A saída
de Peter Gabriel dos Genesis criou uma dupla dúvida: o
que seria da banda sem seu carismático vocalista e letrista?
E o que seria dele sem o grupo? Bem, lentamente a banda caminhou
para um lado mais acessível, virou campeão de vendagens,
em 1986, com o Invisible Touch (mesmo ano em que Gabriel lançou
So e os dois dividiam o topo da parada norte-americana),
enquanto Peter partiu para trabalhos mais intimistas, densos,
com canções mais curtas e cheio de convidados mais
do que especiais. Essa primeira coluna abordará os dois
primeiros álbuns solos, quando Gabriel mostrava que tinha
muito a oferecer em sua nova empreitada.
A
saída dos Genesis deixou muitas marcas em Peter Gabriel.
A banda tinha ficado magoado
com o vocalista, que largou a banda para cuidar de sua esposa,
Jill, que enfrentava problemas na gravidez da primeira criança
do casal, Anna. Nos últimos shows com o Genesis, Peter
invariavelmente saía chorando do palco, por estar dando
adeus à banda e por seus traumas pessoais.
Após o nascimento,
Peter passou um tempo em Toronto (Canadá), onde gravou
o primeiro disco com o produtor Bob Ezrin, famoso pelo seus trabalhos
com Lou Reed e o Kiss.
A primeira amostra de que
Peter estava vivo e bem foi o single Solsbury Hill,
lançado em 1977 e que chegou ao Top 20 na Inglaterra, e
ao Top 70, na América, uma delicada indireta ao ex-grupo.
O lado B trazia "Moribund the Burgermeister".
As gravações
ocorreram entre julho de 1976 e janeiro de 1977, com Gabriel vendo
o punk florescer na Inglaterra e dando entrevistas dizendo que
não havia animosidade entre ele e os demais integrantes
do Genesis.
Para auxiliá-los,
montaram um time de primeira que contava com Robert Fripp e Steve
Hunter, nas guitarras, Tony Levin, no baixo, o baterista Allan
Schwartzberg, os tecladistas Jozef Chirowski e Larry Fast e o
percussionista Jimmy Maelen.
Lançado
no dia 25 de fevereiro de 1977, pela Atco, nos EUA e Canadá,
e pela Charisma, no Reino Unido, o LP ficou em sétimo lugar
na Inglaterra e na 38ª posição, na América.
Ao contrário dos
discos dos Genesis, as músicas eram menores, mais diretas,
com Peter preferindo ideias mais simples, a começar pelo
título.
Aliás, os quatro
primeiros LPs de Peter sempre teriam o nome dele nos títulos,
sendo reconhecido pelos fãs pelas fotos das capas. Assim
o álbum de estréia ficou famoso como "Car"
ou até "Rain" (Chuva).
O trabalho trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
1. "Moribund the Burgermeister"
Gabriel 4:20
2. "Solsbury Hill" Gabriel 4:21
3. "Modern Love" Gabriel 3:38
4. "Excuse Me" Gabriel, Martin Hall 3:20
5. "Humdrum" Gabriel 3:25
Lado 2
1. "Slowburn"
Gabriel 4:36
2. "Waiting for the Big One" Gabriel 7:15
3. "Down the Dolce Vita" Gabriel 5:05
4. "Here Comes the Flood" Gabriel 5:38
O
LP foi extremamente elogiado por crítica e fãs.
Peter se mostrava em boa forma, ainda que tenha achado que algumas
faixas ficaram produzidas demais.
Parte disso, se deve a
não inexperiência de ser um artista solo e ter deixado
tudo nas mãos de Ezrin, um produtor renomado.
Após o lançamento,
Peter reuniu uma banda para uma primeira turnê, com quase
todos os músicos que o acompanharam nas gravações.
A única mudança
era Phil Aaberg no lugar de Jozef Chirowski.
A primeira parte da turnê,
entitulada, "Expect the Unexpected", começou
no dia 5 de março, nos Estados Unidos e se estendeu pelo
mês de abril.
A segunda parte da turnê,
se iniciou na Inglaterra, com mudanças no grupo, tendo
Sid McGinnis, na guitarra, Tony Levin (baixo), Jerry Marotta (bateria)
e Bayette (telcados), começou no dia 30 de agosto e correu
também a Europa, terminando no dia 1º de novembro.
Imediatamente, Peter voltou
aos estúdios para produzir um novo LP. Mais sombrio e experimental,
se mostrava mais próximo aos grupos punks e new waves do
que os antigos companheiros dos anos 70. A sombra de uma estrela
do rock progressivo era rapidamente posta de lado.
Os
convidados continuavam quase os mesmos - Tony Levin, Sid McGinnis,
Larry Fast, Robert Fripp, Jerry Marotta, além de Roy Bittan
(que tocava com Bruce Springsteen e havia trabalhado com David
Bowie).
Desta vez, a produção
ficou a cargo de Robert Fripp. Embora não tenha gerado
hits, 2 (ou Scratch - "Arranhão") era uma obra
mais consistente ainda que bem difícil para os fãs.
O disco trazia temas interessantes,
como "D.I.Y." - uma referência ao lema "do
it yourself" usado pelos punks, além de uma co-parceria
com a esposa Jill, em "Mother of Violence".
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado 1
01. "On the Air" – 5:30
02. "D.I.Y." – 2:37
03. "Mother of Violence" (Peter Gabriel, Jill Gabriel)
– 3:10
04 ."A Wonderful Day in a One-Way World" – 3:33
05 ."White Shadow" – 5:14*
Lado 2
01. "Indigo"
– 3:30
02. "Animal Magic" – 3:26
03. "Exposure" (Peter Gabriel, Robert Fripp) –
4:12
04. "Flotsam and Jetsam" – 2:17
05. "Perspective" – 3:23+
06. "Home Sweet Home" – 4:37
Uma nova turnê foi
realizada tendo como banda de abertura o Simple Minds, semi desconhecidos
e que haviam lançado um estranhíssimo LP, Real
to Real Cacophony.
Após a turnê,
Peter se recolheria para pensar em um novo LP, que seria considerado
sua obra-prima em sua primeira fase. Mas isso é papo para
outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.
Discografia
Discos
Peter Gabriel (1 or Car) (1977)
Peter Gabriel (2 or Scratch) (1978)
Peter Gabriel (3 or Melt) (1980)
Peter Gabriel (4 or Security) (1982)
Plays Live (1983)
Birdy (1985)
So (1986)
Passion: Music for The Last Temptation of Christ (1989)
Shaking the Tree (1990)
Us (1992)
Revisited (1992)
Secret World Live (1994)
OVO (2000)
Up (2002)
Hit (2003)
Scratch my Back (2010)
|