Nesta segunda parte da biografia
de Morrissey abordaremos os anos mais tumultuados de sua vida:
o processo contra os ex-Smiths Mike Joyce e Andy Rourke, a guinada
na carreira e toda a confusão que deixou o cantor por sete
anos sem poder lançar um novo disco, embora tivesse um
projeto inteiro construído. Foram nesses anos que Morrissey
resolveu ir embora da Inglaterra e morar na Irlanda e depois na
América. Morrissey conheceu a raiva e a perseguição
de perto, mas sua volta triunfal em 2004 com o belíssimo
You Are the Quarry e a atual turnê mostram que ele ainda
continua vivo e relevante, para desespero de seus detratores e
alegria de seus discípulos. Mostrando coragem, Morrissey
falou mais do que devia e nunca deixou de reclamar quando se achava
no direito. Ainda que tenha pago um preço bem alto...
1
- Mudança de gravadora
Morrissey
começou o ano de 1994 com um novo disco, Vauxhall
and I e o mesmo ritmo de shows dos anos anteriores.
Considerado pelo próprio
Morrissey como seu melhor disco até então, superando
até os seus insuperáveis discos com os Smiths, o
cantor mostrava grande felicidade com o rumo de sua vida.
Mas Morrissey chegou a
dizer que ele aquele era também seu último álbum,
não apenas porque era o seu melhor disco, mas porque jamais
poderia iguá-lo. Obviamente a promessa acabou não
se confirmando.
A canção
"The More You Ignore Me, the Closer I Get," ficou em
oitavo lugar na parada britânica. Morrissey chegou a lançar
um surpreendente single com Siouxsie Sioux, a líder do
Siouxsie and the Banshees, Interlude, uma canlão
gravada em 1968 por Tomi Yuro para o filme de mesmo nome.
E, em uma entrevista para
a revista Q, fez uma revelação insuspeita:
ele, Morrissey era um grande apaixonado por futebol e um bom artilheiro!
Nesta
entrevista, Morrissey demonstrou um bom conhecimento esportivo,
criticando a comissão técnica e alguns jogadores
já em decadência, como Paul Gascoigne e afirmou,
que às vezes, batia suas peladinhas e fazia seus golzinhos.
Quem diria...
Mas, Morrissey não
é um atleta propriamente falando (as fotos mais novas demonstram
bem isso) e sim um cantor. E em Vauxhall and I,
confessou que tinha feito seu melhor disco e explica a razão.
"Esse trabalho fala
da minha relação de amor com Londres. Por eu ter
nascido e sido criado no norte da Inglaterra, eu tinha obrigação
de odiar Londres. Mas gradualmente isso foi se alterando, conforme
eu fui descobrindo a felicidade e um pequeno círculo social
que eu não tinha em Manchester. Minha vida mudou de tal
maneira em Londres, que me senti muito mais feliz e confortável
lá. Só de pensar em fazer um vôo de volta
de algum país para Londres minhas bochechas ficavam mais
rosadas e meus olhos mais brilhantes... até eu ser revistado
na alfândega, claro..."
O disco trazia ainda algumas
canções falando de um tema que sempre fascinou Morrissey:
a violência. "'Spring-Heeled Jim' e 'Now My Heart Is
Full' são canções que realmente falei sobre
violência, embora eu não tenha feito justiça
às histórias verdadeiras."
Morrissey
estava atravessando um período de perseguição
da mídia, que ainda o acusava de racismo.
"É uma questão
que todos falam de mim, apenas para venderem jornais ou ficarem
alimentando uma imagem que não corresponde à minha
pessoa, na realidade. E eu sei que os boatos são mais importantes
do que a verdade hoje em dia, especialmente na Inglaterra, onde
temos uma indústria da mentira. É uma coisa bem
inglesa e, de certa forma, é um elogio à minha pessoa,
porque ainda devo ser muito amado e incomodar. Pessoalmente me
sinto muito feliz ultimamente. Eu não quero saber desses
prêmios todos - Grammy (que Morrissey foi indicado por Your
Arsenal) ou BPI - porque eles não me dizem nada.
