Mofo: Quando começaram a ensaiar, sonhavam
em voltar a gravar ou era mais uma diversão? Vocês
pretendem viver somente da banda, ou é algo mais livre,
e se não der certo, continuam tocando como amigos?
Kid Vinil: No começo era mais diversão. Quando
vimos que estava ficando sério, eu aproveitei por estar
na gravadora Trama e comecei a tentar arranjar um espaço
para o grupo. Nós sabíamos que não teríamos
uma projeção como teve o RPM, porque a nossa gravadora
é menor, mas estamos fazendo tudo para dar certo. Mas se
não der, continuamos ensaiando como velhos amigos.
Mofo: Vocês se espelharam em algumas bandas
para voltar?
Kid Vinil: Olhe, acho que não. O Carlos é o
mais próximo do meu gosto, mas por exemplo o Trinkão
(baterista) curte de Rolling Stones até Amado Batista.
Mofo:
Sua saída da Trama prejudicou a divulgação
do Magazine?
Kid Vinil: A Trama teve uma série de mudanças
e isso complicou para nós, já que sabíamos
que não éramos prioridade do selo. Eles prometeram
nos ajudar, mas quando percebemos, vimos que estavam nos esquecendo.
Aí cobramos e estão tirando o atraso. Mas nunca
houve uma promessa deles em sermos o principal nome, até
porque éramos a única banda de rock da gravadora.
Eu não acho que eles nos prejudicaram. Apenas o processo
de divulgação deles é lento.
Carlos: O problema é que não souberam como
nos lançar no mercado, já que o estilo da gravadora
não tem quase nada a ver com nosso tipo de som.
Mofo: O que você acha da volta das bandas
dos anos 80, como o RPM e Capital Inicial, que fizeram acústico,
o Ira!, que fez um disco de covers, um ao vivo, e outro de estúdio
e hoje estão sem gravadora?
Kid Vinil: Eu não sei dizer, acho legal, mas veja bem
o RPM: eles voltaram sem um novo "sabor". Ficaram muito
igual ao que era antes. O próprio Titãs, que nunca
parou, vive uma situação complicada porque cada
um tem sua carreira, e fica muito difícil criar uma coesão.
Carlos: No caso do Titãs, o Nando Reis só
saiu depois que conseguiu emplacar sua carreira solo, senão
ainda continuaria por lá.
Kid Vinil: E hoje em dia tem o problema que muitas bandas
brasileiras cantam em inglês. Eu acho que deveriam cantar
em português. Muitas querem o sucesso no exterior, mas isso
é muito complicado.
Mofo: Até porque existe um certo preconceito
com os brasileiros...
Kid Vinil: Não acho que existe um preconceito. O problema
é que eles querem exatamente o ritmo brasileiro. Eu lembro
da Isabel Monteiro (cantora e líder do Drugstore), quando
o NME (New Musical Express), desceu o pau nela porque fez uma
cópia de uma canção do Elastica. Eles argumentaram
que ela era legal, mas que não precisava imitar uma banda
inglesa para tocarem.
Mofo:
Vocês têm muito paralelo com o Ultraje a Rigor, principalmente
pela irreverência. Como está a banda de Roger?
Kid Vinil: Eles continuam gravando. Eles saíram da
Abril e foram para um selo independente, e portanto, tiveram muitos
problemas de divulgação. Mas estão tocando
pelo país inteiro.
Mofo: Eu queria que você falasse da repercussão
na mídia do novo trabalho de vocês. Todo mundo deve
ter rotulado "ah, aquela velha banda do Kid..."
Kid Vinil: É, realmente focaram sempre em cima de mim.
Tivemos muitas críticas boas, menos na Folha de S. Paulo,
que repercute mais. Eu não sei se teve a ver com a minha
imagem.
Mofo: Aliás, por falar em comunicação,
como vocês acham que está o mercado editorial no
Brasil?
Kid Vinil: É realmente um negócio muito sério.
Todo mundo lê mais a Folha, não há muitas
revistas para a divulgação. Mas não são
apenas os jornais e revistas que estão ruins. As rádios
também são culpadas. Elas passaram batidas pelos
anos 90 e só fazem aqueles revivals dos anos 80, com coisas
tenebrosas.
