07 - Japan

por Marcelo Alvarez Barboza

Existem momentos de nossas vidas de apaixonados por música em que nos deparamos com artistas que provocam nossos conceitos. Geralmente só os curiosos acabam entrando nestas paragens mágicas por pequenas frestas; onde a sonoridade pode incluir estratagemas pouco convencionais de melodia que acabem por torná-los, propositalmente, pouco conhecidos. Por acaso, conheci esta banda apenas pelo despertar de uma frase publicada num guia de CDs editado em 1992 e que continha esta expressão que deu a dica necessária para entrar neste mundo, e a expressão era “aura de requinte”. Seja lá o que isto signifique, foi esta a fresta por onde tive que comprá-los. Não havia ainda o ouvir fácil pela internet.


(Japan, em 1978: Mick Karn, Rob Dean, David Sylvian, Richard Barbieri and Steve Jansen)

A história do Japan começa em Catford, sul de Londres, como a de muitas outras bandas; numa escola onde adolescentes se sintam entediados o suficiente para se reunir e tocar.

Era setembro de 1969 quando David Batt foi colocado na mesma classe com Andonis Michaelides (de origem cipriota, que havia mudado seu nome para Anthony Michaelides e que agora tinha o apelido de Mick) e Richard Barbieri. Com o passar do tempo, Mick se tornou amigo de David Batt e acabou conhecendo seu irmão, Stephen Batt, que estava dois anos abaixo deles no mesmo curso.

Stephen e David tinham uma irmã, Linda Batt, que sempre tocava registros da Motown e outros artistas negros, como Smokey Robinson, Marvin Gaye e The Jacksons Five. Mais tarde eles descobriram o som de David Bowie, Velvet Underground, New York Dolls e Roxy Music. David também ficou fascinado por Andy Warhol e toda cena pré-punk de Nova York.

Richard Barbieri tinha interesse em alguns destes artistas, mas nutria dentro do grupo certa fascinação por bandas de hard rock e progressivo, como Hawkwind, Led Zeppelin e Electric Light Orchestra.

Logo a ideia de formar uma banda foi tomando forma entre David, Stephen e Mick. No natal de 1973 os irmãos Batt ganham uma guitarra e uma bateria básica de presente e Stephen vai para a bateria. Mick era para ser o vocalista, mas tinha outros compromissos com o conservatório de música, aprendendo fagote. Porém, suas lições de música clássica não duraram o suficiente, pois seu fagote foi roubado por um grupo de skinheads. O próprio Mick comenta: "o conservatório não iria me comprar outro fagote, assim, em retaliação, eu comprei um baixo por 5£ de um garoto na escola e me reuni com David, que estava tocando violão".

Por sua aparência, com maquiagem glam, David Batt começou a ter problemas de hostilidade na escola. O jeito foi se isolar ainda mais com a banda. O primeiro show do trio foi em 01 de junho de 1974, no casamento do irmão de Mick, e David assumiu os vocais ao perceber o nervosismo de seu parceiro de baixo, que era para ser o vocalista.

Não era interesse de David ser o principal foco, mas ele acabou assumindo este compromisso. Segundo Mick, o nome Japan fora escolhido em desespero “minutos antes de nossa primeira aparição. Percebemos que deveríamos ter um nome e Dave pensou em Japan, por enquanto, até podermos pensar em algo melhor. Eu gostei. O resto da banda não fez nada. E o nome pegou”.

Ensaiaram exaustivamente após o primeiro show, na casa dos irmãos David e Stephen e, depois, mudaram os ensaios para uma sala em cima da casa de carnes do pai de Mick. David compunha as músicas no violão, passando a estrutura para que os outros fizessem os arranjos. Um método que durou até o disco Quiet Life.

Foram, aos poucos, percebendo que necessitavam convidar mais membros para desenvolver melhor as melodias. Violão, baixo e bateria não tornavam as músicas tão cheias. Resolveram o problema de um guitarrista colocando um anúncio no jornal musical Melody Maker. Quem respondeu foi um jovem de 22 anos chamado Robert Dean (e que chamavam apenas por Rob Dean). Era final de 1975 e toparam numa viagem de trem com o velho amigo de escola citado acima, Richard Barbieri, quando perguntaram a ele se não queria aprender teclados.