Não preciso que alguém me diga o quão bom
é meu disco ou não. Eu sei exatamente quem sou e
sei também que fiz algumas canções ruins
nos últimos tempos. Aliás, qual é a importância
de um prêmio como esse? Para mim, o mais importante é
terminar um disco que me deixe feliz e não vai ser uma
estátua que me trará essa felicidade."
Mas Morrissey teve algumas
tristezas, como a morte de alguns amigos, Mick Ronson incluso
nesta lista. Os outros foram Tim Broad, diretor de alguns vídeos
para Morrissey e seu antigo empresário Nigel Thomas.
"Eu
conversei com Mick dias antes dele morrer e ele me parecia tão
feliz, tão entusiasmado e falava que queria voltar a compor
algumas canções comigo e voltarmos ao estúdio.
Ele sempre teve uma atitude positiva sobre sua doença e
sempre fazia planos para o futuro. E dias depois sua esposa me
ligou para dizer que ele havia morrido. Foi muito doloroso e me
sentia tão ligado a ele, que passei muito mal e nem conseguir
ir ao seu funeral. As três mortes me deixaram arrasado e
muito deprimido. Tim e Mick sabiam que iriam morrer, mas Nigel
foi repentino e isso fez de meu ano, terrível."
Mas um das coisas boas
daquele ano foi poder trabalhar com o produtor Steve Lillywhite.
"Ele é um cara muito talentoso e um pessoa muito bondosa
e me ajudou muito."
Vauxhall and I
marcou o encerramento de um ciclo com a EMI, após
seis anos de relacionamento profissional. E Morrissey foi se alojar
na casa de um antigo ídolo...
2 - Na casa de
Elvis Presley
No
ano seguinte, Morrissey lança um novo disco, talvez o mais
estranho de toda sua carreira: Southpaw Grammar.
Para começar, o
disco só tinha oito faixas, sendo que a primeira, "The
Teachers Are Affraid Of The Pupils" tinha mais de 11 minutos
e a última, "Southpaw", mais de 10 minutos. Estaria
Morrissey fazendo um disco de rock progressivo?
"Bem, realmente gostaria
de continuar de onde o Van Der Graaf Generator parou. Mas, não,
na verdade nós apenas não conseguíamos parar
o gravador. Veja, ainda são canções pop,
certo? Nós evoluimos enormemente como músicos desde
que nos tornamos um grupo e isso possibilitou experimentarmos
mais em estúdio."
"Eu
saí da EMI porque estava lá há muito tempo.
Foram sete anos e deixei muitos bons amigos. Apenas me pareceu
a coisa certa de se fazer. E vim para a RCA porque o nome soa
bem, não? Além disso era a casa de Elvis Presley."
Morrissey afirmava que
a vida na Inglaterra estava terrivelmente difícil para
ele e que pela primeira vez pensava em morar em outro país:
"alguns realmente esperam que eu me mate ou suma de vez.
Não que eu vá fazer o que os outros desejam, mas
fico pensando se não é uma boa idéia. Alguns
me perguntaram o que achei do suicídio de Kurt Cobain.
Bem, eu fiquei triste e com inveja ao mesmo tempo. Ele teve coragem
para realizar o ato e sempre admirei pessoas que se auto-destróem
porque eles estão no controle de seus atos e se recusam
a continuarem infelizes, o que mostra um tremendo auto-controle.
Deve ser assustador sentar, olhar para um relógio e dizer
que não mais fará parte desse mundo em 30 minutos.
E o mundo moderno adora esse tipo de coisa. Mas eu não
darei esse gosto a ninguém."
Embora o disco tenha algumas
músicas difíceis isso não impediu que ele
chegasse ao quarto lugar das paradas. Mas mesmo com o sucesso,
Morrissey continuava perseguido pela imprensa e até por
algumas novas bandas, como o Oasis, também de Manchester.
"Tudo começou
porque fiz um comentário irônico e alguém
já saiu publicando em primeira página. Era natural
que eles viessem me criticar. Mas eu gosto do grupo e acho Noel
muito divertido. Fico feliz que um grupo de Manchester esteja
fazendo sucesso novamente."