Mofo: Eu queria perguntar para o Carlos, já
que trabalhei com ele na loja, por que não temos espaço
na mídia. Por exemplo, você precisava ficar lendo
revistas importadas para ficar antenado com as novidades e trazer
em primeira mão. Por que não há espaço
aqui?
Carlos: Basicamente porque a gravadora acha mais fácil
divulgar um artista do seu "cast" para estourar e o
resto vai por tabela...
Mofo: Mas lá fora também não
é assim?
Kid Vinil: Aqui é um problema mais cultural. Lá
existe uma indústria cultural, paralela, independente,
que funciona muito bem. Aqui não. Quando você fala
em indústria cultural no Brasil, é muito dividida
e eu não sei o motivo.
Carlos: E muitas vezes porque as pessoas não acham
que o rock faz parte da cultura.
Kid Vinil: Isso também é verdade. Muitas
vezes eu tive problemas até dentro das gravadoras para
divulgar bandas.
Mofo: O que é até uma contradição
porque, bem ou mal, o rock é a expressão musical
mais popular do século 20. Você não vai falar
para um garoto de Cole Porter. Você fala de Beatles, Elvis,
Hendrix...
Kid Vinil: Se voltasse, por exemplo, ao mercado de revistas,
não existem mais pessoas dispostas a trabalhar com este
tipo de coisa, porque sabe que não dá certo.
Carlos: O maior exemplo é a revista da MTV, que
fala de tudo, menos de música. Essa última edição
que fala da bandas dos anos 80, então...
Kid Vinil: E quando falam é cada besteira... Tem
um comentário meu, uma bobagem que eu disse, e nem tem
foto da gente...
Mofo: Que dicas vocês dariam
para os mais jovens que querem ter mais informações
sobre rock? Sites, revistas... Mas falem também de algo
brasileiro, porque muitas pessoas mais novas não sabem
falar inglês. Enfim, o que há por aí?
Kid Vinil: Bem, eu sempre acesso o site do NME, da Rough
Trade (antigo selo dos Smiths), do All Music Guide. Eu mesmo dou
muitos toques na rádio, falando de revistas como Mojo,
Uncut...
Carlos: Um bom site brasileiro é o do Senhor F.
Um problema da internet é que há tanta informação
que muitas vezes desorientam quem não conhece.
Kid Vinil: Existe inclusive alguns sites nacionais que
nós nem ouvimos falar.
Mofo: Vocês já pensaram em montar
um site pessoal ou até um da banda ou é inviável
no Brasil?
Kid Vinil: Eu acho legal isso, inclusive falo muito na rádio
sobre isso. Muitas vezes a garotada me pede para tocar heavy metal,
mas eu não faço, até porque eu prefiro falar
de coisas novas, que não têm espaço ainda.
E muitos ouvintes me agradecem.
Mofo: Você responde muito e-mail na Brasil
2000?
Kid Vinil: Pra caramba.
Mofo: Basicamente o que eles querem?
Kid Vinil: Informação. Muitos começam
elogiando e depois complementam com uma pergunta. É muito
raro eu receber críticas, embora isso exista, porque ninguém
é uma unanimidade.
Mofo: Como vocês vêem a cena do
rock mundial? Quais são as bandas novas mais legais?
Kid Vinil: Olha, eu ouço muita coisa, principalmente
com raiz punk, eles dão muita energia, mas sem esses neo-punks
americanos chatos como Offspring, Green Day. Estão redescobrindo
os grupos de garagem. Mas daqui a pouco eles mesmos serão
incorporados pelas grandes gravadoras. Mas tudo bem, é
um resgate legal, sem ser aquela coisa americana, pós-Bad
Religion, quando os grupos da América não tinham
muita noção do que eles estavam fazendo. Hoje quem
faz punk ouve mais os de 77 (Sham 69, Buzzcocks, Damned).
Mofo: Buddy Guy disse que sente que o blues
que toca está voltando às suas origens, ou seja,
aos guetos, pois não há mais espaço para
músicos como ele. O verdadeiro rock também está
assim?
Kid Vinil: Lá é diferente porque cada um pode
abrir um selinho e ter um espaço garantido. Mas é
pequeno. Eles começam imprimindo 500, 1000 cópias.
Mas tudo depende de como a banda se desenvolve. Mas funciona,
há um espaço para cada um, não precisa estar
numa major. Veja o Belle and Sebastian: foram para a Rough Trade
porque era a gravadora dos Smiths. Tiveram propostas das grandes,
mas recusaram.
