estilo Motown, minha tentativa de fazer soul music.

Par ao vídeo promocional, Sting teve uma idéia sensacional: ele e seus seis músicos estão tocando em uma sala, e às vezes quando um deles invade o espaço físico do companheiro, este meio que fica invisível. A explicação: a movimentação de cada um foi tirado de shows diferentes, e quando Sting, Janice, Dollette e Darryl se movimentavam pela “tal sala” (Omar e Kenny ficavam parados por motivos óbvios) pareciam que se fundiam, uma solução criativa e charmosa para que não “colidissem”.

A segunda canção de trabalho foi “Love Is the Seventh Wave”. Sting conta como foi feita: “ela nasceu de um mito que existe e afirma que se você contar as ondas da costa, a sétima seria a mais forte, a mais profunda. E eu imaginei que o mundo de hoje está cada vez mais mesquinho, mais cruel, que nunca esteve tão poluído e essa me pareceu uma ótima metáfora.” No vídeo, Sting atua como professor infantil, que era sua profissão antes de ingressar no mundo da música. “As crianças servem como contra-ponto a tudo isso, pois se o mundo está ruim, elas são a nova geração, em quem você deposita todas as esperanças.”


Children’s Crusade é um tema pesado para o cantor: “As cruzadas de criança original aconteceram no Século XI, quando dois monges tiveram a grande idéia de recrutarem meninos e meninas para as ruas da Europa e dizerem que estavam organizando um exército para lutarem por Cristo na Palestina. A intenção era vendê-las como escravos na África e conseguiram. Isso me pareceu muito cínico com os ideais que você coleciona quando jovem. E também quis usar falando das duas Guerras Mundiais e ao fato de que muitas hoje consomem heróina de forma imensa. Você sabia que na Inglaterra ela custa menos do que a maconha? Elas são dadas nas saídas das escolas e tem um efeito muito mais devastador do que qualquer outra droga.”

“We Work to Black Seam” é um retrato de sua infância. Eu vim de Wallsend, onde só tinham dois empregos disponíveis; um estaleiro ou em uma empresa de mineração. As duas já fecharam, e seu não tivesse sido professor de gramática teria parado em uma delas. E me lembrei das minas de carvão em Northumberland, onde por 300 anos pais e filhos sofreram e trabalharam naquelas minas escuras, apertadas e sem nenhuma segurança. Eu me identifico completamente com suas angústias, sua luta e quis falar disso.”

cartaz promocional da turnê Bring On The NightE em meio a uma excursão, Sting teve a idéia de fazer um documentário sobre as apresentações, com um filme e um disco gravado ao vivo. Mas não queria fazer um filme de show como vários já tinham sido feitos. A idéia dele foi recrutar os Blue Turtles originais (Kenny, Omar, Darryl, Branford, Janice e Dollette) e fechou shows no Mogador Theatre, em Paris. O diretor Michael Apted optou então por mostrar a intimidade dos músicos durante os nove dias em que ficaram hospedados em Paris e tocando no teatro, além dos ensaios no Chateau de Courson, entrevistando todos mostrando as entrevistas coletivas e sessões de fotos. O filme foi lançado em Outubro de 1985. No começo de 1986, saía Bring On The Night, registro duplo daquelas apresentações.


capa do disco original e do relançamentoO disco demorou alguns meses por conter gravações feita em Paris, porém também algumas registradas em Roma e em Arnheim, antes de voltarem para Paris. Alguns críticos alegaram que isso causou uma certa falta de ajuste no som e na seqüência das canções, que não eram exatamente as do espetáculo.

A abertura do disco fica com duas faixas feitas durante os anos Police, “Bring On The Night/When The World Is Running Down”. Sting com sua guitarra empunho começa a cantar a melodia secundado pela banda. De repente, ao entrarem em “When The World Is Running Down”, Branford pega o microfone, improvisa um rap berrando “Sting, Sting!” Mas as supresas para o público que sentia saudades do Police estavam apenas começando: “Low Life”, um antigo b-side de seu passado entrou no disco, assim como “Tea in Sahara”, música que fecha o último disco de seu ex-grupo, Synchronicity (1983) e que era a favorita de Sting desse álbum.