E, embora tenha se dado
bem na RCA, Morrissey deixou o selo no ano seguinte. E pela primeira
vez estava sem uma casa em qualquer lugar, já que as gravadoras
inglesas simplesmente o baniram. Mas Morrissey tinha construído
uma imensa legião de fãs nos Estados Unidos e em
pouco tempo assinava com a Mercury para lançar seu último
disco dos anos 90...
3 - Maladjusted
Nova
casa de todas as maneiras. Após deixar a EMI e a RCA, Morrissey
resolve radicalizar e mudar também para Los Angeles. Mas
a primeira experiência durou pouco, apenas duas semanas.
"O fato é que
deixar a Inglaterra me aterrorizou. Sim, a Inglaterra me enlouquece,
mas não me imagino vivendo em outro país."
Morrissey tinha também
uma casa em Dublin, na Irlanda, onde passava algum tempo, mas
sem jamais morar na cidade.
E tendo novamente a produção
de Steve Lillywhite pelo terceiro disco seguido, Morrissey entrou
em estúdio e produziu um portentoso trabalho: Maladjusted.
Maladjusted
é seu disco mais raivoso e revoltado. Culpa dos inúmeros
problemas legais que chegavam ao final, como o processo de Mike
Joyce contra ele e Johnny Marr e que acabou sendo ganho pelo ex-baterista.
Joyce
afirmou, após terminado o julgamento, que não fazia
isso por dinheiro, embora o montante fosse de grande utilidade
para escorar seu filho e esposa. O baterista ganhou cerca de 1
milhão de libras e Morrissey e Marr ainda tiveram que arcar
com as custas de todo o processo de quase 10 anos, que ficou em
mais 250 mil libras.
"O mais triste é
que fui chamado de mentiroso, truculento e traiçoeiro e
isso maculou minha ficha." Mas o pior estava para vir, pouco
tempo depois, quando a Mercury faliu. O pior é que Morrissey
havia assinado um contrato longo e ficou preso a ele, o que impedia
que ele pudesse imediatamente ir para um outro selo.
Maladjusted
fez pouco sucesso, embora seja um bom disco, bem gravado e onde
ele disparou farpas contra seus ex-colegas Mike Joyce e Andy Rourke.
Após o processo
de Joyce, Andy Rourke pensava em reabir o caso contra Morrissey
e Marr, dizendo que as 83 mil libras que havia recebido anos antes
não era suficiente para viver e que queria seus direitos.
Morrissey, contrariando os conselhos, resolveu contra-atacar legalmente.
"Nunca vou perdoar Mike e nem Andy. Como podia ficar sendo
xingado pelo juiz que arrancou dinheiro meu apenas porque achou
que eu era o que ele pensava?"
Embora o ódio tenha
pautado seu disco, uma faixa merece um destaque: "Wide to
Receive". Morrissey conta que a fez pensando nas pessoas
que se conhecem pela internet. "Sempre achei curioso ver
as pessoas angustiadas em frente a um computador, esperando um
e-mail que nunca chega."
Embora tenha ficado em
oitavo lugar na parada britânica, o LP não teve nenhum
compacto de sucesso. "Alma Matters" ficou em 16º,
"Roy's Keen", 42º e "Satan Rejected My Soul",
em 39º.
Logo
após o julgamento, Morrissey mudou definitivamente para
a América, Los Angeles, em especial.
Lá, comprou uma
casa projetada por Clark Gable, que a deu de presente para Carole
Lombard, que morreu em um acidente de avião antes de mudar
para lá. Depois a casa teve como morado o ilustre escritor
F. Scott Fitzgerald, autor de O Grande Gatsby.
Morrissey começou
então a fazer shows com pouca ou nenhuma ajuda. Batizou
sua turnê de "Oye Esteban", segundo ele em homenagem
ao cantor El Vez, um mexicano que plagia Elvis Presley.
Entre 1997 e 1998, duas
coletâneas foram editadas: Suedehead: The Best of
Morrissey reuniu seus maiores sucessos durante os anos
na EMI e My Early Burglary Years é uma
colcha de retalhos, embora interessante.
