por Marcelo Alvarez Barboza
Existem momentos de nossas vidas
de apaixonados por música em que nos deparamos com artistas
que provocam nossos conceitos. Geralmente só os curiosos
acabam entrando nestas paragens mágicas por pequenas
frestas; onde a sonoridade pode incluir estratagemas pouco convencionais
de melodia que acabem por torná-los, propositalmente,
pouco conhecidos. Por acaso, conheci esta banda apenas pelo
despertar de uma frase publicada num guia de CDs editado em
1992 e que continha esta expressão que deu a dica necessária
para entrar neste mundo, e a expressão era “aura
de requinte”. Seja lá o que isto signifique, foi
esta a fresta por onde tive que comprá-los. Não
havia ainda o ouvir fácil pela internet.
(Japan,
em 1978: Mick Karn, Rob Dean, David Sylvian, Richard Barbieri
and Steve Jansen)
A história do Japan começa
em Catford, sul de Londres, como a de muitas outras bandas;
numa escola onde adolescentes se sintam entediados o suficiente
para se reunir e tocar.
Era setembro de 1969 quando David Batt
foi colocado na mesma classe com Andonis Michaelides (de origem
cipriota, que havia mudado seu nome para Anthony Michaelides
e que agora tinha o apelido de Mick) e Richard Barbieri. Com
o passar do tempo, Mick se tornou amigo de David Batt e acabou
conhecendo seu irmão, Stephen Batt, que estava dois anos
abaixo deles no mesmo curso.
Stephen e David tinham uma irmã,
Linda Batt, que sempre tocava registros da Motown e outros artistas
negros, como Smokey Robinson, Marvin Gaye e The Jacksons Five.
Mais tarde eles descobriram o som de David Bowie, Velvet Underground,
New York Dolls e Roxy Music. David também ficou fascinado
por Andy Warhol e toda cena pré-punk de Nova York.
Richard Barbieri tinha interesse em alguns
destes artistas, mas nutria dentro do grupo certa fascinação
por bandas de hard rock e progressivo, como Hawkwind, Led Zeppelin
e Electric Light Orchestra.
Logo a ideia de formar uma banda foi
tomando forma entre David, Stephen e Mick. No natal de 1973
os irmãos Batt ganham uma guitarra e uma bateria básica
de presente e Stephen vai para a bateria. Mick era para ser
o vocalista, mas tinha outros compromissos com o conservatório
de música, aprendendo fagote. Porém, suas lições
de música clássica não duraram o suficiente,
pois seu fagote foi roubado por um grupo de skinheads. O próprio
Mick comenta: "o conservatório não iria me
comprar outro fagote, assim, em retaliação, eu
comprei um baixo por 5£ de um garoto na escola e me reuni
com David, que estava tocando violão".
Por sua aparência, com maquiagem
glam, David Batt começou a ter problemas de hostilidade
na escola. O jeito foi se isolar ainda mais com a banda. O primeiro
show do trio foi em 01 de junho de 1974, no casamento do irmão
de Mick, e David assumiu os vocais ao perceber o nervosismo
de seu parceiro de baixo, que era para ser o vocalista.
Não era interesse de David ser
o principal foco, mas ele acabou assumindo este compromisso.
Segundo Mick, o nome Japan fora escolhido em desespero “minutos
antes de nossa primeira aparição. Percebemos que
deveríamos ter um nome e Dave pensou em Japan, por enquanto,
até podermos pensar em algo melhor. Eu gostei. O resto
da banda não fez nada. E o nome pegou”.
Ensaiaram exaustivamente após
o primeiro show, na casa dos irmãos David e Stephen e,
depois, mudaram os ensaios para uma sala em cima da casa de
carnes do pai de Mick. David compunha as músicas no violão,
passando a estrutura para que os outros fizessem os arranjos.
Um método que durou até o disco Quiet
Life.
Foram, aos poucos, percebendo que necessitavam
convidar mais membros para desenvolver melhor as melodias. Violão,
baixo e bateria não tornavam as músicas tão
cheias. Resolveram o problema de um guitarrista colocando um
anúncio no jornal musical Melody Maker. Quem respondeu
foi um jovem de 22 anos chamado Robert Dean (e que chamavam
apenas por Rob Dean). Era final de 1975 e toparam numa viagem
de trem com o velho amigo de escola citado acima, Richard Barbieri,
quando perguntaram a ele se não queria aprender teclados.
