Eles
foram mais uma das bandas que misturavam o punk com o folk, e
podem ser considerados uma espécie de irmãos dos
Pogues, que quase usaram o mesmo nome quando ainda eram desconhecidos.
Mais um grupo que gosta de falar de política, de amor e
misturar tudo com climas folks, mas sem perder a intensidade.
O disco em questão é uma coletânea, lançada
originalmente em 1998, e que só por conter "Ironmasters"
já valeria estar em qualquer estante dos aficcionados do
rock. Depois de um longo jejum, Mofo volta, pela primeira vez,
em 2002, com mais um grupo de poucos conhecidos, mas de ótima
qualidade.
Já diz o ditado que
quem é vivo sempre aparece. Depois da minha última
coluna (Kraftwerk, no distante dia 6 de dezembro de 2001), recebi
alguns e-mails de internautas perguntando quando voltaria a escrever.
Confesso que tinha medo de
ter perdido meus leitores, que sempre suspeitei terem um certo
gosto duvidoso por lerem essas pobres resenhas. Mas gosto é
gosto e não vamos discutir isso.
Depois
de um tempo de reclusão, crises pessoais, desemprego, resolvi
voltar a escrever neste espaço que em momento nenhum foi
abandonado pelo site. Pelo contrário, sempre me deram a
maior força, esperando calmamente minha volta. Explicações
já dadas, vamos ao que interessa.
Quando achei esse disco do
The Men They Couldn’t Hang que não ouvia há
quase dois anos, me bateu uma bruta saudade e resolvi falar de
mais uma banda desconhecida. Bem, chega de ladainha e vamos lá...
Eles começaram em
1984 aparecendo em vários festivais alternativos de música
country, na Inglaterra. A primeira formação trazia:
Stefan Cush (vocais, guitarra), Paul Simmonds (guitarra, bouzouki
e teclados), Philip Odgers (vocais, guitarra, tin whistle, gaita),
Jon Odgers (bateria e percussão) e Shanne Bradley (baixo
e flauta).
Após
uma cover de "Green Fields of France" de Eric Bogles,
que virou um sucesso nas paradas independentes, lançaram
seu primeiro ábum Night Of A Thousand Candles, em
1985.
Viraram um sucesso graças
à espetacular canção "Ironmasters",
eleita por várias revistas como o single do ano.
A banda era liderada por
Phil Odgers (um apaixonado por filmes de ficção
científica e beberrão convicto) e Paul Simmonds,
autor de quase todas as letras. Começaram a chamar a atenção
não só pela sua sonoridade, que remete a Pogues
e Waterboys, mas também pela força das letras, de
forte apelo social, como se fosse uma banda punk.
Nessa época a cena
indie inglesa era dominada pelos Smiths, Cocteau Twins e Cult,
mas sempre havia uma canção aqui e ali dos Men entre
as mais vendidas ou melhores do ano. Por desenvolverem uma grande
amizade com o pessoal do Pogues (foi de Caitlin O'Riordan a sugestão
da mulher na capa de Night of... Vale citar que anos depois
ela casou com o grande Elvis Costello, que assinou com o grupo
para seu selo Imp...) e o gosto pela vida boêmia e a paixão
por contar histórias inspiradas no Oeste Americano, começaram
a se destacar.
O
grupo alcançou o estrelato com o terceiro álbum
Waiting for Bonaparte, considerado pelos próprios
integrantes como a grande obra-prima da banda.
Para Phil, é o disco
que mais se aproximou do que procuravam: "nós realmente
estávamos atrás de um som que deixasse nosso nome
marcado. Todo mundo se lembrava de 'Ironmasters'. Confesso que
é uma grande canção, mas queríamos
algo um pouco diferente, até em termos de som. Foi um disco
bem agradável de se fazer. Paul e eu tínhamos várias
idéias paras as músicas, que pareciam pular para
o papel naturalmente. Foi uma coisa meio febril, elas foram brotando,
brotando e quando acabamos ficamos surpresos com o resultado.
Tenho grande carinho por esse trabalho".
Após
o sucesso, a banda continuou a produzir bons discos e a conquistar
a audiência com suas bombásticas apresentações,
sendo a mais célebres de todas no Town and Country Club,
de Londres, em 1991, que resultou no disco ao vivo Alive, Alive-O,
no mesmo ano.
Depois de tanto sucesso o
grupo teve uma brusca parada de cinco anos, voltaram a se reunir
com novos integrantes, mas sem perder o entusiasmo. O grupo partiu
para excursões e festivais no mundo inteiro, como o realizado
na Estônia, que Phil jura ter tido mais público que
o lendário Live Aid, de 1984, realizado no estádio
de Wembley: "Era uma atmosfera fantástica. Vínhamos
tocando em vários locais diferentes e não sabíamos
que éramos tão populares na Rússia e em suas
antigas repúblicas. Foi um grande momento do The Men..."
Em 1998, lançaram Majestic Grill, o disco em questão,
uma coletânea com o melhor feito pela banda.
Já começa com
"Ironmasters", que faz o ouvinte a ouvir e ouvir e ouvir
e ouvir até pular para a segunda faixa. As canções
vão se seguindo, hipnotizando (tente ouvir de madrugada
em uma noite chuvosa, com as luzes apagadas e verá como
será transportado pelo som...). Por ironia, fecha com "The
Green Fields of France", primeiro sucesso da banda. No mesmo
ano, Phil casou-se no Quênia prometendo ser um bom homem
de família "desde que a minha mulher me deixe a vontade
com as minhas garrafas". Filhos por enquanto não estão
no projeto do músico, uma espécie de alma gêmea
de Shane MacGowan, dos Pogues, e que junto com Paul Simmonds formam
uma dupla inesquecível do rock inglês. Pela sua força
e carisma ao vivo, foram várias vezes comparados ao Clash,
que confessam ser uma de suas influências máximas.
Depois de Majestic Grill,
a banda voltou a produzir de maneira mais modesta e por terem
ficando um bom tempo fora do mercado, não tiveram uma gravadora
para divulgarem suas músicas. Os projetos paralelos dos
integrantes também ajudaram para dissolver aquele clima
que fez desses garotos uma das gratas revelações
de 1984.
Obviamente, nada deles saiu
no Brasil, ou seja, quem quiser conferir vai ter que apelar para
as importadoras ou sites de venda, como a da Amazon. Para nosso
azar, o dólar explodiu diminuindo o nosso já combalido
poder de aquisição. Mas se você for um apreciador
desse tipo de som, arrisque. Certamente não será
barato, mas certamente também não sairá do
seu aparelho de CD por um bom tempo.
Bem pessoal fico por aqui.
Deixo vocês com a discografia da banda. Um abraço
e até a próxima!
Discografia
The Night of a Thousand Candles
(1985)
How Green Is The Valley (1986)
Waiting For Bonaparte (1988)
Silvertown (1989)
Domino Club (1990)
Alive, Alive-O (1991)
Never Born To Follow (1996)
Big Six Pack (1997)
Majestic Grill: The Best of the Men They Couldn't Hang (1998)
The Mud, The Blood And The Beer (Best Of, Volume 2) (1999)
The Cherry Red Jukebox (2003)
Smugglers and Bounty Hunters (2005)
Demos and Rarities Volume 1 (2007)
Demos and Rarities Volume 2 (2008)
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