Morrissey
só conseguiu ficar livre da Mercury no final de 1999 quando
o selo foi comprado pela Universal e o liberaram.
Mesmo assim, Morrissey
seguiu em frente com seus shows e chegou a passar pela América
do Sul, inclusive no Brasil, em 2000, onde fez shows lotados e
concorridos. Morrissey chegou a dizer que amou a platéia
brasileira e considerou sua estadia aqui como uma das melhores
de sua carreira.
Enquanto não achava
uma gravadora, começou a compor novas canções.
Com um provisório título de "Irish Blood, English
Heart", o disco falaria dos anos de ostracismo e de suas
origens. Em uma entrevista de 1999, Morrissey mostra como ser
um inglês com sangue irlandês é um fardo.
"Muitos dos professores
que eu tive eram irlandeses, inacreditavelmente brutais e, em
muitos casos, homossexuais. É chocante pensar no que era
permitido e como as crianças eram mal tratadas dia após
dia. Minha educação em Manchester foi violência
e brutalidade. Assim que você entrava na sala era cruelmente
espancando. Me ensinaram a não ter auto-estima e sentir
vergonha sem motivo algum. Veja, o que aquele juiz disse ficará
nos arquivos para sempre e se eu for processado no futuro, basta
alguém recorrer àquelas palavras e perderei sempre.
Eu era da classe trabalhadora e fui feito para me sentir um camponês."
Morrissey
tocou algumas dessas músicas em shows durante os anos de
2000 a 2002. Em um programa na BBC da radialista Janice Long,
Morrissey falou de sua vida em Los Angeles e de seu futuro.
Afirmou que nunca mais
viu nenhum dos ex-Smiths e que não há a menor possibilidade
de reestabelecer a amizade com Johnny Marr, após tantos
problemas.
Sobre Los Angeles, disse
que gosta da cidade por duas coisas: tem muito sol e porque ele
pode andar calmamente pelas ruas sem ser incomodado como é
o caso na Inglaterra.
Morrissey passou uns meses
também na Irlanda, em sua casa, e disse que o país
é muito mais receptivo que a Inglaterra.
Em 2003, Morrissey surpreendeu
ao anunciar que havia assinado com a Sanctuary Records, que estava
ressucitando o selo Attack para o novo disco do cantor. O Attack
foi um selo que existiu entre 1969 e 1980 e voltado para o reggae.
Na entrevista coletiva,
o diretor Merck Mercuriadis comentou: "Morrissey é
um dos mais importantes artistas dos últimos 20 anos e
estamos maravilhados que ele tenha dado a nós a oportunidade
de liderar uma importante fase em sua carreira. com um acordo
como esse. No início das discussões, Morrissey provou
ser um grande conhecedor de nosso catálogo da Trojan Records
e expressou o interesse em usar o selo da Attack no lançamento
de seus discos, assim como ele usava o selo da HMV nos lançamentos
da EMI. Estamos muito gratos em acomodá-lo e esperamos
que achemos novos artistas para usar o selo da Attack. A Attack
Records será uma reflexão de sua criativa visão
e de uso exclusivo. A Sanctuary Records Group inclui artistas
da Rough Trade Records, Fantastic Plastic, Trojan Records e bandas
como The Strokes, Spiritualized, The Libertines, Ween, Death In
Vegas, British Sea Power, Pet Shop Boys, The Beatings, Tricky
and The Futureheads."
E
assim, em 2004 Morrissey lança You Are the Quarry,
um clássico e um dos melhores (ou o melhor) disco do ano.
Mantendo a dupla de guitarristas
Boz Boorer e Alain Whyte, além do antigo baixista Gary
Day e o baterista Dean Butterworth, Morrissey se travestiu de
gângster na capa e como a metralhadora indicava, saiu atirando
para todos os lados.
Morrissey não perdoou
o estilo de vida dos norte-americanos, na primeira faixa "America
Is Not The World". A segunda é a poderosa "Irish
Blood, English Heart" e a terceira a genial "I Have
Forgive Jesus", onde conta um pouco da violência que
sofria quando criança.
