Essa é
uma das mais importantes bandas da geração "pós-punk"
britânica e uma das mais criativas. Liderados pela figuraça
Jaz Coleman, o Killing Joke é dono de uma bela discografia,
lançado um aclamado LP de estréia em 1980, um dos
melhores do ano, mesmo tendo a concorrência de novatos como
U2, Echo and the Bunnymen, Pretenders... Com sua batida seca,
tribal, vocais poderosos e guitarra afiada, o Joke flertava com
o metal ao vivo, em apresentações bombásticas
e carismáticas. E o incrível é que ainda
estão na estrada. Sendo assim...
A
carreira do Killing Joke começou como a de qualquer banda
da época: casualmente. Paul Ferguson era baterista do Matt
Stagger Band quando encontrou Jaz Coleman, ex-tecladista do mesmo
grupo, por acidente, tempos depois.
Juntos, resolveram formar
uma banda com o baixista Youth (mais tarde, um importante produtor)
e com o guitarrista Geordie. Nascia o Killing Joke.
Em 1979 fundaram um selo
próprio, Malicious Damage, e em outubro do mesmo ano lançam
o primeiro compacto, Nervous System.
Espertos,
fizeram um acordo com a Island Records para a distribuição,
somente. "Usamos a Island para nos promovermos. Não
demos os direitos da música e nem nada o que pediam. Apenas
usamos a distribuição deles", gaba-se Coleman.
O Joke usava uma mistura que começava a virar moda; um
pós-punk mais chegado ao funk com uma bateria mais tribal
e ao reggae.
O compacto chamou a atenção
do DJ John Peel, que começou a executar direto o compacto.
Com um padrinho desses, só podia sair boa coisa e no ano
seguinte assinam com a EG Records. Na nova casa, lançam
o disco de estréia, que levava apenas o nome da banda.
O
disco de estréia é um achado. O grupo oferece visões
de uma Europa violenta, falam de guerras, medo e outros temas
comuns à época. O grupo se aproxima mais de uma
linha pesada, principalmente ao vivo, onde mostravam toda a potência,
liderados pelo carismático Jaz Coleman. Clássicos
como "Requiem", "War Dance" e "The Wait",
conseguem algum sucesso. Uma estréia mais do que promissora.
A banda começa uma
longa turnê pelo Reino Unido e a banda procura fugir de
rótulos. "Não somos uma banda punk, ou heavy
metal ou sei lá o que. Procuramos apenas nos divertirmos
em cima do palco." falava Jaz.
No
ano seguinte, lançam o segundo LP, What's This
For, reforçando ainda mais o culto. Fãs
de todos os estilos se aproximam do grupo. "Follow the Leaders"
é a melhor faixa do LP.
O culto começa a
crescer - e os fãs também - no terceiro disco, Revelations,
com a produção do legendário Conny Plank,
que havia trabalhado com Kraftwerk, Ultravox e Eurythmics.
Essa é uma época
estranha para a banda. O quarteto começa a angariar polêmicas
a usar fotos com o Papa com os nazistas, a fazer discursos inflamados
nos shows e na paixão de Coleman pela obra do bruxo Alester
Crowley, sendo um devoto seguidor dele. Vale recordar que Jimmy
Page, nos anos 70 era outro grande fã de Crowley.
O ano de 1982 também
marca a saída do baixista Youth, após um acontecimento,
no mínimo bizarro. Após "receber um aviso"
de que o Apocalipse estava perto, Jaz muda-se para a Islândia,
junto com Georgie e Youth, onde trabalham com o grupo local Theyr.
Meses
depois, Youth vê que não havia Apocalipse algum e
decide voltar para a Inglaterra, deixando o grupo. Tempos depois,
fundaria o grupo Brilliant - do qual tenho alguns singles
e um dia falarei - entrando Paul Raven em seu lugar. Em seguida,
o próprio grupo retorna à Inglaterra.
Com Fire Dances,
o grupo começa uma nova direção musical.
Jaz está mais contido nas interpretações,
procurando cantar mais. O grupo busca um caminho menos radical.
E esse caminho acontece no quinto disco, Night Time.