Após alguns ensaios, fizeram seu
primeiro show em 14 de fevereiro de 1976 no Goldsmith’s
College. Durante o ano de 1976 procuraram agendar mais shows.
Assim como os Beatles, eles conseguiram agendar um compromisso
de tocar num clube alemão, em Munique; mas antes que
isto ocorresse foram apresentados a seu empresário definitivo,
Simon Napier-Bell, que já vinha de compromissos com o
The Yardbirds e Marc Bolan. Quem apresentou a banda foi Danny
Morgan, um empresário menos experiente que trabalhava
com Simon.
Simon diz que "desde o primeiro
momento em que vi David Batt, sabia que ele era um superstar”...”eu
pulei dentro, pois estava fora de contato com a cena e não
estava ciente de quaisquer problemas com a imagem, música,
ou estilo dele. Eu apenas pensei que era tudo fantástico".
O empresário queria um contrato
apenas com David, mas ele exigia o grupo também e Simon
acabou colocando todos sob sua guarda. Depois disso tudo eles
ainda acabaram, mesmo assim, fazendo a tal viagem para Munique
e se arrependendo das más condições. Simon
enquanto isso tentava vender sua imagem, mas a sorte estava
contra o Japan. A ascensão do punk rock havia colocado
o grupo numa categoria de bandas datadas. As gravadoras repudiaram
o visual e o som deles. O empresário ainda conseguiu
alguns poucos shows com The Damned e Jim Capaldi, além
de bancar um pouco a banda, até que eles conseguiram
um contrato com a gravadora alemã Ariola-Hansa.
Havia um concurso para a assinatura
com a Ariola-Hansa e algumas bandas participaram. O concurso
definiu a banda The Cure como ganhadora (que gravou "Killing
An Arab", "Boys Don't Cry" e "10:15 Saturday
Night" nos estúdios da gravadora e que "não
foram aceitas por ela", segundo Robert Smith).
Mesmo assim, logo após, a Ariola-Hansa
procura o Japan para assinar. Gravam e acumulam um punhado de
músicas, de onde sairia a seleção para
o álbum Adolescent Sex, produzido por
Ray Singer, que, por ironia de seu nome, também canta
os vocais de fundo com a banda.
No mesmo tempo Simon e a Ariola-Hansa
começaram a procurar estratégias para engrandecê-los,
aplicando enigmáticas fotos em revistas e vídeo
na TV com integrantes da banda e sem dizer a que vieram. Tudo
isso antes de lançarem seu primeiro disco e de alguns
integrantes mudarem seus nomes. No início de 1978, David
Batt muda seu nome para David Sylvian (muito provavelmente em
homenagem a Sylvain Sylvain do The New York Dolls) e Stephen
Batt muda seu nome para Steve Jansen. Andonis Michaelides também
muda o seu nome e agora se chama Mick Karn (talvez retirando
seu batismo de uma história do Dr. Who que citava uma
"Irmandade de Karn").
Os estratagemas de divulgação
na Inglaterra, Alemanha e Holanda, não foram tão
eficientes quanto no Japão, onde o nome da banda ajudou
seus integrantes a se tornar ídolos adolescentes nas
revistas.
(capa
do disco Adolescent Sex)
Em março de 1978 saem na Inglaterra
os primeiros registros da banda, o single Don't Rain
on My Parade e o álbum Adolescent Sex.
"Don't Rain on My Parade" é
a versão rock que a banda fez da música cantada
por Barbra Streisand para o musical Funny Girl.
No Japão, o disco Adolescent
Sex saiu com alguns nomes de músicas trocados;
assim, "Transmission" virou "Invitation to Fascination",
"Suburban Love" tornou-se "Carousel of Love"
e "Television" era "Temptation Screen".
Em abril de 1978, o Japan excursiona
com o Blue Oyster Cult, porém não são bem
recebidos pelos fãs da banda. De acordo com Sylvian "isso
foi uma experiência inestimável para nós,
porque, se você pode lidar com um público como
aquele; você pode lidar com qualquer coisa". O pior
de tudo é que lhes foi oferecido escolher entre excursionar
com uma banda desconhecida, o Talking Heads, ou com o Blue Oyster
Cult, que na época tinham um público bem fiel.