Para quem acha que entende
e conhece Morrissey à fundo, ele dedicou "How Can
Anybody Possibly Know How I Feel?" e aos idiotas que tanto
o perseguem, "The World Is Full of Crashing Bores".
Embora,
seja um disco com duas guitarras, o clima é mais lento
e Morrissey impressiona pela excelente forma vocal com que executa
as composições. Outra canção que merece
comentários é a cômica "All The Lazy
Dykes", algo como "todas as sapatonas vagabundas".
Desde que o disco saiu,
Morrissey segue inabalável dando shows pelo mundo e no
final de março de 2005, o mundo conhecu um outro disco
ao vivo, Live At Earls Court , que inspirou um
DVD chamado Who Put the M in Manchester?, gravado
na cidade-natal do cantor para uma audiência histérica,
onde misturava sucessos solos com dos Smiths.
Se alguém puder
dispor de um bom dinheiro e tiver interesse em ter todos os singles
de Morrissey nos anos em que ele gravou pela EMI, de 1988 a 1995
pode adquirir duas preciosidades, lançadas em 2000: The
CD Singles, Vol. 1: 1988-1991 e The CD Singles,
Vol. 2: 1991-1995, que contam com a arte original de
cada single.
Desejando que Morrissey
passe pelo Brasil em breve, novamente, deixo vocês com a
discogradia do maior letrista dos últimos 25 anos. Um abraço
e até a próxima coluna.
Discografia
Singles
"Suedehead" (1988)
"Everyday Is Like Sunday" (1988)
"The Last of the Famous International Playboys" (1989)
"Interesting Drug" (1989)
"Ouija Board, Ouija Board" (1989)
"November Spawned a Monster" (1990)
"Piccadilly Palare" (1990)
"Our Frank" (1991)
"Sing Your Life" (1991)
"Pregnant for the Last Time" (1991)
"My Love Life" (1991)
"We Hate It When Our Friends Become Successful" (1992)
"You're the One for Me, Fatty" (1992)
"Certain People I Know" (1992)
"Glamorous Glue" (1992)
"Tomorrow" (1992)
"The More You Ignore Me, the Closer I Get" (1994)
"Hold on to Your Friends" (1994)
"Interlude" (com Siouxsie Sioux) (1994)
"Now My Heart Is Full" (1994)
"Boxers" (1995)
"Dagenham Dave" (1995)
"The Boy Racer" (1995)
"Sunny" (1995)
"Alma Matters" (1997)
"Roy's Keen" (1997)
"Satan Rejected My Soul" (1997)
"Irish Blood, English Heart" (2004)
"First of the Gang to Die" (2004)
"Let Me Kiss You" (2004)
"I Have Forgiven Jesus" (2004)
"Redondo Beach" / "There Is a Light That Never
Goes Out" (2005)
"You Have Killed Me" (2005)
"The Youngest Was the Most Loved" (2006)
"In the Future When All's Well" (2006)
"I Just Want to See the Boy Happy" (2006)
"That's How People Grow Up" (2008)
"All You Need Is Me" (2008)
"I'm Throwing My Arms Around Paris" (2009)
"Something Is Squeezing My Skull"(2009)
Discos
Viva Hate (1988)
Bona Drag (1990)
Kill Uncle (1991)
Your Arsenal (1992)
Beethoven Was Deaf (1993)
Vauxhall and I (1994)
Southpaw Grammar (1995)
World Of Morrissey (1995)
Suedehead: The Best of Morrissey (1997)
Maladjusted (1997)
My Early Burglary Years (1998)
The CD Singles, Vol. 1: 1988-1991 (2000)
The CD Singles, Vol. 2: 1991-1995 (2000)
The Best of Morrissey (2001)
Under the Influence (2003)
You Are The Quarry (2004)
Live At Earls Court (2005)
Ringleader of the Tormentors (2006)
Greatest Hits (2008)
Years of Refusal (2009)
Swords (2009)
Vídeos
Hulmerist (1990)
Live in Dallas (1992)
The Malady Lingers On (1992)
Introducing Morrissey (1996)
!Oye Esteban! (2000)
Who Put the M in Manchester? (2005)
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