Night
Time foi uma surpresa para os fãs mais antigos.
O grupo começou a flertar mais com a música comercial
e produziu pérolas como "Love Like Blood", "Eighties"
e a faixa-título. O disco fez até um relativo sucesso
no Brasil, onde as três canções foram bem
executadas nas FMs "alternativas" da época.
O som fica mais próximo
do The Cure, com Jaz mostrando ser um bom vocalista. O Killing
Joke acha que "apelar" dessa maneira é uma boa
saída, mas perde a mão no disco seguinte, Brighter
Than a Thousand Suns.
Embora
continuem pesados ao vivo, criando uma massa sonora potente, o
Joke prefere apostar em fórmulas estranhas para quem conhecia
a banda anteriormente, também por pressão da EG,
que pede discos mais acessíveis e uma continuação
de Night Time. O disco até rende dois
singles interessantes - "Adorations" e "Sanity",
mas coloca o grupo em um dilema.
A banda então continua
sua incessante maratona de shows e as brigas internas começam
a aumentar. Jaz começa a escrever algumas canções
para o que seria sua estréia solo, junto com Georgie.
A
EG, porém queria lançar o disco com o nome do grupo.
Como as canções não se encaixam no estilo
de Raven e Ferguson, ambos são demitidos e em 1988 é
lançado Outside the Gate, disco que divide
os fãs até hoje. O disco conta com o baterista Jimmy
Copley e com o percussionista Jeff Scantlebury.
Coleman resolve explorar
mais o seu lado musical como tecladista e leva o grupo em direção
a um som mais eletrônico, arriscando até raps.
Mesmo não sendo
um sucesso, Jaz e Geordie resolvem continuar realizando shows
e percebem que precisam de novos músicos. Chama o baterista
Martin Atkins, ex-PiL. Para o baixo, a tarefa é mais inglória.
O primeiro contratado (e demitido três dias depois), é
o ex-Smith Andy Rourke.
Acabam acertando com Dave
"Taif" Ball. Tocam de dezembro de 1988 até agosto
do ano seguinte por Europa e América, até estacionarem
na Alemanha, onde pensam em novo disco. Ao mesmo tempo, Jaz grava
o disco Songs From the Victorious City, com Anne
Dudley, do Art of Noise.
Mas
os problemas retornam, assim como Paul Raven ao antigo posto de
baixista. Voltam para Londres, onde gravam o pesadíssimo
Extremities, Dirt & Various Repressed Emotions,
em 1990. Uma nova turnê começa e quando tudo parece
calmo, é Jaz que deixa o grupo para ir morar na Nova Zelândia!
Geordie, Martin Atkins,
Paul Ferguson, Paul Raven e o tecladista ohn Bechdel resolvem
não parar e convidam o vocalista Chris Connelly e fazem
uma excursão e um disco com o nome Murder, Inc. e lançam
um disco com o mesmo nome, em 1992.
Se você achava que
tudo estava perdido, saiba que após o lançamento
da coletânea Laugh? I Nearly Bought One!,
Youth procura Geordie, volta ao grupo e lançam um novo
disco, pelo selo do baixista, Butterfly Recordings, chamado Pandemonium
e que aposta na simplicidade dos primeiros discos. Agora como
um trio - Jaz, Geordie e Youth - o disco ganha elogios da crítica
e dos fãs. O disco chega a ter um sucesso, "Millennium",
que ficou no Top 30 britânico. Uma curiosidade: durante
as gravações do disco, Jaz Coleman abre um processo
de plágio contra o Nirvana, que tinha roubado o começo
de "Eighties" em "Come As You Are". O processo
é arquivado com a morte de Kurt Cobain.
Em
1996 lançam Democracy, acrescidos do baterista
Geoff Dugmore e o tecladista Nick Holywell-Walker e nessa época
resolvem dar um tempo.
Mas não desistem,
e em 2002, o trio Coleman, Geordie e Youth lançam o bom
Killing Joke com produção de Andy
Gill, do Gang of Four.