Essas eram as músicas presentes na versão inglesa
do disco Adolescent Sex:
Lado A
01. Transmission
02. The Unconventional
03. Wish You Were Black
04. Performance
05. Lovers on Main Street
06. Don't Rain on My Parade
Lado B
01. Suburban Love
02. Adolescent Sex
03. Communist China
04. Television
Adolescent Sex rendeu
dois singles: Don’t Rain on My Parade / State
Line, em março de 1978 e The Unconventional
/ Adolescent Sex, em agosto.
Após
estas agruras decidiram gravar e lançar rápido
(em outubro do mesmo ano de 1978) o segundo álbum, Obscure
Alternatives, que começou com grande pressão
sobre a banda.
Por esta época começou
a surgir alguma percepção de que aquele som não
estava na onda do momento, principalmente ao notar a fraca procura
pela imprensa.
David sentiu-se extremamente pressionado
a escrever ótimo material para ser gravado e não
faltaram discussões com Ray Singer, produtor de seu disco
anterior. Obscure Alternatives foi um álbum
menos coeso, contendo até mesmo uma espécie de
reggae ("…Rhodesia") e finalizando com uma música
instrumental inspirada nas peças do compositor Erik Satie
("The Tenant"), que já prenunciava a nova direção
musical que a banda seguiria.
Novamente a edição japonesa
troca alguns nomes de músicas. "Obscure Alternatives"
se chama "Melody In Agonising", "Deviation"
tem seu nome trocado por "Opposing What Is Young"
e "The Tenant" por "Tenant of Love".
Mas talvez a melhor composição destes dois primeiros
discos do Japan seja a faixa título, "Obscure Alternatives".
Músicas presentes na versão
inglesa do disco Obscure Alternatives:
Lado A
01. Automatic Gun
02. ...Rhodesia
03. Love Is Infectious
04. Sometimes I Feel So Low
Lado B
01. Obscure Alternatives
02. Deviation
03. Suburban Berlin
04. The Tenant
O disco rendeu apenas um single: Sometimes
I Feel so Low / Love Is Infectious, editado em outubro
de 1978.
A Inglaterra
continuava indiferente. Porém o Japão fervilhava
de fãs, que abocanharam com extrema avidez o lançamento
do single ‘funk’ de "The Unconventional".
Tudo alimentado por uma farta publicação de fotos
e textos em revistas para adolescentes.
No final do ano David teve uma apendicite
e teve que se tratar. Mesmo assim conseguiram tocar em shows
na Inglaterra, Bélgica, Holanda e Escócia, em
turnê; além de conseguir sua única passagem
pelos Estados Unidos, em seis localidades, tocando novamente
na Inglaterra até a entrada do ano novo. Nunca mais voltaram
à América para excursionar.
O ano de 1978 mal termina e começa
com outra doença que pega David Sylvian de surpresa,
uma amigdalite. Isso acabou cancelando algumas datas e fazendo
com que David tentasse uma nova maneira de cantar, mais suave,
que diminuía os infortúnios da recuperação.
Nunca mais deixou de cantar assim, abandonando os vocais roucos
e gritados de seus dois discos ‘hard rock’ anteriores.
(Japan
e o produtor Giorgio Moroder, em estúdio)
Esta nova maneira de cantar também
se assemelhava muito com o estilo vocal de Bryan Ferry. Outra
razão para os cancelamentos foi uma fratura na perna
de Rob Dean, em estúdio. Mesmo assim começaram
a preparar as músicas para o seu novo direcionamento
musical, onde as guitarras foram cada vez mais emudecidas; cedendo
lugar a arranjos de teclado extremamente sutis, estranhos fraseados
de baixo fretless (sem trastes) e quebradas de bateria que se
assemelhavam mais a uma programação eletrônica
do que a algo orgânico.
Durante a turnê japonesa, em março
de 1979, já era perceptível esta nova fase misturando-se
ao material antigo. Outra boa jogada foi gravar o single de
Life In Tokyo, em Los Angeles. Este
contou com o produtor Giorgio Moroder, influente na música
das discotecas daquele período.
