Ele
é considerado o maior letrista dos anos 80 e um dos poucos
representantes do verdadeiro espírito do rock da década.
Amado por muitos, odiado por outros tantos, perseguido por suas
opiniões, estigmatizado, execrado, mas antes de tudo um
tremendo talento. Morrissey está para os anos 80 assim
como Bowie para os anos 70 e Dylan para os anos 60. Após
o final do Smiths, um Morrissey abalado tentou continuar a vida
com os restos de sua alma atormentada e seguir cantando suas dores.
E para quem achava que ele jamais faria algo, ao menos, passável,
surpreendeu-se: com uma série de grandes discos e numerosos
singles, Morrissey manteve-se profícuo e talentoso, provando
que poderia viver sim sem Johnny Marr, fato que até ele
duvidava (ou dizia duvidar). Sua vida, porém, esteve longe
de ser calma e só recentemente conseguiu ficar livre do
fantasma de sua ex-banda. Morrissey voltou em 2004 com um belíssimo
disco, após sete anos sem gravar nada e dando shows pelo
puro prazer de tocar e saciar a sanha de seus fãs. Até
deixou sua amada Inglaterra e seu quarto em Manchester para viver
na América. Morrissey é mais do que um cantor excêntrico:
Morrissey representa uma das poucas reservas de autenticidade
no mundo tão chato e politicamente correto que o rock hoje
propaga. E Morrissey promete continuar incomodando os medíocres
e conservadores de plantão. Leia um pouco sobre a vida
desse mito e saiba o que ele anda fazendo (e o que fez).
1
- Crise e sucesso
A
vida de Morrissey não acabou como a de alguns fãs
quando os Smiths implodiram. Ainda que o cantor não conseguisse
acreditar que Johnny Marr o havia deixado para sempre, Morrissey
sentiu que precisava seguir em frente.
O grupo tinha algumas pendências
bastante sérias: a primeira era que haviam assinado um
contrato com a EMI e deviam lançar um disco já em
1988.
O disco acabou sendo o
póstumo ao vivo, "Rank", mas
Morrissey também sabia que não deveria ficar esperando
algo acontecer. Por isso mesmo, resolveu entrar em estúdio
com o produtor Stephen Street rapidamente e começar a trabalhar
em novas composições.
Street assumiu o trabalho
de arrumar uma nova banda para o cantor. Um dos contratados foi
um velho conhecido de Morrissey; o guitarrista Vini Reilly, líder
do Durutti Column. Os dois já haviam tocado em uma antiga
banda de Manchester, The Nosebleeds, grupo formado por Billy Duffy,
do The Cult.
Vini gosta de contar que
a gravação do disco foi quase um pesadelo. Várias
coisas conspiravam contra o trabalho: o humor de Morrissey era
péssimo, as melodias que Stephen Street tinham escritos
para as letras de Morrissey eram convencionais demais, e assim
mesmo, ele dava pouco espaço para improvisos. Além
disso, Morrissey parecia estar totalmente nu sem Johnny Marr.
"Eu
tentei ser o mais honesto possível com ele, pois ninguém
era honesto com Morrissey naqueles dias. Ele tem uma personalidade
muito forte, centralizadora e cada vez que ele caminhava pelo
estúdio, todos ficavam em silêncio, aterrorizados.
Ninguém tinha coragem de dizer algo a ele, apenas chegavam
perto e o confortavam. Por isso, resolvi conversar com ele por
um tempo. Além disso, eu não entendo porque fui
chamado para fazer o disco. Stephen poderia ter contratado algum
bom guitarrista de estúdio, que teria tido o mesmo resultado.
Eu me diverti pouquíssimo: na verdade, só introduzi
um French Horn em um sampler e fiz alguns bons
solos de guitarras. Mas, o restante, foi terrivelmente tedioso."
Ele
conta que Morrissey tem uma estranha maneira de trabalhar: "ele
canta de uma maneira única, pontuando no meio das frases
como se fosse o refrão e o refrão como se fosse
o meio. Seu fraseado é estranho e tínhamos que mudar
o arranjo para que sua voz se encaixasse, mas funcionou muito
bem. Na verdade foi o que salvou o disco de ser medíocre.