O disco recebe excelentes
resenhas e a banda volta aos palcos tendo o baterista Ted Parsons
(Prong) junto. A banda pega pesado nos temas, descendo a lenha
nos EUA, especialmente na invasão do Iraque comandada por
George W. Bush.
A banda segue em atividade,
tendo em 2007 boa parte do seu catálogo lançado
em edição remasterizada, além da promessa
de algo novo, possivelmente para esse ano. É esperar para
ver.
Deixo
vocês com a discografia do grupo. Um abraço e até
a próxima coluna!
Discografia
Compactos
Turn To Red EP 10"
(1979)
Nervous System 7" 12" (1979)
Wardance/P?yche 7" (1980)
Requiem/Change 7" 12" (1980)
Follow the Leaders/Tension 7" 10" (1981)
Empire Song/Brilliant 7" (1982)
Chop Chop/Good Samaritan 7" (1982)
Birds of a Feather/Sun Goes Down/Flock the B side 7" 12"
(1982)
Let's All Go/Dominator 7" 12" (1983)
Me or You/Wilful Days 7" 12" (1983)
Eighties/Eighties Common Mix 7" 12" (1984)
A New Day/Dance Day 7" 12" (1984)
Love Like Blood/Blue Feather 7" 12" (1985)
Kings & Queens/The Madding Crowd 7" 12" (1985)
Adorations/Exile 7" 12" (1986)
Sanity/Goodbye to the Village 7" 12" (1986)
America/Jihad 7" 12" (1988)
My Love of This Land/Darkness Before Dawn 7" 12" (1988)
Money is Not Our God CDs 12" (1991)
Change: The Youth Mixes CD (1992)
Exorcism CDs 10" (1994)
Millennium CDs 7" 12" (May 1994)
Pandemonium CDs (July 1994)
Pandemonium in Dub CDs (1994)
Jana CDs ( 1995)
Jana Live EP (1995)
Jana/Millennium Double CDs (1995)
Democracy CDs (1996)
Democracy dif. Mix CDs (March 1996)
Love Like Blood/Intellect (March 1998)
Loose Cannon 12" CDs DVDs ( 2003)
Seeing Red CDs (2003)
Hosannas from the Basement of Hell/Afterburner/Universe B CDs
(2006)
Hosannas from the Basement of Hell/Afterburner (Alternate Vers.)
Limited 7" (April 2006)
Discos
Killing Joke (1980)
What's This For? (1981)
Revelations (1982)
Fire Dances (1983)
Night Time (1985)
Brighter Than A Thousand Suns (1986)
Outside The Gate (1988)
Extemities Dirt And Various Repressed Emotions (1990)
Pandemonium (1994)
Democracy (1996)
Killing Joke (2002)
Hosannas From The Basements Of Hell (2006)
Singles em cassete
Adorations (The Supernatural
Mix)/Ecstasy/Exile/Love Like Blood (The ’86 Remix) (1986)
Sanity/Sanity (Instrumental Mix)/Goodbye to the Village/Wardance
(The Naval Mix) (1986)
Change (Re-Evolution 23 Mix)/Change (Spiral Tribe Mix)/Requiem
(Malicious Damage Mix)/Requiem (Acapella Dub) (1992)
Millennium (Cybersank Edit)/Millennium (Cybersank Extended Remix)
(1994)
Pandemonium (Cybersank Edit)/Pandemonium (The Dragonfly Mix)/Pandemonium
(Waxworth Industries Mix) (1994)
Democracy (Album Mix)/Mass (1996)
Discos ao vivo
Ha! 10 inch live EP (1982)
BBC In Concert (1995)
No Way Out But Forward Go (2001)
Coletâneas
An Incomplete Collection
1980-1985 (1990)
Laugh? I Nearly Bought One! (1992)
Wilful Days (1995)
Alchemy: The Remixes (Remix Album) (1996)
Wardance (Remix Album) (1998)
The Unperverted Pantomime? (2003)
Chaos for Breakfast (2004)
For Beginners (2004)
Inside Extremities: Mixes, Rehearsals and Live (2007)
Bootleg Vinyl Archive Vol. 1 (2007)
Bootleg Vinyl Archive Vol. 2 (2007)
|