"Life in Tokyo" contava com
sequenciadores de fundo, também perceptíveis em
"European Son" (outro single da mesma época,
mas lançado em 1981) e na abertura de seu terceiro álbum
de estúdio, Quiet Life. Dois anos depois
o Duran Duran faria algumas músicas muito similares para
seu primeiro álbum de estúdio.
Enquanto a banda residia em Nova York,
David conta que "houve um período de mais ou menos
seis meses em que não tínhamos certeza de qual
música queríamos fazer e com quem queríamos
trabalhar".
Foi
um período tenso para a banda toda e Simon Napier-Bell
já estava se sentindo um idiota em gastar milhões
sendo empresário deles.
O produtor de Quiet Life
acabou sendo John Punter (que produziu o LP do Roxy Music, Country
Life, em 1974). A sonoridade diferia perceptivelmente
da de seus álbuns anteriores e o disco ainda incluía
uma cover de "All Tomorrow’s Parties", do primeiro
disco do Velvet Underground.
Era perceptível a participação
de saxofones em algumas músicas, como é o caso
de "Halloween". Também a faixa título
conseguiu atingir algumas posições nas paradas
inglesas, chegando a atingir o 19º posto na parada.
John Punter também ajudou a recriar
o som do grupo ao vivo, contando para a próxima turnê
com a presença do saxofonista Jane Shorter. Por grande
ironia, com exceção do Japão, o disco também
encalhou nas lojas do mundo todo em retumbante fracasso. Porém
o produtor Simon Napier-Bell já havia se tornado amigo
deles e decidiu gravar um single final, I Second That
Emotion, uma cover de Smokey Robinson & The Miracles
que foi lançada em março de 1980. O single de
"Life In Tokyo" trazia uma versão disco, além
da versão normal, e foi editado em abril de 1979.
Músicas de Quiet Life:
Lado A
01. Quiet Life
02. Fall In Love With Me
03. Despair
04. In Vogue
Lado B
01. Halloween
02. All Tomorrow's Parties
03. Alien
04. The Other Side of Life
O disco teve apenas um single:
I Second That Emotion / Quiet Life,
editado em março de 1980
Apesar
de outra turnê de sucesso pelo Japão, a gravadora
Ariola-Hansa decidiu dispensar a banda e Simon Napier-Bell começou
sua busca por outra que os acolhesse.
A Virgin Records acabou assinando com
o grupo, em junho de 1980.
Por esta época um novo movimento,
conhecido por New Romantics, aceitava que os integrantes tocassem
músicas vestidos com roupas de grande estilo, e o Japan,
imediatamente, foi considerado um precursor da estética;
após o David Bowie safra Station to Station,
é claro.
Mesmo assim a banda nunca aceitou tal
padronização, alegando haver alguns pontos de
distanciamento com o restante do movimento. Fato que parece
ser verdade, a julgar pela complicação de seu
ataque sonoro posterior.
Agora era o momento de gravar Gentlemen
Take Polaroids, com o mesmo John Punter como produtor.
O disco apresentava um refinamento sonoro muito superior a tudo
o que fora feito até agora, mostrado em músicas
como "Gentlemen Take Polaroids", "Swing"
e "Methods of Dance". Também
incluía outra música saída da lavra de
Smokey Robinson e companhia, conhecida por "Ain’t
That Peculiar" (famosa na voz de Marvin Gaye).
(capa
do disco Gentlemen Take Polaroids)
Quase
no final das gravações, apareceu em estúdio
o tecladista Ryuichi Sakamoto, do grupo japonês Yellow
Magic Orchestra e que já conhecia os integrantes do Japan;
o que acabou culminando na gravação de uma música
com ele e colocada no final do álbum, "Taking Islands
In Africa".
Algumas ficaram de fora, como as gravações
instrumentais de Richard Barbieri, "The Experience of Swimming"
e de Rob Dean, "The Width of a Room", que devem muito
às experiências de Bowie com seu álbum Low
e que foram incluídas num EP da época (Gentlemen
Take Polaroids EP) e na versão em CD, dos anos
90.
Também é mencionada a presença
de "Some Kind of Fool", música lançada
anos depois na discografia solo de Sylvian (coletânea
Everything And Nothing).
