Embora não
muito lembrada ultimamente, o Roxy Music foi um das mais importantes
bandas dos anos 70 e uma das mais influentes dos anos 80. Liderados
pelo cantor Bryan Ferry, o grupo teve no início a presença
de Brian Eno nos sintetizadores e tapes e que gravou os dois primeiros
LPs do grupo. Nascidos na mesma safra de Ziggy Stardust, o Roxy
foi um dos pioneiros do glitter, com suas músicas elaboradas,
cheias de sax, experimentações e um visual bem espalhafatoso.
Mas sem Roxy, boa parte dos anos 80 não teria existido.
O que para alguns seria ótimo. Mas não para mim...
O
Roxy Music sempre foi um toque de classe no rock dos anos 70,
seja pela música bem costurada e produzida, ou ainda, por
causa, dos vocais derramados Bryan Ferry ou até pela categoria
dos músicos. Isso, sem falar, nas belíssimas capas
dos LPs,empre com belas mulheres. E a parte estética e
visual sempre teve uma grande preocupação no Roxy
por culpa de Bryan Ferry.
Nascido em Washington (não
a capital dos EUA), Inglaterra, em 26 de fevereiro de 1945, Bryan
sempre foi um apaixonado pelas artes plásticas, tanto que
cursou na Universidade Upon Tyne, de Newcastle, e sobreviveu expondo
suas pinturas e dando aulas em escolas para meninas. Bryan sempre
cultivou uma grande paixão por música, influenciado
por sua tia Ethel, especialmente o jazz dos anos 20 e 30.
Com 18, 19 anos ingressou
na banda Banshees, experiência de curta direção
e sem maiores significados Bryan ainda passou por um grupo de
soul chamado The Gas Board, igualmente sem importância.
Aos 23 anos, formou-se em Artes e mudou-se para Londres, onde
foi lecionar. Além de ser professor, trabalhava como motorista
e restaurador.
Bryan, porém, sonhava
em ser alguém importante e, em 1970, fez nova investida
na carreira musical. Após saber que o vocalista e baixista
Greg Lake havia saído do King Crimson, de Robert Fripp,
Ferry se candidatou ao posto. Fripp gostou do novo vocalista,
mas teve que dispensá-lo, pois não sabia tocar baixo.
Ainda assi, Fripp seria muito importante algum tempos, ao conseguir
um contrato com a E.G. Records para o Roxy Music.
Sem emprego, Bryan coloca
um anúncio em um jornal procurando músicos. em novembro
de 1970.
O
primeiro a aparecer é saxofonista Andy McKay, que tinha
também um sintetizador VCS3. Com ele, aparece um exótico
jovem com um nome longo, pomposo e quase ridículo: Brian
Peter George St. John le Baptiste de la Salle Eno. Nascido em
Woodbridge, Sussex, Eno era também um estudante de artes,
só que em Ipswich, e logo se interessou por gravações
e uso de fitas.
Sua estadia em Ipswich
durou apenas dois anos e logo se transferiu para a prestigiosa
Winchester Art School, onde continuou o curso de artes e arriscou
a escrever suas primeiras poesias, além de montar algumas
bandas de rock - Merchant Taylor's Simultaneous Cabinet e depois
The Maxwell Demon. Sua paixão por gravadores era tão
grande que já possuía mais de 30 na época.
Após se formar, em 1969, mudou-se para Londres, trabalhando
como diagramador de jornal e técnico em eletrônica.
Além deles, aparecem
o baterista Dexter Lloyd, o guitarrista Roger Bunn e um antigo
colega de Bryan no Gas Board, o baixista Graham Simpson. O nome
da banda seria apenas Roxy, mas para evitar confusão com
honônimo norte-americano, adotaram Roxy Music.
Em
junho do ano seguinte, Lloyd deixa o grupo, entrando Paul Thompson.
Dois meses depois Bunn sai, entrando Davy O'List, que dura apenas
seis meses, quando o Roxy ganha outro membro vital, o guitarrista
Phil Manzanera. Dessa forma é estabelecida a primeira formação
clássica do Roxy Music: Bryan Ferry (vocais, piano e composições);
Eno (sintetizadores e tape); Andy McKay (sax e oboé), Paul
Thompson (bateria), Graham Simpson (baixo) e Phil Manzanera (guitarra).
Quando o Roxy fixou a formação,
já tinham algum sucesso em Londres e chamado a atenção
do DJ John Peel, em um programa especial da BBC de nome "Sounds
of the Seventies". No mesmo mês em que Manzanera entra
no grupo, assinam com a E.G. Management, que destina 5 mil libras
para o grupo gravar o primeiro LP, com Pete Sinfield assinando
a produção.
O primeiro LP é
gravado todo no mês de março e, dois meses depois,
Graham Simpson é demitido. Nunca mais a banda teria um
baixista fixo e o posto passaria a ser ocupado por músicos
convidados.
Em
junho é lançado o primeiro LP do grupo, chamado
apenas de Roxy Music.
Desde o incío se
percebe que a banda trazia elementos diferentes. A faixa de abertura,
"Re-Make/Re-Model", mostra todo o talento de Eno, fazendo
uma colagem excepcional, utilizando técnicas usadas apenas
em música concreta. Eno, aliás, sempre diria que
era um "não-músico", conceito que adotou
por dizer que o importante para ele era criar passagens sonoras
e climas. No final da canção, Graham Simpson brinca
com o riff de "Day Tripper", dos Beatles.
Roxy Music
fez um grande sucesso e trazia na capa a modelo Kari-Ann Muller,
que depois se casaria com o irmão de Mick Jagger, Chris.
