Linda McLean é mais uma bela
surpresa da Bongo Beat enviada pelo meu amigo Ralph. Com sua bela
voz, boas composições, fez um disco que me surpreendeu.
Por essa razão resolvi pedir uma entrevista a essa ocupada
moça, que não se furtou. Após uns pequenos
atrasos - meu e dela - publico, com grande prazer, sua primeira
entrevista para o Brasil. Fique um pouco com a história
de mais uma artista que merece ser conhecida por esses lados.
Pergunta:
- Por favor, Linda, fale um pouco de você...
Linda McLean: - Minha família veio da Noruega
na década de 50 e acabei nascendo no Canadá, embora
eu me considere uma norueguesa-canadense. O meu nome de família
é Snefjella, que significa Rio da Montanha de Neve, nome
tirado do rio que atravessa a fazenda de meus familiares. Eu também
sou professora em uma escola comunitária onde ensino composição
e ajudo no desenvolvimento de novos artistas.
Pergunta: - No
Language é um grande disco e você é uma ótima
compositora. Me fale de suas influências nesse campo, por
favor...
Linda McLean: - Obrigado pelo elogio. Meus compositores
favoritos são Gustav Mahler, Mozart e Bach.
Pergunta:
- De onde você tirou o título para o disco?
Linda McLean: - O título do disco veio de uma
canção do mesmo nome e ele foi inspirado em uma
grande artista e amiga, Beverley Hawksley. Ela tem um texto escrito
abaixo de uma de suas pinturas que diz: "quando estamos fazendo
arte, o espaço que adentramos é o silêncio
entre a linguagem e a não-linguagem". Utilizei essa
linha como parte da canção de mesmo nome, onde explorei
meu lugar dentro do mundo e ele acabou se tornando o tema para
meu disco. Fala também da minha luta para ser uma artista.
Pergunta: - Você
se sente afinidade com a atual cena musical? Como descreveria
sua música?
Linda McLean: - Eu me considero uma compositora no sentido
tradicional de que desejo dizer algo pessoal, mas com algum significado
e esperando que isso possa ser transmitido de uma forma acessível
e melódica. Eu quero honrar as minhas influências.
Eu me considero uma artista com fortes raízes canadenses
e que faz rock.
Pergunta: - E como
você vê o cenário musical atual?
Linda McLean: - Acho que é uma grande época
para um compositor e uma época terrível para viver
também como compositor. A tecnologia me fornece meios para
desenvolver minhas canções à minha maneira
e uma oportunidade para colocar minha música no mundo inteiro,
onde pessoas de lugares distantes, como o Brasil, poderão
ouvi-la. O lado ruim é que estou competindo com um mercado
inundado por vários tipos de estilos, bons ou ruins, e
que acabam deixando as pessoas confusas em encontrar algo bom.
No entanto, sou otimista e acredito que se trabalhar duro e fizer
o meu melhor, terei uma vida satisfatória e acabarei encontrando
alguém que queira ouvir meus discos.
Pergunta:
- Me fale um pouco como você costuma trabalhar e a influência
de seu marido em todo o processo...
Linda McLean: - As gravações começam
com uma idéia conjunta entre nós. Eu tenho muito
tempo para trabalhar minhas idéias, assim como para escrever
e cantar. Andy tem menos tempo, mas ele adora tocar guitarra e
sempre vem com um gancho, que ele compõe naturalmente.
Nos inspiramos mutuamente e isso levou a um grande desenvolvimento
em nosso relacionamento. Uma vez que gostamos de uma idéia
para uma nova canção, trabalhamos junto, gravando
as bases em um estúdio caseiro, fazendo arranjos, etc.
Eu gravo os vocais para ver se a letra casa com a melodia. Usamos
esse processo continuamente enquanto as produzimos e até
que eu me sinta segura sobre elas. Quando temos todas prontas,
vamos para um estúdio maior, com produtor e outros músicos.
Tentamos recriar o clima de uma banda real e o clima para que
as pessoas possam se inspirar durante a gravação.
Como trabalhamos muito na pré-produção, conhecemos
as canções de dentro para fora e sabemos se a banda
está indo na direção correta. É muito
fácil estranhar uma boa canção e por isso
tento sempre manter a idéia original. Depois disso, gravamos
os overdubs. Em No Language, descobrimos
que éramos capazes de gravar todas as vozes e guitarras
em nosso estúdio caseiro. Nosso produtor morou conosco
por duas semanas e trabalhamos em nosso próprio ambiente.
Pergunta: - Você
conhece alguma coisa de música brasileira?
Linda McLean: - Sinto em dizer que não conheço
nada da música de vocês, mas conheço muitos
brasileiros que têm prazer em viver e são muito felizes.
Estou ansiosa para conhecer mais sobre a música brasileira.
Então é minha vez de fazer algumas perguntas? quais
são as grandes influências da música brasileira
atual? e talvez você possa me dizer de que maneira a minha
música casa com a de vocês.
Pergunta: - Poderia me
dizer seus cinco discos favoritos e cinco artistas?
Linda McLean: - Puxa... vamos ver, cinco é muito pouco,
mas eu poderia escolher: Sting com Dream of the Blue Turtles;
The Beatles com Let It Be; Joni Mitchell - Court
and Spark; Steve Earle - El Corazon
e Janet Baker cantando Mahler's Songs of the Earth.
Esse é meu topo 5 atual.
Pergunta:
- E quais são seus planos para o futuro?
Linda McLean: - Estou trabalhando em um CD acústico,
e compus 10 canções folks, apenas com voz
e violão. E também estou na pré-produção
de um cd com raízes bem roqueiras, com 11 ou 12 composições,
que espero lançar no próximo verão e lançar
na primavera de 2007. E ainda estou esperando No Language ser
lançado na Europa e se isso acontecer, montarei uma banda
para tocar por lá.
Pergunta: - Obrigado
pela entrevista, Linda. Deixa uma mensagem final...
Linda McLean: - Eu gostaria de agradecer aos meus fãs
e prometo que continuarei gravando e escrevendo canções
que estejam de acordo com minhas crenças e minha visão
da vida. Acredito que a vida é uma grande dádiva
que nos é oferecida e que temos a chance de criar coisas
maravilhosas. E espero um dia ser convidada para tocar no Brasil.
|