43 - The Men They Couldn’t Hang - Majestic Grill

Eles foram mais uma das bandas que misturavam o punk com o folk, e podem ser considerados uma espécie de irmãos dos Pogues, que quase usaram o mesmo nome quando ainda eram desconhecidos. Mais um grupo que gosta de falar de política, de amor e misturar tudo com climas folks, mas sem perder a intensidade. O disco em questão é uma coletânea, lançada originalmente em 1998, e que só por conter "Ironmasters" já valeria estar em qualquer estante dos aficcionados do rock. Depois de um longo jejum, Mofo volta, pela primeira vez, em 2002, com mais um grupo de poucos conhecidos, mas de ótima qualidade.


Já diz o ditado que quem é vivo sempre aparece. Depois da minha última coluna (Kraftwerk, no distante dia 6 de dezembro de 2001), recebi alguns e-mails de internautas perguntando quando voltaria a escrever.

Confesso que tinha medo de ter perdido meus leitores, que sempre suspeitei terem um certo gosto duvidoso por lerem essas pobres resenhas. Mas gosto é gosto e não vamos discutir isso.

Depois de um tempo de reclusão, crises pessoais, desemprego, resolvi voltar a escrever neste espaço que em momento nenhum foi abandonado pelo site. Pelo contrário, sempre me deram a maior força, esperando calmamente minha volta. Explicações já dadas, vamos ao que interessa.

Quando achei esse disco do The Men They Couldn’t Hang que não ouvia há quase dois anos, me bateu uma bruta saudade e resolvi falar de mais uma banda desconhecida. Bem, chega de ladainha e vamos lá...

Eles começaram em 1984 aparecendo em vários festivais alternativos de música country, na Inglaterra. A primeira formação trazia: Stefan Cush (vocais, guitarra), Paul Simmonds (guitarra, bouzouki e teclados), Philip Odgers (vocais, guitarra, tin whistle, gaita), Jon Odgers (bateria e percussão) e Shanne Bradley (baixo e flauta).

Após uma cover de "Green Fields of France" de Eric Bogles, que virou um sucesso nas paradas independentes, lançaram seu primeiro ábum Night Of A Thousand Candles, em 1985.

Viraram um sucesso graças à espetacular canção "Ironmasters", eleita por várias revistas como o single do ano.

A banda era liderada por Phil Odgers (um apaixonado por filmes de ficção científica e beberrão convicto) e Paul Simmonds, autor de quase todas as letras. Começaram a chamar a atenção não só pela sua sonoridade, que remete a Pogues e Waterboys, mas também pela força das letras, de forte apelo social, como se fosse uma banda punk.

Nessa época a cena indie inglesa era dominada pelos Smiths, Cocteau Twins e Cult, mas sempre havia uma canção aqui e ali dos Men entre as mais vendidas ou melhores do ano. Por desenvolverem uma grande amizade com o pessoal do Pogues (foi de Caitlin O'Riordan a sugestão da mulher na capa de Night of... Vale citar que anos depois ela casou com o grande Elvis Costello, que assinou com o grupo para seu selo Imp...) e o gosto pela vida boêmia e a paixão por contar histórias inspiradas no Oeste Americano, começaram a se destacar.

O grupo alcançou o estrelato com o terceiro álbum Waiting for Bonaparte, considerado pelos próprios integrantes como a grande obra-prima da banda.

Para Phil, é o disco que mais se aproximou do que procuravam: "nós realmente estávamos atrás de um som que deixasse nosso nome marcado. Todo mundo se lembrava de 'Ironmasters'. Confesso que é uma grande canção, mas queríamos algo um pouco diferente, até em termos de som. Foi um disco bem agradável de se fazer. Paul e eu tínhamos várias idéias paras as músicas, que pareciam pular para o papel naturalmente. Foi uma coisa meio febril, elas foram brotando, brotando e quando acabamos ficamos surpresos com o resultado. Tenho grande carinho por esse trabalho".

Após o sucesso, a banda continuou a produzir bons discos e a conquistar a audiência com suas bombásticas apresentações, sendo a mais célebres de todas no Town and Country Club, de Londres, em 1991, que resultou no disco ao vivo Alive, Alive-O, no mesmo ano.

Depois de tanto sucesso o grupo teve uma brusca parada de cinco anos, voltaram a se reunir com novos integrantes, mas sem perder o entusiasmo. O grupo partiu para excursões e festivais no mundo inteiro, como o realizado na Estônia, que Phil jura ter tido mais público que o lendário Live Aid, de 1984, realizado no estádio de Wembley: "Era uma atmosfera fantástica. Vínhamos tocando em vários locais diferentes e não sabíamos que éramos tão populares na Rússia e em suas antigas repúblicas. Foi um grande momento do The Men..."


Em 1998, lançaram Majestic Grill, o disco em questão, uma coletânea com o melhor feito pela banda.

Já começa com "Ironmasters", que faz o ouvinte a ouvir e ouvir e ouvir e ouvir até pular para a segunda faixa. As canções vão se seguindo, hipnotizando (tente ouvir de madrugada em uma noite chuvosa, com as luzes apagadas e verá como será transportado pelo som...). Por ironia, fecha com "The Green Fields of France", primeiro sucesso da banda. No mesmo ano, Phil casou-se no Quênia prometendo ser um bom homem de família "desde que a minha mulher me deixe a vontade com as minhas garrafas". Filhos por enquanto não estão no projeto do músico, uma espécie de alma gêmea de Shane MacGowan, dos Pogues, e que junto com Paul Simmonds formam uma dupla inesquecível do rock inglês. Pela sua força e carisma ao vivo, foram várias vezes comparados ao Clash, que confessam ser uma de suas influências máximas.

Depois de Majestic Grill, a banda voltou a produzir de maneira mais modesta e por terem ficando um bom tempo fora do mercado, não tiveram uma gravadora para divulgarem suas músicas. Os projetos paralelos dos integrantes também ajudaram para dissolver aquele clima que fez desses garotos uma das gratas revelações de 1984.

Obviamente, nada deles saiu no Brasil, ou seja, quem quiser conferir vai ter que apelar para as importadoras ou sites de venda, como a da Amazon. Para nosso azar, o dólar explodiu diminuindo o nosso já combalido poder de aquisição. Mas se você for um apreciador desse tipo de som, arrisque. Certamente não será barato, mas certamente também não sairá do seu aparelho de CD por um bom tempo.

Bem pessoal fico por aqui. Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço e até a próxima!

Discografia

The Night of a Thousand Candles (1985)
How Green Is The Valley (1986)
Waiting For Bonaparte (1988)
Silvertown (1989)
Domino Club (1990)
Alive, Alive-O (1991)
Never Born To Follow (1996)
Big Six Pack (1997)
Majestic Grill: The Best of the Men They Couldn't Hang (1998)
The Mud, The Blood And The Beer (Best Of, Volume 2) (1999)
The Cherry Red Jukebox (2003)
Smugglers and Bounty Hunters (2005)
Demos and Rarities Volume 1 (2007)
Demos and Rarities Volume 2 (2008)

 

 

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