O LP era dedicada à Susie, uma baterista que fez alguns
testes para entrar no grupo e trazia as seguintes faixas:
Lado A
1. "Re-Make/Re-Model" –
5:14
2. "Ladytron" – 4:26
3. "If There Is Something" – 6:34
4. "2HB" – 4:30
5. "The Bob (Medley)" – 5:48
Lado B
1. "Chance Meeting"
– 3:08
2. "Would You Believe?" – 3:53
3. "Sea Breezes" – 7:03
4. "Bitters End" – 2:03
O disco chegou ao sexto
lugar, apesar dos problemas. A banda teve apenas uma semana para
gravar todo o material, uma vez que a E.G ainda não tinha
conseguido para o grupo. Desta forma, o letrista do King Crimson,
Pete Peter Sinfield estava bancando os custos, até que
assinaram com a Island Records.
O
grande sucesso do disco era a canção "2HB"
dedicada ao ator Hollywood Humphrey Bogart. 2HB significa "to
Humphrey Bogart". Ferry era tão apaixonado por cinema,
que roubou uma fala do ator em Casablanca para colocar na canção
- Here’s looking at you, kid.
Em agosto é lançado
o primeiro single do grupo, Virginia Plain, que
não constava no LP de estréia, embora esteja na
versão em CD do disco. A canção chegou ao
quarto lugar na parada, fazendo do Roxy Music uma grande estrela
na Inglaterra.
O grupo realiza sua primeira
turnê britânica e depois vão para a América,
em dezembro de 1972, abrindo para Jo Jo Gunne e Edgar Winter,
mas não chamam qualquer atenção. Em janeiro
de 1973, entram para gravarem o segundo LP. Após demitirem
o baixista Rik Kenton, chamam John Porter para os trabalhos.
Em
março, lançam o segundo single, que também
não entraria no novo LP, Pyjamarama, que
ficou em décimo na parada britânica. No mesmo mês
é lançado o segundo disco, For Your Pleasure,
que ficou em décimo na parada.
O disco traz a produção
de Chris Thomas, que se tornaria um constante colaborador da banda.
A capa traz a modelo Amanda Lear, namorada de Ferry, fotografada
ao lado de um jaguar preto.
O segundo disco era bem
mais elaborado que o primeiro, já que a banda agora tinha
mais recursos financeiros. O LP marca também a saída
de Brian Eno do Roxy, após a segunda excursão, entrando
Eddie Jobson em seu lugar.
Eno
havia feito excelente trabalho, mas sua visão se chocava
demais com a de Bryan. Mesmo não sendo autor das músicas,
Eno queria colocar toda sua personalidade e idéias nelas,
o que nem sempre era bem aceito por Ferry.
O LP trazia as seguintes
faixas:
Lado A
1. "Do the Strand" – 4:04
2. "Beauty Queen" – 4:41
3. "Strictly Confidential" – 3:48
4. "Editions of You" – 3:51
Lado
B
1. "In Every Dream Home a Heartache"
– 5:29
2. "The Bogus Man" – 9:20
3. "Grey Lagoons" – 4:13
4. "For Your Pleasure" – 6:51
O único compacto
extraído do disco foi Do the Strand, que,
aliás, nem saiu em 1973 e, apenas em 1978, quando promoverama
coletânea Roxy Music Greatest Hits (1977), em 1977. Ainda
assim vale incluir a capa do compacto não-editado naquele
ano.
A saída de Eno levaria
ao grupo ao lado mais pop, sem perder algumas experimentações,
mas nada perto dos dois primeiros LP.
Em
agosto, Ferry lançaria seu primeiro LP solo, batizado de
These Foolish Things, um, disco apenas de covers,
fazendo uma versão de "A Hard Rain's A-Gonna Fall",
de Bob Dylan, que chegou ao quinto lugar na parada, apesar da
cara feia dos fãs do compositor norte-americano. O disco
chegaria ao quinto posto.
Seria a partir do terceiro
disco, Stranded, que o sucesso se tornaria ainda
maior. Mas isso é papo para outro dia. Um abraço
e até a próxima coluna.
Discografia
Discos
Roxy Music (1972)
For Your Pleasure (1973)
Stranded (1973)
Country Life (1974)
Siren (1975)
Viva! Roxy Music (1976)
Roxy Music Greatest Hits (1977)
Manifesto (1979)
Flesh and Blood (1980)
The First Seven Albums (1981, box set)
Avalon (1982)
The High Road (1983)
The Atlantic Years (1983)
Street Life: 20 Great Hits (1986)
The Ultimate Collection (1988)
The Later Years (1989)
Heart Still Beating (1990)
More Than This (1995)
The Thrill of It All (1995, box set)
Concert Classics (1998)
The Early Years (2000)
Slave to Love (2000)
The Best of Roxy Music (2001)
Concerto (2001)
Ladytron (2002, recorded 1979)
Roxy Music Live (2003)
Roxy Music: The Collection (2004)
Compactos
Virginia Plain (1972)
Pyjamarama (1973)
Do the Strand (1973)
Street Life (1973)
The Thrill Of It All (1974)
All I Want Is You (1974)
Love Is the Drug (1975)
Both Ends Burning (1975)
Trash (1979)
Dance Away (1979)
Angel Eyes (1979)
Over You (1980)
Oh Yeah (On the Radio) (1980)
Same Old Scene (1980)
In the Midnight Hour (1980)
Jealous Guy (1981)
More Than This (1982)
Avalon Avalon (1982)
Take A Chance With Me (1982)
The High Road (EP) (1983)
Like a Hurricane (1983)
Love Is the Drug (live) (1990)
Love Is the Drug (Faithless mix) (1996)
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