Se
você gosta de bandas com uma proposta mais ousada e sente
falta de uma que cante em português, saiba que existiu (e
ainda existe, aliás) um grupo chamado Patife Band. Liderados
por Paulo Barnabé, irmão do músico Arrigo,
o grupo lançou dois excelentes discos na década
de 80, até sumirem e retornarem no Século XXI, com
uma nova formação e um disco ao vivo.
Tudo
começou em 1983, quando Paulo Barnabé fundou uma
banda de nome Paulo Patife Band.
Irmão do músico
Arrigo Barnabé, que trazia uma proposta ousada de misturar
o erudito com o popular, o dodecafônico com o pop, além
da atonalidade, Paulo arregimentou, em pouco tempo, um grupo de
músicos para o projeto.
A música da banda
seria mais rock do que a de Arrigo, com um pé no punk e
no new wave, com elementos experimentais, jazz, além das
letras provocativas, satíricas e até nonsense de
Paulo. O Patife Band tinha um estilo próprio, sem similares
no país. Um bom exemplo, por exemplo, seria o grupo norte-americano
Pere Ubu.
Logo,
a banda teria o nome reduzido para Patife Band e a formação
traria, além de Paulo, André Fonseca (guitarra e
voz), Sidney Giovenazzi (baixo e voz) e James Müller (bateria).
Segundo a pequena
biografia do grupo no site myspace, "Paulo
Barnabé tem influência das técnicas de composição
erudita contemporânea de onde surgem ritmos assimétricos,
células atonais, séries dodecafônicas. Há
também assumida influência de punk-rock, do jazz
e ritmos brasileiros, o que torna a 'brincadeira' ainda mais interessante!"
Após muito ensaio,
em 1984, a banda prepara um repertório para o primeiro
lançamento do grupo, um EP apenas com o nome Patife
Band.
Curto
em duração, longo em criatividade, o Patife mostrava
porque foi considerado um dos expoentes da vanguarda paulistana,
nos anos 80.
Letras irônicas,
mudança de andamento e de estilo repentinos, muita técnica
e inteligência fizeram o EP - lançado pelo selo Lira
Paulistana - um achado. O trabalho abre com uma regravação
da Jovem Guarda, "Tijolinho", de Wagner Benatti e traz
o maior clássico do grupo, a feroz "Tô Tenso",
além de uma divertida regravação do clássico
natalino "Noite Feliz".
O EP trazia seis músicas,
a saber:
Lado A
01. Tijolinho
02. Pregador Maldito
03. Pesadelo
Lado B
01. Tô Tenso
02. Noite Feliz
03. Peiote
Tanto
talento chamou a atenção da Warner, que os contrata
para um LP. Assim, nasce uma das mais belas gemas obscuras do
rock brasileiro dos anos 80, Corredor Polonês.
Mesmo gravando em uma major,
o Patife manteve sua linguagem ousada. Corredor Polonês
não difere muito do EP de estréia. O disco traz
uma regravação de "Tô Tenso" - que
posteriormente seria gravada pelos Ratos de Porão, além
da faixa-título e "Teu Bem" (regravada por Cássia
Éller).
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado A
01. Corredor Polonês
02. Pesadelo
03. Chapeuzinho Vermelho (Lil' Red Riding Hood)
04. Tô Tenso
05. Poema em Linha Reta
Lado B
01. Teu Bem
02. Três por Quatro
03. Pregador Maldito
04. Vida de Operário
05. Maria Louca
O
grupo saiu em uma excursão para a promoção,
onde se destacava Paulo Barnabé, com suas apresentações
maníacas e que não parava um segundo sequer no palco.
O grupo, porém,
encerrou as atividades logo depois. O
Patife Band acabaria retonando apenas em 2003. Com
outros companheiros - Emerson Vilanni (guitarra), Eduardo Batistella
(bateria) e Mauricio Biazzi (baixo), além de Paulo, claro,
a Patife participa do festival demo-sul, em Londrina (Paraná)
e gravam um CD ao vivo.
Deixo vocês com a
discografia da banda. Um abraço e até a próxima
coluna.
Discografia
Patife Band (1985)
Corredor Polonês (1987)
Ao Vivo (2003)
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