O primeiro álbum
do R.E.M. na Warner foi o começo do sucesso mundial. "Orange
Crush" e "Stand" foram as primeiras canções
a chegarem ao topo da parada na categoria rock da Billboard e
em 12º lugar na parada geral de LPs. O lançamento
se deu em novembro de 1988 para coincidir com as eleições
presidenciais norte-americanas e teve uma longa excursão
mundial que consumiu quase dois anos.
A
saída da I.R.S. rendeu muitos dividendos aos grupos. Primeiro,
porque receberam um adiantamento de US$ 10 milhões pelos
próximos cinco discos, além de serem donos de suas
composições. Com isso, a banda estava finalmente
entrando no seleto clube dos milionários grupos de rock.
Mais uma vez na produção
do novo disco estava Scott Litt e desta vez os músicos
resolveram ampliar seus limites musicais. Assim, o baterista Bill
Berry tocou baixo em algumas faixas, Peter tocou bandolim e Mike
Mills, acordeom. A idéia era produzir um disco totalmente
acústico, mas não conseguiram completar o projeto
por falta de canções.
Peter Buck conta que a
idéia original da banda era tirar um ano de folga, após
trabalho intensivo desde 1981.
"Eu
queria ser apenas o Peter Buck, não o músico, mas
um homem comum. No entanto, achamos importantes nos posicionarmos
esse ano e o resultado foi que nos encontrávamos seis dias
por semana para escrevermos o novo álbum. Esse foi um disco
de ser feito, mas não tanto quanto Fables of Reconstruction.
Estávamos há três anos excursionando e gravando
sem parar e ficamos exaustos quando começamos a trabalhar
nele."
Peter entendeu perfeitamente
que as pessoas estranharam Green. "as canções
são extremamente fortes e relevantes para nós, mas
não soa como um disco típico do R.E.M. Na verdade,
não existe 'canções típicas do R.E.M.'
em minha visão. Sempre fomos muito abertos."
Peter Buck disse também
que um dos motivos para deixar a I.R.S. foi a péssima distribuição
dos discos na Europa. "Veja, fizemos uma excursão
com o Green On Red, uma banda bem bacana e que vendias três
vezes mais do que nós na Alemanha. Eu realmente gosto deles,
mas eles não poderiam ter uma venda tão superior
a nossa, no máximo empatar. Esse foi um dos motivos que
nossa relação com o selo azedou."
Enquanto
a banda passava um longo tempo trabalhando, a I.R.S. aproveitou
para lançar, em outubro de 1988, uma coletânea do
grupo chamada Eponymous.
O disco trazia basicamente
o repertório clássico do grupo e mais três
gemas: a versão de "Radio Free Europe" para o
selo Hib-Tone, uma versão com vocais diferentes de "Gardening
at Night" e uma versão remix de "Finest Worksong".
O disco fez um sucesso razoável, alcançando a 44ª
posição na parada norte-americanas e 69ª posição
no Reino Unido.
Mas o que todos esperavam
era o disco novo e no mês seguinte é editado Green.
O
disco foi mornamente recebido por crítica e fãs,
apesar de vender mais de dois milhões cópias e chegando
ao 12º posto na parada.
O disco continha algumas
surpresas: Peter Buck tocavam bandolim em "You Are the Everything,"
"The Wrong Child" e "Hairshirt" e bateria
na faixa que encerrava o disco, intitulada "Untitled".
Mike Mills tocou teclado em várias músicas e em
"Orange Crush", Michael cantava com um megafone.
As faixas originais eram:
Air side
1. "Pop Song 89" – 3:04
2. "Get Up" – 2:39
3. "You Are The Everything" – 3:41
4. "Stand" (listed as track number R.) – 3:10
5. "World Leader Pretend" – 4:17
Metal side
6. "The Wrong Child" –
3:36
7. "Orange Crush" – 3:51
8. "Turn You Inside-Out" – 4:16
9. "Hairshirt" – 3:55
10. "I Remember California" – 4:59
11. – 3:10
Uma curiosidade: na contra-capa
do disco ao invés de aparecer "4" antes do nome
"Stand", aparece a letra "R". Um erro de tipografia
que jamais foi arrumado, mesmo quando editado em CD posteriormente.
