|
Esse grupo quase desconhecido este, acredite ou não, por aqui em seu "auge". Corria o ano de 1988, e haviam lançado o disco World Without End que continha a contagiante "Inside Out", pequena coqueluche entre os amantes do pop britânico daquela época. E acabaram descolando alguns shows pelo Brasil, em mais uma prova de nossas excentricidades. Pois essa banda de Wolverhampton (onde mesmo?), que possui um nome que poderia dar muito certo em algum anúncio de balas de hortelã tem um passado deveras interessante. Por isso, os Poderosos Drops de Limão valem ser citados. E você nem precisará pegar o mapa para descobrir onde fica a tal cidade...
Incluídos na chamada Class Of 86, movimento pelo qual o Primal Scream também foi rotulado, no início – não se assustem o ano indica apenas a data em que começaram e as bandas desse tal “estilo” era conhecidas por fazerem um regressive rock, ou seja um rock com nítidas influências, mas especificamente, os anos 60. O grupo nasceu no meio da década de 80 – 1984 -, quando quatro jovens tocavam no The Sherbert Monsters, banda de amigos que se encontravam no clube JB’s em Dudley, perto de Wolverhampton.
Os dois, mais o baixista Linehan participavam de um grupo chamado Active Restraint, até que Newman saiu e montou outra banda, The Wild Flowers. Mas ele logo voltou e convidaram o baterista Kevin Rowley. Após alguns shows no local, conseguiram dar uma fita para Dan Treacy, cantor do TV Personalities, que era o chefe de um pequeno selo chamado Dreamworld Records e promotor de noites de sábado no “Room At The Top”, em Londres. Já rebatizados como Migthy Lemon Drops, foram aceitos para tocar na tal festa em Londres, embora apresentassem uma peculiaridade: não queriam ensaiar para o show. "Um dos maiores erros que uma banda iniciante pode cometer é ensaiar em demasia no início. Pode ser muito chato e monótono quando uma banda conhece demais as primeiras composições. Quando você não ensaia tanto elas ficam excitantes ao serem apresentadas ao vivo”, disse Dave, sob o peculiar ponto-de-vista do grupo.
O grupo apresentava em seus shows uma performance tímida e normalmente odiavam ser encarados pela platéia. “Odeio a idéia de subir em um palco e ver as pessoas olhando para nós como se fôssemos um bando de simplórios. Odeio ser observado”, diz Tony. Com seu visual extremamente básico - todos de pretos e jaquetas jeans – a banda não entendia tal desprezo de algumas pessoas. “Nos vestimos para o palco como nos vestimos para qualquer lugar. Não somos uma banda típica de Wolverhampton que tem um moicano na guitarra, um baixista que curte heavy metal, um baterista skinhead e um cantor romântico, ou algo do gênero”, disse Keith. Para eles, o Mighty Lemon Drops era um filho direto de bandas como Beatles e The Shangri Las. O compacto continha “Something Happens” e ”Sympathise With Us”, no lado B de 12 polegadas e “Now She's Gone”, no de 7. Rapidamente foram classificados pelo semanário New Musical Express como integrantes do C86, ao lado do Shop Assistants e outras preciosidades, que lançou um fita cassete justamente intitulada NME C86, com as seguintes bandas e canções:
1-Primal Scream: “Velocity
Girl” Lado 2 1-Shop Assistants: “It’s
Up To You”
Dave fala que eles amavam essas bandas, realmente, mas se tivessem que escolher uma das três como a maior influência seria o Wah!. “Quando elas apareceram foi com uma brisa de ar fresca. O que mais gostava delas é que, apesar de terem nascido logo após o punk, tinham uma sonoridade sessentista, o que os faziam muitos mais elaborados do que os grupos punks. Seria estupidez nossa negar a influência do Echo And The Bunnymen, embora eu não goste dessa comparação com eles. Se fosse o caso, gostaria que fôssemos mais comparados ao Wah! e até com o Teadrop Explodes. O primeiro por sua força, e o segundo por suas melodias”, disse Dave.
O grupo vivia então uma situação curiosa: eram considerados uma das mais promissoras e “quentes” bandas novas, mas estavam sem contrato. E não viam problema algum em assinar com uma grande companhia, já que não queriam o rótulo de cult band. Eles queriam era fazer sucesso, muito sucesso. “Nunca dissemos que não asssinaríamos com uma grande gravadora. Se uma banda é uma boa vendedora em selos pequenos e dizem que não querem ir mais longe do que conseguiram, pode apostar que estão de gozação. Nós desejamos ser ouvidos por todo mundo”, garantia Dave. Quando assinaram com a pequena
gravadora e viram o primeiro disco fazer algum sucesso na parada independente
se sentiram felizes.
Estabelecidos entre os pequenos novos grupos ingleses, conseguiram uma mudança em 1988 quando lançaram o maior sucesso deles até hoje, a canção “Inside Out”. A canção era o carro-chefe do novo disco, World Without End, e a banda experimentou um sucesso sem precedentes, quando viajaram para a América ao lado do Love & Rockets, durante nove semanas e até tocaram por aqui. Foram perto de 120 shows entre 1988 e 1989.
A excursão acabou marcando a saída do baixista Tony Linehan, substituído por Marcus Williams. Para gravarem o próximo disco, preferiram se refugiar por completo. Sem seu baixista e co-autor de várias canções, tudo ficou nas conta de Dave Newton e eles resolveram gravar o novo disco no estúdio de Peter Gabriel, em Bath.
Assim, em 1989 lançam Laughter, que rendeu boas críticas e chamou mais ainda a atenção de grandes companhias, até que a Sire, que cuidava de grupos como o Talking Heads, os contratou. E, como muitas vezes acontece com pequenas bandas que entram em uma major, o Mighty Lemon Drops não rendeu o esperado, muito menos para uma companhia que espera grande rentabilidade.
No ano seguinte, a Sire botou um novo projeto do quarteto nas lojas: Richochet. O grupo resolveu que era hora de mudar a postura do álbum anterior e gravaram rapidamente e com um mínimo de overdubs. O disco continha 11 canções e não fez muito sucesso. Como resultado, tiveram o contrato encerrado com a gravadora e em 1993 lançam pela pequena Overground o disco All The Way. Mas a vontade de fazer sucesso já era menor, e o sucesso menor ainda, e o Drops termina.
A banda não pensa em gravar nada mais e vez por outra se reúne, sem maiores pretensões. Deixo vocês com a letra de "Inside Out", grande clássico do grupo. Um abraço e até a próxima coluna. Ah! e antes que eu me esqueça: caso não tenha ficado bem claro Wolverhampton fica na Inglaterra. Até mais. Inside Out Waiting for the last train Lying wide awake at night You can't stop my heart from turning inside out Clutching on the last straw Waiting for the last train You can't stop my heart from turning inside out When you've called it a day (Didn't get a chance Waiting for the last train You can't stop my heart from turning inside out You can't stop my heart from turning inside out Discografia Like An Angel (compacto, 1985)
|
|