O quarto disco do Japan foi distribuído
em novembro de 1980 e se tornou, de todos da banda, o campeão
de vendas no Japão. Antes disso, em julho, a antiga gravadora
já tinha lançado por lá o disco Live
In Japan, um EP de quatro músicas que gravaram
ao vivo. Após os anos 2000 as músicas deste EP
passaram a ser bônus nas edições em CD,
remasterizadas, do grupo.
Músicas do ao vivo Live
In Japan:
Lado A
01. Deviation
02. Obscure Alternatives
Lado B
01. In Vogue
02. Sometimes I Feel So Low
Músicas de Gentlemen Take
Polaroids:
Lado A
01. Gentlemen Take Polaroids
02. Swing
03. Burning Bridges
04. My New Career
Lado B
01. Methods of Dance
02. Ain't That Peculiar
03. Nightporter
04. Taking Islands In Africa
Músicas do EP Gentlemen
Take Polaroids:
Lado A
01. Gentlemen Take Polaroids
02. The Experience of Swimming
Lado B
01. The Width of a Room
02. Burning Bridges
(capa
do disco Tin Drum)
Após um show no Liceum em Londres,
onde um público de cerca de mil pessoas não conseguiu
entrar por causa da lotação, os integrantes do
Japan fizeram uma exposição multimídia;
onde foram apresentadas esculturas feitas por Mick Karn e fotografias
tiradas por Rob Dean e Steve Jansen; além de contar com
músicas de fundo, instrumentais.
Músicas estas que Mick Karn também
utilizaria com sua namorada, Yuka Fujii, para o estabelecimento
que estavam montando, o The Penguin Café. Começaram
a ter agora, na Inglaterra natal, uma imprensa mais favorável
e bandas novas observando seu desempenho. O próximo disco
seria Tin Drum.
Em 1981 a banda sofre sua única baixa. O guitarrista
Rob Dean decide abandoná-los devido à utilização
maciça de sintetizadores e ao pouco espaço dado
a seu instrumento. Chegou posteriormente a montar uma banda
(Illustrated Man) e tocar com Gary Numan, no álbum Dance,
e no disco The Lion And The Cobra, de Sinead
O’Connor.
Após algum tempo se torna um ornitólogo
(estudioso de pássaros) na América Central e em
outras partes tropicais do mundo, realizando inúmeros
desenhos destes animais e publicando guias. Com a saída
de Rob Dean, decidem contratar o guitarrista David Rhodes para
os shows (após isso David Rhodes tocaria com Peter Gabriel).
Tin Drum seria o último,
e mais técnico, de todos os discos do Japan, lançado
em novembro de 1981. Contém a música que atingiu
a maior posição nas paradas da Inglaterra ("Ghosts"
- quinto lugar na parada inglesa e que tinha a percussão
de Steve Jansen na marimba, instrumento de origem africana).
Outra
curiosidade deste disco é a presença maciça
da cultura chinesa, com um retrato de Mao Tsé-Tung na
capa, enquanto David come arroz de palito; acrescentando em
seu interior músicas como "Canton", "Cantonese
Boy" e "Visions of China".
Um tema instrumental, "Life Without
Buildings", foi acrescentado como lado B do single da música
que abria o novo disco ("The Art of Parties"). Alguns
vocais de fundo, provavelmente na música "Still
Life In Mobile Homes", são de Yuka Fujii. Também
são presentes em alguns trechos os violinos tocados por
Simon House.
Aproveitando o sucesso repentino, sua
antiga gravadora, a Ariola-Hansa, invade o mercado com singles
do Japan em sua fase anterior, inclusive recorrendo a várias
remixagens. A banda fazia o possível para controlar e
direcionar seu antigo catálogo em remixagens, recebendo
a ajuda de Steve Nye, seu novo produtor, que gravaria Tin
Drum com eles.
Mick Karn, por exemplo, regravou as linhas
de baixo para a nova versão extensa de "Life In
Tokyo". A Ariola-Hansa também lançaria uma
coletânea, antes de Tin Drum, conhecida
por Assemblage e que foi o primeiro álbum
que muitos fãs compraram.