“Na verdade eu nunca deixei o Police. Apenas estou explorando outras áreas com outras pessoas. Acho honesto olhar para uma banda no início e documentar isso. Muitos grupos não têm dinheiro para documentarem o início. A maioria dos filmes sobre rock mostram bandas em seu auge ou sem sua despedida como é o caso de The Last Waltz, do The Band, ou mesmo Let It Be. Essa era a idéia de Bring On the Night e por isso convidei um cineasta como Michael Apted. Queria mostrar uma semana da vida de um grupo. É um filme real, mas em um roteiro elaborado. Antes que alguem isso uma bobagem ou um capricho, saibam que 120 pessoas estavam envolvidas em todo projeto e isso demanda muito dinheiro. A canção-título foi gravada pelo Police em 78. ‘When The World Is Running Down’ era uma visão meio apocalíptica que tive anos atrás. Mas minha favorita é ‘Tea in Sahara’. Eu me inspirei num livro escrito por Paul Bowles e Bernardo Bertolucci transpôs para o cinema, The Sheltering Sky. Eu li anos antes de virar filme e é uma das novelas mais lindas já escritas. É a história de americanos que agradecem por serem viajantes e não turistas. Eu sempre me encaixei nesse tipo de categoria. É uma história dentro de outra história; um tipo de lenda árabe em que três irmãs que convidadam um príncipe para tomar chá, no meio do Saara. Eles tinham chá, tudo é maravilhoso, e ele promete voltar, o que não acontece. Elas esperam, esperam até ser muito tarde. Adorei essa história e compus ‘Tea In Sahara’. Nunca soube se Paul Bowles a ouviu, acho que não, mas ela é uma das minhas composições favoritas”.


capa da fita em VHS de Bring On The NightCom esse disco, Sting fechou o primeiro ciclo de sua carreira e os Blue Turtles foram desmontados. Seu próximo disco seria …Nothing Like The Sun… com uma banda nova e até uma versão em português de “Fragile”, na edição brasileira e que mostrou uma queda de qualidade.

Ah, e o Police que tanto rodou essa matéria? Bem, ainda em 1986, o trio se reuniu (é verdade, é verdade!) para uma única apresentação, a Conspiration of Hope, organizada pela Anistia Internacional. Tocaram várias canções e, em “Invisible Sun”, Sting teve a companhia de Bono nos vocais. Foi o show de encerramento da maratona musical que ainda teve Peter Gabriel, Lou Reed, entre outros. Eles nunca deram um adeus de fato, mas serviu como um aperitivo. Ainda que meio sem graça, pois um não olhou para a cara do outro… Mas não acabou: ainda nesse mesmo ano foi lançada a coletânea Every Breath You Take: The Singles. A idéia era regravarem todos os clássicos da banda, mas após inúmeras brigas no estúdio, só uma delas foi retrabalhada: “Don’t Stand So Close To Me”, rebatizada como “Don’t Stand So Close To Me’86”. Sting conta que a primeira canção que o então desafeto Stewart Copeland queria ensaiar era “De Do Do Do De Da Da Da”, já que Sting sempre deixou claro que a odiava. Mas isso é tema para um outro dia…

Deixo quatro letras do primeiro disco. Um abraço e até mais!

If you love someone set them free

If you need somebody, call my name
If you want someone, you can do the same
If you want to keep something precious
You got to lock it up and throw away the key
If you want to hold onto your possession
Don’t even think about me

If you love somebody
If you love someone
If you love somebody
If you love someone, set them free

Set them free
Set them free
Set them free
Set them free

If it’s a mirror you want, just look into my eyes
Or a whipping boy, someone to despise
Or a prisoner in the dark
Tied up in chains you just can’t see
Or a beast in a gilded cage
That’s all some people ever want to be

If you love somebody
If you love someone
If you love somebody
If you love someone, set them free

Set them free
Set them free
Set them free
Set them free

You can’t control an independent heart
Can’t tear the one you love apart
Forever conditioned to believe that we can’t live
We can’t live here and be happy with less
So many riches, so many souls
Everything we see that we want to possess