Todo mundo pensa que ele é apenas um cantor, mas a maneira
que coloca a voz muda tudo e ele tem um enorme talento. Eu ficava
esperando ele entrar com a voz para ver se poderia melhorar um
pouco as canções."
Mesmo
nesse clima difícil, Morrissey consegue parir um disco
excepcional: Viva Hate. Se as canções
não eram tão marcantes como as que fazia com Johnny
Marr, seu primeiro trabalho-solo nada deve aos grandes trabalhos
com os Smiths.
O disco trazia como grande
novidade uma maçaroca sonora que causou um certo estranhamento
aos fãs do grupo, afinal, como Morrissey deixou uma bateria
eletrônica entrar em uma música sua? E por que tantos
arranjos de cordas? e o que são esses ritmos eletrônicos,
quase bizarros?
Morrissey ainda não
tinha definido exatamente como soaria e por isso permitiu uma
abertura maior do que ele próprio permitia nos discos de
sua ex-banda, uma das grandes reclamações de Johnny
Marr, que temia em ousar nos arranjos com medo de atrair o ódio
do cantor.
A primeira canção
"Alsatian Cousin", já abre com um belíssimo
e ácido solo de guitarra de Reilly, um tipo de solo que
não se havia ouvido em seu trabalho anterior. A segunda
canção, "Little Man, What Now?", comenta
um famoso caso de um astro mirm que havia sido colocado pra fora
de um programa nos anos 70. "Angel, Angel, Down We Go Together",
com seu arranjo de corda e seu French Horn via sampler
é um achado e possui uma letra mórbida.
O
disco fecha com uma genial canção em ritmo fúnebre,
"Margaret On The Guillotine", "dedicada" a
então Dama de Ferro do governo britânico, Margareth
Thatcher. Em um ritmo lento, Morrissey pergunta quando ela morrerá
e no final simula uma guilhotina descendo.
E o disco trouxe os dois
primeiros grandes compactos solos de sua carreira: as belas e
tortuosas "Everyday Is Like Sunday" e "Suedehead".
"Suedehead" chegou
ao quinto posto da parada de sucesso, fato que os Smiths jamais
haviam conseguido e a canção ficou tão famosa
que chegou ser a mais famosa já feita por Morrissey. "Everyday
Is Like Sunday", ficou em nono lugar e com dois sucessos
tão grandes, o disco bateu direto no primeiro lugar dos
mais vendidos, repetindo o feito que os Smiths haviam conseguido
com Meat Is Muder, de 1985.
Morrissey diria, anos depois,
que gosta apenas de algumas partes do disco. "Algumas faixas
são muito rápidas e mal feitas. Não sou dessas
pessoas que acho tudo meu perfeito. Sei que fiz discos bem acima
da média, mas Viva Hate poderia ter sido
melhor."
Tais feitos e as excelentes
críticas deixaram o cantor bem mais feliz: era possível
sim viver e cantar sem Johnny Marr. Mas os Smiths ainda ocupariam
sua vida por um bom tempo...
2 - Dinheiro, dinheiro...
Morrissey saboreou o sucesso
por pouco tempo. A primeira a atormentar o cantor foi Gail Colson,
que havia trabalhado com os Smiths e ajudado o cantor a arrumar
o caos que regia internamente na banda. Mas quando os Smiths acabaram,
Morrissey a dispensou e por esse motivo ela estava exigindo uma
indenização, furiosa. Mas isso era apenas a ponta
do iceberg...
Logo
após o disco ter feito sucesso, o cantor teve seu novo
single, "Interesting Drug", embargado na justiça
por Stephen Street. Ele alegava que estava fazendo isso para pressionar
Morrissey a pagar os direitos que ele tinha como produtor de Viva
Hate e que não haviam sido pagos. "Ele desapareceu
e como ainda não deu entrada na papelada e não possui
um empresário, é impossível achá-lo.
Dessa maneira, só me sobrou proibir legalmente seu novo
lançamento". Com isso, a relação entre
os dois terminaria em seguida.
Mas tinha mais: Craig Gannon,
que havia tocado com os Smiths em 1986 e os ex-Smiiths Mike Joyce
e Andy Rourke também queriam sua parte.