Após alguns ensaios, fizeram seu primeiro show em 14 de fevereiro de 1976 no Goldsmith’s College. Durante o ano de 1976 procuraram agendar mais shows. Assim como os Beatles, eles conseguiram agendar um compromisso de tocar num clube alemão, em Munique; mas antes que isto ocorresse foram apresentados a seu empresário definitivo, Simon Napier-Bell, que já vinha de compromissos com o The Yardbirds e Marc Bolan. Quem apresentou a banda foi Danny Morgan, um empresário menos experiente que trabalhava com Simon.

Simon diz que "desde o primeiro momento em que vi David Batt, sabia que ele era um superstar”...”eu pulei dentro, pois estava fora de contato com a cena e não estava ciente de quaisquer problemas com a imagem, música, ou estilo dele. Eu apenas pensei que era tudo fantástico".

O empresário queria um contrato apenas com David, mas ele exigia o grupo também e Simon acabou colocando todos sob sua guarda. Depois disso tudo eles ainda acabaram, mesmo assim, fazendo a tal viagem para Munique e se arrependendo das más condições. Simon enquanto isso tentava vender sua imagem, mas a sorte estava contra o Japan. A ascensão do punk rock havia colocado o grupo numa categoria de bandas datadas. As gravadoras repudiaram o visual e o som deles. O empresário ainda conseguiu alguns poucos shows com The Damned e Jim Capaldi, além de bancar um pouco a banda, até que eles conseguiram um contrato com a gravadora alemã Ariola-Hansa.

Havia um concurso para a assinatura com a Ariola-Hansa e algumas bandas participaram. O concurso definiu a banda The Cure como ganhadora (que gravou "Killing An Arab", "Boys Don't Cry" e "10:15 Saturday Night" nos estúdios da gravadora e que "não foram aceitas por ela", segundo Robert Smith).

Mesmo assim, logo após, a Ariola-Hansa procura o Japan para assinar. Gravam e acumulam um punhado de músicas, de onde sairia a seleção para o álbum Adolescent Sex, produzido por Ray Singer, que, por ironia de seu nome, também canta os vocais de fundo com a banda.

No mesmo tempo Simon e a Ariola-Hansa começaram a procurar estratégias para engrandecê-los, aplicando enigmáticas fotos em revistas e vídeo na TV com integrantes da banda e sem dizer a que vieram. Tudo isso antes de lançarem seu primeiro disco e de alguns integrantes mudarem seus nomes. No início de 1978, David Batt muda seu nome para David Sylvian (muito provavelmente em homenagem a Sylvain Sylvain do The New York Dolls) e Stephen Batt muda seu nome para Steve Jansen. Andonis Michaelides também muda o seu nome e agora se chama Mick Karn (talvez retirando seu batismo de uma história do Dr. Who que citava uma "Irmandade de Karn").

Os estratagemas de divulgação na Inglaterra, Alemanha e Holanda, não foram tão eficientes quanto no Japão, onde o nome da banda ajudou seus integrantes a se tornar ídolos adolescentes nas revistas.

(capa do disco Adolescent Sex)

Em março de 1978 saem na Inglaterra os primeiros registros da banda, o single Don't Rain on My Parade e o álbum Adolescent Sex.

"Don't Rain on My Parade" é a versão rock que a banda fez da música cantada por Barbra Streisand para o musical Funny Girl.

No Japão, o disco Adolescent Sex saiu com alguns nomes de músicas trocados; assim, "Transmission" virou "Invitation to Fascination", "Suburban Love" tornou-se "Carousel of Love" e "Television" era "Temptation Screen".

Em abril de 1978, o Japan excursiona com o Blue Oyster Cult, porém não são bem recebidos pelos fãs da banda. De acordo com Sylvian "isso foi uma experiência inestimável para nós, porque, se você pode lidar com um público como aquele; você pode lidar com qualquer coisa". O pior de tudo é que lhes foi oferecido escolher entre excursionar com uma banda desconhecida, o Talking Heads, ou com o Blue Oyster Cult, que na época tinham um público bem fiel.