Carlos: Além disso, mesmo que as bandas não
estourem, eles ficam com seu espaço. Como o Bevis Frond:
estão há quase 20 anos na estrada e continuam com
o circuito deles.
Mofo: Me falem da participação
no Programa do Jô. Aquilo não prejudicou a banda?
Kid Vinil: Aquilo foi um erro nosso de estratégia.
Nós íamos tocar uma canção, mas acabamos
mudando e fazendo uma besteira. Foi uma pena, porque prejudicou
a imagem da banda e perdemos uma chance de ouro. Só iríamos
conseguir reverter ao nosso favor se voltássemos ao programa
do Jô. Mas isso é muito difícil.
Mofo: Como vocês dois se conheceram?
Carlos: Nós nos conhecemos através do (Fernando)
Naporano, quando ele convidou o Kid para produzir a segunda demo
do Maria Angélica, em 86 ou 87. Era muito gozado. Nós
dentro do estúdio perguntávamos "e aí
Kid?" e ele acenava com um positivo, ao lado do engenheiro...
risos.
Kid Vinil: (rindo)... Eu nunca tinha produzido nada, o
Naporano inventou que eu tinha que ser produtor, e eu queria morrer...
Carlos: A gente acabou ficando amigo e comecei a participar
do Magazine.
Mofo: Kid, eu não queria perguntar,
mas não resisto: como é que você faz para
achar algum disco nessa montanha toda? Tem algum esquema meio
"Alta Fidelidade"?
Kid Vinil: É cronologia da minha cabeça. Aqui
(aponta) é alfabética, essa aqui é por selos,
aqui dos 60’s, psicodelias, progs, relançamentos.
A outra parte é mais atual, e por aí, sei lá,
mas eu acho.
Carlos: É incrível. Você pede alguma
coisa e ele acha.
Mofo: O pessoal não sabe, mas o Carlos
é outro doente. Ele chega ao cúmulo de colecionar
singles de bandas que não gosta, mas só porque é
raro. Você também é assim, Kid?
Kid Vinil: Sim. Já aconteceu de ter coisas que eu não
sou fã, mas tenho. Por exemplo, não sou super-fã
de jazz, mas tenho vários Miles Davis. O importante é
ter referências para conhecer, mas que não entram
dentro da minha cultura específica.
Mofo: Uma pergunta bem difícil, mas que
não tem como escapar: qual é a banda de cabeceira
de vocês? Eu sei que é complicado citar uma...
Kid Vinil: Olha, eu tenho muito Beatles, Stones, que comecei
a ouvir, mas a banda que mais ouço é Faces com o
Rod Stewart. Eu acho o Rod o maior cantor de rock de todos os
tempos.
Carlos: Bem, eu tenho muito R.E.M. (quase 170 peças)
e Tori Amos...
Mofo: Qual a referência em termos de som
quando foram gravar o disco?
Carlos: Quando entramos em estúdio, eu levei uma pilha
de discos para o técnico saber o que tínhamos na
cabeça, coisa como Wannadies, Urge Overkill, Manic Street
Preachers, por causa da sonoridade das guitarras, mas não
tínhamos uma influência única: têm faixas
meio britpop, outras meio setentistas (hard, prog).
Mofo: Vocês participaram de um evento
homenageando o Clash. Mas quando se fala em punk, todo mundo fala
mais dos Sex Pistols. Vocês tiveram muita influência
do Clash?
Kid Vinil: Olha, quando eu tinha o Verminose, eu ouvia muito
o Clash. A gente ouvia Pistols, Ramones, mas o Clash misturava
muito reggae, o ska, o rockabilly. Nós tocávamos
"Brand New Cadillac", que é um rockabilly. O
London Calling é o melhor exemplo disso. Eles atiraram
em várias direções e fizeram um disco que
pode ser considerado um dos 10 melhores da história. O
primeiro deles era bem punk, mas depois eles evoluíram.
Mofo: Como no caso do The Jam?
Kid Vinil: O Jam, o Stiff Little Fingers, o Damned...
Mofo: Vocês estavam antenados quando o
movimento punk estourou?
Kid Vinil: Sim. Eu trabalhava em gravadora quando lançava
algo lá fora. Eu ouvi o single "God Save The Queen"
na mesma semana de lançamento. Era um desespero para conseguir
algo de fora.
