Eles
tiveram grandes hits e sempre foram aclamados por crítica
e público. Seu vocalista, Sting, foi eleito o mais bonito
dos anos 80 e "Every Breath You Take", uma das canções
preferidas dos leitores das revistas. The Police, porém,
nunca fez uma turnê de despedida, apesar dos pedidos dos
fãs e de Andy Summers e de Stewart Copeland. Sting permanece
irredutível no retorno, mas não descarta uma aventura
conjunta com os ex-colegas. The Police foi uma banda que chegou
a vender mais de 50 milhões de discos e que deixou saudade
nos fãs do rock.
Eu poderia falar do Synchronicity, obra-prima
do grupo, de 1983, mas é chover no molhado. Ao invés
disso, vamos abordar o disco duplo póstumo Live!,
que traz dois shows opostos: um gravado em Boston, em 1981 e outro,
da última tour, em 1983, em Atlanta
O primeiro disco mostra uma
banda enérgica, mas muito crua, sem a elegância do
segundo disco. O Police estava para lançar Ghost In
The Machine e promoveu uma excursão com recordes de
público na América.
O
grande mérito é ter músicas pouco lembradas
pelos fãs, como "Next To You", "Truth Hits
Everybody" e "Fall Out", primeiro lançamento
da banda, com letra de Stewart Copeland. Outra novidade é
"Landlord", música que não consta em nenhum
álbum da banda.
Mas o fino é o segundo:
a banda catalisava todas as atenções do mercado
pop: haviam lançado um disco primoroso, era a turnê
mais disputada dos verões europeu e americano e estavam
no auge. Existe um vídeo deste show, que hoje deve ser
meio raro de conseguir, mas que vale a pena caçar.
Internamente, a banda não
poderia estar pior. Engolido pelo ego de Sting, o baterista e
fundador Stewart Copeland não conversava com o baixista.
Sobrava para Andy Summers fazer uma ponte nada fácil, além
de Miles Copeland, o manager do grupo e irmão de Stewart,
acalmar os ânimos.
Sting estava obcecado por
Jung e sua teoria da Sincronicidade. Isso fez com que as letras
ficassem mais amarradas umas com as outras, coisa que não
acontecia nos discos anteriores.
O show abre com a sequência
"Synchronicity I" e "Synchronicity II". A
banda mostra uma classe exuberante, com duas backing vocals no
apoio e um teclado pré-programado. Stewart mostra porque
pode ser considerado um dos cinco grandes bateristas da história
do rock e Andy dedilha a guitarra mais copiada dos anos 80.
Após a abertura, a
terceira música "Walking in Your Footsteps" prepara
o clima para talvez, a favorita dos fãs, "Message
in a Bottle". É somente em "O My God" que
Sting conversa com a platéia. Poucos se lembram dessa canção,
uma das mais belas letras do vocalista. Eis um pedaço dela:
"Quando você está sozinho e seu coração
não pertence a ninguém quando reza. Ó Meu
Deus, preencha este vazio, preencha de alguma forma, preencha
o espaço entre nós."
A banda ataca a seguir com
a música que Sting mais odeia no Police, "De Do Do
Do, De Da Da Da". A partir daí, ele volta ao último
disco com as belíssimas letras e climas de "Wrapped
Around Your Finger", a delicada "Tea in The Sahara".
Segue-se "Spirits of the Material World" e a preferida
de quem escreve, "King of Pain". O começo, com
Stewart no xilofone, e a platéia cantando a complicada
letra com o grupo é um dos grandes momentos do disco, senão
o maior. Sting se proclama o rei da dor e o público acompanha
o carismático líder.
"Don't Stand So Close
to Me" é apenas um aperitivo para o maior hit da banda,
"Every Breath You Take". Se você acha que é
impossível superar a versão de estúdio, ouça
aqui. Mesmo sem as cordas, a música ganha uma vida a mais.
A história de um homem escravizado pelo amor a uma mulher
é das letras mais amargas do pop, podendo ser comparada
a "Love Will Tear Us Apart" do Joy Division.
O show poderia fechar aí,
mas o Police resolve voltar ao passado com "Roxanne",
primeiro grande sucesso, "Can't Stand Losing You" e
"So Lonely". Um disco perfeito!
Muitos fãs e até
Stewart e Andy topariam voltar com o grupo para fazer uma turnê
de despedida, já que o Police encerrou suas atividades
por vontade de Sting, sem jamais ter feito um comunicado ao público.
Sua audiência sempre foi enorme, e o vocalista foi eleito
várias vezes por várias revistas como o roqueiro
mais bonito dos anos 80 e "Every Breath You Take "como
a melhor canção.
A banda se separou depois
por vários caminhos. Copeland compôs trilhas sonoras
de Rumble Fish, Wall Street e fez discos estimulados
pela música africana. Summers já tinha, mesmo na
época do Police, dois discos em parceria com Robert Fripp,
do King Crimson, Bewitched e I Advanced Masked.