Essas eram as músicas presentes na versão inglesa do disco Adolescent Sex:

Lado A

01. Transmission
02. The Unconventional
03. Wish You Were Black

04. Performance
05. Lovers on Main Street
06. Don't Rain on My Parade

Lado B

01. Suburban Love
02. Adolescent Sex
03. Communist China
04. Television

Adolescent Sex rendeu dois singles: Don’t Rain on My Parade / State Line, em março de 1978 e The Unconventional / Adolescent Sex, em agosto.

Após estas agruras decidiram gravar e lançar rápido (em outubro do mesmo ano de 1978) o segundo álbum, Obscure Alternatives, que começou com grande pressão sobre a banda.

Por esta época começou a surgir alguma percepção de que aquele som não estava na onda do momento, principalmente ao notar a fraca procura pela imprensa.

David sentiu-se extremamente pressionado a escrever ótimo material para ser gravado e não faltaram discussões com Ray Singer, produtor de seu disco anterior. Obscure Alternatives foi um álbum menos coeso, contendo até mesmo uma espécie de reggae ("…Rhodesia") e finalizando com uma música instrumental inspirada nas peças do compositor Erik Satie ("The Tenant"), que já prenunciava a nova direção musical que a banda seguiria.

Novamente a edição japonesa troca alguns nomes de músicas. "Obscure Alternatives" se chama "Melody In Agonising", "Deviation" tem seu nome trocado por "Opposing What Is Young" e "The Tenant" por "Tenant of Love".

Mas talvez a melhor composição destes dois primeiros discos do Japan seja a faixa título, "Obscure Alternatives".

Músicas presentes na versão inglesa do disco Obscure Alternatives:

Lado A

01. Automatic Gun
02. ...Rhodesia
03. Love Is Infectious
04. Sometimes I Feel So Low

Lado B

01. Obscure Alternatives
02. Deviation
03. Suburban Berlin
04. The Tenant

O disco rendeu apenas um single: Sometimes I Feel so Low / Love Is Infectious, editado em outubro de 1978.

A Inglaterra continuava indiferente. Porém o Japão fervilhava de fãs, que abocanharam com extrema avidez o lançamento do single ‘funk’ de "The Unconventional". Tudo alimentado por uma farta publicação de fotos e textos em revistas para adolescentes.

No final do ano David teve uma apendicite e teve que se tratar. Mesmo assim conseguiram tocar em shows na Inglaterra, Bélgica, Holanda e Escócia, em turnê; além de conseguir sua única passagem pelos Estados Unidos, em seis localidades, tocando novamente na Inglaterra até a entrada do ano novo. Nunca mais voltaram à América para excursionar.

O ano de 1978 mal termina e começa com outra doença que pega David Sylvian de surpresa, uma amigdalite. Isso acabou cancelando algumas datas e fazendo com que David tentasse uma nova maneira de cantar, mais suave, que diminuía os infortúnios da recuperação. Nunca mais deixou de cantar assim, abandonando os vocais roucos e gritados de seus dois discos ‘hard rock’ anteriores.

(Japan e o produtor Giorgio Moroder, em estúdio)

Esta nova maneira de cantar também se assemelhava muito com o estilo vocal de Bryan Ferry. Outra razão para os cancelamentos foi uma fratura na perna de Rob Dean, em estúdio. Mesmo assim começaram a preparar as músicas para o seu novo direcionamento musical, onde as guitarras foram cada vez mais emudecidas; cedendo lugar a arranjos de teclado extremamente sutis, estranhos fraseados de baixo fretless (sem trastes) e quebradas de bateria que se assemelhavam mais a uma programação eletrônica do que a algo orgânico.

Durante a turnê japonesa, em março de 1979, já era perceptível esta nova fase misturando-se ao material antigo. Outra boa jogada foi gravar o single de Life In Tokyo, em Los Angeles. Este contou com o produtor Giorgio Moroder, influente na música das discotecas daquele período.