Gannon insistia em receber
mais do que já havia ganho, mas o caso mais grave era com
a antiga seção rítmica dos Smiths. Quando
descobriram que não tinham direito a nada pelo legado dos
grupo, Andy e Mike ficaram desesperados e resolveram procuram
Morrissey e Johhny Marr. Os dois principais compositores ofereceram
a cada um deles, 10% dos royalties, que segundo Marr, era a proposta
inicial, de 1982. A proposta indignou Andy e Mike que prometeram
procurar a justiça para receber o que achavam devido.
Marr ficou irritado, dizendo
que não esperava tal atitude de dois antigos amigos, que
haviam se esquecido do antigo acordo, que, embora não existisse
oficialmente, era um antigo acordo de amigos. "Eu não
esperava chegar até isso, até porque eu e Morrissey
sempre ficamos com o trabalho mais pesado que era compor e produzir.
Mas, enfim, se for necessário passaremos por essa chateação."
Mike Joyce disse que nunca
havia concordado com tal cifra: "o problema de Johnny é
que ele só lembra de coisas que o interessam. Eu nunca
disse que aceitaria um acordo desses desde o início. Nunca
concordei com 10%. Não se trata apenas de dinheiro. Se
o acordo tivesse sido esse desde o início eu ficaria quieto,
mas me dói saber que depois que nos separamos, só
ficarei com essa pequena parte. Obviamente que não estou
exigindo nada dos royalties das canções,
mas sim do que o grupo faturou com vendagens e tudo mais."
Morrissey e Johnny tiveram
sorte com o baixista Andy Rourke que aceitou os 10% e retirou
o processo, deixando Mike Joyce sozinho e com um problema desagradável.
Enquanto
os problemas legais ocorriam, Morrissey conseguiu finalmente lançar
novos singles: além de "Interesting Drug", saíram
"The Last of The Famous International Playboys" e "Ouija
Board, Ouija Board".
O problema agora era outro:
críticas contra suas canções. Na virada dos
anos 80 para os anos 90, uma nova geração tomava
conta das paradas de sucesso: grupos como Inspiral Carpets, Stone
Roses, Happy Mondays eram os novos queridos de Manchester e a
crítica descia a lenha impediosamente em Morrissey, chamando-o
de velho chato. A nova cena indie agora misturava a dance
com rock e Morrissey havia ficado para trás assim como
os Smiths.
Sobre isso, Morrissey comentou:
"faz parte uma geração mais nova querer sobrepujar
uma outra e acho que os Smiths já são a anterior.
Isso não me incomoda, mas não acho que eu seja tão
pouco relevante. Agora ficam inventando que eu quero tocar dance
music, como se eu tivesse mudado minha postura sobre esse
ritmo. Eu acho o Happy Mondays um bom grupo, mas não vejo
nada demais no Stone Roses. Gostaria de sentir algo por eles.
Na verdade, o grande problema dos Smiths é que nós
nunca conseguimos ter poder sobre nós ou nosso legado.
Eu acho incrível que The Queen Is Dead
tenha sido eleito o disco do século pela Spin,
nos Estados Unidos. Incrível e triste, porque não
podemos mais capitalizar a nosso favor. Hoje todos que nos xingam,
deveriam nos agradecer, pois abrimos as portas para que essas
bandas pudessem tocar."
3 - Novo disco
Enquanto
os problemas o afetavam, Morrissey continuava tentando lançar
um novo disco que já tinha título: Bona
Drag. Mas como o cantor não conseguia gravar um
disco interior resolveu lançar um novo compacto em abril
de 1990 e uma de suas melhores composições: "November
Spawned a Monster."
A canção
trazia como convidada uma nova cantora, que havia deixado Morrissey
apaixonado: Mary Margaret O'Hara. Ela havia lançado em
1988 o disco Miss America que seduziu o cantor.
"Há muitos
anos que não vejo ninguém cantando suas neuroses
pessoais dessa maneira, tão intensa. Me lembrou muito Horses
de Patti Smith. Fiquei absolutamente fascinado por ela."
Seis
meses depois é lançado um novo single, chamado "Piccadilly
Palare", com outro convidado especial: Suggs, do Madness.
A influência do Madness já era sentida na dupla de
produtores - Clive Langer e Alan Winstanley - e Morrissey quis
colocar a voz de Suggs na canção por ele ser um
cantor da zona norte de Londres, onde se passa a história.