A coletânea tinha as seguintes
músicas:
Lado A
01. Adolescent Sex (single version)
02. State Line
03. Communist China
04. ...Rhodesia
05. Suburban Berlin
Lado B
01. Life In Tokyo
02. European Son
03. All Tomorrow’s Parties
04. Quiet Life
05. I Second That Emotion
Já o disco Tin Drum
trazia:
Lado A
01. The Art of Parties
02. Talking Drum
03. Ghosts
04. Canton
Lado B
01. Still Life In Mobile Homes
02. Visions of China
03. Sons of Pioneers
04. Cantonese Boy
Infelizmente,
as personalidades de Mick Karn e David Sylvian não estavam
mais se adequando.
O resultado foi tentar dar uma parada
nas turnês e gravações para apenas se dedicar
a projetos de gravações e singles sobre o catálogo
que possuíam.
Mesmo assim, a banda se desfez em 1982,
numa situação de conflito agravada pelo fato de
que a namorada de Karn, Yuka Fujii, agora estava com David.
O Japan fez seu último show em
Nagoya, em 16 de dezembro de 1982, no Japão que tanto
os reverenciou.
Em junho de 1983 lançam seu último
registro, o álbum duplo ao vivo Oil on Canvas
que, com exceção da música Quiet
Life, concentrava seu repertório nos dois últimos
discos; contendo também três pequenos temas instrumentais,
"Oil on Canvas", "Voices Raised In Welcome",
"Hands Held In Prayer" e "Temple of Dawn".
O guitarrista convidado nesta turnê
final foi o japonês Masami Tsuchiya (do grupo japonês
Ippu-Do)
Por ironia de um destino quase sempre
ingrato, este epílogo acabou sendo o disco com maior
vendagem na Inglaterra, atingindo a quinta posição
na parada.
Músicas do ao vivo Oil
on Canvas:
Disco 1
Lado A
01. Oil on Canvas
02. Sons of Pioneers
03. Gentlemen Take Polaroids
04. Swing
Lado B
01. Cantonese Boy
02. Visions of China
03. Ghosts
04. Voices Raised In Welcome, Hands Held In Prayer
Disco 2
Lado A
01. Nightporter
02. Still Life In Mobile Homes
03. Methods of Dance
Lado B
01. Quiet Life
02. The Art of Parties
03. Canton
04. Temple of Dawn
(capa
da trilha sonora de Merry Christmas Mr. Lawrence)
Após o Japan, David deu a largada
para o enorme lançamento de trabalhos que fariam, quase
sempre explorando sonoridades fora de uma zona de conforto pop.
Seu primeiro lançamento foi de
um retorno à parceria com Ryuichi Sakamoto. Um single
‘synthpop’ com as músicas "Bamboo Music"
e "Bamboo Houses", que incluía Steve Jansen
(que seria baterista em quase todos os discos de sua trajetória
solo).
Em 1983 repete a parceria com Sakamoto,
na trilha do filme Merry Christmas Mr. Lawrence
(conhecido no Brasil por Furyo, Em Nome da Honra,
com David Bowie e o próprio parceiro de Sylvian atuando).
A música seria "Forbidden Colours", seu maior
sucesso como cantor, muito devido à bela melodia oriental
de Sakamoto.
Também lança cinco fantásticos
discos de estúdio, dois resultantes de uma parceria extremamente
experimental com Holger Czukay (da banda alemã Can).
Termina a década de 1980 lançando
uma caixa de seu material principal, a Weatherbox,
que inclui o principal de suas gravações, os discos
Brilliant Trees, Gone to Earth
e Secrets of The Beehieve, que contém
a memorável música "Orpheus".
(capa
do disco dos Dolphin Brothers, Catch The Fall)
Mick Karn lança o disco Titles
(que curiosamente contém uma cover do cantor Roberto
Carlos, chamada "Sensitive"), em 1982 e se envolve
em parcerias com Midge Ure, do Ultravox, no single de After
a Fashion e com Peter Murphy, da banda pioneira gótica
Bauhaus, no Dalis Car, que lança o álbum
The Waking Hour, em 1984.
Participa também numa música,
"Glow World", do EP Chimera de Bill
Nelson, e prepara seu segundo disco, Dreams of Reason
Produce Monsters; cujo single, Buoy,
é uma das melhores músicas de todas cantadas por
David Sylvian; que curiosamente havia sido chamado para participar
por Karn, sem mágoa do passado.