"Life in Tokyo" contava com sequenciadores de fundo, também perceptíveis em "European Son" (outro single da mesma época, mas lançado em 1981) e na abertura de seu terceiro álbum de estúdio, Quiet Life. Dois anos depois o Duran Duran faria algumas músicas muito similares para seu primeiro álbum de estúdio.

Enquanto a banda residia em Nova York, David conta que "houve um período de mais ou menos seis meses em que não tínhamos certeza de qual música queríamos fazer e com quem queríamos trabalhar".

Foi um período tenso para a banda toda e Simon Napier-Bell já estava se sentindo um idiota em gastar milhões sendo empresário deles.

O produtor de Quiet Life acabou sendo John Punter (que produziu o LP do Roxy Music, Country Life, em 1974). A sonoridade diferia perceptivelmente da de seus álbuns anteriores e o disco ainda incluía uma cover de "All Tomorrow’s Parties", do primeiro disco do Velvet Underground.

Era perceptível a participação de saxofones em algumas músicas, como é o caso de "Halloween". Também a faixa título conseguiu atingir algumas posições nas paradas inglesas, chegando a atingir o 19º posto na parada.

John Punter também ajudou a recriar o som do grupo ao vivo, contando para a próxima turnê com a presença do saxofonista Jane Shorter. Por grande ironia, com exceção do Japão, o disco também encalhou nas lojas do mundo todo em retumbante fracasso. Porém o produtor Simon Napier-Bell já havia se tornado amigo deles e decidiu gravar um single final, I Second That Emotion, uma cover de Smokey Robinson & The Miracles que foi lançada em março de 1980. O single de "Life In Tokyo" trazia uma versão disco, além da versão normal, e foi editado em abril de 1979.

Músicas de Quiet Life:


Lado A

01. Quiet Life
02. Fall In Love With Me
03. Despair
04. In Vogue

Lado B

01. Halloween
02. All Tomorrow's Parties
03. Alien
04. The Other Side of Life

O disco teve apenas um single: I Second That Emotion / Quiet Life, editado em março de 1980

Apesar de outra turnê de sucesso pelo Japão, a gravadora Ariola-Hansa decidiu dispensar a banda e Simon Napier-Bell começou sua busca por outra que os acolhesse.

A Virgin Records acabou assinando com o grupo, em junho de 1980.

Por esta época um novo movimento, conhecido por New Romantics, aceitava que os integrantes tocassem músicas vestidos com roupas de grande estilo, e o Japan, imediatamente, foi considerado um precursor da estética; após o David Bowie safra Station to Station, é claro.

Mesmo assim a banda nunca aceitou tal padronização, alegando haver alguns pontos de distanciamento com o restante do movimento. Fato que parece ser verdade, a julgar pela complicação de seu ataque sonoro posterior.

Agora era o momento de gravar Gentlemen Take Polaroids, com o mesmo John Punter como produtor. O disco apresentava um refinamento sonoro muito superior a tudo o que fora feito até agora, mostrado em músicas como "Gentlemen Take Polaroids", "Swing" e "Methods of Dance". Também incluía outra música saída da lavra de Smokey Robinson e companhia, conhecida por "Ain’t That Peculiar" (famosa na voz de Marvin Gaye).

(capa do disco Gentlemen Take Polaroids)

Quase no final das gravações, apareceu em estúdio o tecladista Ryuichi Sakamoto, do grupo japonês Yellow Magic Orchestra e que já conhecia os integrantes do Japan; o que acabou culminando na gravação de uma música com ele e colocada no final do álbum, "Taking Islands In Africa".

Algumas ficaram de fora, como as gravações instrumentais de Richard Barbieri, "The Experience of Swimming" e de Rob Dean, "The Width of a Room", que devem muito às experiências de Bowie com seu álbum Low e que foram incluídas num EP da época (Gentlemen Take Polaroids EP) e na versão em CD, dos anos 90.

Também é mencionada a presença de "Some Kind of Fool", música lançada anos depois na discografia solo de Sylvian (coletânea Everything And Nothing).