"Palare" é uma gíria cigana usada no meio
teatral, e que o cantor havia ouvido sendo usada por garotos de
programa que andavam por Picadilly, em Londres. Morrissey disse
que havia uma certa romantização sobre isso e que
às vezes pegava um ônibus e passeava pela região,
segundo ele, uma experiência "poderosa".
Com
o projeto do disco abortado, Morrissey aproveitou o título,
Bona Drag, e lançou uma compilação
de seus compactos-solos nos mesmos moldes que havia feito com
Hatful Of Hollow e The World Won't Listen.
Lançado em setembro
de 1990, a coletânea de compactos acabou com os boatos de
que Morrissey nunca mais lançaria nada e atingiu o nono
posto nas paradas.
Cinco meses depois de Bona
Drag, aparece com um novo disco, desta vez um novo trabalho
de estúdio com músicas inéditas: Kill
Uncle.
Embora seja considerado
seu trabalho menos inspirado, Kill Uncle traz
bons momentos de Morrissey e uma novidade: pela primeira ele havia
arranjado um novo parceiro para suas letras.
O
disco marca uma fase um pouco menos conturbada em sua vida. Morrissey
havia contratado Fachtna O'Ceallaigh, que havia trabalhado anteriormente
com Sinéad O'Connor e com os Boomtown Rats de Bob Geldof,
para cuidar de seus negócios.
E a primeira providência
de Fachtna foi arranjar um novo parceiro para o letrista. O escolhido
foi o guitarrista Mark Nevin, ex-Fairground Attraction e que havia
trabalhado com Kirsty MacColl.
Nevin ficou entusiasmado
com a idéia de trabalhar com Morrissey e o disco acabou
saindo em março de 1991. O LP vendeu bem, ficando na oitava
colocação dos mais vendidos e rendeu dois bons singles:
"Our Frank" e "Sing Your Life", que trazia
no seu lado B uma grande atração: uma versão
de "That's Entertainment", do The Jam.
O disco teve uma canção
que trouxe alguma polêmica, "Asian Rut". Alguns
acusaram Morrissey de racismo, mas a idéia era justamente
mostrar os crimes raciais que os imigrantes sofrem no Reino Unido.
Com dois discos novos e
uma coletânea de compactos, uma questão deixava fãs
e crítica curiosos: quando Morrissey voltaria aos palcos?
Afinal, ele não subia em um desde 1986, com os Smiths.
4 - Volta aos palcos
Mas
a dúvida logo terminou, já que Morrissey embarcou
em uma excursão para promover o disco. Sobre isso, ele
falou: "eu sei que demorei muito tempo para voltar a cantar
ao vivo, mas eu precisava desse descanso. A
minha vida tem estado confusa e precisei desse tempo para ver
se eu ainda queria subir em um palco e também para me revigorar.
Eu ainda amo cantar para as pessoas, amo ver todos perto de mim.
O palco é uma extensão de minha casa, o que parece
estranho para muitos, já que me consideram um recluso.
Na verdade eu sou um recluso, mas apenas quando não estou
tocando ou cantando. Outro motivo é que agora tenho um
bom número de novas canções para apresentar
e não preciso ficar mais escorado nos antigos sucessos
dos Smiths. Queria provar a mim mesmo que ainda podia fazer boas
canções."
Para a turnê, Morrissey
montou um banda com alguns músicos que ficariam com ele
por um bom tempo: os guitarristas Alain Whyte e Boz Boorer (que
viria a ser o mais regular parceiro ao longo do tempo), o baixista
Gary Day e Spencer Cobrin, na bateria.
Com esse quarteto, Morrissey teria um grupo com alta dose de adrenalina
e que fazia um rock and roll básico, alto e virulento.
Essa formação ficaria solidificada durante anos
com mudanças, apenas no baixo, entrando Jonny Bridgewood
e saindo Gary Day.
Morrissey estava tão
feliz com seu grupo que respondeu a uma curiosa indagação
de um fã, que queria saber se preferia os Smiths ou seu
atual grupo: "Bem se os Smiths e esses músicos aparecessem
ao mesmo tempo, ficaria com meus novos companheiros."
E 1992 seria um ano muito
interessante na vida do cantor...