No mesmo ano do segundo disco de Mick
Karn, em 1987, o tecladista Richard Barbieri e o baterista Steve
Jansen montam uma dupla, The Dolphin Brothers, dotada de um
pop jazzístico com influências do som do Japan.
Steve Jansen também havia participado,
um ano antes, no lançamento de um single, Stay
Close, com o músico japonês Yukihiro Takahashi.
Steve tem uma voz muito parecida com a de Sylvian e canta em
ambas as duplas, porém, com menos potência
O disco lançado se chama Catch
The Fall e contém a bela "Pushing The River".
De todos os projetos, esta dupla é a que mais repete
a sonoridade do Japan em seu álbum.
Lado
A
01. Catch The Fall
02. Shining
03. Second Sight
04. Love That You Need
Lado B
01. Real Life, Real Answers
02. Host To The Holly
03. My Winter
04. Pushing The River
Talvez por sua participação
no disco de Mick Karn, o fato é que entre setembro de
1989 e abril de 1990 os integrantes do Japan (com exceção
de Robert Dean) se reúnem novamente em estúdio
para tocar; em Miraval, sul da França. Passaram-se nove
anos desde o fim deles e a idéia agora era que todos
compusessem e tocassem ao mesmo tempo, com as fitas de gravação
rodando o dia todo, numa estratégia de criar um álbum
de músicas improvisadas no ato de sua execução.
Sylvian
insistiu para que a banda, por causa de tal abordagem, não
se chamasse mais Japan, mas sim Rain Tree Crow, que também
ficou sendo o nome do produto sonoro final. Os guitarristas
que acompanharam estas gravações foram Phil Palmer
e Bill Nelson.
A gravadora Virgin Records se interessou
em bancar a reunião do Japan para mais seis discos, porém
a insistência de Sylvian em não se interessar por
isso acabou por fazer com que este tivesse que bancar a mixagem
do álbum sozinho.
Sylvian acabou também comentando
que apenas ele e Steve Jansen (seu irmão) fossem responsáveis
pela mixagem final. Isto desagradou Mick Karn de maneira excessiva,
o que acabou separando-os definitivamente. Mick
alegou que Sylvian estava usando os ex integrantes do Japan
para quase um álbum solo dele, o que não fora
proposto.
O álbum Rain Tree Crow
foi lançado em abril de 1991, na sequência do single
de Blackwater – única música
que fugiu dos improvisos e foi ensaiada por eles. Também
se destacam "Every Colour You Are" e "Pocket
Full of Change", além da abertura quase instrumental
e com vocais africanos, "Big Wheels In Shanty Town".
Músicas de Rain Tree Crow:
Lado A
01. Big Wheels In Shanty Town
02. Every Colour You Are
03. Rain Tree Crow
04. Red Earth (As Summertime Ends)
05. Pocket Full of Change
Lado B
01. Boat’s For Burning
02. New Moon At Red Deer Wallow
03. Blackwater
04. A Reassuringly Dull Sunday
05. Blackcrow Hits Shoe Shine City
06. Scratchings on The Bible Belt
07. Cries And Whispers
O single de Blackwater
tinha duas músicas no lado B: "Red Earth (As Summertime
Ends)" e "I Drink To Forget" e foi editado em
março de 1991.
Após o Rain Tree Crow, David Sylvian
se reúne com Robert Fripp para gravar o disco The
First Day (1993), lança o ao vivo Damage
(1994) (na mesma parceria)
e prossegue com inúmeros lançamentos, até
sair da Virgin e montar sua gravadora samadhisound, que lançou
dele o eletrônico e experimental Blemish
(2003), além de participar da banda Nine Horses (com
Jansen e Burnt Friedman), lançando o belíssimo
álbum Snow Borne Sorrow (2005) e o EP
Money For All (2007).
Sylvian também banca seu irmão
Steve Jansen, com o disco solo Slope; além
de complicar sua estética sonora em álbums como
Manafon (2009) e Died In The Wool (2011).