O quarto disco do Japan foi distribuído em novembro de 1980 e se tornou, de todos da banda, o campeão de vendas no Japão. Antes disso, em julho, a antiga gravadora já tinha lançado por lá o disco Live In Japan, um EP de quatro músicas que gravaram ao vivo. Após os anos 2000 as músicas deste EP passaram a ser bônus nas edições em CD, remasterizadas, do grupo.

Músicas do ao vivo Live In Japan:

Lado A

01. Deviation
02. Obscure Alternatives

Lado B

01. In Vogue
02. Sometimes I Feel So Low

Músicas de Gentlemen Take Polaroids:

Lado A

01. Gentlemen Take Polaroids
02. Swing
03. Burning Bridges
0
4. My New Career

Lado B

01. Methods of Dance
02. Ain't That Peculiar
03. Nightporter
04. Taking Islands In Africa

Músicas do EP Gentlemen Take Polaroids:

Lado A

01. Gentlemen Take Polaroids
0
2. The Experience of Swimming

Lado B

01. The Width of a Room
02. Burning Bridges

(capa do disco Tin Drum)

Após um show no Liceum em Londres, onde um público de cerca de mil pessoas não conseguiu entrar por causa da lotação, os integrantes do Japan fizeram uma exposição multimídia; onde foram apresentadas esculturas feitas por Mick Karn e fotografias tiradas por Rob Dean e Steve Jansen; além de contar com músicas de fundo, instrumentais.

Músicas estas que Mick Karn também utilizaria com sua namorada, Yuka Fujii, para o estabelecimento que estavam montando, o The Penguin Café. Começaram a ter agora, na Inglaterra natal, uma imprensa mais favorável e bandas novas observando seu desempenho. O próximo disco seria Tin Drum.


Em 1981 a banda sofre sua única baixa. O guitarrista Rob Dean decide abandoná-los devido à utilização maciça de sintetizadores e ao pouco espaço dado a seu instrumento. Chegou posteriormente a montar uma banda (Illustrated Man) e tocar com Gary Numan, no álbum Dance, e no disco The Lion And The Cobra, de Sinead O’Connor.

Após algum tempo se torna um ornitólogo (estudioso de pássaros) na América Central e em outras partes tropicais do mundo, realizando inúmeros desenhos destes animais e publicando guias. Com a saída de Rob Dean, decidem contratar o guitarrista David Rhodes para os shows (após isso David Rhodes tocaria com Peter Gabriel).

Tin Drum seria o último, e mais técnico, de todos os discos do Japan, lançado em novembro de 1981. Contém a música que atingiu a maior posição nas paradas da Inglaterra ("Ghosts" - quinto lugar na parada inglesa e que tinha a percussão de Steve Jansen na marimba, instrumento de origem africana).

Outra curiosidade deste disco é a presença maciça da cultura chinesa, com um retrato de Mao Tsé-Tung na capa, enquanto David come arroz de palito; acrescentando em seu interior músicas como "Canton", "Cantonese Boy" e "Visions of China".

Um tema instrumental, "Life Without Buildings", foi acrescentado como lado B do single da música que abria o novo disco ("The Art of Parties"). Alguns vocais de fundo, provavelmente na música "Still Life In Mobile Homes", são de Yuka Fujii. Também são presentes em alguns trechos os violinos tocados por Simon House.

Aproveitando o sucesso repentino, sua antiga gravadora, a Ariola-Hansa, invade o mercado com singles do Japan em sua fase anterior, inclusive recorrendo a várias remixagens. A banda fazia o possível para controlar e direcionar seu antigo catálogo em remixagens, recebendo a ajuda de Steve Nye, seu novo produtor, que gravaria Tin Drum com eles.

Mick Karn, por exemplo, regravou as linhas de baixo para a nova versão extensa de "Life In Tokyo". A Ariola-Hansa também lançaria uma coletânea, antes de Tin Drum, conhecida por Assemblage e que foi o primeiro álbum que muitos fãs compraram.