5 - Gravando com
um ídolo
Em
julho de 1992 Morrissey aparece com um novo disco, um dos pontos
altos de sua carreira, apesar de não conter nenhum grande
hit: Your Arsenal. Mas o que mais chama atenção
no disco, além da alta dosagem de rock presente é
o nome do produtor: Mick Ronson.
Mick Ronson foi um dos
mais famosos guitarristas dos anos 70, peça-chave no grupo
The Spiders from Mars, que acompanhou David Bowie durante a fase
Ziggy Stardust entre 1972 a 1973. Morrissey era um fã ardoroso
do glitter rock e de Bowie dessa época, e conheceu
Mick Ronson e a simpatia entre eles foi mútua.
"Mick é um
músico muito refinado e foi um dos maiores nomes dos anos
70 e fez também dois discos solos brilhantes. Foi um grande
prazer trabalhar com ele. É uma das pessoas mais bacanas
que já conheci."
Nessa época, Ronson
já sofria de um câncer que o mataria no ano seguinte,
mas Morrissey disse que, em nenhum momento, viu ou ouviu ele se
queixar disso.
"Ele
se recusa que isso interfira em sua vida e não mostra nenhum
sinal de mágoa ou tristeza com isso. Pelo contrário,
ele é uma companhia extremamente agradável."
Your Arsenal
mostra um disco pesado, com Morrissey cheio de adrenalina e pegando
pesado como nunca. E, claro que algumas polêmicas o acompanharam:
A primeira delas é
o personagem interno do encarte, Charles Richardson. Charles era
o irmão mais velho de uma gangue que levava seu sobrenome
e que ficou famosa nos anos 60 por realizar vários combates
com outra gangue londrina, os Krays. Morrissey é fascinado
pelo tema, principalmente porque, apesar de toda a rivalidade,
possuíam um código de ética e de respeito
entre eles.
A outra polêmica
estava na faixa "The National Front Disco" em que exprimia
todo seu ódio com o ressurgimento da disco music.
Aliás, o tema rendeu tanta polêmica que o semanário
inglês New Musical Express realizou uma matéria de
capa da edição de 22 de agosto de 1992 mostrando
que Morrissey não passava de um grande racista, e criticava
duramente seus atos. Uma matéria, diga-se de passagem,
cheia de más intenções e altamente tendenciosa.
Morrissey,
aliás, se dizia cansado de tanta perseguição.
"Eu não aguento mais ver meu nome envolvido em tanta
mentira. Eu não me importo com o que escrevem de mim, mas
acho nojento que fiquem inventando coisas sobre minha pessoa para
venderem mais. Veja esse livro que lançaram recentemente
- Morrissey & Marr - The Severed Alliance,
de Johnny Rogan. Como é possível alguém escrever
tanta mentira? O mais triste é que ele vai ficar rico com
isso. E ainda chamam o livro de 'obra definitiva sobre os Smiths!'
A bio definitiva dos Smiths só será escrita quando
eu a fizer ou indicar alguém para a tarefa! Ele me ligou
apenas uma vez para ouvir uma frase e desligou. E como não
comentei ou nada fiz legalemente contra ele, a mídia presumiu
que ele está correto. Essa é a pior parte de tudo,
dessa indústria. E o pior de tudo isso é saber que
faço parte também."
Uma das grandes curiosidades
desse disco está em uma canção obscura chamada
"I Know It's Gonna Happen Someday".
Essa canção
foi gravada por David Bowie em 1993 em seu disco Black
Tie White Noise. Esse álbum marca a renconciliação
de David com Mick Ronson, convidado para as gravações.
Bowie contou em um especial que quando Ronson chegou disse a ele
como Morrissey o admirava e queria copiar o seu jeito de cantar
da fase Ziggy. Bowie então pediu que Ronson escolhesse
uma canção de Your Arsenal para
ele gravar "copiando" Morrissey, em seu estilo vocal.
As duas versões, diga-se de passagem, são imperdíveis.
6 - Disco ao vivo
Em
abril de 1993, Morrissey lança um poderoso trabalho, o
disco ao vivo, Beethoven Was Deaf. Esse álbum
marca, de uma certa forma, a saída do cantor da grande
mídia.
Se Your Arsenal
foi bem nas paradas, chegando ao quarto posto, o novo disco teve
uma vendagem fraca, ficando apenas em 13º lugar.