Sting fez dois excelentes discos solos, The Dream of The Blue
Turtle, com uma banda de jazz de primeira, em que se destacava
a bateria de Omar Hakim, o teclado de Kenny Kirkland e o sax de
Branford Marsalis. O segundo, o duplo ao vivo, Bring On The
Night, melhorou em muito algumas canções, além
de atualizar alguns temas da época do Police. Depois disso,
Sting cismou com a Floresta Amazônica, cacique Raoni, Anistia
Internacional, fez turnês pelo Brasil, enfim, virou um artista
chato, apesar de seu ego achar o contrário.
A banda voltou a tocar para
o grande público pela última vez, no show da Anistia
Internacional, em 1986. Um não olhava na cara do outro,
mas mostraram a velha competência. Em "Invisible Sun",
Bono canta com Sting, e, no final do show, o U2 volta ao palco
com os instrumentos do Police para fazer uma versão com
todos que participaram do evento cantando "I Shall Be Released",
de Bob Dylan. Depois disso, ainda editaram uma coletânea.
A idéia era regravar todos os hits do grupo, mas devido
às brigas no estúdio, fizeram apenas uma regravação
de "Don't Stand So Close to Me".
Miles, Andy, Sting e Stewart
são agora bons amigos e vira e mexe acabam se encontrando
para uma velha conversa ou mesmo uma jam session, como no casamento
de Sting, na década de 90. Dois terços do grupo
tentam convencer Sting em fazer uma excursão de despedida.
O cantor se nega, dizendo que não é saudosista e
que está bem hoje em dia.
Muitos sites dedicados ao
grupo têm verdadeira ojeriza ao cantor pós-Police
e muitos desejam que ele morra. O medo é que mais uma vez
ele faça do Police um instrumento de seu talento e que
não seja mais o Police do passado. Lógico que não
será. Os integrantes já beiram os 50 anos - Andy
é quase um sessentão.
Mas por que voltar então?
O grupo durou oficialmente seis anos, de 1977 a 1983, lançou
discos sempre evoluindo técnica e musicalmente. O medo
é que a fase decadente que eles nunca tiveram chegue agora,
se bem que os integrantes dificilmente fariam um trabalho decepcionante.
O Police segue sendo um dos
grandes nomes do pop e do rock de todos os tempos. Sua despedida
lembra a do Led Zeppelin, que anunciou o fim após a morte
de John Bonham. E as duas bandas muitos se parecem: ambos possuíam
instrumentistas fantásticos. Uma disputa entre Bonham e
Copeland seria maravilhosa, assim como o baixo de Sting com de
John Paul Jones e as guitarras de Summers com Page. Alguns fãs
podem se descabelar com a comparação, mas não
precisam se preocupar. Cada um teve sua devida importância
em sua época. Duas bandas íntegras e que nunca voltaram
para apenas arrecadar uma graninha extra dos fãs.
Fiquem com a letra de "Every
Breath You Take".
Every breath you take
And every move you make
Every bond you break, every step you take
I'll be watching you
Every single day
And every word you say
Every game you play, every night you stay
I'll be watching you
Oh, can't you see
You belong to me?
How my poor heart aches
With every step you take
Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake, every claim you stake
I'll be watching you
Since you've gone I've
been lost without a trace
I dream at night, I can only see your face
I look around, but it's you I can't replace
I feel so cold, and I long for your embrace
I keep crying baby, baby please,
Oh, can't you see
You belong to me?
How my poor heart aches
With every step you take
Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake, every claim you stake
I'll be watching you
Every move you make, every step you take
I'll be watching you
I'll be watching you
Traduzindo ficaria mais ou
menos assim:
Cada suspiro que você
der,
Cada movimento que você fizer,
Cada vínculo que você romper,
Cada passo que você der,
Eu estarei te observando...
A cada dia,
Cada palavra que você disser,
Cada jogo que você jogar,
Cada noite que você ficar,
Eu estarei te observando
Você não
consegue perceber?
Você pertence a mim.
Como meu pobre coração dói
A cada passo que você dá
Cada movimento que você
fizer,
Cada promessa que você quebrar,
Cada sorriso que você fingir,
Cada alegação que você arriscar,
Eu estarei te observando
Desde que você partiu,
tenho estado perdido sem uma pista.
Eu sonho à noite, só consigo ver seu rosto,
Eu olho ao redor mas é você que não consigo
substituir.
Eu sinto tanto frio e eu desejo muito que você me abraçe,
Eu continuo implorando "baby, baby, por favor !"
Você não consegue perceber?
Você pertence a mim.
Como meu pobre coração dói,
A cada suspiro que você dá.
Cada movimento que você
fizer,
Cada promessa que você quebrar,
Cada sorriso que você fingir,
Cada alegação que você arriscar
Cada movimento que você fizer,
Cada passo que você der,
Eu estarei te observando.
Discografia
Outlandos d'Amour (1978)
Reggata de Blanc (1979)
Zenyatta Mondatta (1980)
Ghost In The Machine (1981)
Synchronicity (1983)
Every Breath You Take: The Singles (1986)
Message in a Box: The Complete Recordings (1993)
Live! (1995)
Every Breath You Take: The Classics (1995)
Greatest Hits (1998)
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