"Acho bem interessante quando acontecem coisas assim e por
isso resolvemos não mexer depois", disse Michael.
A
idéia de lançá-lo em novembro foi para que
o grupo fincasse sua posição política contra
o governo de Ronald Reagan, que acabou fazendo seu sucessor, George
Bush.
O grupo também se
apropriou de algumas idéias alheias. Na faixa que abre
o disco, "Pop Song 89", um dos compactos, a banda se
inspirou nitidamente em "Hello, I Love You", dos Doors.
"Pop Song" foi o terceiro single retirado do LP.
O lado B do compacto trazia
uma versão acústica da mesma, que seria usada no
futuro na coletânea In Time: The Best of R.E.M.
1988-2003. A canção foi apenas a 86ª
na parada de compacto, e 16ª na categoria rock.
O
primeiro compacto editado foi "Stand", que alcançou
o sexto lugar na parada geral, mostrando que o R.E.M. tinha um
bom potencial comercial.
Apenas "Losing My
Religion", em 1991, teria uma colocação superior,
ao atingir a quarta posição.
O lado B trazia "Memphis
Train Blues". A canção também serviu
de tema para o seriado televisivo "Get a Life".
A próxima canção
a ser editada como compacto foi "Crush".
Apesar
de ter atingido as 100 mais da parada de compactos, ficou em primeiro
na parada de compactos de rock (onde se manteve por oito semanas),
superando o U2, na época e alcançando a 28ª
no Reino Unido.
Apesar do título
remeter a um refrigerante, o título se referia ao agente
laranja, que o governo norte-americano usou na Guerra do Vietnã.
Segundo Stipe, a canção fala de um jovem que é
obrigado a abandonar sua vida de jogador de futebol, pois fora
convocado para a Guerra.
O
sucesso fez com que o grupo saísse uma imensa turnê
pelo mundo. O grupo estava à beira do estrelato, coisa
extremamente perigosa para Buck: "só um idiota acha
que o estrelato é uma dádiva. Eu não o odeio
e nem o evito, mas tomo muito cuidado com isso. Estamos em uma
posição perigosa. Muitos fãs podem interpretar
erroneamente o que somos ou queremos."
A passagem para lugares
maiores era também causava algum incômodo: "quando
éramos desconhecidos, tocávamos seis canções
novas e as pessoas prestavam atenção e gostavam.
Agora damos shows para mais de 15, 20 mil pessoas e você
vê uma agitação maior apenas nas duas primeiras
fileiras. Se começarmos a tocar muitas músicas desconhecidas
em seqüência, o show perde a alegria e todos ficavam
nos olhando, de braços cruzados."
O último compacto
do disco seria "Get Up" e apenas no mercado norte-americano,
onde ficou longe das 100 mais.
O
lado B trazia uma versão para "Funtime", de David
Bowie e Iggy Pop, do disco The Idiot. Na capa
aparece metade do rosto de Mike Mills, que a fez com Michael Stipe.
Stipe, aliás, contou, para surpresa de Mike, que o título
veio da frase que todo dia era obrigado a repetir para chamar
o baxista.
Com shows lotados entre
1989 e 1990 e uma crescente popularização, a banda
estava próxima de ser o maior grupo norte-americano. Isso
aconteceria em breve, em 1991, com o lançamento de Out
Of Time e seria sedimentado com Automatic for
the People, em 192. Mas isso é papo para outro
dia. Um abraço e até a próxima coluna.
Discografia
Chronic Town (1982)
Murmur (1983)
Reckoning (1984)
Fables of Reconstruction (1985)
Lifes Rich Pageant (1986)
Dead Letter Office (1987)
Document (1987)
Eponymous (1988)
Green (1988)
Out Of Time (1991)
The Best of R.E.M. (1991)
Automatic for the People (1992)
Monster (1994)
R.E.M.: Singles Collected (1994)
The Automatic Box (1995)
New Adventures in Hi-Fi (1996)
In the Attic: Alternative Recordings 1985-1989 (1997)
The Best of R.E.M. (1998)
Up (1998)
Reveal (2001)
In Time: The Best of R.E.M. 1988-2003 (2003)
Around the Sun (2004)
And I Feel Fine... The Best of the I.R.S. Years 1982-1987 (2006)
R.E.M. Live (2007)
Acelerate (2008)
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