O primeiro disco
sem Bill Berry, Up, foi uma prova de fogo para a banda, que não
sabia como se comportaria sem o velho companheiro nos estúdios.
A banda enfrentava um período de insegurança que
refletiu em um disco longo, mais eletrônico e que vendeu
pouco, imitando o desempenho de New Adventures in Hi-Fi.
"Um cão
de três pernas ainda é um cão. Ele apenas
precisa aprender a andar de outra maneira."
Era
dessa maneira que Michael Stipe se referiu ao R.E.M., sem Bill
Berry.
Para o lugar de Bill, a
banda escalou Joey Waronker, filho de um alto executivo da Warner,
Lenny Waronker. Joey seria músico de estúdio e tocaria
nos shows, mas não seria incorporado ao grupo como membro
oficial. Além deles, a banda levou para o estúdio
o velho conhecido Scott McCaughey (teclados e percussão),
Barrett Martin (percussão), além do produtor e tradicional
companheiro Pat McCarthy.
Sem Bill, a banda enfrentou
uma maratona exaustiva e dolorida em estúdio. As gravações
demoraram seis meses e a comunicação entre os membros
e McCarthy não funcionava. Sem a simpatia e a amizade de
Berry, o clima relaxado não existia mais.
"Quando Bill saiu,
eu cheguei e disse que faríamos outro disco não
importa o que acontecesse", disse Peter Buck.
Mas,
Mike Mills conta que a banda quase terminou: "Cinco minutos
depois que Bill disse que estava fora, conversamos sobre terminarmos
o R.E.M., mas somos teimosos e quanto mais éramos levados
a crer que acabaríamos, mais lutávamos contra isso.
Além disso Bill afirmou que se a banda acabasse por causa
dele, não deixaria o grupo. Bill disse que não queria
entrar para a história como o cara que acabou com o R.E.M."
O trio restante lutava
contra a tensão de ser um trio e com a promessa de que
não terminariam após a saída de Bill. Um
verdadeiro dilema... Além disso, o grupo já havia
entregado um disco com pouca vendagem para a Warner, New
Adventures in Hi-Fi. Seria mais uma coisa para pressioná-los?
"Não há
crise de criatividade. A Warner ficaria muito infeliz se falássemos
que não faríamos uma turnê, vídeos
ou não daríamos entrevistas. Não queremos
fazer nada disso. Queremos que as pessoas ouçam esse disco.
Já disse que não quero receber pagamento nenhum
esse ano por nada. Não estamos nessa por dinheiro e sim
porque amamos", desabafou Peter Buck.
Após
muita luta, é editado em outubro de 1998, Up.
O novo trabalho seguia
a trilha eletrônica que começara no disco anterior,
afastando um pouco mais os fãs mais tradicionais e puristas
dos anos 80.
Michael Stipe vivia saindo
com Thom Yorke, do Radiohead e, decididamente, isto influenciava
a banda.
O CD trazia longas 14 faixas
e foi lançado em vinil duplo. As músicas eram:
1. "Airportman"
– 4:12
2. "Lotus" – 4:30
3. "Suspicion" – 5:36
4. "Hope" (Leonard Cohen, Buck, Mills, Stipe) –
5:02
5. "At My Most Beautiful" – 3:35
6. "The Apologist" – 4:30
7. "Sad Professor" – 4:01
8. "You're in the Air" – 5:22
9. "Walk Unafraid" – 4:31
10. "Why Not Smile" – 4:03
11. "Daysleeper" – 3:40
12. "Diminished"² – 6:01
13. "Parakeet" – 4:09
14. "Falls to Climb" – 5:06
Em
vinil, a ordem era:
Lado 1:
"Airportman" / "Lotus" / "Hope".
Lado 2:
"At My Most Beautiful" / "The Apologist" /
"Sad Professor".
Lado 3:
"In the Air" / "Walk Unafraid" / "Why
Not Smile" / "Daysleeper".
Lado 4:
"Diminished" / "Parakeet" / "Falls to
Climb".
A nova linha eletrônica
mostrou-se um fracasso comercial. Up vendeu vendeu pouco mais
de 600 mil cópias em quase dez anos, nos Estados Unidos.
Na época do lançamento ficou em terceiro na América
e, em segundo, no Reino Unido.
Em
"Hope", deram crédito a Leonard Cohen, embora
o escritor, cantor e compositor canadense não tenha colaborado
na faixa. A medida foi realizada por semelhanças na letra
e na melodia com um antigo sucesso de Cohen, "Suzanne".
Apenas uma música
de trabalho foi editada na América e no Reino Unido; Daysleeper,
ao contrário do Japão, que editou vários
compactos não apenas em sete polegadas, mas no minúsculo
formato de três polegadas!
Em 12 polegadas, o single
trazia as seguintes canções:
1. "Daysleeper"
2. "Emphysema" (instrumental)
3. "Sad Professor" (live in studio) (Germany only)
4. "Why Not Smile" (Oxford American version)
Mike Mills revelou que
não ficaram desapontados com as baixas vendagens: "nós
ainda temos a habilidade de nos surpreendermos a cada trabalho.
E fico feliz que consigamos isso também com nossa audiência.
A principal razão para continuarmos é que nos sentimos
relevantes e interessantes ainda. Somos teimosos."
Uma
faixa bem interessante é "At My Most Beautiful",
que Stipe escreveu para um casal amigo. "Eu estava dirigindo
em Santa Monica enquanto editava o livro da Patti Smith que eu
estava montando (2XIntro: On The Road With Patti Smith).
Acabei ficando preso no engarrafamento do meio-dia e estava ouvindo
umas fitas que tinha no carro. Comecei então a pensar numa
letra e rabisquei 'I found a way to make you smile', e achei a
coisa mais encantadora que havia escrito no mundo. Acabei fazendo
a letra e música."
Como sempre, o R.E.M. adora
fazer embalagens especiais para seus discos, e nesse caso, foi
editada uma embalagem especial trazendo o CD.
O disco acabaria jogando
a banda na estrada e levariam um bom tempo para que voltassem
ao estúdio. E essa volta fico para outro dia. Um abraço
e até a próxima coluna.
Discografia
Chronic Town (1982)
Murmur (1983)
Reckoning (1984)
Fables of Reconstruction (1985)
Lifes Rich Pageant (1986)
Dead Letter Office (1987)
Document (1987)
Eponymous (1988)
Green (1988)
Out Of Time (1991)
The Best of R.E.M. (1991)
Automatic for the People (1992)
Monster (1994)
R.E.M.: Singles Collected (1994)
The Automatic Box (1995)
New Adventures in Hi-Fi (1996)
In the Attic: Alternative Recordings 1985-1989 (1997)
The Best of R.E.M. (1998)
Up (1998)
Reveal (2001)
In Time: The Best of R.E.M. 1988-2003 (2003)
Around the Sun (2004)
And I Feel Fine... The Best of the I.R.S. Years 1982-1987 (2006)
R.E.M. Live (2007)
Acelerate (2008)
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