If you need somebody, call my name
If you want someone, you can do the same
If you want to keep something precious
You got to lock it up and throw away the key
If you want to hold onto your possession
Don’t even think about me

If you love somebody
If you love someone
If you love somebody
If you love someone set them free

Set them free
Set them free
Set them free
Set them free

Love is the Seventh Wave

In the empire of the senses
You’re the queen of all you survey
All the cities all the nations
Everything that falls your way
There is a deeper world than this
That you don’t understand
There is a deeper world that this
Tugging at your hand

Every ripple on the ocean
Every leaf on every tree
Every sand dune in the desert
Every power we never see
There is a deeper wave than this
Swelling in the world
There is a deeper wave than this
Listen to me girl

Feel it rising in the cities
Feel it sweeping over land
Over borders, over frontiers
Nothing will its power withstand
There is no deeper wave than this
Listen to me girl

All the bloodshed all the anger
All the weapons all the greed
All the armies all the missiles
All the symbols of your fear
There is a deeper wave than this
Listen to me girl

At the still point of destruction
At the center of the fury
All the angels all the devils
All around us can’t you see
There is a deeper wave than this
Rising in the land
There is a deeper wave than this
Nothing will withstand

I say love is the seventh wave

Moon over Bourbon Street

There’s a moon over Bourbon Street tonight
I see faces as they pass beneath the pale lamplight
I’ve no choice but to follow that call
The bright lights, the people, and the moon and all
I pray everyday to be strong
For I know what I do must be wrong
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over Bourbon Street

It was many years ago that I became what I am
I was trapped in this life like an innocent lamb
Now I can never show my face at noon
And you’ll only see me walking by the light of the moon
The brim of my hat hides the eye of a beast
I’ve the face of a sinner but the hands of a priest
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over Bourbon Street

She walks everyday through the streets of New Orleans
She’s innocent and young from a family of means
I have stood many times outside her window at night
To struggle with my instinct in the pale moonlight
How could I be this way when I pray to god above
I must love what I destroy and destroy the thing I love
Oh you’ll never see my shade or hear the sound of my feet
While there’s a moon over Bourbon Street

We work the black seam

This place has changed for good
Your economic theory said it would
It’s hard for us to understand
We can’t give up our jobs the way we should
Our blood has stained the coal
We tunneled deep inside the nation’s soul
We matter more than pounds and pence
Your economic theory makes no sense

One day in a nuclear age
They may understand our rage
They build machines that they can’t control
And bury the waste in a great big hole
Power was to become cheap and clean
Grimy faces were never seen
But deadly for twelve thousand years is carbon fourteen

We work the black seam together
We work the black seam together

The seam lies underground
Three million years of pressure packed it down
We walk through ancient forest lands
And light a thousand cities with our hands
Your dark satanic mills
Have made redundant all our mining skills
You can’t exchange a six inch band
For all the poisoned streams in Cumberland

One day in a nuclear age
They may understand our rage
They build machines that they can’t control
And bury the waste in a great big hole
Power was to become cheap and clean
Grimy faces were never seen
But deadly for twelve thousand years is carbon fourteen

We work the black seam together
We work the black seam together

Our conscious lives run deep
You cling onto your mountain while we sleep
This way of life is part of me
There is no price so only let me be
And should the children weep
The turning world will sing their souls to sleep
When you have sunk without a trace
The universe will suck me into place

One day in a nuclear age
They may understand our rage
They build machines that they can’t control
And bury the waste in a great big hole
Power was to become cheap and clean
Grimy faces were never seen
But deadly for twelve thousand years is carbon fourteen

We work the black seam together
We work the black seam together

Discografia

The Dream of The Blue Turtles (1985)
Bring On The Night (1986)
…Nothing Like The Sun… (1987)
The Soul Cages (1991)
Ten Summoner’s Tales (1993)
Fields of Gold: The Best of Sting 1984-1994 (1994)
Mercury Falling (1996)
The Very Best of Sting & The Police (1997)
Brand New Day (1999)
All This Time (2001)
Sacred Love (2003)