Nick Drake é
um mistério até hoje. Cantor cultuado por vários
artistas, entre eles, o moderno Belle and Sebastian, Drake lançou
três discos em vida. Vida essa que foi curta e acabou aos
26 anos. Nick Drake nasceu na Ilha de Burma, um protetorado inglês
do período da Segunda Guerra Mundial. Seu pai, Nicky foi
trabalhar em Burma durante os anos 30. Lá conheceu Molly,
com quem se casou. Em 1948, no dia 19 de junho, nasceu Nicholas
Rodney Drake. Seus três discos venderam em vida menos de
20 mil cópias. A grande decepção em sua carreira
foi o segundo álbum, Bryter Layter, o mais elaborado e
que esperava que desse uma impulsionada em sua carreira. Não
foi o caso. Drake, então ficou um tempo sem lançar
outro disco. Com Pink Moon, fecha sua carreira, em 1972. Em 1974,
tomou por acidente uma overdose de anti-depressivos e morreu no
dia 25 de novembro. Foi o fim de uma vida curta e problemática
e o início de um mito.
A primeira vez que ouvi seu nome eu ainda trabalhava na loja de
CDs Sweet Jane, de meu amigo Carlos. Só sabia que era um
cantor cult, que tinha morrido cedo e que lembrava o nome de Nick
Cave, que tanto gosto.
Com o tempo, fui começando
a ler e ouvir bandas que foram influenciadas por seu som. Como
vendia-se Belle and Sebastian que nem água na Sweet, eu
comecei a ficar de olho. A caixinha Fruit Tree, com seus
três discos e mais um de material inédito, sempre
estava perto dos meus olhos, mas eu nunca adquiria.
A maior referência
que eu tinha é que era um som meio deprê, lembrando
muito Leonard Cohen (outro cara que admiro) e que como Cohen,
foi mais falado do que ouvido.
Drake era um cara chamado
boa pinta: bonito, alto, atlético, foi jogador de rugby
e começou a interessar-se por música ainda criança,
já que sua mãe era uma cantora amadora e seu lar
era muito musical.
Aos 4 anos, produziu sua
primeira canção "Cowboy Small". Aos oito
anos, já na Inglaterra, foi mandado para a escola em Sandhurst.
Dono de uma personalidade forte, liderava o Coro da Capela, e
muitas vezes foi indicado como o líder da turma.
Aos 14 anos, aprendeu a tocar
sax alto, clarineta e piano, em Marlborough, uma escola tradicional
que sempre enviava seus alunos para Cambridge ou Oxford. Nessa
época começou a dividir o amor por rock, cigarros
e cerveja com um bando de amigos rebeldes. Foi nessa época
que mostrou forte aptidão atlética e teve contato
com uma guitarra elétrica.
Mas a música falava
mais alto e participou de uma banda chamada The Perfumed Gardeners,
sem ser o astro principal, mas que cantava na banda sempre que
podia. Nick cultivava com os amigos o hábito de pegar carona
na estrada que levava até Londres, para ver algumas bandas
emergentes: Fairport Convention, de Richard Thompson, de quem
depois ficaria amigo e que tocaria nos ábuns solos de Drake,
Spencer Davis Group e Moody Blues.
Em
1965, resolveu viajar com os amigos para a Bélgica, França
e Alemanha por três semanas. Encantou-se com a viagem, em
especial com a França e seu chanson tradicional. No ano
seguinte, deixou Marlborough e demorou mais um ano até
ir para Cambridge.
Ao voltar da viagem, foi
para o apartamento de sua irmã, Gabrielle, em Londres.
Lá começou a desenvolver as primeiras canções.
Ficou um tempo na França, em Aix-en-Provence, para aprender
francês durante o recesso das aulas de Cambridge.
De Aix, onde conheceu um
grupo de jovens poetas, cantores e alunos da classe alta francesa,
seguiu com o grupo para o Marrocos e experimentou LSD pela primeira
vez.
De volta aos estudos, começou
a pensar seriamente em ser cantor. Desistiu da formatura em Inglês
dois anos antes e assinou um contrato com a então emergente
Island, de Chris Blackwell, um pequeno selo que investia em ska
e reggae.
Conheceu
o produtor Joe Boyd, de 26 anos, que se apaixonou por aquelas
letras amargas e com 21 anos, Nick lançava Five Leaves
Left. O disco foi aclamado pela crítica e vendeu 5
mil cópias, um número expressivo para um artista
pequeno e sem muita divulgação, em 1969.
Entusiasmado com as reações,
que comparavam-no a Van Morrison, Nick voltou para Cambridge,
mas já estava tomado totalmente pela música.
Já
na década de 70, Nick tenta fazer sua obra-prima: queria
um disco recheado de cordas e sutilezas mil. Lançou então
Bryter Layter e quando mais esperava o sucesso, ele não
veio. Um dos motivos foi a pouca exibição em público.
Drake sempre foi avesso a platéia, que também se
mostrava pouco receptiva. Já nessa época Nick Drake
começou a mostrar uma certa melancolia profunda que depois
se tornaria uma grande depressão.
Nick começou a escrever
novas músicas e resolveu gravar em duas noites as músicas
que resultariam em Pink Moon, seu terceiro e
último LP, com o produtor John Wood. As novs músicas
não tinham músicos, era apenas o violão de
Nick e quase todas gravadas em um take apenas.
Wood ouviu as faixas, gostou,
mas pensou que fosse apenas as gravações iniciais
e ficou supreso quando Nick disse que não queria arranjo
algum.
As músicas eram diferentes
dos dois primeiros LPs e pediram que ele levasse a fita na gravadora
Island. Nick levou, mas, tomado de um ataque de pânico,
não conseguiu entrar no prédio, deixando a fita dentro
de um envelope na portaria e sumindo, em seguida. O pacote foi
descoberto dias depois, quando um funcionário abriu. Foi
quando se depararam com o novo trabalho de Drake.
