por Pedro Damian
MONDO JET SET, A UM PASSO DO HIGH
SOCIETY?
Se
dependesse de qualidade, honestidade e integridade, a banda inglesa
já estaria há algum tempo na primeira divisão
do rock inglês. Mas como nem sempre ser o melhor basta para
entrar na elite do britpop, o Mondo Jet Set continua batalhando
na independência, apresentando como cartão de visita
o sensacional disco Henry After A Nighlife.
Em minha coleção
de arquivos musicais digitais, coloquei a banda inglesa Mondo
Jet Set na pasta dos shoegazers. Isso foi na primeira audição,
já que em um momento inicial, o que sobressai em Henry
After A Nightlife são os vocais sussurrados e
guitarras cheias de efeitos, que lembra algumas grandes bandas
do começo dos anos 90, como Ride, Chapterhouse ou mesmo
o Teenage Fanclub do primeiro disco (Catholic Education).
Mas passando-se horas e horas ouvindo o CD essa impressão
se desfaz.
Henry....
é um trabalho bastante variado e que não apresenta,
como um todo, ligação com esta ou aquela nomenclatura
de estilos. Há ecos de Beach Boys, Ride, Teenage Fanclub,
bandas inglesas psicodélicas do final dos anos 60, Superchunk
(nos momentos mais agitados), entre outros.
São onze as faixas
que compõe o CD e, em nenhum momento e em nenhuma audição
eu “pulei” alguma música. Isso já é
bom sinal: significa que o disco é bom de se ouvir do começo
ao fim. Por falar em começo, a faixa que abre, "The
Band Never Happened For Us", é uma brilhante mistura
de shoegazer com powerpop. Em uma definição tosca,
seria como o Teenage Fanclub tocando com o Andy Bell (ex-Ride,
atual Oasis) no vocal. A letra parece um tanto autobiográfica,
o que dá um toque de autenticidade ao grupo.
"Bad Lines" segue
o começo agitado do disco, com o baixo levando a melodia
e guitarras ao fundo. A bateria é bem marcada e dita o
ritmo da canção. "Come Down to My Room"
tem uma levada mais calma, com guitarra e baixos dedilhados, e
bateria novamente bem marcada. Só o vocal é um pouco
menos “doce” que nas músicas anteriores.
"Siren Song"
é bem agitada, bem powerpop, com guitarras bem trabalhadas
e vocal animado. "On Amber" é uma balada psicodélica
que destoa do ritmo inicial do disco, mas é de uma harmonia
belíssima. Música para meditação.
Disco é o título da próxima canção,
que começa com guitarra marcada e segue com um refrão
bem indiepop, ou seja, alegre e suave. A variação
entre a parte mais “azeda” da música e a seqüência
mais animada faz de "Disco" uma das melhores de Henry...
– sem contar um finalzinho com vocal à Beach Boys
encantador.
"Abandon Mission"
é outra música com levada powerpop, bem legal. "Firing
At the Sky", na seqüência, abre com guitarra e
baixo bem na linha shoegazer, assim como o vocal. Lembra muito
Ride. E por isso é brilhante!
"Nightnurse"
vem a seguir, continuando na linha shoegazer, porém mais
sossegada. Um relaxante solo de guitarra mostra do que seus músicos
são capazes. Nem parece que "You Know Your Lover"
é a penúltima música do disco. Outra prova
da qualidade do trabalho: no final, fica sempre o gosto de “quero
mais”. Voltando à canção, tem uma levada
lenta e excelente trabalho de guitarras, com uma insinuante gaita
ao fundo. Um inusitado efeito de guitarra dá o toque psicodélico
no final da música.
Encerrando esse trabalho
de ótima qualidade, a curta balada "....And Dream
Another" nos faz sonhar com o próximo disco do Mondo
Jet Set, esperando que seja tão bom quanto este, e que
leve o grupo ao merecido reconhecimento, de crítica e público.
O disco foi lançado
pela Pink
Hedgehog e se quiser saber mais sobre a banda, basta clicar
aqui
para entrar no site do grupo.
Faixas
1. The Band Never Happened
For Us
2. Bad Lines
3. Come Down To My Room
4. Siren Song
5. On Amber
6. Disco
7. Abandon Mission
8. Firing At The Sky
9. Nightnurse
10. You Know Your Lover
11. ... And dream another
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