A coletânea tinha as seguintes músicas:

Lado A

01. Adolescent Sex (single version)
02. State Line
03. Communist China
04. ...Rhodesia
05. Suburban Berlin

Lado B

01. Life In Tokyo
02. European Son
03. All Tomorrow’s Parties
04. Quiet Life
05. I Second That Emotion

Já o disco Tin Drum trazia:

Lado A

01. The Art of Parties
02. Talking Drum
03. Ghosts
04. Canton

Lado B

01. Still Life In Mobile Homes
02. Visions of China
03. Sons of Pioneers
04. Cantonese Boy

Infelizmente, as personalidades de Mick Karn e David Sylvian não estavam mais se adequando.

O resultado foi tentar dar uma parada nas turnês e gravações para apenas se dedicar a projetos de gravações e singles sobre o catálogo que possuíam.

Mesmo assim, a banda se desfez em 1982, numa situação de conflito agravada pelo fato de que a namorada de Karn, Yuka Fujii, agora estava com David.

O Japan fez seu último show em Nagoya, em 16 de dezembro de 1982, no Japão que tanto os reverenciou.

Em junho de 1983 lançam seu último registro, o álbum duplo ao vivo Oil on Canvas que, com exceção da música Quiet Life, concentrava seu repertório nos dois últimos discos; contendo também três pequenos temas instrumentais, "Oil on Canvas", "Voices Raised In Welcome", "Hands Held In Prayer" e "Temple of Dawn".

O guitarrista convidado nesta turnê final foi o japonês Masami Tsuchiya (do grupo japonês Ippu-Do)

Por ironia de um destino quase sempre ingrato, este epílogo acabou sendo o disco com maior vendagem na Inglaterra, atingindo a quinta posição na parada.

Músicas do ao vivo Oil on Canvas:

Disco 1

Lado A

01. Oil on Canvas
02. Sons of Pioneers
03. Gentlemen Take Polaroids
04. Swing

Lado B

01. Cantonese Boy
02. Visions of China
03. Ghosts
04. Voices Raised In Welcome, Hands Held In Prayer

Disco 2

Lado A

01. Nightporter
02. Still Life In Mobile Homes
03. Methods of Dance

Lado B

01. Quiet Life
02. The Art of Parties
03. Canton
04. Temple of Dawn

(capa da trilha sonora de Merry Christmas Mr. Lawrence)

Após o Japan, David deu a largada para o enorme lançamento de trabalhos que fariam, quase sempre explorando sonoridades fora de uma zona de conforto pop.

Seu primeiro lançamento foi de um retorno à parceria com Ryuichi Sakamoto. Um single ‘synthpop’ com as músicas "Bamboo Music" e "Bamboo Houses", que incluía Steve Jansen (que seria baterista em quase todos os discos de sua trajetória solo).

Em 1983 repete a parceria com Sakamoto, na trilha do filme Merry Christmas Mr. Lawrence (conhecido no Brasil por Furyo, Em Nome da Honra, com David Bowie e o próprio parceiro de Sylvian atuando). A música seria "Forbidden Colours", seu maior sucesso como cantor, muito devido à bela melodia oriental de Sakamoto.

Também lança cinco fantásticos discos de estúdio, dois resultantes de uma parceria extremamente experimental com Holger Czukay (da banda alemã Can).

Termina a década de 1980 lançando uma caixa de seu material principal, a Weatherbox, que inclui o principal de suas gravações, os discos Brilliant Trees, Gone to Earth e Secrets of The Beehieve, que contém a memorável música "Orpheus".

(capa do disco dos Dolphin Brothers, Catch The Fall)

Mick Karn lança o disco Titles (que curiosamente contém uma cover do cantor Roberto Carlos, chamada "Sensitive"), em 1982 e se envolve em parcerias com Midge Ure, do Ultravox, no single de After a Fashion e com Peter Murphy, da banda pioneira gótica Bauhaus, no Dalis Car, que lança o álbum The Waking Hour, em 1984.

Participa também numa música, "Glow World", do EP Chimera de Bill Nelson, e prepara seu segundo disco, Dreams of Reason Produce Monsters; cujo single, Buoy, é uma das melhores músicas de todas cantadas por David Sylvian; que curiosamente havia sido chamado para participar por Karn, sem mágoa do passado.