Richard Barbieri faz parcerias com os
antigos integrantes do Japan, lançando discos como Stone
To Flesh (1995, com Jansen) , Beggining To
Melt (1993) e o EP instrumental Seed
(1994, com Jansen e Karn). Também atua como integrante
em alguns álbums da banda de rock progressivo moderno,
Porcupine Tree. Recentemente lançou os discos solos Things
Buried (2005) e Stranger
Inside (2008). Para este ano de 2012 lança sua
parceria com Steve Hogarth, Not The Weapon But The Hand.
Mick Karn lança Bestial
Cluster, em 1993, do qual se seguem mais sete discos
de estúdio e uma coletânea. No final de maio de
2010 Mick recebe a notícia de que é portador de
um câncer em estágio avançado. Morre em
4 de janeiro de 2011, levando junto consigo o seu inconfundível
modo de tocar baixo e impedindo para sempre um retorno do Japan.
Seus últimos projetos foram a
gravação de uma cover de "Ashes to Ashes"
de David Bowie, no disco We Were so Turned on: a Tribute
to David Bowie, lançado no final de 2010; além
do envolvimento, novamente, com o projeto Dalis Car, junto a
Peter Murphy do Bauhaus. A doença apenas permitiu-lhe
deixar a presença de um EP, intitulado InGladAloneness
e lançado postumamente.
Discografia
Singles e EPs
"Don't Rain on My Parade"/"Stateline"
(UK, Germany, Australia, Italy) 1978
"Adolescent Sex" (Spain) 1978
"The Unconventional"/"Lovers On Main Street"
(Japan) 1978
"The Unconventional"/"Adolescent Sex (re-recorded
version)" (UK) 1978
"Adolescent Sex (re-recorded version)"/"Transmission"
(Italy) 1979
"Adolescent Sex (re-recorded version)"/"Sometimes
I Feel So Low" (Germany, Holland, France) 1978
"Sometimes I Feel So Low"/"Love Is Infectious"
(UK, USA, Japan) 1978
"Deviation"/"Suburban Berlin" (Holland)
1979
"Life In Tokyo"/"Life In Tokyo (Part Two)"
(UK, USA, Canada, Germany, France, Japan, Australia, Italy)
1979
"Quiet Life"/"Halloween" (Japan) 1979
"I Second That Emotion"/"European Son" (Japan)
1980
"I Second That Emotion"/"Quiet Life" (UK,
Germany, Holland) 1980
"Special Edition EP" (Canada) 1980
"Live In Japan EP" (Germany, Holland, Belgium) 1980
"Gentlemen Take Polaroids EP" (UK No. 60, Germany,
Japan) 1980
"The Singles EP" (Japan) 1981
"The Art of Parties"/"Life Without Buildings"
(UK No. 48) 1981 - also Canadian EP with two tracks from the
"Gentlemen Take Polaroids" EP
"The Art of Parties"/"My New Career" (Australia,
Japan) 1981
"Life In Tokyo"/"European Son" (UK, Germany)
1981
"Quiet Life"/"A Foreign Place" (UK No. 19)
1981
"Visions Of China"/"Taking Islands In Africa"
(UK No. 32, Australia) 1981
"European Son (remix)"/"Alien" (UK No. 31,
Germany) 1981
"Ghosts"/"The Art Of Parties (live version)"
(UK No. 5 and most other countries except Japan) 1982
"Cantonese Boy"/"Burning Bridges" (UK No.
24) 1982 - also a double pack with "Gentlemen Take Polaroids"/"The
Experience of Swimming"
"I Second That Emotion (remix)"/"Halloween"
(UK No. 9, Germany) 1982
"Life In Tokyo (remix)" (UK No. 28) 1982
"Nightporter"/"Ain't That Peculiar" (remix)
(UK No. 29, Germany) 1982
"Nightporter EP" (Japan) 1982 - includes B-sides from
UK releases
"All Tomorrow's Parties (1983 remix)"/"In Vogue
(live)" (UK No. 38) 1983
"Canton"/"Visions Of China" (live versions)
(UK No. 42) 1983
Discos
Adolescent Sex (1978)
Obscure Alternatives (1978)
Quiet Life (1979)
Gentlemen Take Polaroids (1980)
Tin Drum (1981)
Assemblage (1981)
Oil on Canvas (1983)