17 - Linda McLean - entrevista


Linda McLean é mais uma bela surpresa da Bongo Beat enviada pelo meu amigo Ralph. Com sua bela voz, boas composições, fez um disco que me surpreendeu. Por essa razão resolvi pedir uma entrevista a essa ocupada moça, que não se furtou. Após uns pequenos atrasos - meu e dela - publico, com grande prazer, sua primeira entrevista para o Brasil. Fique um pouco com a história de mais uma artista que merece ser conhecida por esses lados.


Pergunta: - Por favor, Linda, fale um pouco de você...
Linda McLean:
- Minha família veio da Noruega na década de 50 e acabei nascendo no Canadá, embora eu me considere uma norueguesa-canadense. O meu nome de família é Snefjella, que significa Rio da Montanha de Neve, nome tirado do rio que atravessa a fazenda de meus familiares. Eu também sou professora em uma escola comunitária onde ensino composição e ajudo no desenvolvimento de novos artistas.

Pergunta: - No Language é um grande disco e você é uma ótima compositora. Me fale de suas influências nesse campo, por favor...
Linda McLean:
- Obrigado pelo elogio. Meus compositores favoritos são Gustav Mahler, Mozart e Bach.

Pergunta: - De onde você tirou o título para o disco?
Linda McLean:
- O título do disco veio de uma canção do mesmo nome e ele foi inspirado em uma grande artista e amiga, Beverley Hawksley. Ela tem um texto escrito abaixo de uma de suas pinturas que diz: "quando estamos fazendo arte, o espaço que adentramos é o silêncio entre a linguagem e a não-linguagem". Utilizei essa linha como parte da canção de mesmo nome, onde explorei meu lugar dentro do mundo e ele acabou se tornando o tema para meu disco. Fala também da minha luta para ser uma artista.

Pergunta: - Você se sente afinidade com a atual cena musical? Como descreveria sua música?
Linda McLean:
- Eu me considero uma compositora no sentido tradicional de que desejo dizer algo pessoal, mas com algum significado e esperando que isso possa ser transmitido de uma forma acessível e melódica. Eu quero honrar as minhas influências. Eu me considero uma artista com fortes raízes canadenses e que faz rock.

Pergunta: - E como você vê o cenário musical atual?
Linda McLean
: - Acho que é uma grande época para um compositor e uma época terrível para viver também como compositor. A tecnologia me fornece meios para desenvolver minhas canções à minha maneira e uma oportunidade para colocar minha música no mundo inteiro, onde pessoas de lugares distantes, como o Brasil, poderão ouvi-la. O lado ruim é que estou competindo com um mercado inundado por vários tipos de estilos, bons ou ruins, e que acabam deixando as pessoas confusas em encontrar algo bom. No entanto, sou otimista e acredito que se trabalhar duro e fizer o meu melhor, terei uma vida satisfatória e acabarei encontrando alguém que queira ouvir meus discos.

capa do primeiro disco de Linda, Betty's RoomPergunta: - Me fale um pouco como você costuma trabalhar e a influência de seu marido em todo o processo...
Linda McLean:
- As gravações começam com uma idéia conjunta entre nós. Eu tenho muito tempo para trabalhar minhas idéias, assim como para escrever e cantar. Andy tem menos tempo, mas ele adora tocar guitarra e sempre vem com um gancho, que ele compõe naturalmente. Nos inspiramos mutuamente e isso levou a um grande desenvolvimento em nosso relacionamento. Uma vez que gostamos de uma idéia para uma nova canção, trabalhamos junto, gravando as bases em um estúdio caseiro, fazendo arranjos, etc. Eu gravo os vocais para ver se a letra casa com a melodia. Usamos esse processo continuamente enquanto as produzimos e até que eu me sinta segura sobre elas. Quando temos todas prontas, vamos para um estúdio maior, com produtor e outros músicos. Tentamos recriar o clima de uma banda real e o clima para que as pessoas possam se inspirar durante a gravação. Como trabalhamos muito na pré-produção, conhecemos as canções de dentro para fora e sabemos se a banda está indo na direção correta. É muito fácil estranhar uma boa canção e por isso tento sempre manter a idéia original. Depois disso, gravamos os overdubs. Em No Language, descobrimos que éramos capazes de gravar todas as vozes e guitarras em nosso estúdio caseiro. Nosso produtor morou conosco por duas semanas e trabalhamos em nosso próprio ambiente.

Pergunta: - Você conhece alguma coisa de música brasileira?
Linda McLean:
- Sinto em dizer que não conheço nada da música de vocês, mas conheço muitos brasileiros que têm prazer em viver e são muito felizes. Estou ansiosa para conhecer mais sobre a música brasileira. Então é minha vez de fazer algumas perguntas? quais são as grandes influências da música brasileira atual? e talvez você possa me dizer de que maneira a minha música casa com a de vocês.

Pergunta: - Poderia me dizer seus cinco discos favoritos e cinco artistas?
Linda McLean: - Puxa... vamos ver, cinco é muito pouco, mas eu poderia escolher: Sting com Dream of the Blue Turtles; The Beatles com Let It Be; Joni Mitchell - Court and Spark; Steve Earle - El Corazon e Janet Baker cantando Mahler's Songs of the Earth. Esse é meu topo 5 atual.

Pergunta: - E quais são seus planos para o futuro?
Linda McLean:
- Estou trabalhando em um CD acústico, e compus 10 canções folks, apenas com voz e violão. E também estou na pré-produção de um cd com raízes bem roqueiras, com 11 ou 12 composições, que espero lançar no próximo verão e lançar na primavera de 2007. E ainda estou esperando No Language ser lançado na Europa e se isso acontecer, montarei uma banda para tocar por lá.

Pergunta: - Obrigado pela entrevista, Linda. Deixa uma mensagem final...
Linda McLean:
- Eu gostaria de agradecer aos meus fãs e prometo que continuarei gravando e escrevendo canções que estejam de acordo com minhas crenças e minha visão da vida. Acredito que a vida é uma grande dádiva que nos é oferecida e que temos a chance de criar coisas maravilhosas. E espero um dia ser convidada para tocar no Brasil.