No mesmo ano do segundo disco de Mick Karn, em 1987, o tecladista Richard Barbieri e o baterista Steve Jansen montam uma dupla, The Dolphin Brothers, dotada de um pop jazzístico com influências do som do Japan.

Steve Jansen também havia participado, um ano antes, no lançamento de um single, Stay Close, com o músico japonês Yukihiro Takahashi. Steve tem uma voz muito parecida com a de Sylvian e canta em ambas as duplas, porém, com menos potência

O disco lançado se chama Catch The Fall e contém a bela "Pushing The River". De todos os projetos, esta dupla é a que mais repete a sonoridade do Japan em seu álbum.

Lado A

01. Catch The Fall
02. Shining
03. Second Sight
04. Love That You Need

Lado B

01. Real Life, Real Answers
02. Host To The Holly
03. My Winter
04. Pushing The River

Talvez por sua participação no disco de Mick Karn, o fato é que entre setembro de 1989 e abril de 1990 os integrantes do Japan (com exceção de Robert Dean) se reúnem novamente em estúdio para tocar; em Miraval, sul da França. Passaram-se nove anos desde o fim deles e a idéia agora era que todos compusessem e tocassem ao mesmo tempo, com as fitas de gravação rodando o dia todo, numa estratégia de criar um álbum de músicas improvisadas no ato de sua execução.

Sylvian insistiu para que a banda, por causa de tal abordagem, não se chamasse mais Japan, mas sim Rain Tree Crow, que também ficou sendo o nome do produto sonoro final. Os guitarristas que acompanharam estas gravações foram Phil Palmer e Bill Nelson.

A gravadora Virgin Records se interessou em bancar a reunião do Japan para mais seis discos, porém a insistência de Sylvian em não se interessar por isso acabou por fazer com que este tivesse que bancar a mixagem do álbum sozinho.

Sylvian acabou também comentando que apenas ele e Steve Jansen (seu irmão) fossem responsáveis pela mixagem final. Isto desagradou Mick Karn de maneira excessiva, o que acabou separando-os definitivamente. Mick alegou que Sylvian estava usando os ex integrantes do Japan para quase um álbum solo dele, o que não fora proposto.

O álbum Rain Tree Crow foi lançado em abril de 1991, na sequência do single de Blackwater – única música que fugiu dos improvisos e foi ensaiada por eles. Também se destacam "Every Colour You Are" e "Pocket Full of Change", além da abertura quase instrumental e com vocais africanos, "Big Wheels In Shanty Town".

Músicas de Rain Tree Crow:

Lado A

01. Big Wheels In Shanty Town
02. Every Colour You Are
03. Rain Tree Crow
04. Red Earth (As Summertime Ends)
05. Pocket Full of Change

Lado B

01. Boat’s For Burning
02. New Moon At Red Deer Wallow
03. Blackwater
04. A Reassuringly Dull Sunday
05. Blackcrow Hits Shoe Shine City
06. Scratchings on The Bible Belt
07. Cries And Whispers

O single de Blackwater tinha duas músicas no lado B: "Red Earth (As Summertime Ends)" e "I Drink To Forget" e foi editado em março de 1991.

Após o Rain Tree Crow, David Sylvian se reúne com Robert Fripp para gravar o disco The First Day (1993), lança o ao vivo Damage (1994) (na mesma parceria) e prossegue com inúmeros lançamentos, até sair da Virgin e montar sua gravadora samadhisound, que lançou dele o eletrônico e experimental Blemish (2003), além de participar da banda Nine Horses (com Jansen e Burnt Friedman), lançando o belíssimo álbum Snow Borne Sorrow (2005) e o EP Money For All (2007).

Sylvian também banca seu irmão Steve Jansen, com o disco solo Slope; além de complicar sua estética sonora em álbums como Manafon (2009) e Died In The Wool (2011).