Pink
Moon foi lançado, em fevereiro de 1972. Depois do lançamento,
Drake teve um colapso nervoso, por causa das drogas e da depressão
que já vinha se manifestando.
Voltou então para
a casa dos pais, em Far Leys, onde ficou recebendo cuidados médicos.
Começou a ser medicado com Tryptizol, um remédio
que deixava o paciente meio que letárgico e que devastou
sua criatividade artistíca.
Dezoito meses após
começar o tratamento, sentiu insônia, tomou uma dose
do remédio a mais, teve uma parada cardíaca e morreu.
Sua
casa até hoje é visitada por fãs que querem
conhecer mais sobre a vida do artista, que produziu belas peças.
Sua mãe vive recebendo
telefonemas de pessoas pedindo para poderem ir até a casa
dela.
Finalmente, em 1991, uma
caixa com os três discos e mais um de bônus foi lançado:
Fruit Tree. Além das músicas, há um
belo texto assinado por Arthur Lubow. A caixa havia sido editada
em 1979, mas apenas com os três primeiros LPs, já
que o disco extra - de nome Time of No Reply
- foi editado apenas em 1986.
Assim, a caixa traz os seguintes
discos e faixas:
Disco 1: Five Leaves
Left
1. "Time Has Told Me" - 4:27
2. "River Man" - 4:21
3. "Three Hours" - 6:16
4. "Way to Blue" - 3:05
5. "Day Is Done" - 2:22
6. "'Cello Song" - 3:58
7. "The Thoughts of Mary Jane" - 3:12
8. "Man in a Shed" - 3:49
9. "Fruit Tree" - 4:42
10. "Saturday Sun" - 4:00
Disco 2: Bryter Layter
1. "Introduction" - 1:33
2. "Hazey Jane II" - 3:46
3. "At the Chime of a City Clock" - 4:47
4. "One of These Things First" - 4:52
5. "Hazey Jane I" - 4:31
6. "Bryter Layter" - 3:24
7. "Fly" - 3:00
8. "Poor Boy" - 6:09
9. "Northern Sky" - 3:47
10. "Sunday" - 3:42
Disco 3: Pink Moon
1. "Pink Moon" - 2:06
2. "Place to Be" - 2:44
3. "Road" - 2:02
4. "Which Will" - 2:59
5. "Horn" - 1:23
6. "Things Behind the Sun" - 3:56
7. "Know" - 2:27
8. "Free Ride" - 3:36
9. "Parasite" - 3:05
10. "Harvest Breed" - 1:38
11. "From the Morning" - 2:31
Disco 4: Time of No Reply
1. "Time of No Reply" - 2:47
2. "I Was Made to Love Magic" - 3:28
3. "Joey" - 3:06
4. "Clothes of Sand" - 2:32
5. "Man in a Shed" (Demo) - 3:06
6. "Mayfair" - 2:33
7. "Fly" (Demo) - 3:37
8. "The Thoughts of Mary Jane" (Demo) - 3:46
9. "Been Smoking Too Long" - 2:17
10. "Strange Meeting II" - 3:38
11. "Rider on the Wheel" - 2:33
12. "Black Eyed Dog" (Demo) - 3:28
13. "Hanging on a Star" - 2:49
14. "Voice From the Mountain" - 2:12
Em 2007, foi editado uma nova versão
do box, contendo um DVD com o filme biográfico Skin
Too Few.
1. Skin Too Few (The Days Of Nick Drake)
(biographical film)
2. Introduction
3. Hazey Jane I
4. How Wild The Wind Blows
5. River Man
6. At The Chime Of A City Clock
7. Day Is Done
8. Know
9. Hanging On A Star
10. From The Morning
11. Northern Sky
Fique com a letra de "Saturday Sun"
e discografia de Nick Drake. Um abraço.
Saturday Sun came early one morning
In a sky so clear and blue
Saturday Sun came without warming
So no-one knew what to do
Saturday Sun brought people and faces
That didn’t seem
much in their day
But when I remember those people and places
They were really too good in their way
In their way
In their way
Saturday Sun won’t come and see me today
Think about stories with
reason and rhyme
Circling through your brain
And think about the people in their season and time
Returning again and again
And again
And again
And Saturday’s sun has turned to Sunday rain
So Sunday sat in the saturday
sun
And wept for a day gone by.
Traduzindo ficaria mais ou
menos assim:
O sol de sábado
apareceu cedo em uma manhã
Em um céu tão claro e triste
O sol de sábado veio sem aviso
E ninguém soube o que fazer
O sol de sábado trouxe pessoas e rostos
Eles não entenderam
o que fazer neste dia
Mas eu quando eu me lembro dessas pessoas e lugares
Eles eram muito bom do jeito deles
Do jeito deles
Do jeito deles
O sol de sábado não veio me ver hoje
Pensando a respeito de
estórias com razões para rimar
Rodando dentro da sua cabeça
E pensando a respeito de pessoas e suas razões e tempo
Voltando mais e mais
E de novo
E de novo
E o sol de sábado se transformou na chuva de domingo
E o domingo se pôs
no sol de sábado
E chorou até o dia passar
Discografia
Five Leaves Left (1969)
Bryter Layter (1970)
Nick Drake (coletânea norte-americana, 1971)
Pink Moon (1972)
Fruit Tree (1979)
Heaven in a Wild Flower: An Exploration of Nick Drake (1985)
Time of No Reply (1986)
Way to Blue: - An Introduction to Nick Drake (1994)
Made To Love Magic (2004)
A Treasury (2004)
Family Tree (2007)
|