432 – Peter Gabriel – 1 e 2

A saída de Peter Gabriel dos Genesis criou uma dupla dúvida: o que seria da banda sem seu carismático vocalista e letrista? E o que seria dele sem o grupo? Bem, lentamente a banda caminhou para um lado mais acessível, virou campeão de vendagens, em 1986, com o Invisible Touch (mesmo ano em que Gabriel lançou So e os dois dividiam o topo da parada norte-americana), enquanto Peter partiu para trabalhos mais intimistas, densos, com canções mais curtas e cheio de convidados mais do que especiais. Essa primeira coluna abordará os dois primeiros álbuns solos, quando Gabriel mostrava que tinha muito a oferecer em sua nova empreitada.


A saída dos Genesis deixou muitas marcas em Peter Gabriel.

A banda tinha ficado magoado com o vocalista, que largou a banda para cuidar de sua esposa, Jill, que enfrentava problemas na gravidez da primeira criança do casal, Anna. Nos últimos shows com o Genesis, Peter invariavelmente saía chorando do palco, por estar dando adeus à banda e por seus traumas pessoais.

Após o nascimento, Peter passou um tempo em Toronto (Canadá), onde gravou o primeiro disco com o produtor Bob Ezrin, famoso pelo seus trabalhos com Lou Reed e o Kiss.

A primeira amostra de que Peter estava vivo e bem foi o single Solsbury Hill, lançado em 1977 e que chegou ao Top 20 na Inglaterra, e ao Top 70, na América, uma delicada indireta ao ex-grupo. O lado B trazia “Moribund the Burgermeister”.

As gravações ocorreram entre julho de 1976 e janeiro de 1977, com Gabriel vendo o punk florescer na Inglaterra e dando entrevistas dizendo que não havia animosidade entre ele e os demais integrantes do Genesis.

Para auxiliá-los, montaram um time de primeira que contava com Robert Fripp e Steve Hunter, nas guitarras, Tony Levin, no baixo, o baterista Allan Schwartzberg, os tecladistas Jozef Chirowski e Larry Fast e o percussionista Jimmy Maelen.

Lançado no dia 25 de fevereiro de 1977, pela Atco, nos EUA e Canadá, e pela Charisma, no Reino Unido, o LP ficou em sétimo lugar na Inglaterra e na 38ª posição, na América.

Ao contrário dos discos dos Genesis, as músicas eram menores, mais diretas, com Peter preferindo ideias mais simples, a começar pelo título.

Aliás, os quatro primeiros LPs de Peter sempre teriam o nome dele nos títulos, sendo reconhecido pelos fãs pelas fotos das capas. Assim o álbum de estréia ficou famoso como “Car” ou até “Rain” (Chuva).

O trabalho trazia as seguintes faixas:

Lado 1

1. “Moribund the Burgermeister” Gabriel 4:20
2. “Solsbury Hill” Gabriel 4:21
3. “Modern Love” Gabriel 3:38
4. “Excuse Me” Gabriel, Martin Hall 3:20
5. “Humdrum” Gabriel 3:25

Lado 2

1. “Slowburn” Gabriel 4:36
2. “Waiting for the Big One” Gabriel 7:15
3. “Down the Dolce Vita” Gabriel 5:05
4. “Here Comes the Flood” Gabriel 5:38

O LP foi extremamente elogiado por crítica e fãs. Peter se mostrava em boa forma, ainda que tenha achado que algumas faixas ficaram produzidas demais.

Parte disso, se deve a não inexperiência de ser um artista solo e ter deixado tudo nas mãos de Ezrin, um produtor renomado.

Após o lançamento, Peter reuniu uma banda para uma primeira turnê, com quase todos os músicos que o acompanharam nas gravações.

A única mudança era Phil Aaberg no lugar de Jozef Chirowski.

A primeira parte da turnê, entitulada, “Expect the Unexpected”, começou no dia 5 de março, nos Estados Unidos e se estendeu pelo mês de abril.

A segunda parte da turnê, se iniciou na Inglaterra, com mudanças no grupo, tendo Sid McGinnis, na guitarra, Tony Levin (baixo), Jerry Marotta (bateria) e Bayette (telcados), começou no dia 30 de agosto e correu também a Europa, terminando no dia 1º de novembro.

Imediatamente, Peter voltou aos estúdios para produzir um novo LP. Mais sombrio e experimental, se mostrava mais próximo aos grupos punks e new waves do que os antigos companheiros dos anos 70. A sombra de uma estrela do rock progressivo era rapidamente posta de lado.

Os convidados continuavam quase os mesmos – Tony Levin, Sid McGinnis, Larry Fast, Robert Fripp, Jerry Marotta, além de Roy Bittan (que tocava com Bruce Springsteen e havia trabalhado com David Bowie).

Desta vez, a produção ficou a cargo de Robert Fripp. Embora não tenha gerado hits, 2 (ou Scratch – “Arranhão”) era uma obra mais consistente ainda que bem difícil para os fãs.

O disco trazia temas interessantes, como “D.I.Y.” – uma referência ao lema “do it yourself” usado pelos punks, além de uma co-parceria com a esposa Jill, em “Mother of Violence”.

O LP trazia as seguintes faixas:

Lado 1

01. “On the Air” – 5:30
02. “D.I.Y.” – 2:37
03. “Mother of Violence” (Peter Gabriel, Jill Gabriel) – 3:10
04 .”A Wonderful Day in a One-Way World” – 3:33
05 .”White Shadow” – 5:14*

Lado 2

01. “Indigo” – 3:30
02. “Animal Magic” – 3:26
03. “Exposure” (Peter Gabriel, Robert Fripp) – 4:12
04. “Flotsam and Jetsam” – 2:17
05. “Perspective” – 3:23+
06. “Home Sweet Home” – 4:37

Uma nova turnê foi realizada tendo como banda de abertura o Simple Minds, semi desconhecidos e que haviam lançado um estranhíssimo LP, Real to Real Cacophony.

Após a turnê, Peter se recolheria para pensar em um novo LP, que seria considerado sua obra-prima em sua primeira fase. Mas isso é papo para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Discos

Peter Gabriel (1 or Car) (1977)
Peter Gabriel (2 or Scratch) (1978)
Peter Gabriel (3 or Melt) (1980)
Peter Gabriel (4 or Security) (1982)
Plays Live (1983)
Birdy (1985)
So (1986)
Passion: Music for The Last Temptation of Christ (1989)
Shaking the Tree (1990)
Us (1992)
Revisited (1992)
Secret World Live (1994)
OVO (2000)
Up (2002)
Hit (2003)
Scratch my Back (2010)