325 - R.E.M. - Up

O primeiro disco sem Bill Berry, Up, foi uma prova de fogo para a banda, que não sabia como se comportaria sem o velho companheiro nos estúdios. A banda enfrentava um período de insegurança que refletiu em um disco longo, mais eletrônico e que vendeu pouco, imitando o desempenho de New Adventures in Hi-Fi.


"Um cão de três pernas ainda é um cão. Ele apenas precisa aprender a andar de outra maneira."

Era dessa maneira que Michael Stipe se referiu ao R.E.M., sem Bill Berry.

Para o lugar de Bill, a banda escalou Joey Waronker, filho de um alto executivo da Warner, Lenny Waronker. Joey seria músico de estúdio e tocaria nos shows, mas não seria incorporado ao grupo como membro oficial. Além deles, a banda levou para o estúdio o velho conhecido Scott McCaughey (teclados e percussão), Barrett Martin (percussão), além do produtor e tradicional companheiro Pat McCarthy.

Sem Bill, a banda enfrentou uma maratona exaustiva e dolorida em estúdio. As gravações demoraram seis meses e a comunicação entre os membros e McCarthy não funcionava. Sem a simpatia e a amizade de Berry, o clima relaxado não existia mais.

"Quando Bill saiu, eu cheguei e disse que faríamos outro disco não importa o que acontecesse", disse Peter Buck.

Mas, Mike Mills conta que a banda quase terminou: "Cinco minutos depois que Bill disse que estava fora, conversamos sobre terminarmos o R.E.M., mas somos teimosos e quanto mais éramos levados a crer que acabaríamos, mais lutávamos contra isso. Além disso Bill afirmou que se a banda acabasse por causa dele, não deixaria o grupo. Bill disse que não queria entrar para a história como o cara que acabou com o R.E.M."

O trio restante lutava contra a tensão de ser um trio e com a promessa de que não terminariam após a saída de Bill. Um verdadeiro dilema... Além disso, o grupo já havia entregado um disco com pouca vendagem para a Warner, New Adventures in Hi-Fi. Seria mais uma coisa para pressioná-los?

"Não há crise de criatividade. A Warner ficaria muito infeliz se falássemos que não faríamos uma turnê, vídeos ou não daríamos entrevistas. Não queremos fazer nada disso. Queremos que as pessoas ouçam esse disco. Já disse que não quero receber pagamento nenhum esse ano por nada. Não estamos nessa por dinheiro e sim porque amamos", desabafou Peter Buck.

capa do disco UpApós muita luta, é editado em outubro de 1998, Up.

O novo trabalho seguia a trilha eletrônica que começara no disco anterior, afastando um pouco mais os fãs mais tradicionais e puristas dos anos 80.

Michael Stipe vivia saindo com Thom Yorke, do Radiohead e, decididamente, isto influenciava a banda.

O CD trazia longas 14 faixas e foi lançado em vinil duplo. As músicas eram:

1. "Airportman" – 4:12
2. "Lotus" – 4:30
3. "Suspicion" – 5:36
4. "Hope" (Leonard Cohen, Buck, Mills, Stipe) – 5:02
5. "At My Most Beautiful" – 3:35
6. "The Apologist" – 4:30
7. "Sad Professor" – 4:01
8. "You're in the Air" – 5:22
9. "Walk Unafraid" – 4:31
10. "Why Not Smile" – 4:03
11. "Daysleeper" – 3:40
12. "Diminished"² – 6:01
13. "Parakeet" – 4:09
14. "Falls to Climb" – 5:06

contra-capa do disco UpEm vinil, a ordem era:

Lado 1: "Airportman" / "Lotus" / "Hope".

Lado 2: "At My Most Beautiful" / "The Apologist" / "Sad Professor".

Lado 3: "In the Air" / "Walk Unafraid" / "Why Not Smile" / "Daysleeper".

Lado 4: "Diminished" / "Parakeet" / "Falls to Climb".

A nova linha eletrônica mostrou-se um fracasso comercial. Up vendeu vendeu pouco mais de 600 mil cópias em quase dez anos, nos Estados Unidos. Na época do lançamento ficou em terceiro na América e, em segundo, no Reino Unido.

Em "Hope", deram crédito a Leonard Cohen, embora o escritor, cantor e compositor canadense não tenha colaborado na faixa. A medida foi realizada por semelhanças na letra e na melodia com um antigo sucesso de Cohen, "Suzanne".

Apenas uma música de trabalho foi editada na América e no Reino Unido; Daysleeper, ao contrário do Japão, que editou vários compactos não apenas em sete polegadas, mas no minúsculo formato de três polegadas!

Em 12 polegadas, o single trazia as seguintes canções:

1. "Daysleeper"
2. "Emphysema" (instrumental)
3. "Sad Professor" (live in studio) (Germany only)
4. "Why Not Smile" (Oxford American version)

Mike Mills revelou que não ficaram desapontados com as baixas vendagens: "nós ainda temos a habilidade de nos surpreendermos a cada trabalho. E fico feliz que consigamos isso também com nossa audiência. A principal razão para continuarmos é que nos sentimos relevantes e interessantes ainda. Somos teimosos."

Uma faixa bem interessante é "At My Most Beautiful", que Stipe escreveu para um casal amigo. "Eu estava dirigindo em Santa Monica enquanto editava o livro da Patti Smith que eu estava montando (2XIntro: On The Road With Patti Smith). Acabei ficando preso no engarrafamento do meio-dia e estava ouvindo umas fitas que tinha no carro. Comecei então a pensar numa letra e rabisquei 'I found a way to make you smile', e achei a coisa mais encantadora que havia escrito no mundo. Acabei fazendo a letra e música."

Como sempre, o R.E.M. adora fazer embalagens especiais para seus discos, e nesse caso, foi editada uma embalagem especial trazendo o CD.

O disco acabaria jogando a banda na estrada e levariam um bom tempo para que voltassem ao estúdio. E essa volta fico para outro dia. Um abraço e até a próxima coluna.

Discografia

Chronic Town (1982)
Murmur (1983)
Reckoning (1984)
Fables of Reconstruction (1985)
Lifes Rich Pageant (1986)
Dead Letter Office (1987)
Document (1987)
Eponymous (1988)
Green (1988)
Out Of Time (1991)
The Best of R.E.M. (1991)
Automatic for the People (1992)
Monster (1994)
R.E.M.: Singles Collected (1994)
The Automatic Box (1995)
New Adventures in Hi-Fi (1996)
In the Attic: Alternative Recordings 1985-1989 (1997)
The Best of R.E.M. (1998)
Up (1998)
Reveal (2001)
In Time: The Best of R.E.M. 1988-2003 (2003)
Around the Sun (2004)
And I Feel Fine... The Best of the I.R.S. Years 1982-1987 (2006)
R.E.M. Live (2007)
Acelerate (2008)

 


 

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