Richard Barbieri faz parcerias com os antigos integrantes do Japan, lançando discos como Stone To Flesh (1995, com Jansen) , Beggining To Melt (1993) e o EP instrumental Seed (1994, com Jansen e Karn). Também atua como integrante em alguns álbums da banda de rock progressivo moderno, Porcupine Tree. Recentemente lançou os discos solos Things Buried (2005) e Stranger Inside (2008). Para este ano de 2012 lança sua parceria com Steve Hogarth, Not The Weapon But The Hand.

Mick Karn lança Bestial Cluster, em 1993, do qual se seguem mais sete discos de estúdio e uma coletânea. No final de maio de 2010 Mick recebe a notícia de que é portador de um câncer em estágio avançado. Morre em 4 de janeiro de 2011, levando junto consigo o seu inconfundível modo de tocar baixo e impedindo para sempre um retorno do Japan.

Seus últimos projetos foram a gravação de uma cover de "Ashes to Ashes" de David Bowie, no disco We Were so Turned on: a Tribute to David Bowie, lançado no final de 2010; além do envolvimento, novamente, com o projeto Dalis Car, junto a Peter Murphy do Bauhaus. A doença apenas permitiu-lhe deixar a presença de um EP, intitulado InGladAloneness e lançado postumamente.

Discografia

Singles e EPs

"Don't Rain on My Parade"/"Stateline" (UK, Germany, Australia, Italy) 1978
"Adolescent Sex" (Spain) 1978
"The Unconventional"/"Lovers On Main Street" (Japan) 1978
"The Unconventional"/"Adolescent Sex (re-recorded version)" (UK) 1978
"Adolescent Sex (re-recorded version)"/"Transmission" (Italy) 1979
"Adolescent Sex (re-recorded version)"/"Sometimes I Feel So Low" (Germany, Holland, France) 1978
"Sometimes I Feel So Low"/"Love Is Infectious" (UK, USA, Japan) 1978
"Deviation"/"Suburban Berlin" (Holland) 1979
"Life In Tokyo"/"Life In Tokyo (Part Two)" (UK, USA, Canada, Germany, France, Japan, Australia, Italy) 1979
"Quiet Life"/"Halloween" (Japan) 1979
"I Second That Emotion"/"European Son" (Japan) 1980
"I Second That Emotion"/"Quiet Life" (UK, Germany, Holland) 1980
"Special Edition EP" (Canada) 1980
"Live In Japan EP" (Germany, Holland, Belgium) 1980
"Gentlemen Take Polaroids EP" (UK No. 60, Germany, Japan) 1980
"The Singles EP" (Japan) 1981
"The Art of Parties"/"Life Without Buildings" (UK No. 48) 1981 - also Canadian EP with two tracks from the "Gentlemen Take Polaroids" EP
"The Art of Parties"/"My New Career" (Australia, Japan) 1981
"Life In Tokyo"/"European Son" (UK, Germany) 1981
"Quiet Life"/"A Foreign Place" (UK No. 19) 1981
"Visions Of China"/"Taking Islands In Africa" (UK No. 32, Australia) 1981
"European Son (remix)"/"Alien" (UK No. 31, Germany) 1981
"Ghosts"/"The Art Of Parties (live version)" (UK No. 5 and most other countries except Japan) 1982
"Cantonese Boy"/"Burning Bridges" (UK No. 24) 1982 - also a double pack with "Gentlemen Take Polaroids"/"The Experience of Swimming"
"I Second That Emotion (remix)"/"Halloween" (UK No. 9, Germany) 1982
"Life In Tokyo (remix)" (UK No. 28) 1982
"Nightporter"/"Ain't That Peculiar" (remix) (UK No. 29, Germany) 1982
"Nightporter EP" (Japan) 1982 - includes B-sides from UK releases
"All Tomorrow's Parties (1983 remix)"/"In Vogue (live)" (UK No. 38) 1983
"Canton"/"Visions Of China" (live versions) (UK No. 42) 1983


Discos

Adolescent Sex (1978)
Obscure Alternatives (1978)
Quiet Life (1979)
Gentlemen Take Polaroids (1980)
Tin Drum (1981)
Assemblage (1981)
Oil on Canvas (1983)