Carlos: Quando o movimento punk estourou, por sorte, eu
tinha amigos que costumavam ir para Londres e traziam tudo na
mala. Assim eu também já estava antenado com Pistols,
Clash, Sham em 1977, 78. Mas depois disso eu aprendi muito com
o programa pioneiro do Kid. O programa do Kid na Antena 1 se chamava
New Beat; o do Naporano era o Blue Moon.
Mofo: Me fale de sua carreira: você fez
muita televisão, rádio... conte um pouco sobre isso.
Kid Vinil: Na TV Cultura fiz o Som Pop, o Boca Livre e o Lado
B na MTV. Em rádio eu comecei em 1979, na Excelsior. Depois
fui para a Antena 1, onde fazíamos um programa chamado
"Geração 80". O Naporano tinha um programa
na mesma época na emissora. Começamos a mostrar
Smiths, REM... Depois fui para a 89, quando estava começando,
era apenas uma rádio alternativa. Depois fui para a Brasil
2000, na 97 quando era rock ainda, voltei para a 89, mas fiz umas
coisinhas na parte jornalística e voltei para a Brasil
2000 FM.
Mofo: E quais são seus horários
na Brasil 2000?
Kid Vinil: Diminuiu um pouco, já que era diário.
Agora o programa vai ao ar, quartas às 11 da noite, quinta
também 11 da noite e aos sábados, três da
tarde.
Mofo: Você escreveu para algum lugar?
Kid Vinil: Eu escrevi para a Folha, para o Estado, na época
que o Naporano estava lá. Fiz a primeira matéria
sobre os Pixies no Brasil, comentando Come on Pilgrim,
Surfer Rosa... E de vez em quando fazia alguns especiais.
Mas é um mercado muito fechado.
Mofo: Você já deixou de ler jornal
ou revistas por informações erradas ou mesmo quando
falavam do Magazine?
Kid Vinil: Algumas vezes ficava puto quando falavam de nossos
discos sem ouvir. Teve uma vez que fizemos um show para o Junta
Tribo e demos o maior sangue no palco, tocamos até Teenage
Fanclub, e um cara, que nem lembro de qual veículo era,
confessou depois que nem tinha visto o nosso show, mas que desceu
o cacete na gente porque era a "banda do Kid Vinil".
Mofo: Você se irrita ainda com isso?
Kid Vinil: Com certeza. Pô, é foda, às
vezes você faz um trabalho e o cara não consegue
escrever nem três linhas "pessoais"!
Carlos: Nem copiar o release...
Kid Vinil: É, nem copiar o release ele quis. Quis
ser pessoal e falar "ah, não vou com a cara dele,
esse cara vive na mídia...".
Carlos: Teve uma crítica que nem lembro onde saiu
e nem fiquei irritado porque foi tão ridícula, sobre
a cover de "Conversível Irresistível"...
Kid Vinil: "Conversivel Irresistivel" foi feita
no final dos anos 80 exclusivamente para o Magazine gravar. O
Roger nos deu essa música nessa época porque era
uma música que ele fez pensando na gente, e disse que não
tinha intenção de gravá-la com o Ultraje.
Ninguém gosta de ser criticado, mas às vezes você
tem que aceitá-las, desde que seja com base, desde que
ele tenha ouvido o disco e não gostou de um riff de guitarra,
de um vocal em uma canção. Aí tudo bem, porque
pelo menos ouviu o disco antes de opinar. Generalizar é
que é foda! Muitas vezes deixo de ler jornais. Eu não
leio a Folha, mas às vezes lia porque estava na Trama e
ficava irritado com o que era publicado.
Mofo: Você acha que o som de vocês
é muito diferente do que é tocado pelas outras bandas
brasileiras?
Kid Vinil: Não. O problema é que as gravadoras
maiores pagam para que as rádios toquem algumas bandas.
Mas temos músicas de apelo comercial. Veja no show do tributo
ao Clash: quando tocamos "Conversível Irresistível"
chocou a platéia. Quando coloco na rádio, a molecada
escreve elogiando.
Mofo: Com quem vocês excursionariam hoje
em dia?