O disco foi quase inteiramente
gravado em dois shows feitos em Londres, no dia 20 de dezembro
e outro dois dias depois, em Paris, no Zenith. Das 16 músicas,
sete foram gravada em Londres e as outras nove em solo francês,
apesar de algumas informações que constavam em alguns
encartes, afirmarem, incorretamente, que todas as faixas haviam
sido gravadas na França.
E entre as 16 canções
não havia nenhuma dos Smiths. Morrissey havia passado por
uma imensa turnê mundial, lotando shows em todos os lugares
do planeta. Em uma entrevista para promover o disco, o cantor
afirmou que jamais ficou nervoso antes de subir ao palco.
"Se você olhar
para o palco e ver o lugar onde deverá estar, você
poderá ficar um pouco apreensivo. Mas se você sentir
que não pertence a aquele lugar, então ficará
mortalmente gelado quando lá pisar. Eu não gosto
muito de dar shows, principalmente por causa das viagens. Odeio
aviões, toda a burocracia e fico irritado quando chego
a um lugar e não encontro uma comida que me agrade. Mas
quando subo em um palco, esqueço de tudo isso. É
um local bem confortável de se estar."
Após Beethoven
Was Deaf, Morissey entraria em uma espiral que deixaria
sua vida de pernas para o ar, tanto na parte financeira com os
inúmeros problemas herdados ainda dos Smiths como uma baixa
em sua popularidade e venda. Mas isso é tema para a segunda
parte em uma próxima coluna.
Discografia
Singles
"Suedehead" (1988)
"Everyday Is Like Sunday" (1988)
"The Last of the Famous International Playboys" (1989)
"Interesting Drug" (1989)
"Ouija Board, Ouija Board" (1989)
"November Spawned a Monster" (1990)
"Piccadilly Palare" (1990)
"Our Frank" (1991)
"Sing Your Life" (1991)
"Pregnant for the Last Time" (1991)
"My Love Life" (1991)
"We Hate It When Our Friends Become Successful" (1992)
"You're the One for Me, Fatty" (1992)
"Certain People I Know" (1992)
"Glamorous Glue" (1992)
"Tomorrow" (1992)
"The More You Ignore Me, the Closer I Get" (1994)
"Hold on to Your Friends" (1994)
"Interlude" (com Siouxsie Sioux) (1994)
"Now My Heart Is Full" (1994)
"Boxers" (1995)
"Dagenham Dave" (1995)
"The Boy Racer" (1995)
"Sunny" (1995)
"Alma Matters" (1997)
"Roy's Keen" (1997)
"Satan Rejected My Soul" (1997)
"Irish Blood, English Heart" (2004)
"First of the Gang to Die" (2004)
"Let Me Kiss You" (2004)
"I Have Forgiven Jesus" (2004)
"Redondo Beach" / "There Is a Light That Never
Goes Out" (2005)
"You Have Killed Me" (2005)
"The Youngest Was the Most Loved" (2006)
"In the Future When All's Well" (2006)
"I Just Want to See the Boy Happy" (2006)
"That's How People Grow Up" (2008)
"All You Need Is Me" (2008)
"I'm Throwing My Arms Around Paris" (2009)
"Something Is Squeezing My Skull"(2009)
Discos
Viva Hate (1988)
Bona Drag (1990)
Kill Uncle (1991)
Your Arsenal (1992)
Beethoven Was Deaf (1993)
Vauxhall and I (1994)
Southpaw Grammar (1995)
World Of Morrissey (1995)
Suedehead: The Best of Morrissey (1997)
Maladjusted (1997)
My Early Burglary Years (1998)
The CD Singles, Vol. 1: 1988-1991 (2000)
The CD Singles, Vol. 2: 1991-1995 (2000)
The Best of Morrissey (2001)
Under the Influence (2003)
You Are The Quarry (2004)
Live At Earls Court (2005)
Ringleader of the Tormentors (2006)
Greatest Hits (2008)
Years of Refusal (2009)
Swords (2009)
Vídeos
Hulmerist (1990)
Live in Dallas (1992)
The Malady Lingers On (1992)
Introducing Morrissey (1996)
!Oye Esteban! (2000)
Who Put the M in Manchester? (2005)
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