Kid Vinil: Das bandas novas tocamos com o Lambrusco Kids,
que faz um punk básico. Se você incluir as antigas,
obviamente o Ultraje, já que é muito semelhante
ao nosso som. Enfim, bandas com sonoridades mais punk rock, mais
da safra 77. Quem mais? Talvez Raimundos, Velhas Virgens, o próprio
Marcelo (Nova), e até o CPM 22.
Mofo: Carlos, agora você vai matar a curiosidade
de várias pessoas quando cito nas minha colunas a Sweet
Jane. Fale como foi o começo, a proposta da loja, os anos
de ouro, quem freqüentou...
Carlos: Bom, começamos em 89, como loja de vinil usado.
Sweet Jane mesmo começou em 91, quando aproveitamos a abertura
das importações, coisas antigas, novas, lançamentos,
e começamos a ficar sintonizados com o exterior. Quanto
às pessoas famosas que frequentaram a loja: além
do Kid, o Marcelo Nova, o João Ricardo (Secos e Molhados).
O nosso ponto era legal, e passaram por lá Pet Shop Boys,
Marky Ramone, Henry Rollins, Tony Levin (King Crimson), Cássia
Eller (levou um box do Nirvana). Os melhores anos foram 94 e 95,
porque o dólar ficou igual ao real. A gente abastecia muito
com a discoteca básica do rock mesmo...
Mofo: O que vocês indicariam para quem
quer começar a ouvir rock?
Kid Vinil: Elvis, o primeiro disco, Beatles. O Álbum
Branco me abriu muito.
Carlos: The Who, o Live at Leeds foi o primeiro disco de
rock que comprei. O primeiro do Doors também me influenciou
muito. Hendrix, com certeza...
Kid Vinil: Os dois primeiros do Hendrix, Ramones..
Carlos: Television, Blondie...
Mofo: A banda tem algum e-mail para que os fãs
possam se comunicar com vocês?
Kid Vinil: Tem. Na nossa página da Trama (www.trama.com.br/magazine),
tem um e-mail para correspondência. Outro e-mail pode ser
o da Brasil 2000: kidvinil@brasil2000.com.br.
Carlos: O meu é kingofrock@uol.com.br
Mofo: Uma última mensagem que vocês
dariam para quem começar a ouvir rock.
Kid Vinil: Ouçam mais Beatles! Essa é uma mensagem
boa.
Carlos: Tem que se informar bastante. Nada é novo.
Tudo já foi reciclado.
Mofo: Para finalizar, citem alguns nomes básicos
para quem nunca ouviu o rock mais antigo...
Carlos: Dylan é indispensável. Ele definiu a
poesia no rock...
Kid Vinil: (concordando) Ele é singular. Neil Young,
Bowie, Rolling Stones. Aliás, a primeira fase dos Stones
é maravilhosa! Hoje, eles estão cansados, claro!
Mas são os Stones, é indiscutível. Outro
dia eu estava ouvindo e dá vontade de falar para essa molecada
o quão foram geniais.
Mofo: E das bandas atuais?
Kid Vinil: Eu gosto do Oasis, do Travis, do Strokes. Sei lá,
se eu ficar lembrando, vamos ficar até amanhã.
Carlos: Principalmente lançamentos e coletâneas
de bandas de garagens dos anos 60, como é a Nuggets.
Mofo: Para finalizar, qual é o melhor
momento do rock?
Kid Vinil: Eu estava comentando com o Carlos que talvez a
melhor fase seja entre 1963 até 1972. Qualquer coisa dessa
época você pode pegar de olho fechado, porque é
difícil errar. Digamos que 90% é coisa boa. Às
vezes compro sem saber e sem medo. Até bandas da Grécia,
Japão, Israel, sei lá de onde (risos)... É
uma fase seminal do rock. Todo mundo sabe que ali está
a essência e bebendo nesta fonte, até os grupos de
hoje em dia.
Carlos: E também não podemos esquecer Neil
Young, David Bowie, Lou Reed... É só parando para
ouvir mesmo.
Mofo: Juro que é a última pergunta.
Vocês estão com algum show marcado?
Carlos: Sim, faremos dois shows no Centro Cultural Vergueiro,
na sala Adoniran Barbosa, nos dias 25 e 26 de outubro, às
19 horas. Será o lançamento do CD Na Honestidade
e tocaremos, além dos nossos hits, covers do Undertones,
Clash, Johnny Thunders e The Who. Na Honestidade
será vendido no local e haverá sessão de
autografos após os shows.
Discografia